terça-feira, 30 de novembro de 2010

Cavaco Silva – É um descanso...


O cidadão Aníbal Cavaco Silva voltou, com grande pompa, a apresentar-se como presidente... perdão, como candidato a Presidente da República. Não dei muita atenção à coisa... mas retive, entre outras, estas três ideias do candidato:

«Podemos voltar a ser um país respeitado». Esta, confesso, chamou-me a atenção pela evidente contradição. Uma das medidas a tomar (entre tantas e urgentes!) para que o país voltasse a ser respeitado... seria exatamente a não recandidatura de Cavaco... mas isto claro, é simplesmente uma opinião...

«O país precisa da minha experiência». Sobre esta, apetece-me lembrar uma tirada, creio que do Einstein, que afirmou não ser possível corrigir um problema recorrendo às mesmas ideias que o originaram.

«De mim, não haverá reações imprevisíveis, que criem instabilidade e incerteza» - Disse ele, para convencer a audiência de que é uma pessoa em que se pode confiar. Esta foi uma das que me deu alguma "satisfação", pois deve querer dizer que Cavaco, a ser reeleito, não protagonizará mais amuos patéticos como o do Estatuto dos Açores, não promulgará leis sempre com “explicações” a dizer que não concorda com elas, não voltará a mandar inventar garotices como aquela das "escutas no Palácio de Belém", para além de que, certamente, continuará a manter no segredo dos deuses as suas reais ligações à gente do BPN e a tão conveniente valorização das ações que lá possuía, etc., etc., etc.

Tirando isso, foi mais uma singela e baratinha ação da sua “não campanha” eleitoral.

Passos Coelho e os “espertalhões”




Pedro Passos Coelho, essa espécie de manequim da Rua dos Fanqueiros que se prepara para ver o poder cair-lhe no colo... como já antes aconteceu a José Sócrates, estando já a vislumbrar a vitória eleitoral, começa a tomar medidas para “se garantir”, numa manobra muito bem denunciada como «inqualificável oportunismo político».

Diz o ladino presidente do PSD que vai precisar de duas legislaturas para fazer qualquer coisinha... e até lá, depreende-se, ninguém tente responsabilizá-lo por nada do que se passa no país.

Enquanto se vai pondo a jeito para “governar com o FMI”, aproveita para dizer, demagogicamente, umas coisas aos «espertalhões», especialistas em colocar-se na sombra de quem «vai ganhar», que nada lucrarão com isso. Como se isso fosse verdade! Como se gente como ele, e Sócrates antes dele, não se alimentassem exatamente desse tipo de invertebrados!

Mesmo assim, muita gente não deve ter gostado nada de ler aquelas declarações. Sei lá... os presidentes de Câmara do PS que apoiam oficialmente a candidatura de Cavaco e tantas e tantas outras figuras, dos negócios, do “jet-set”... até colegas meus das cantigas, que se estafam à procura de lugar...

Tempos feios vêm por aí! Com outro PS e com a disponibilidade que tantas centenas de milhar de trabalhadores demonstraram recentemente, nesta Greve Geral... não haveria necessidade...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

União Europeia - Os comissários




Vem esta reflexão vespertina a propósito de um excelente post do “Cravo de Abril” em que se fala, de forma certeira e entre outras coisas, do senhor Olli Rehn, o Comissário Europeu para os assuntos económicos que, sempre que abre a boca para falar parece, das duas uma: ou vai começar o circo, ou Sócrates vai perder finalmente o título de “Político Europeu Que fala Pior Inglês e com uma Pronúncia mais Ridícula”.

Infelizmente não é assim, pois quando este traste diz alguma coisa, é regra geral para dar más notícias aos de sempre, preparando o terreno para dar milhões a ganhar aos do costume.... o que me fez ficar a pensar nos restantes (e muitos!) Comissários que ao longo dos anos se têm ocupado diligentemente em destruir as nossas pescas, a agricultura, a produção de leite e a pecuária em geral, a nossa indústria, a nossa independência económica, a nossa autonomia política, a nossa soberania enquanto nação, etc., etc., etc. Uma verdadeira galeria de comissários e comissárias, presentemente com o “super” comissário Durão Barroso à cabeça... que me deu vontade de partilhar convosco este pensamento “profundo”:

A união europeia é assim como que uma espécie de filme policial... mas ao contrário... em que os “comissários” estão do lado dos bandidos.

Ainda a NATO – O novo Conceito Estratégico de Lisboa




O blog de um amigo chamou a atenção para um artigo de opinião publicado aqui, em que se diz aquilo que é preciso sobre as conclusões da última (querias!!!) Cimeira da Nato. Aconselho vivamente a leitura desse texto escrito por Ângelo Alves, por muitas razões; principalmente por ser bom e por me dispensar de escrever mais uma vez (e pior) sobre o assunto, podendo assim concentrar-me, como de costume, num pormenor.

A dada altura, o autor, enunciando alguns dos princípios programáticos desta “nova” NATO renascida em Lisboa, esclarece que esta prestimosa, nuclear e agressiva organização se prepara para passar a ter motivos para intervir onde quiser, quando quiser, pela razão que quiser... e da forma que entender. Só isso explica que entre os “alvos” operacionais da NATO passem a figurar coisas como o «inimigo» clássico da actualidade, o «terrorismo», até questões como «tráfico de armas e pessoas e o narco-tráfico»; os «ataques informáticos»; a segurança das «rotas de comércio, energéticas e de trânsito», das «fontes energéticas» e das «comunicações» ou ainda os «constrangimentos na área dos recursos naturais e ambientais», particularizando questões como a «escassez de água» e as «mudanças climáticas».

Fabuloso! Como no princípio já me dispensei de tecer comentários, fico aqui a magicar que, dado o grosso do globalizado tráfico de armas se alimentar na indústria de armamentos dos EUA, pensando no narco-tráfico sediado em Miami, feito por “dissidentes” e declarados terroristas originários de Cuba… e já que falei em Cuba, pensando no ilegal bloqueio das rotas de comércio, energéticas e de trânsito imposto a Cuba também pelos EUA... e mudando radicalmente de cenário, pensando no criminoso bloqueio e racionamento que obviamente provoca gigantescos constrangimentos na área dos recursos naturais e ambientais, particularizando questões como a escassez de água e as mudanças climáticas, crime perpetrado diariamente por Israel contra o povo da Palestina, fico aqui a magicar, como já disse, mas sobretudo a contar as horas para que chegue a notícia dos vigorosos ataques militares da NATO... aos Estados Unidos da América e a Israel.

O que é que acham?

domingo, 28 de novembro de 2010

Cláudia Leitte e Jair Rodrigues – Um gole de energia




Claro que a gigantesca dimensão “continental” do Brasil, ajuda. Um país com uma tal dimensão produz milhares e milhares de tudo... e, portanto, também de excelentes artistas. Claro que o profundo apego, amor, paixão mesmo, do povo brasileiro pela sua música e os seus artistas, ajuda muitíssimo. Mesmo assim é impressionante o ritmo a que novos valores artísticos vão surgindo. Mesmo assim, continuo a surpreender-me sempre que “descubro” mais um autor, cantor ou cantora que não conhecia, portadores de um talento que em muitos outros países seria pura e simplesmente esmagador.

Hoje toca a vez a Cláudia Leitte, mais uma dessas jovens artistas brasileiras, por vezes praticantes nas suas carreiras pessoais, de géneros musicais que dificilmente me convocariam... mas que expostas à influência de uma, ou de um dos “grandes” da Música Popular Brasileira, como que se transfiguram e ficam com os pés subitamente bem firmes nas raízes da sua cultura admirável.

Vejam-na aqui, no palco, às voltas com a velha e conhecida canção popular “Deixa isso pra lá”, numa cumplicidade irresistível com o histórico Jair Rodrigues, que teve um dos seus muitos e grandes sucessos, precisamente com a gravação desta canção, em 1964. Vejam e ouçam Jair Rodrigues bebendo da juventude dela, mas a ser simplesmente ele próprio... enquanto ela se deixa “contaminar” por ele e se vai transformando irresistivelmente em “outra coisa”, cantando (muito bem!), recriando e recreando-se com a música, as palavras... e com Jair. Uma “outra coisa” sem nome definido... mas muito bonita de se ver.

Bom domingo!

“Deixa isso pra lá” – Cláudia Leitte e Jair Rodrigues
(Edson Menezes / Alberto Paz)


sábado, 27 de novembro de 2010

José Sócrates – Uma missão impossível




Temos orçamento! O povo pode finalmente ficar aliviado... tais seriam as bíblicas pragas que sobre nós cairiam se este orçamento não passasse. Mas passou! Com a bênção de Cavaco Silva, o tão ostensivamente “involuntário” apoio de Passos Coelho e contra comunistas (e outros), que achavam e (acham!) este orçamento o mais grave ataque aos trabalhadores e ao povo em geral, perpetrado por um governo desde o 25 de Abril, o “bloco central” mercadejou um vergonhoso Orçamento de Estado “a bem da nação” e para agradar, perdão, acalmar os mercados.

Sobre o Orçamento propriamente dito, o deputado António Filipe já disse mais e melhor do eu seria capaz de dizer e aqueles que realmente entendem de orçamentos de estado não deixarão de continuar a analisar este, com que vamos ser agredidos.

Está virada uma página, apenas uma, de uma luta que não ficará por aqui.

Resta-me comentar a festiva atitude de Sócrates, que insiste na ideia de que este é um orçamento para tirar Portugal da crise, para desenvolver o país, para defender o estado social. Insiste igualmente na ideia de que é um orçamento de rigor, que pede sacrifícios igualmente a todos os portugueses; como se pensasse que nós não sabemos que ele sabe que isso é mentira; que os fabulosos lucros e fortunas que se estão a fazer à custa da crise e dos que realmente a vão pagando, o desmentem todos os dias; que esta última negociata trapalhona e vigarista das “especificidades” que irão livrar muitos boys rosas e laranjas de quaisquer cortes de ordenado, vem atingir a sua já desmantelada figura de “estadista” com mais uma portentosa marretada.

Fica patente o retrato de um político tacanho, que na sua arrogante ignorância vai insistindo em tentar conseguir o impossível: arrebatar a Mário Soares o título de primeiro ministro com a maior falta de vergonha na cara... da história da nossa democracia já com 36 anos.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Papa e preservativos




Num “Público” que encontrei para aí caído (como anda quase sempre o “Público”) tropecei num artigo de opinião sobre o novo livro do Sr. Ratzinger, que presentemente trabalha de Papa ali num bairro muralhado dentro da cidade de Roma... artigo em que é comentada igualmente a recente “abertura” do pontífice para o uso do preservativo.

Não vou comentar nem o Papa, nem o uso do preservativo, nem o artigo... primeiro, porque a minha vida não é esta; segundo, porque agora tenho que ir lá dentro e terceiro, porque a única coisa que me deixou deslumbrado nesta estória da súbita “bênção” papal para o uso do preservativo... foi o extraordinário título que o “Público” escolheu para a coisa:


Ó meus amigos...je...je...je! Mas então não se está mesmo a ver o que é, balha-me deus...je...je?! Não tarda nada, estão a pedir-me que vos faça uns desenhos...je...je...

Soares, Obama e a Greve Geral




Pelo menos três coisas sou obrigado a admirar em Barack Obama. (i) Dá entrevistas e conferências de imprensa simpáticas. (ii) Faz discursos estudados ao milímetro para serem cirurgicamente “empolgantes”. (iii) É um verdadeiro artista a treinar os seus animais domésticos... tanto o BO(cão d´água), como o BO(chechas), se bem que o cão d´água tenha já, mais do que uma vez, revelado traços de independência e rebeldia muito mais acentuados do que o outro.

«Barack Obama é uma personalidade política única nesta fase global, incerta e insegura, que o mundo atravessa. É alguém que sabe o que quer e para onde deve ir. Tem uma cultura humanística excepcional e uma visão realmente global do que é preciso fazer para assegurar a paz e a convivência entre diferentes - e mesmo ex-rivais», ou mais adiante, visivelmente deslumbrado, «Que diferença entre Barack Obama e os seus homólogos europeus, que quase desapareceram de cena, ofuscados quanto à clareza, clarividência, simplicidade das suas posições e à sua visão global de um mundo de paz, de prosperidade e de coexistência!»... foram algumas das sentidas lambidelas disfarçadas de artigo de opinião que Soares, o outro nome porque também é conhecido o BO(chechas), reservou para Obama num dos seus semanais passeios pela relva do DN, à terça-feira. Compreende-se!

De qualquer modo não é sobre o estado de adoração em que ele vive em relação ao Presidente dos EUA que eu quero escrever, mas sim sobre as tiradas que o “ex tudo e mais alguma coisa do PS” resolveu dedicar à Greve Geral do último dia 24, nesse mesmo artigo do DN e que o "Cravo de Abril" já tratou devidamente. Apenas alguns exemplos:

«Os sindicatos e alguns partidos, perante a dureza da crise, que os portugueses começam a sentir na carne - e, infelizmente, sentirão mais a partir de Janeiro de 2011 -, acordaram para as manifestações e marcaram uma greve geral…»

«Os manifestantes estão no seu direito, uma vez que os cidadãos, em democracia, são livres de se manifestar, nos termos da lei, e por forma não violenta. Estamos, felizmente, em democracia. Portanto, nada a dizer.»

«Haverá quem queira que Portugal saia da União Europeia, hoje, apesar do mal-estar que se vive? Para vivermos ainda muito pior? Assim, para que servem as manifestações e mesmo a greve geral? Para animar a malta?»

... e a que foi, de longe, a melhor de todas:

«Algum partido, no Parlamento, já apresentou - ou pensa apresentar - qualquer moção de censura contra o Governo, indicando que alternativa propõe para a política que seguimos e que nos foi imposta - não o esqueçamos - pela União Europeia?»... (como se não soubesse que sim...)

... e depois, deu o número de voltas que eles costumam dar antes de se deitarem, enroscou-se na almofada e ficou a ressonar... ainda abanando levemente a cauda.

E fica assim explicado o facto de eu ter esperado até hoje para comentar este artigo de “opinião” de Soares, publicado na terça-feira, dia 23; para poder pegar na grande realidade que foi a Greve Geral do dia 24 e esfregar-lha nos dentes... mesmo que apenas em sentido figurado.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Helena André - Manual da abjecção política




Numa jornada de luta envolvendo milhões de trabalhadores e com a dimensão desta Greve Geral, por mais cuidada que seja a organização, há sempre um ou outro incidente que escapa ao controlo. Ou são elementos de um piquete de greve que se exaltam, ou trabalhadores que tentam esconder a vergonha de não fazerem greve reagindo contra os grevistas, ou os que estão, por vontade própria e convicção do outro lado da barricada.

Nesta Greve Geral houve de tudo, desde pequenos incidentes até ao canalha que atropelou sindicalistas à porta do “seu” supermercado. De qualquer maneira, o ponto alto do dia, leia-se, o mais porco, estava reservado para uma das conferências de imprensa da ministra do desemprego, Helena André.

Não tenho a menor intenção de fazer uma guerra de números com a imbecil; mas enojou-me ver uma “ministra do trabalho” tentando desvalorizar a Greve Geral, fazendo malabarismos com os números e apontando vários exemplos de “menor adesão à greve”, destacando estes dois:

1. A «adesão residual» dos trabalhadores da PSA Mangualde, sabendo ela muito bem que se trata da fábrica de automóveis onde centenas de operários foram recentemente despedidos, para a seguir, uma boa parte deles ser recontratada... mas por metade do salário anterior, vivendo, tanto estes, como os que não chegaram a ser despedidos, num clima de terror psicológico em que uma greve pode significar o fim do contrato.

2. A «escassíssima adesão à greve nos grandes grupos económicos ligados à distribuição», leia-se grandes hipermercados de Belmiro de Azevedo, ou do vigarista Pedro Soares dos Santos, presidente da Jerónimo Martins / Pingo Doce (sempre a arrotar postas do seu "moralismo capitalista" para acabar agora a fugir aos impostos com milhões de euros), sabendo ela muito bem que são locais de trabalho com as mais miseráveis condições de precariedade laboral, impostas a milhares de trabalhadores sem direitos, mal pagos e sangrados até ao limite... e onde uma greve é, sem margem para dúvidas, razão para a não renovação do precário posto de trabalho.

É nestas alturas que tenho muita pena de que os jornalistas ali presentes sejam esta gelatina em que se transformou o jornalismo. É nestas alturas que fico sem grandes palavras para dizer, a não ser que esta corja ainda consegue, por vezes, surpreender-me... pelo nível de abjecção que atinge. E porque tem a inqualificável desfaçatez de, pelo menos em público, ainda se autoproclamar socialista.

25 de Novembro – Uma “comemoração” diferente...


(Brincadeira minha com o Photoshop, sobre uma fotografia de um painel do Pav. Central da Festa do Avante! 2007, tirada por Ana Pessega... e que encontrei na Net)

Aqueles que em 25 de Novembro de 75, há 35 anos, traíram a Revolução de Abril com promessas de uma democracia burguesa “à europeia” e um capitalismo próspero para todos, falharam vergonhosamente os seus propósitos. Temos uma democracia, sim, mas coxa, a trouxe-mouxe, alimentada por um capitalismo, sim, mas com prosperidade para meia dúzia e desprezo por todo um povo. A cada passo que os grandes grupos económicos foram dando para retomar o controlo do país, depois de rasparem mal e porcamente o fascismo das suas fachadas, foram colocando nos sucessivos governos “funcionários” a seu mando, cada vez mais pobres culturalmente, mais indigentes humanamente, mais irrelevantes politicamente. Sócrates é o exemplo acabado dessa “inexistência” cultural, humana e política... só ultrapassado pelo ridículo do verdadeiro “office boy às ordens” que os donos do PSD têm para pôr no seu lugar, caso ganhem as eleições.

Em 2010 entregam às gerações futuras um país deprimido em que se morre mais e em que se nasce menos; um país em que, seguramente para grande desespero de fascistas e “nacionalistas” bafientos, só o saldo positivo do fluxo de imigrantes conseguiu fazer aumentar a população, mesmo que em apenas escassos milhares, entre 2008 e 2009. Um país vendido ao capital sem pátria. Um país quase tão vendido como vendidos são os empresários, especuladores e “governantes” que o deixaram neste estado.

Hoje, 25 de Novembro, toda essa corja tem menos motivos para festejar. Ontem, num memorável dia 24 de Novembro de 2010, viram sem margem para dúvidas, que milhões dos trabalhadores que pretendiam assustados e conformados, não o estão! Que os sindicatos, que pretendiam despovoados, fracos e esvaziados de sentido, não o estão! Que o partido que há mais tempo e de forma mais consequente tem estado com esses trabalhadores, partido que pretendiam - e tantas vezes “decretaram” - morto e enterrado, não o está!

Pouco importa a procissão de desavergonhados, sejam eles ministros, secretários, analistas, comentadores, politólogos ou os canalhas de serviço, como este, que sejam destacados para nas próximas horas e dias vomitarem baboseiras nos jornais e televisões, falando em “adesões fracas”, em “números pouco significativos”, ou tentando lançar lama sobre os trabalhadores e as suas organizações. Desta vez não há contagens “profissionais” de multidões que os "salvem". Os três milhões de trabalhadores que estiveram em greve ao longo do dia, não se deixarão enganar. Toda a gente viu.

Foi uma extraordinária e verdadeiramente histórica Greve Geral!

Outros caminhos são possíveis! Outro mundo é possível!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Greve Geral – Vivam os trabalhadores!




Claro que, como espero quase todos tenham entendido, o facto de abrir o dia às 0:01, dando vivas à Greve Geral e dizendo «Hoje não há post»... era o post! Coisa diferente de, por exemplo, não ligar o computador e deixar este dia em branco no “Cantigueiro” (o que seria igualmente legítimo).

Portanto, continua a "não haver" post... e a Greve Geral é uma grande confirmação. Logo, às 0:01, voltaremos a “falar”.

Vivam os trabalhadores e as suas organizações!

Hoje não há post - Viva a Greve Geral!


terça-feira, 23 de novembro de 2010

Greve Geral – Fazer contas... mas quais?




Parece que estamos condenados a suportar (por enquanto!) os mais variados “Calhordas de Serviço”. Para além dos “peixes graúdos” que vão mandando nisto, multiplicam-se os serviçais comentadores, analistas, ex-ministros, ex-presidentes, economistas...

Nesta última “classe” destaca-se o senhor professor catedrático João Duque, economista que nos últimos tempos ficou famoso, não por qualquer coisa que realmente tenha feito, mas por vender umas opiniões na SIC, de parceria com aquela espécie de “strumpf” mal disposto que dá pelo nome de Medina Carreira.

Tal como outros antes dele, o senhor Duque não resistiu à tentação de fazer umas contas de merceeiro sobre os custos da Greve Geral de amanhã. “Ai minha nossa senhora” que a coisa vai dar uns milhões de prejuízo, logo agora que o país está em crise. “Ignora” o calhordas que a Greve Geral tem causas. Que combater essas causas, por todos os meios, incluindo esta Greve Geral, será a única saída para a crise, crise que não foi provocada pelos trabalhadores que vão fazer greve, mas sim pelos “peixes graúdos” que pagam ao senhor Duque para fazer estas continhas de merceeiro.

Seria interessante ver o senhor Duque e os seus compinchas do sistema fazerem as contas aos muitos milhares de milhões que as políticas, a ganância e a desonestidade dos seus patrões, já custaram ao país e aos trabalhadores, que acabam sempre por ter de arcar com as despesas. Seria interessante que estes “economistas” seguissem o rasto desses milhares de milhões de Euros roubados aos salários dos trabalhadores, às pensões, aos estudantes, aos doentes, aos agricultores, aos pescadores, aos trabalhadores da cultura, etc., etc., etc. Seria muito interessante que todos soubéssemos a que “paraísos fiscais” e a que bolsos vão parar... mas isso o senhor Duque e os seus cúmplices nunca dirão, pois sentem o peso dos generosos maços de Euros que entra nos seus próprios bolsos... e que em alturas destas devem queimar-lhes a pele... na falta de uma consciência.

Felizmente, há outros economistas!
Felizmente, outro mundo é possível!
Viva a Greve Geral!

Pobres palhaços ricos!



Na ressaca da cimeira da NATO que colocou o país, sobretudo Sócrates, ao nível dos grandes do mundo, nas palavras do trafulha Obama, enquanto o país tenta gerir a fome de milhares de famílias e o desemprego de 700.000 trabalhadores, fica a memória da gigantesca campanha de desinformação e atemorização da opinião pública para o "caos da manifestação anti-NATO" e a passagem de cenas de violência... gravadas noutros países. Algumas pessoas terão ficado em casa por esse motivo, mas isso não impediu que a manifestação “Paz sim! NATO não!” fosse uma grande manifestação e que mesmo as outras, desorganizadas, anarcas e pequenas, tivessem decorrido sem incidentes dignos de nota.

Fica também a memória de três episódios (poderiam ser muitos mais) dignos dos verdadeiros “pobres palhaços ricos” (PPR) que escolhi para título e ilustração.

PPR 1 – Marcelo Rebelo de Sousa. Sempre ele! No seu desarranjo intestinal semanal, no domingo seguinte à manifestação, disse que aquilo lhe «tinha feito lembrar o filme “Adeus Lenine”», uma comédia (de humor discutível) feita para gozar com aqueles que preferiam – e ainda preferem – a RDA à Alemanha reacionária, egoísta e capitalista da senhora Angela Merkel que, curiosamente, mantém algumas das regiões da antiga RDA num estado degradado e de relativa miséria... mas adiante. Nem de propósito, sempre que assisto a partes da histérica sessão semanal de Marcelo Rebelo de Sousa, também me lembro de filmes “alternativos”. Desta vez foi “O jantar de idiotas” (o francês!) e já sei... já sei que o meu sentido de humor também é discutível...

PPR 2 – O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, o seu Ministério... e a farsa dos carrinhos de choque, perdão... a polícia é que é de choque, os carrinhos são blindados... que chegaram agora. Chegaram, finalmente, já terminada a Cimeira em que eram "tão necessários" e apenas dois... a deixar grandes e justas perguntas sobre a oportunidade de um “investimento” de cinco milhões de Euros, em equipamentos exóticos para uma PSP sem dinheiro para fardamentos e carros-patrulha decentes.

PPR 3 – É o absoluto ridículo. Dos três “pobres palhaços ricos” o mais delirantemente patético. Por tudo: pela triste figura, pelo significado da atitude, pela cobardia. Numa Avenida da Liberdade cheia de cima a baixo por muitos milhares de manifestantes de todas as idades, em luta contra a NATO, sim, mas também em festa por Abril e pela PAZ, alguns mesmo fazendo-se deslocar em (perigosos?) carrinhos de bebé, como podem ler nesta deliciosa estória, desde o meio da manhã que a loja da luxuosa “Prada” estava nesta indigente figura: a tremelicar dos pés à cabeça, entaipada até ao pescoço... e a "fazer" pelas pernas abaixo. Isto numa Avenida da Liberdade, como dizia, em que pastelarias, lojas de “recuerdos”, quiosques, etc., até chegar às milionárias “Emporio Armani” ou “Louis Vuitton... estava “tudo aberto minha gente!”

Estamos fartos de saber que o ridículo não mata... mas é uma pena que nestas ocasiões não faça pelo menos, vá lá... dói-dói.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O mistério da poesia


(Mary Cassatt)

Esta é a fase da vida em que a neta quer saber cada vez mais coisas... fase que, nos casos mais felizes, se estende até ao fim da vida. Desta vez a mãe da neta foi intimada a explicar devidamente que coisa é essa da poesia, dos versos e, sobretudo, das rimas.

- Então... a poesia, os versos e as rimas... são assim como estórias com palavras que parece que não têm nada que ver umas com as outras... mas que fazem com que tudo dê certo na estória e na poesia. Estás a ver? Cantar rima com voar... ler rima com saber...

- Já percebi!!! Bacalhau... rima com batatas!

O que é que alguém pode fazer numa altura destas?!

Jacinto Nunes – Só descobriu agora?!





Peço perdão por esta minha mente por vezes assaltada por pensamentos tão inconvenientes... mas rais’parta se esta frase, assim à primeira vista, não me pareceu mais um desabafo entre amigas, em que uma, a “amante preocupada”, se queixa à outra dos avanços do Fernando Miguel Inácio, o seu fogoso “namorado descuidado”.

Mas não! A frase/aviso pertence ao senhor Manuel Jacinto Nunes, ex-Governador do Banco de Portugal, ex-vice-Governador do banco de Portugal, ex-Ministro das Finanças de Mota Pinto... tudo coisas sem grande importância, quando comparadas com o facto de ter sido ele, em 1960, quem negociou para António de Oliveira Salazar a adesão de Portugal ao FMI, já lá vão 50 anos... adesão que o nosso país “comprou” então, entregando o ouro aos bandidos «às paletes», para usar a própria expressão do vetusto senhor economista.

Pena... que não se tenha lembrado dos malefícios de deixar “o FMI acabar por vir”... mas nessa altura, em 1960. Agora o melhor é tomar a pílula do dia seguinte.

Quanto ao que disse realmente depois de debitar a frase de belo efeito, nada de novo. É a mesma homilia das inevitabilidades, dos sacrifícios necessários, das acrescidas medidas de austeridade que ainda podem vir por aí pelas mãos do Governo (senão com o FMI será pior), o massacre dos de sempre para lucro, aos milhões, de uns poucos... como se vê, tudo canalhices que acabam por relegar o “descuido” do nosso Fernando Miguel Inácio - se este existisse - para o campo dos pequenos pecados veniais... ou “pecados geniais”, como respondeu um dia um colega meu da quarta classe que mantinha com os segredos da catequese uma relação, no mínimo, bastante distraída... deixando o bom do nosso professor desmanchado de riso, apesar de ser um fervoroso e seríssimo católico.

domingo, 21 de novembro de 2010

Joaquim Gomes (1917-2010)




Faleceu Joaquim Gomes. Foi um dos elementos da pequena comissão de “conspiradores” que dentro e fora do Forte de Peniche prepararam a histórica fuga de resistentes antifascistas, a 3 de Janeiro de 1960. Dessa pequena comissão organizadora, para além do próprio Joaquim Gomes, fez parte Álvaro Cunhal (dentro da prisão) e Dias Lourenço, Pires Jorge e Octávio Pato (cá fora)... entre outros companheiros.

Foi um extraordinário salto para a liberdade... que para o grande português, dirigente e militante comunista que foi Joaquim Gomes, durou cinquenta anos. Até ontem, dia 20 de Novembro de 2010. Para trás, fica uma história pessoal de 93 anos de vida, feita de uma total entrega à causa da liberdade e aos seus semelhantes, antes e depois dessa espetacular fuga de Peniche.

A agitação de um dia passado em viagem, tendo pelo meio a grande manifestação “Paz sim! NATO, não!”, impediu-me de ver a notícia do seu falecimento, como a publicada publicada aqui, ou os blogs que como este, ou este, lhe dedicaram um momento. Aqui fica o meu abraço aos seus familiares e amigos.

O corpo do Joaquim Gomes parou ontem. O espírito que foi - e ainda é! - o motor do seu pensamento, esse não é possível prever até onde irá...

Os senhores da guerra – Adeus!



Errata:
Têm toda a razão os leitores que apontam o erro "cronológico" na criação dos dois blocos político-militares. Na verdade não estava a pensar nas datas, mas sim no princípio da coisa, quando escrevi o texto... mas isso não é desculpa para o erro.
A Nato foi criada para agredir o campo socialista e os países que o compunham, sob o pretexto da “ameaça comunista”, e só depois foi oficializado o Pacto de Varsóvia, para responder a essa agressão. Obrigado pelos reparos!
Opto por não emendar o texto, para não pregar a partida aos leitores/comentadores, que prezo, retirando-lhes o sentido aos comentários.

Abreijos!

Os grandes senhores da guerra partiram. Deixaram cá apenas uns lacaios a tomar conta de assuntos menores. Partiram contentes... «a Cimeira de Lisboa foi um grande, grande sucesso», dizem eles. Portugal, tudo leva a crer, continuará a ser um dos covis da matilha.

Vamos ser sinceros. Concordando-se ou não com os motivos que levaram à sua criação, a NATO, criada com o único objectivo de combater o Pacto de Varsóvia (leia-se campo socialista)... fazia sentido para alguns. Inventada uma “guerra”, mesmo que “fria”, havia a necessidade de existirem dois exércitos para representar as forças em presença. Depois (quem sabe se também por ter dado demasiada prioridade à “guerra fria”) o campo socialista soçobrou, deixando os países que o compunham nas mãos do capital, a Rússia nas mãos de vulgares ladrões e o mundo à mercê de uma única potência imperial, com o seu velho “braço armado”, a NATO... mas sem "inimigo".

Assim, a NATO, deixou de ser o que era (e que já não era flor que se cheirasse), para passar a ser um simples esquema de vigaristas e negociantes de armamento, que não querem perder o negócio das armas, de generais que não querem perder os postos, de políticos corruptos que não querem perder os tachos.

Agora passou a ser preciso “inventar” os “inimigos”, ano após ano, para continuar a fazer correr o rio de dinheiro diariamente arrancado ao suor dos trabalhadores em cada país, para justificar as obscenas fortunas que são gastas para a nossa alegada defesa. Neste novo «Conceito de Lisboa» que deixa Sócrates à beira de qualquer coisa parecida com um orgasmo, cabe tudo e o seu contrário, desde o “terrorismo global” até aos “crimes informáticos”. Tudo é uma oportunidade de negócio, a que “em boa hora” – pelo menos a ver pelos festejos – se veio juntar a Rússia com a sua associação à negociata multimilionária do “escudo antimíssil”.

Partiram os senhores da guerra, concentremo-nos nos nossos próprios vigaristas, sentados na governação, a mando dos que por detrás deles realmente governam... para no próximo dia 24 lhes esfregarmos na fronha uma bela e grande Greve Geral!

Como é domingo, assinalo a partida dos senhores da guerra com uma música a propósito. Foi gravada e muito cantada pelo grande Grupo Outubro, corriam ainda os anos setenta. Desgraçadamente, como bem se pode ver e ouvir, a cantiga persiste, atual. Desgraçadamente, até alguns dos nomes dos locais em que os senhores da guerra vão cometendo os seus crimes... são ainda os mesmos. Basta acrescentar os nomes dos “teatros de guerra” atuais, já que as vítimas, essas são sempre as mesmas!

Bom domingo!

Os senhores da guerra
(Pedro Osório)

Os senhores da guerra
São os reis da competência
Matam dez mil homens
Sem problemas de consciência

Se não fosse a economia
De mercado concorrente
Decerto os senhores da guerra
Não matavam tanta gente

A guerra é um bom negócio
Que não se pode perder
As armas só dão lucro
Se houver a quem as vender
E todos nós tarde ou cedo
Temos de morrer

Os senhores da guerra
Fazem contas cuidadosas
Deixam dois por cento
Para obras caridosas

Calcula-se o rendimento
Em função do investido
O lucro é de 3000 dólares
Por cada corpo abatido

Biafra ou Palestina
Bangla Desh ou Polinésia
O Chile ou a Argentina
A Coreia ou a Indonésia
Fornecem carne p'ra canhão
Em primeira mão

Os senhores da guerra
São pessoas respeitáveis
Vão passar as férias
Em montanhas saudáveis

Mergulham as carnes tenras
Em piscinas de água quente
Enquanto os seus mercenários
Matam muita, muita gente

E cada nova guerra
Que conseguem fabricar
Será mais um mercado
P'ra morrer e p'ra pagar
Até que o dia chegará
Em que a bomba rebentará
Nas suas mãos
E a guerra terminará.

“Os senhores da guerra” – Grupo Outubro
(Letra e música: Pedro Osório)


sábado, 20 de novembro de 2010

Cimeira da NATO – Há festa na aldeia *




Enquanto os dirigentes do mundo “civilizado” presentes na Cimeira de Lisboa se ocupam com reuniões sobre reuniões e refeições sobre refeições em que fazem lá o que quer que seja que fazem os criminosos de guerra e os seus sabujos nestas ocasiões, o cidadão, ávido de saber as novas linhas com que se coserá o “mundo livre”, é arrasado por uma avalanche de informações sobre os assuntos que realmente contam para os exércitos de “jornalistas” que cobrem a cimeira em diretos intermináveis, a saber:

Quantos jornalistas estrangeiros acreditados há por metro quadrado, quantos aviões sobem e descem, quantos basbaques andam à volta do aeroporto para ver os aviões subir e descer, quantos mirones acampam nas bermas para ver passar não sabem quem, quantos “populares” são capazes de dizer “Barack Obama”, quantos desses acham que “isto é bom para Portugal desde que dê algum cá à gente...”, quantos carrões andam para lá e para cá, quantos são blindados, quantos minutos de atraso teve o porco Berlusconi, quantas garrafas de água, quantos sumos, quantas prendas de cortiça para as senhoras e cavalheiros (para além da coleira para o cão do Obama), quantas compras vão fazer as primeiras damas à Baixa (O que vestirão por baixo? Alguma terá trazido o amante? E o porco Berlusconi... quantas trouxe?), quantos quartos de hotel foram reservados, quantos... quantos...

E entrevistam-se já uns aos outros... e reviram os olhinhos em êxtase, sempre que veem um excerto de um noticiário estrangeiro em que se fale da Cimeira e se mencione o nome de Portugal... para nossa grande e eterna glória nacional! Somos a capital do mundo!!! – disse o calhordas do Ministro da Defesa Augusto Santos Silva na televisão... e o jornalista não se riu.

Desgraçadamente, a “nossa” comunicação social, que devia ser uma das importantes colunas do edifício da cultura, da cidadania, da consciência coletiva dos portugueses... está nas mãos de “negociantes de papel”, servidos por fiéis lacaios, ou por simples imbecis.

* Peço perdão ao grande Jacques Tati, que não tem culpa nenhuma, nem da NATO, nem da minha mania das “referências”...

Pela Paz! Não à NATO e aos provocadores!




Francamente já com a taça a transbordar do asco que esta cimeira e a presença física de um tão grande número de criminosos de guerra me provoca, deslocar-me-ei para Lisboa dentro de poucas horas. Aí espero deixar bem expresso o meu desagrado pelo virar de mais uma página lamentável da nossa História.

Não há palavras para classificar a campanha de intimidação sobre os possíveis e esperados manifestantes pela Paz e anti NATO, campanha de mentira e lavagem ao cérebro, levada a cabo pelos responsáveis desta cimeira da NATO, com a colaboração acéfala, nuns casos, perfeitamente consciente, em quase todos, dos jornais, televisões e rádios.
Como se não bastassem as ameaças veladas das forças de “segurança”, esteve sempre no ar a possibilidade de o dia de justo e livre protesto contra os senhores da guerra vir a ser manchado pela ação dos sempre mediáticos provocadores, saídos das próprias forças de “segurança” e, em muitos casos, mascarados de organizações de esquerda “muito revolucionária”.
Como nós os conhecemos bem... e há tantos anos! Até em simples sessões de cantigas de protesto, antes do 25 de Abril, tínhamos tantas vezes direito a um desses “revolucionários” que gritavam “Morte ao Salazar!”, ou qualquer coisa no género... sinal para entrar a PIDE e a GNR e garantir que a sessão acabava mesmo ali.

Daí que, e depois de ter recebido este documento por mail (para aí umas quinze vezes...) me pareça útil divulga-lo, apesar de ser tão em cima da hora.

Repor a verdade!
Comunicado da Campanha “Paz Sim NATO Não”

Face à notícia divulgada pela RTP sob o título «a ordem é de desobediência civil pacífica contra belicismo da NATO», assim como de outras notícias que têm vindo a público e que objectivamente distorcem a realidade quanto à real promotora e organizadora da Manifestação «Paz sim! NATO não!» que se realiza, dia 20 de Novembro, a Campanha «Paz Sim NATO Não»:

1 – Denuncia e rejeita qualquer ligação da Campanha «Paz sim! NATO não!» e da Manifestação que convocou, promove e organiza no próximo dia 20 de Novembro, às 15h00, do Marquês de Pombal à Praça dos Restauradores, em Lisboa às denominadas PAGAN, ICC, WRI ou outra qualquer entidade que não integre as organizações promotoras da Campanha «Paz sim! NATO não!»;

2 – Reitera que o ICC e o seu ramo em Portugal, a PAGAN, não fazem parte, nem têm qualquer tipo de ligação com a Campanha «Paz Sim! NATO Não!» e muito menos integram as organizações da Manifestação «Paz Sim! NATO Não!», de dia 20 de Novembro, em Lisboa;

3 – Repudia a atitude das denominadas PAGAN, do ICC e do WRI, que, numa vergonhosa e deliberada atitude de puro parasitismo político, procuram tentar associar de forma abusiva e inaceitável a Manifestação «Paz Sim NATO Não» às acções que entenderam vir realizar a Portugal, nomeadamente às chamadas «acções de desobediência civil»;

4 – Lamenta que órgãos de comunicação social continuem a dar cobertura a afirmações do ICC, do WRI e da PAGAN que para além de significarem uma deliberada provocação à Campanha «Paz Sim! NATO Não!» faltam comprovadamente à verdade, constituindo uma deliberada campanha de desinformação;

5 – Esclarece, uma vez mais, que discorda e se distancia das ditas «acções de desobediência civil» que mais não visam do que dar espaço mediático a iniciativas e sobretudo a organizações que, ou não têm qualquer implantação significativa na sociedade portuguesa, como é o caso da PAGAN, ou, como no caso do ICC, agem num claro desrespeito pelos movimentos da paz, sociais e populares em Portugal;

6 – Clarifica que a Manifestação «Paz sim! NATO não!» será expressão da longa história e tradição de luta dos movimentos da paz, sindical, social e político portugueses que a convocam, promovem e organizam, agindo em defesa da Constituição da República Portuguesa, que garante a todos os cidadãos o direito de manifestação, sendo neste quadro que realiza as suas acções e que exige e pratica esse direito;

7 – Esclarece, uma vez mais, que a Campanha “Paz Sim NATO Não” integra mais de 100 organizações portuguesas e que tem o apoio de mais de 30 organizações de vários países e do Conselho Mundial da Paz, que será expresso, amanhã, num Encontro Internacional a realizar em Almada, pelas 10h00 no Fórum Municipal Romeu Correia, assim como na participação organizada de dezenas de representantes internacionais na Manifestação «Paz Sim! NATO Não!»;

8 – Clarifica que os partidos políticos que integram as organizações promotoras da Manifestação «Paz sim! NATO não!» são o Partido Comunista Português, o Partido Ecologista «Os Verdes» e o Partido Humanista;

9 – Afirma que pelos dados que tem neste momento está em condições de informar a Comunicação Social que a Manifestação «Paz Sim! NATO Não!» do próximo Sábado será uma grande demonstração de força, combatividade, serenidade, alegria e de luta pela paz por parte do povo português.

18 de Novembro de 2010

A Comissão Coordenadora da Campanha «Paz sim! NATO Não!»

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Rui Rio – Camisa de cor errada...



Este gandulo da fotografia chama-se Rui Rio e é Presidente da Câmara Municipal do Porto. Gosta muito de automóveis de corrida. Gosta muito de aviõezinhos de corrida. Provavelmente, também gosta de carapaus de corrida... mas do que não gosta, declaradamente, é de liberdade de expressão, de trabalhadores, dos seus direitos e muito menos das suas lutas.

Este gandulo é um demagogo barato, um populista de pechisbeque. Acha sempre que com umas frases de “filosofia política de tasca” sobre quem “não gosta de trabalhar” (um das seus temas preferidos), ou recorrendo a posturas municipais manhosas e marteladas, pode dispor da cidade do Porto a seu bel prazer e fazer gato-sapato das liberdades e direitos dos cidadãos. Estes novos episódios de roubo e destruição de propaganda política por parte dos serviços da Câmara Municipal do Porto e da Polícia Municipal, a seu mando, desta vez respeitante à divulgação e mobilização para a Greve Geral do próximo dia 24, são apenas mais uma pincelada no retrato sombrio de um político da direita caceteira, que estaria muito mais à vontade e em harmonia com o “meio ambiente” se tivesse sido Presidente da Câmara... mas há sessenta anos.

Deve ser por isso que quando o ouço e vejo, penso que com um pouco mais de brilhantina no penteadinho esticado para trás e com uma camisa negra, ficaria perfeito, de braço estendido, a vomitar alarvidades na varanda da Câmara, ao lado de Salazar... ou talvez antes de Mussolini, que também gostava de carros de corrida.

Viva a Greve Geral!
24 de Novembro

NATO - Ditados populares “revisitados”



Porque gosto muito de revisitar os grandes ditados populares portugueses... aí vai:



quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Vieira(s) da Silva – Um está a mais?




“Liberdade” – Maria Helena Vieira da Silva

O inefável e quase invisível Ministro da Economia, Vieira da Silva, disse aos jornalistas que «A greve é um direito que faz parte da vida colectiva e da nossa democracia». Depois não resistiu a acrescentar que «Obviamente que quando se paralisa a economia neste sector ou noutro tem sempre um impacto negativo e nós não precisamos agora de impactos negativos na economia».

O homem é um génio! Conseguiu descortinar que uma Greve Geral tem efeitos negativos na economia! Portugal não precisa, agora nem nunca... é de ministros da Economia deste jaez (algum um dia havia de utilizar esta palavra)...

Está na hora de se criar uma qualquer “task force”, ou “fask torce”, como dizia um amigo, para ver se inventa, sei lá... uma estirpe de greves que não tenham impacto negativo na economia... e talvez um pouco de neve quente e sol fresquinho, para amenizar as férias do senhor ministro...

Na verdade, pouco me importa o que diz o ministro Vieira da Silva. Para mim não “existe”. Já tenho um excelente Vieira da Silva em Aveiro, que desde há muitos anos canta umas canções valentes... isto no masculino; no feminino, como se pode ver pela imagem aí em cima, a minha Vieira da Silva é outra!

Os portugueses (esses malandrins)




A crescente atabalhoação de Teixeira dos Santos, cortando a trouxe-mouxe na despesa, aumentando às cegas a receita, enterrando cada vez mais aqueles que ainda têm emprego e não podem fugir ao saque, nada fazendo para criar empregos para os milhares de trabalhadores fustigados pelos resultados da sua gestão incompetente e dolosa, mostram-nos um ministro imprestável.

A normalidade com que os sucessivos governos encaram a miserável taxação aos lucros fabulosos da banca e dos negócios da bolsa, mostram políticos que fizeram a sua opção de classe: estão do lado dos exploradores.

A aparente distração com que o Ministro das Finanças e o Primeiro Ministro passam pelo verdadeiro crime da fuga ao fisco de milhões de euros na PT, a que agora, ao que parece, se poderão vir a juntar mais uns milhões de fuga ao fisco na Portucel, com a falcatrua do pagamento de enormes fortunas em dividendos, a mata cavalos, ainda este ano... ante da entrada em vigor das ténues taxações inscritas no novo Orçamento, mostra um bando de governantes cobardes e vendidos aos “donos” do país.

São realidades obscenas... mas o que por estes dias me anda a tirar do sério (e não sou o único, pelo menos aqui em casa) é a lata com que analistas, comentadores e, sobretudo, os jornalistas, depois de passarem notícias sobre tudo o que acabei de escrever, falam dos muitos milhões de que o Ministério das Finanças é supostamente “credor”, milhões que supostamente chegariam para reduzir o deficit em vários pontos percentuais, sem necessidade de todas as medidas de austeridade que aí estão, mais as que aí vêm... e declaram solenemente nas televisões que é dinheiro de impostos em falta, devido pelos portugueses!!!

Quais portugueses, porra?! Porque é que nestas alturas não lhes cai pelo menos um projetor de iluminação do estúdio em cheio na cabeça? Pronto, vá lá... de raspão...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A União Europeia está ameaçada!!!


Chegam inquietantes notícias que nos revelam os receios do senhor Herman van Rompuy sobre a sobrevivência do Euro e da própria União Europeia, realidades ameaçadas, segundo ele, pelas economias de países como a Irlanda, a Grécia e Portugal.

Sem querer ser má-língua, diria que, independentemente de o senhor ter ou não ter razão sobre os efeitos da crise provocada nesses países exactamente pelas políticas que ele próprio defende, uma outra e importante razão para a crescente insignificância e possível falta de futuro do Euro e da UE, será o facto de a União Europeia ter como dirigentes figuras com uma tão grande qualidade, projeção internacional e um tão tremendo peso político no conserto das nações, como ele próprio, Herman van Rompuy, uma espécie de Presidente da UE, a senhora Baronesa Catherine Margaret Ashton, uma espécie de Ministra dos Negócios Estrangeiros da UE e claro, Durão Barroso... “um substantivo que dispensa adjetivações de qualquer espécie”.

Lamento ainda poder com isto arreliar os apaixonados da UE e do Euro, mas pessoalmente tanto se me dá que acabem... isto a ver pelas dezenas e dezenas de países que fazem a sua vida fora do Euro e da UE, uns melhor, outros pior, com diferentes estádios de progresso e liberdade, mas muito mais independentes, muito mais soberanos... muito mais livres de desenharem o seu próprio caminho e futuro!

Barack Obama – “O deportador”




Essa enorme fraude política que dá pelo nome de Barack Obama e que dentro de horas ajudará a instalar o caos na cidade de Lisboa, participando em mais uma cimeira da maior máquina de guerra existente, a NATO, vai sendo notícia também por outras razões.

Revelando aquilo que realmente está por detrás dos “hipnóticos” discursos com que (ainda) vai vigarizando meio mundo, revelando o "apreço" que lhe merecem as suas próprias promessas eleitorais respeitantes às novas leis de imigração e do tratamento a dar aos processos de legalização dos imigrantes sem documentação (não há seres humanos ilegais!), promessas que lhe valeram uma fortíssima votação por parte das várias comunidades imigradas nos EUA, sabe-se, afinal, que a rigidez de processos, a perseguição a imigrantes e a sua deportação, atingiram sob o seu governo números record.

Claro que a desculpa dos “serviços” é a de sempre: «trata-se de criminosos». Só que como estamos a falar de cerca de 500.000 seres humanos, as várias organizações de imigrantes não “engolem” a mentira e começa a fazer-se sentir o descontentamento de muitos que votaram nesta gigantesco embuste.


Para “compensar”, Barack Obama lança um livrinho infantil, dedicado às suas duas filhas, falando de grandes figuras da história americana que admira. Ao que parece, os filhos dos soldados feridos nas guerras do Iraque e Afeganistão, bem como daqueles que lá foram mortos, terão direito a uma parte do dinheiro obtido com a venda do livrinho... na forma de bolsas de estudo.


Alguém devia dizer ao senhor Obama, de preferência bem alto, que a maneira de ajudar os filhos dos soldados não é atirar-lhes com umas migalhas de parte da venda de merda nenhuma, mas sim não lhes enviar os pais para a guerra!!! Presumo que este estranho conceito não venha no livro de instruções de "Como usar o Nobel da Paz".

De qualquer modo, já que os livrinhos de pouco servirão aos filhos dos soldados... talvez sejam uma "boa prenda" para os muitos milhares de filhas e filhos dos imigrantes deportados... para lhes servir de distração durante a viagem e não se aperceberem do desespero dos pais...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Conversas de vizinhos




Estive para manter confidencial esta pequena “cãoversa” com o “Cantinflas”, o fiel vigilante do quintal dos vizinhos... mas um post de um amigo "de infância" leva-me a divulgá-la.

- Olá “Cantinflas”!
- ... ... unfff...
- Mas que lindo impermeável novo...
- Isto não é um impermeável!
- Não?! Então é o quê?
- É uma capa com proteção hidrológica!
- E então isso não é a mesma coisa?
- NÃO!!! Isto é uma peça de vestuário preparada para resistir ao ataque de variados materiais e projeteis húmidos, disparados pelos mais diversos tipos de armamentos, como mangueiras, bisnagas de carnaval...
- Fantástico, “Cantinflas”! E como é que aprendeste a distinguir isso de um impermeável? Foi nalguma enciclopédia sobre vestuário com...
- Não!... Foi com um amigo meu, alemão, que trabalha na PSP... e livra-te de começar a gozar de fininho com o assunto, como fez a Anabela Fino lá naquele vosso jornal...

Luís Amado – A vingança serve-se fria




Luís Amado é o “nosso” Ministro dos Negócios dos Estrangeiros. Não, não me enganei... é mesmo dos negócios dos estrageiros, negócios e interesses que ele por cá representa e defende fielmente, a começar pelos dos EUA, continuando pelos da senhora Merkel... e por aí adiante. Durante anos, o nosso Luís andou a ver passar os “passou bem?”, os “olá tá bom?”, os “como passou?”, os “dá cá um bacalhau”, ou os mais formais “os meus cumprimentos!”. Passavam-lhe ao lado, por cima, pelas costas, mesmo pela frente do nariz... nos primeiros tempos chegou até a divertir-se com a coisa, mas a recorrência da arreliadora situação começou a azedar a sua relação com a convenção das saudações.

Esta última, em que Sócrates o deixou humilhantemente pendurado e de mão estendida, em público, como este famoso vídeo documenta, foi a gota de água... e José Sócrates acabou a pagar por todos. Luís esperou vários meses, até a vingança ficar bem gelada, mas ela aí está!

O homem "acha" que o governo está gasto, que o país vai acabar a sair do Euro, que está disposto a ceder o seu lugar para que mesmo sem o recurso a eleições se forme um Governo de coligação (como se a coligação não existisse já!), em suma, o homem é o único que está verdadeiramente decidido a colocar o interesse nacional à frente dos interesses políticos particulares.

Claro que já desdisse tudo, claro que está muito motivado para continuar no Governo, claro que ninguém leu bem a entrevista ao “Expresso”, claro... mas, na verdade, o Ministro das Finanças já ficou ainda mais taralhouco e incongruente do que é costume, Sócrates não diz coisa com coisa, várias figuras e figurões do PS já começaram a “pôr-se e jeito” para a nova era que se adivinha, os “mercados” enervaram-se ainda mais e subiram os juros, os actuais agentes do FMI querem saber onde raio é a famosa Portela onde vão ter que desembarcar, tal como já fizeram antes os seus "pais", em 1977 e 1983, os analistas deliram, uma resma de jornais internacionais não resistiu à tentação de fazer chacota com a estória... e, felizmente, também os blogs, destaco o “Anónimo do Séc. XXI” e o “Cravo de Abril”, vão dizendo sobre o assunto aquilo que deve ser dito.

Decididamente, a vingança serve-se fria!



segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Um almoço com o “Saramago”




E perguntam vocês: “Mas que diabo é que o senhor Guilherme Silva, o histórico deputado do PSD, está aqui a fazer com o Francisco Lopes?” – E eu respondo: “Nada!”... mas há uma estória por detrás desta fotografia, que passarei a contar.

Ontem fui almoçar a Borba. Abrindo um parêntesis, direi em abono da justiça, que se o grupo de amigos que ali se juntou no simpático restaurante “A talha” o tivesse feito unicamente para honrar a morte do borrego que deu a vida por aquele ensopado... teria valido a viagem, tão bom estava o raça do almoço!... mas não. Não foi isso que ali levou as 46 amigas e amigos de Borba (mais quatro) e os donos e funcionários do restaurante... mais eu. Tratou-se de um almoço de apoio à candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República e eu fui convidado a participar, enquanto mandatário da candidatura.

Grande corrupio, na estreita Rua Mestre Diogo Borba. A porta do Centro de Trabalho do PCP está simetricamente colocada à frente da porta do local do repasto. As pessoas vão chegando e dividindo-se, ora pelo CT, ora pela velha sala decorada com enormes talhas já desativadas, mas carregadas de estórias de grandes colheitas de “Borba”.

O “Saramago” está tão à vontade num lado da rua, como no outro, como no meio, fazendo as honras das duas casas... embora a dele seja o PCP. O “Saramago” é um gato feliz, que gosta de festas na cabeça e cócegas na barriga e cuja felicidade se vê na qualidade e no brilho do pelo curto, compacto e cinzento. O “Saramago” engraçou comigo.

Começou o almoço. Depois de derrotado o ensopado e saboreado o vinho da casa, já há muito tinha percebido que o “pessoal” do restaurante também se sente tão à vontade ali, como no Centro de Trabalho, em frente. Chegou então a hora de eu dar sentido à minha viagem a Borba, dizendo sobre Francisco Lopes e a sua candidatura, aquilo que me vai na alma. Com um incentivo do “Saramago”, na forma de mais uma turrinha numa perna, pedindo uma festa na cabeça, levantei-me e falei para o “pessoal” do restaurante, para os restantes 46 amigos e amigas apoiantes da candidatura do PCP... e mais quatro.

Finalmente, os “mais quatro”. Estavam sentados numa mesa muito perto de mim, a única mesa que não estava mobilizada para o nosso almoço. Três pessoas que não reconheci... e o histórico deputado do PSD, o Dr. Guilherme Silva, que ouviu, em silêncio, tudo o que eu levava para dizer sobre a situação que atravessamos e o que representa exactamente cada candidato nessa situação.

O fim de festa foi do outro lado da rua. O “Saramago” guiou praticamente todos os presentes (menos quatro) para o PCP e começou a sessão informal de fados cantados e tocados, muito bem, por sinal!, por um homem da casa.

Depois de três ou quatro fados tive que regressar a Montemor. Ao som do “Canoas do Tejo” fui saindo discretamente e pedi ao “Saramago” que se despedisse por mim de todos os amigos e amigas que estavam lá dentro cantando em coro. Prometeu-me que sim... pela estreita nesga de um olhar verde claro e lá ficou, deitado sob um raio de sol que andava ali, aposto, propositadamente para ele. Promessa de mais sete vidas... de mais “Sete Sois”.

E os amigos e amigas lá dentro, cantando... cantando...