terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O Presidente e a austeridade... ou a estupidez manobrista


Estamos a ser subjugados pela tirania do capital sem rosto ou pátria, esmagados por um verdadeiro “fascismo económico”. Os lacaios que os tiranos têm ao seu serviço, fingindo que estão ao serviço de Portugal e dos portugueses, pertencem à estirpe dos que se orgulham de fazer mais do que lhes é exigido. De infligir ao povo mais sacrifícios do que aqueles que foram impostos pelos tiranos. São os verdadeiros eunucos que, como bem cantava o Zeca, “não matam os tiranos, pedem mais”.
Para manterem os tiranos mais ou menos calmos, estes eunucos têm, obrigatoriamente, que fazer de conta que tudo está a correr na maior concórdia, santa paz (ainda que podre) e unânime aceitação.
Eis senão quando, por pura indigência intelectual e política, o “pastel de Belém” saiu-se com aquela desastrosa declaração sobre a sua reforma de miséria... declaração com que conseguiu ofender alguns milhões de portugueses. Na sequência, experimentou a sensação de ser vaiado em plena rua e reduziu drasticamente as aparições em público.
Entram então em cena os “geniais” assessores de Cavaco. Dando de barato que Cavaco foi um dos impulsionadores do acordo com a “troika”, um dos apoiantes do Orçamento de Estado e empenhado “contribuinte” para o acordo de “concertação” dos patrões e da UGT... decidiram que a melhor forma de voltar a dar-lhe um lustro de “boa pessoa”, tentando apagar a figura de egoísta, interesseiro e oportunista que se revelou com as suas declarações desastrosas... era dar a ideia de que o Presidente (apoiado por alguns misteriosos cavaquistas) está contra a austeridade e o ultraliberalismo... particularmente, contra o ministro das Finanças.
Conseguiram deixar à beira de um ataque de nervos toda a corte do centrão... desde Marcelo Rebelo de Sousa, até ao jovem "defunto" Seguro. Claro que para a coreografia da farsa ficar completa, já tivemos, entretanto, direito ao "ofendido" desmentido da Casa Civil de Cavaco Silva.
Manobra bacoca! Já sabíamos que entre os assessores de Cavaco tem havido de tudo: trafulhas, vigaristas, oportunistas, ladrões... ficamos a saber que também podem ser estúpidos como portas!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Eu não quero o que tu queres, que eu sou doutra condição *


A “panzerMerkel sonha com o dia em que consiga, oficialmente, instalar em cada país europeu um comissário ao serviço da Alemanha, forçando e garantindo orçamentos “nacionais” que sejam inteiramente favoráveis aos seus interesses e incondicionalmente subservientes para com o seu poder.
Passeia-se por onde muito bem lhe apetece, pesadamente, dando ordens, deixando atrás de si o trilho das imponentes “lagartas”. Agora decidiu interferir abertamente na campanha presidencial francesa, apoiando o seu “pequeno” aliado Sarkozy que, valha a verdade, já antes lhe tinha prestado o mesmo serviço.
Perante esta consolidação do poderio dos dois grandes lacaios do capital sem pátria na Europa, Sarkozy e Merkel, que fazem os restantes pequenos lacaios, sentados nas cadeiras governamentais da UE? Uns, como Passos Coelho, já nem se dão ao trabalho de levantar as calças e endireitar as costas. Outros, muito raros, ensaiam tímidas encenações de “revolta”... que acabam, recorrentemente, em capitulação. Foi assim na Irlanda, foi assim na Grécia. Aí estão as repetições. Tanto num país, como no outro, governantes comprometidos até ao pescoço com esta política, em discurso para consumo interno, clamam pela sua soberania ameaçada, quais virgens no meio de um bordel.
Todos estes “pequenos” estados, Espanha, Itália, Grécia, Irlanda, Portugal... poderiam, em vez de fazer de conta que não se conhecem, repetindo como um mantra, “os outros é que estão mal”, juntar-se à volta de uma mesa e ensaiar em uníssono um berro bem em cheio na cara da “panzer” Merkel e dos omnipresentes e eternamente nervosos mercados. Mas não!
Há, para além da pequenez e da cumplicidade com esta política de agressão aos povos, pelo menos duas características que unem os políticos que o grande capital tem à frente dos países da UE: o egoísmo e a cobardia.
Seja como for... esta minha “conversa” é mera retórica, já que nunca sairemos deste lamaçal com os mesmos governantes e as mesmas políticas que nos atascaram nele!


* Do refrão da cantiga “Uns vão bem e outros mal”, do Fausto... que é sempre bom voltar a ouvir.


domingo, 29 de janeiro de 2012

Midori Goto – Orelhas moucas...


Fui “atingido”, ou melhor, cá em casa fomos “atingidos” pela violinista japonesa Midori há muitos anos... a década de oitenta do século vinte ia ainda a meio e ela era uma criança de pouco mais de catorze anos. O efeito persiste até hoje.
Sempre que a vejo tocar, dá-me para imaginar o pesadelo que deve ter sido a vida da sua primeira professora de violino:
- Menina... uma violinista deve manter-se numa pose elegante!
- Então, Midori! Não toque com as pernas abertas, valha-nos Buda!
- Não toque curvada e a olhar para o chão! Pensa o quê? Que é o Miles Davis?!
- Ó menina! Pare quieta, たわご!!!
Acham que tanta amofinação e cuidado resultaram? Nada! A tudo fez orelhas moucas... era um caso verdadeiramente perdido. Fulminante!
Bom domingo!
Tchaikovsky – “Concerto para violino” (1º mov.) – Midori
(Pyotr Ilich Tchaikovsky)


sábado, 28 de janeiro de 2012

CGTP – A “iminente tragédia” da Intersindical...


A propósito do Congresso da CGTP e da anunciada passagem de testemunho de Carvalho da Silva a Arménio Carlos... tenho ouvido de tudo. Há muitas pessoas, públicas e privadas, que fazem questão de elogiar a coerência, a personalidade e trabalho feito, tanto pelo primeiro como pelo segundo, deixando um grande abraço ao Secretário Geral de há já 25 anos... e outro grande abraço àquele que se prepara para dar a cara, de forma ainda mais pública e intensa, pelas causas dos trabalhadores portugueses.
Seja como for, nada do que estes muitos camaradas, amigos, ou simples admiradores das pessoas em causa possam dizer, consegue competir, seja em volume, seja em divulgação, ou mesmo em alarido, com verdadeira barragem de fogo, insultos e calúnias, que se abate sobre a CGTP e os seus dirigentes, vinda de quase todos os lados.
Tudo ouvido e fosse eu dado a engolir os "anzóis" dos media dominantes... seria levado a uma certeza: «Se a CGTP não mudar de rumo, drasticamente e depressa, não faltará muito para que definhe irremediavelmente e morra».
Não vou perder tempo a discutir esta “ideia”, presente nos comentários de tantos politólogos, comentadores e analistas de serviço. Primeiro, porque não me apetece. Segundo, porque estou ocupadíssimo a tentar lembrar-me de quantas vezes terei ouvido já esta “sentença” nos últimos quase quarenta anos. Centenas? Milhares?
Ironias à parte, fica aqui um abraço à nova equipa da grande central sindical e votos de que continue e amplie o seu indispensável trabalho!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Feriados - Arriba España e viva o rei!!!


E viva a “implantação” de mais dois dias de trabalho não pago, como bem lhes chama o Arménio Carlos... que se lixe a Restauração e a implantação da República!
Também... sejamos honestos! A independência do país já viu melhores dias e uma “Família Real”, até na sepultura tem muito mais charme do que a “Família Mariani”. Só falta aparecer um estudo muito “jeitoso” feito por um grupo de cientistas da Universidade Católica, onde se fique a saber que os portugueses preferem ter um Rei... e serem espanhóis.
Por mim, depois de aturada seleção, já estou indeciso apenas entre o “rei das farturas”, o “rei dos frangos” e o “rei da sucata”.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Estela Barbot – Multiplicam-se as epifanias...


De forma recorrente e a propósito dos mais variados assuntos, lembro-me da velha anedota em que um general era tão estúpido... que até os outros generais deram por isso.
E pronto. Foi disto que me lembrei, mais uma vez, quando ouvi Estela Barbot, conselheira do FMI, tão “condoída” com os sacrifícios que estão a ser impostos aos portugueses.
Finalmente, gente “muito importante” questiona a aplicação e utilidade prática da austeridade (não o capitalismo que a impõe). Já há quem fale abertamente de novas ajudas e resgates financeiros. Há mesmo quem, entre esses “importantes”, ouse falar na renegociação da dívida... uma coisa que ainda há bem pouco tempo era um crime de lesa-majestade. Uma ideia pecaminosa, verdadeira blasfémia contra o deus-dinheiro, dessas que povoavam apenas os cérebros e as bocas dos do costume... aqueles comun... esses!!!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Miguel Sousa Tavares, Cavaco... e o tiro


Aqueles de entre vós que estejam em dia mais pachorrento... ou, pelo contrário, atacados de um forte desejo de autoflagelação, podem ver e ouvir, neste link, o sempre profundo Miguel Sousa Tavares dizendo coisas. Desta vez é em dose familiar. Fala da Madeira, disserta sobre a Justiça, dá uns bitaites sobre o papel dos sindicatos na chamada “concertação social”... não resistindo a tentar enxovalhar a CGTP com as provocações costumeiras...
Não conseguiu prender-me a atenção por aí além... até ter dito, com profundidade (acho que já disse que ele é profundo), que Cavaco Silva «deu um tiro no pé».
Pois... se calhar... mas atendendo às famosas declarações cavacais sobre a “pensão de miséria” e à tão inútil, quanto esfarrapada “explicação” que veio dar dias depois, tudo isto somado ao seu já longo historial de vida coerentemente “anibalesco” e, sobretudo (como muito bem exorta o Sérgio), para a sua vasta e demolidora "obra política"... já que o Miguel Sousa Tavares decidiu falar sobre o tiro no pé, bem podia ter dito em qual dos quatro!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Não podemos...


Não podemos apertar o cinto e baixar as calças ao mesmo tempo!
Não faço ideia de onde é que o Sílvio Rodriguez (sim, o das cantigas) foi desencantar esta fotografia de um cartaz que alguém empunhou algures... mas a mensagem não podia ser mais certeira e actual.
Já que surripiei a imagem ao Sílvio, um dos grandes da Nova Trova de Cuba, fica-me bem dizer que a encontrei aqui, no seu blog, “Segunda cita”.
É um blog pessoal, que retrata bem a popularidade de que goza o cantautor cubano, quanto mais não seja, pelo volume de comentários que cada um dos seus textos suscita, quase sempre na ordem das centenas.
É um blog que, tal como o seu autor, está com a Revolução, tendo deixado bem claro que ali não se dá guarida a propaganda contra essa mesma Revolução.
Isso não impede que, muitas vezes, tanto nos próprios textos escritos ou selecionados pelo dono do blog, como nos comentários que ali chegam de toda a América Latina, Espanha, etc., se encontrem opiniões que dão lugar a debates em que se questiona este ou aquele aspecto da política, sobretudo da prática política, levada a cabo em Cuba, seja no campo cultural, seja onde for.
O que quer dizer, para quem quiser ver, que para ter, em Cuba, livremente, um blog que coloque dúvidas, questione políticas concretas, apresente soluções alternativas, dê ideias... não é preciso ser-se financiado pela CIA, ou pelos narcotraficantes cubanos de Miami, como a famosa bloguer e feroz anti-revolucionária Yoani Sanchez.
Adenda: Não vale a pena vir comentar que eu estou do lado de tudo o que venha de Cuba, de Fidel e companhia. É uma perda de tempo e não é verdade. Não “simpatizo” com algumas das realidades da vida cubana... independentemente da discussão sobre a quem cabe a responsabilidade da sua existência.
Só que os reparos que eu possa ter, não me impedem (para utilizar a imagem usada pelo embaixador de Cuba em Portugal, quando lhe perguntaram se há indignados em Cuba) de também pertencer aos “indignados” cubanos, que são aos milhões. Como eles, estou indignado com décadas de criminoso bloqueio dos EUA, indignado com as tremendas dificuldades e privações de toda a ordem impostas àquele povo magnífico, indignado com a prisão injusta dos “Cinco de Cuba”, indignado com a insultuosa presença do crime continuado na base de Guantánamo...
Como não ficar indignado?

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Guimarães 2012


Se a cultura se fechar a si própria dentro de um gueto, acaba fatalmente (e com apenas raras e felizes excepções) por deixar de ser cultura, para se tornar apenas numa idiossincrasia. Uma mania. Um tique nacionalista, patrioteiro, ou apenas bairrista. A cultura precisa da seiva do contacto e da abertura aos outros, para melhor manter vivas e saudáveis as suas raízes e identidade.
Dada esta singela opinião, acho não só muito bem, como fundamental, que a programação cultural de Guimarães Capital Europeia da Cultura (ou qualquer outra programação cultural), seja fortemente povoada por aquilo que de melhor a Europa e o mundo tiverem para dar, caminhando ombro a ombro com as nossas próprias propostas culturais. Seja em agigantados (talvez demais) projetos como este “Guimarães 2012”, ou na vereação da cultura de uma pequena autarquia local.
Dada esta segunda singela opinião, tenho, ainda assim, as maiores dúvidas de que uma programação de Paris, Londres, ou Madrid, ou Frankfurt, ou Veneza capitais da cultura... abrisse com um espetáculo estrangeiro.
Seja como for, não era da programação de espetáculos que ia falar, mas sim da cerimónia de abertura.
Na verdade, estava combinado que fosse eu a fazer o discurso de encerramento, dissertando sobre mecânica quântica, o que me foi impossível por incontornáveis motivos de agenda pessoal. Como, ao que parece, o distinto público presente estava firmemente decidido a divertir-se por um bom pedaço, ouvindo alguém falar longamente sobre um assunto de que não entendesse nem a ponta de um chavelho... substituíram-me por Cavaco Silva a falar de cultura. Foi exaltante!
(Ao que me dizem, houve na rua quem não gostasse...)

domingo, 22 de janeiro de 2012

António Zambujo - Contaminação


O som não se propaga no vácuo. Precisa de ar. Sem ar não há sons, não há música, não há vida.
A boa música ganhou o gosto das grandes viagens, para melhor respirar, para melhor se propagar. Quando é transportada por gente inteligente, regressa dessas viagens contaminada com o que viu, com o que ouviu, com o que viveu. E torna-se melhor. Traz mais vida e mais ar. Transforma-se numa coisa única. Extraordinária.
Assim fez esta “Chamateia”, já de si uma mistura de Chamarrita com Sapateia, feita por dois autores a “brincar” com os nomes da música tradicional dos seus Açores... e transportada para a Bulgária, terra das vozes “misteriosas”, pelo António Zambujo. Em boa hora!
Bom domingo!
Chamateia” – António Zambujo e Vozes Búlgaras “Angelite
(António Melo de Sousa/Luis Bettencourt)



sábado, 21 de janeiro de 2012

Pobre Cavaco, rico mentiroso!


O cidadão Aníbal Cavaco Silva, a quem alguns (não muitos) portugueses deram o emprego de Presidente da República diz que o país estará «certamente melhor» com este acordo de concertação social. Sabendo-se o quanto ele “contribuiu” para a sua concretização... não me espanta. Era o que eu esperava.
Já do que não estava à espera é que o sem-vergonha tivesse o topete de declarar em público, não só que a sua reforma dificilmente lhe dará para pagar as despesas, como será de cerca de 1300 euros... uma mentira obscena, facilmente desmontável por quem saiba fazer as contas.
Enquanto fico a remoer o que gostaria de chamar-lhe... confesso, contrariado, que subestimei o nível de repugnância que este ser desprezível pode causar.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Deve haver algo de muito errado...


Decididamente... deve haver algo de muito errado com a CGTP! Para ser mais preciso, com os sindicalistas da CGTP. Para ser ainda mais preciso... com os sindicalistas comunistas da CGTP. Senão, vejamos:
1. Apesar de serem homens e mulheres com caras e nomes, uma história pessoal, terem família de quem gostam... e um passado e um presente ocupados na luta pelo bem comum, são odiados e desprezados pela generalidade da comunicação social, que tudo faz para denegrir, falsear, ou pura e simplesmente, ignorar as suas ideias, ações, reivindicações e sonhos.
2. Ainda há bem pouco tempo. Essa grande figura de sindicalista moderno que é António Chora, revelava (desrespeitando os membros do BE na CGTP) que os sindicalistas comunistas, fazem o que podem para que haja mais despedimentos, mais desemprego, mais fome... para assim terem mais oportunidades de aparecer nas televisões, manifestando-se contra o patronato e o capitalismo. Revelou mesmo que alguns deles chegariam a ser apoiados pelos patrões, que assim viam facilitados os despedimentos e deslocalizações que pretendiam fazer
Curiosamente, em qualquer destes seus argumentos, António Chora é acompanhado em coro por toda a sorte de fascistas e demais fanáticos de direita, frequentadores das caixas de comentários dos jornais e dos blogues.
3. Agora, João Proença, essa outra grande figura, indefectível defensor de um sindicalismo igualmente moderno, mas em tons de amarelo, vem afirmar (desrespeitando os membros do PS na CGTP) que foi «incentivado por altos dirigentes da CGTP» (devem ser os da equipa de basquetebol) a assinar o acordo com o patronato e os seus governantes privativos... o que mostra bem o calibre destes comunas, capazes de empurrar o pobre Proença para o pior lugar da “fotografia”... ficando eles, todos ufanos, gabando-se de não terem pactuado com a traição.
Decididamente... deve haver algo de muito errado com a CGTP... e comigo. A verdade é que, apesar de todas estas “evidências” contra os comunas dos sindicatos, é exatamente com estes que estou. Já estava, quando há uma mão cheia de anos ofereci com muito gosto a minha voz, para a gravação colectiva do “Hino da Intersindical”. Já estava antes de haver Hino, desde Abril. Já estava, antes de Abril... o que vem provar a razão que tinham aqueles que me avisaram sobre os efeitos tremendos das “más companhias”.
Já quanto ao facto de a CGTP responder ao destempero provocador de João Proença com um processo na Justiça... mesmo sem fé alguma na dita Justiça, acho muito bem. De vez em quando, é necessário responder a este tipo de canalhices com um sonoro tabefe na fronha.
Aqueles que leram até aqui... já agora, podem ocupar mais uns minutos ouvindo o tal Hino, que já toda a gente conhece, mas que serve para ir afinando a garganta até dia 11...


“Hino da Intersindical” – Vários
(Mário Vieira de Carvalho/Anónimo do século XIX)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A arte do "pastoreio"


Diz-me um estudo agora divulgado que a satisfação com a democracia atinge mínimos históricos.
Isto vem mostrar que o grande capital, para além de enriquecer pornograficamente com a exploração das ovelhas, sugando-lhes o leite, tosquiando-lhes a lã, retalhando-lhes a carne, triturando-lhes os ossos... também garantiu uma forma de ter o rebanho exatamente onde quer.
Para isso, conta com o implacável pastoreio de governantes feitos à medida, analistas, comentadores, politólogos, jornais, televisões. Todos empenhados em fazer crer que aquilo por que estamos a passar não é capitalismo selvagem, não é exploração, não é roubo, não é crime... mas sim democracia.
Há que juntar ainda o precioso contributo de alguns dos chamados movimentos cívicos que, em muitos casos, muito mais do que atacar os exploradores, têm como maior bandeira o ódio aos partidos políticos, como se todos fossem iguais.
Está assim criado o caldo em que o rebanho, em vez de culpar pela sua situação quem o explora, em vez de reagir às feridas infligidas pelos cães... culpa a democracia.
O despertar poderá tardar... mas será violento!

Pingo Doce... filosofia, liberdade e informação


Não poucas vezes, os finórios da finança, venham eles das indústrias, do ramo do “patobravismo”, da pura especulação, ou das híper mercearias, chegam a um estádio em que o dinheiro a rodos já não os satisfaz. Necessitam de reconhecimento público. Querem ser conhecidos. Querem comprar mais uns pontos no acesso ao seu lugar no céu, ou despejar alguns “anti-inflamatórios” sobre as consciências.
Assim, compram jornais, rádios e televisões, que se encarregam de dourar a pílula das fortunas obscenas que conseguiram explorando o seu semelhante. Alguns forçam mesmo a nota e tornam-se moralistas, dedicam-se à caridade e às coisas da cultura (da “boa”, claro!). Fundam fundações fundamentais. Homenageiam-se em vida.
O Alexandre do “Pingo” é um deles. Tem uma fundação, com o nome do avô, dirigida pelo mais famoso assalariado do seu império, o tresloucado António Barreto. A Fundação publica dezenas de livros, igualmente fundamentais, que se encontram à venda, como seria de esperar... nas caixas do Pingo Doce.
Um dia destes, enquanto equilibrava nas mãos algumas clementinas e dois pacotes de gaspacho (que só se vende lá, infelizmente!), dei de caras com dois desses livros, destacados no meio da vasta coleção: “Filosofia em directo”, escrito por Desidério Murcho e “Liberdade e Informação”, da autoria de José Manuel Fernandes.
A minha costumeira tolice ainda me deu para começar a ensaiar trocadilhos parvos com os nomes... como, por exemplo, imaginar se um desidério murcho” será o contrário de uma “indiferença erecta”... mas não. Nada a fazer!
Não há tentativa de humor, mesmo que tão discutível quanto o meu, que resista numa competição direta com ideia fantástica que alguém teve, naquela tão fundamental Fundação, de encomendar um livro sobre “Liberdade e Informação”, ao híper, supermaxi, ultra revolucionário “reciclado”, que é o sebento criado para todo o serviço do capital, José Manuel Fernandes.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Mário Crespo – Corpo a corpo...




O baboso Mário Crespo (que alguns insistem em considerar um grande jornalista) ainda não se refez da perda do seu famoso programa “Plano Inquinado”... perdão, “Inclinado”, programa onde eram debatidas as minudências do dia a dia do país, pela “ciência” do prof. Nuno Crasso, desculpem, Crato, e essa luminária irascível que dá pelo nome de Merdinha Carreira... chiça!... Medina!!! (isto hoje está bom, está!).
Por enquanto, resta-lhe babar-se em direto na TV, aqui e ali, sobre os seus “amores”, embora o que lhe dê mais prazer seja destilar azedume, preconceito e falta de profissionalismo, sobre os seus “ódios de estimação”.
A CGTP é um desses ódios antigos do Crespo, logo, Arménio Carlos, também. É o que se pode ouvir e ver nesta peça nojenta da SIC Notícias, onde o baboso Crespo faz tudo o que pode, ora pelo ar escarninho, ora pela provocação, ora pelo simples ruído, para que o pensamento e os argumentos de Arménio Carlos não passem.
Felizmente, não teve sucesso! 
O Arménio Carlos conseguiu a difícil proeza de lutar com um porco... sem se sujar.




João Proença e UGT – Assalariados do ano


João Proença, essa espécie de “Submarino Amarelo” do sindicalismo (mas sem a música dos Beatles), terá durante as próximas horas o direito às carícias do patronato e do governo, terá direito ao seu “momento de glória”.
Uma glória suja, porca, vergonhosa, miserável!
Gabam-lhe a coragem... o que, vindo de figurões como Daniel Bessa, deveria ser considerado como um insulto por qualquer pessoa vertical.
Gaba-se ele próprio de ter conseguido fazer cair a “meia hora”, esquecendo-se de dizer que essa famosa meia hora, em que nem o patronato estava interessado, foi trocada por medias bem piores, afectando as férias, feriados, pontes, facilitando os despedimentos...  e essa verdadeira selvajaria que é o banco de horas, uma arma à disposição do patrão, para desregular completamente a vida privada e o direito a uma vida familiar estável, por parte dos trabalhadores... para além do aumento da exploração que implica. Um acordo a que Arménio Carlos da CGTP chama (e bem!) uma declaração de guerra contra os trabalhadores como nunca se viu depois de Abril de 1974 e um "regresso ao feudalismo".
Subitamente, Proença já sente a necessidade de dizer que, mesmo com o acordo, haverá conflitos e que a paz social não está garantida. Tem toda a razão!
Pertencer a uma minoria, como pertenço, uma minoria política, ou mesmo minoria no campo artístico (para mencionar apenas dois aspectos), é uma faca de dois gumes. Traz alegrias e tristezas, vitórias e derrotas. De vez em quando, independentemente de tudo, dá um grande prazer!
É pra mim um prazer enorme, por estes dias, poder afirmar que pertenço à minoria que bateu com a porta na cara a esta canalha. Uma "minoria" que lhes dirá, alto e bom som, nas ruas e em toda a parte, o que pensa das suas políticas... a que não me arrependo de chamar fascismo económico.
Os “Proenças” desta vida podem até arvorar para as câmaras de televisão um ar vitorioso e consolado com os elogios dos (seus) patrões... mas quero crer que, na calada da noite, sozinhos consigo próprios, os seus fantasmas e o que resta do seu carácter, eles sabem que se venderam.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A farsa


Foi, em tempos idos, uma técnica muito utilizada pelos pequenos contrabandistas, adoptada agora por grandes traficantes, bandidos de vários ramos e governantes desonestos: fazer os possíveis por “deixar-se apanhar” numa pequena falcatrua, ou medida polémica, de preferência com grande alarido... para, noutro local, fazer passar discretamente a grande carga de contrabando, do roubo... ou, por exemplo, um “pacote laboral”.
Assim, vemos a farsa da "queda" da mediática meia hora de trabalho extra (quem terá convencido Carvalho da Silva de que aquilo estava confirmado?), logo seguido pela dúvida sobre a mesma "queda"... exatamente com o mesmo fim e a mesma técnica dos contrabandistas e bandidos. Para tentar ludibriar a vigilância e “passar” tudo o que realmente queriam fazer passar.
Não enganam (quase) ninguém! Os restantes serão coniventes...
No pacote de medidas que vi num jornal, estava um novo motivo "justificativo" para despedimento: a redução da qualidade de trabalho.
No meio desta desgraça e lixo, ainda tive um pretexto para sorrir... imaginando o tremendo pânico que a esta hora reinaria na redação do dito jornal (e doutros), assim muitos dos seus jornalistas tivessem a lucidez de apreciar a sua própria "redução de qualidade do trabalho".


Adenda: E a "meia hora" lá caiu mesmo... mas, evidentemente, a "queda" trazia muita água no bico...

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O ego


Segundo o dicionário em linha da “Priberam”, trânsfuga (do latim transfuga, -ae), quer dizer:
1. Pessoa que deserta e passa para o inimigo. = Desertor
2. Pessoa que passa para o partido contrário, que renega o seu credo, abandona os seus deveres.

A História está coalhada de casos de pessoas que fizeram tudo isto pelas razões mais erradas... mas igualmente por pessoas carregadas de boas razões para o terem feito. Pessoas que visaram apenas interesses egoístas e venais, outras que procuraram acertar o passo com a História e com as suas convicções (ainda que mudadas).
Posto isto, devo dizer que o Partido Socialista tem, na minha singela opinião, um azar colossal com muitos dos trânsfugas que tem acolhido no seu redil, sendo ocioso ficar para aqui a publicar uma lista... o que, para atalhar caminho, nos leva ao caso de hoje: o presidente da Câmara Municipal de Loures, Carlos Teixeira.
Já teve aqui direito a um reparo, há uns tempos, pela pertinácia com que decidiu fazer-se rodear de membros da família, dentro da autarquia. Neste momento não sei em quanto irá já o número de filhos e filhas, primos, afilhadas, cunhados, genros, namoradas dos filhos, irmãos ou irmãs, que fazem companhia à presidencial esposa nos quadros autárquicos... mas deve ser respeitável. Para além de ser uma alegria para o feliz edil, que deve continuar a admitir que a coisa «pode parecer mal, mas não lhe pesa na consciência», como então afirmou.
Ora o que é que pode faltar a um presidente que goza de algum reconhecimento por trabalho feito (segundo a reportagem), para além do consolo de ter o seu “ambiente de trabalho” sempre cheio de família? Exactamente! Ter, ainda enquanto presidente da Câmara em funções, uma nova avenida com o seu estimado nome: “Avenida Carlos Teixeira”.
Pronto, pronto... eu sei que pelo facto de o homem assinar a aprovação do seu próprio nome para a nova avenida de acesso ao Hospital de Loures, não está a fazer mal a ninguém. Quer dizer... faria!... Faria a si mesmo, se o ridículo matasse. Só que, como bem sabemos, não mata.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Beleza em estado puro


É um erro trágico pensar que a grande arte é apenas aquela que se pode ver enchendo as salas dos museus mais famosos. Que a beleza habita apenas os rostos que desfilam em passarelas da moda, envergando roupas requintadas, ou protagonizando filmes de Hollywood. Que a “música séria” é apenas aquela que nos venderam como tal.
É fatal pensar que o nosso método, aquele de que nos socorremos para abordar os nossos problemas - ainda que seja simplesmente como tocar uma vulgar guitarra - é o melhor.
É triste ganhar a soberba de pensar que já vimos tudo aquilo que é interessante.
A realidade encarrega-se de, a cada esquina da vida, nos dar essa lição.
Bom domingo!
Botswana Music Guitar – Ronnie


sábado, 14 de janeiro de 2012

A coisa escapou-se-lhe...




Custa-me sempre muito chamar-lhe José Gomes Ferreira... mas que fazer? O rapazola chama-se mesmo assim... paciência!
Lá estava ele, mais uma vez, pela milionésima vez, lamentoso, lamentando o lamentável facto de, perfeitamente a “despropósito”, no seu entender, já que todos os países da Zona Euro em apuros económico-financeiros, estão mais ou menos a cumprir as exigências que lhes são feitas pelos “mercados” e as troikas... vir a Standard & Poor’s cortar os ratings de uma mão cheia de países... e todos de uma vez.
Resultados imediatos e visíveis: uma neura generalizada nas várias bolsas nacionais, quedas nas cotações, Portugal considerado “lixo”... uma imediata subida do Dólar face ao Euro. O circo do costume.
E então, se foi o circo do costume, para que é que nos falas nisso? – perguntam vocês.
Porque hoje, ou foi da minha vista, ou repentinamente viu-se no estúdio da SIC uma luz branca e muito forte que desceu sobre o analista, acompanhada de cânticos celestiais... e o subitamente "iluminado" José Gomes Ferreira, como que tendo uma epifania... declarou:
- Isto já não são Finanças, isto já não é Economia... isto é Geopolítica!
A esta hora deve andar, pressuroso, à procura de uma bota que possa lamber, para se penitenciar por este pecadilho de linguagem contra o Império.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A verdadeira nata dos economistas...


Depois da colossal exportação de pastéis de nata que se avizinha... espero que, no fim de tudo, sobrem uns tantos já bem duros e azedos, para recompensar (de preferência bem em cheio) o ministro Álvaro, pela genial ideia que irá salvar a nossa economia.
É uma nova estirpe de “doença bipolar”: intercalar a canalhice com momentos da mais profunda idiotia!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Manuela Ferreira Leite – O asco


Decorria, na SIC-N, o programa “Contracorrente”. A pivot Ana Lourenço dirigiu uma pergunta diretamente a António Barreto:
- Perante esse diagnóstico e os oitocentos milhões... ou setecentos e cinquenta milhões... não acha abominável que se discuta se alguém com setenta anos tem direito à hemodiálise ou não?
Enquanto António Barreto ficou paralisado, embasbacado, sorrindo com a cara de parvalhão que se lhe conhece... a sempre ladina Manuela Ferreira Leite meteu rapidamente a colherada:
- Tem sempre direito, se pagar!
E foi por aí fora, debitando pela enésima vez a treta liberal segundo a qual não é possível ter um Serviço Nacional de Saúde gratuito para todos, e bláblábláblábláblá... o que traduzido quer dizer que o que resta de classe média ainda com algum poder de compra deve juntar-se aos mais ricos, para ajudar a engordar o chorudo negócio privado da saúde, deixando o SNS sem meios, entregue aos “pobrezinhos” e à caridade.
Acho que já gastei todos os adjetivos adequados a esta figurona do PSD... e à hora a que escrevo não está nada aberto para ir comprar mais. Mesmo assim, não posso deixar de dizer que estas declarações (pelas quais os visados, muito justamente, exigem um pedido de desculpas) deixaram no ar aquele cheiro nauseabundo que empesta tudo, que se cola à roupa, que dá volta ao estômago... como se estivéssemos a passar por Cacia, ou Vila Velha de Ródão, num daqueles dias piores.
Não vou também perder tempo a desejar que a ex-governante (que já ultrapassou os setenta anos) se veja na situação de precisar de hemodiálise... e não ter dinheiro para a pagar.
Dizer ainda que, das duas fotografias que tinha da dona Manuela em pose de “República”, estive muito inclinado a publicar a outra em que, tal como no célebre quadro de Delacroix, ela empunha a bandeira com os gloriosos seios desnudados... mas graças ao titânico esforço conjunto e capacidade persuasiva de todos os deuses do Olimpo, acabou por prevalecer o bom senso!




quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Um post egocêntrico


Hoje não escrevo nada contra, nem a favor de ninguém. Chamemos-lhe um microintervalo para alimentar o ego.
Reparei nos números do contador de visitas ao “Cantigueiro”, contador que não visitava há uns dias... e reparei que a coisa já passou o milhão de leitoresObrigado a todos pelo interesse!
Reparei também, desta vez num outro blog, que o “Cantigueiro” foi incluído numa lista de blogues que concorrem ao título de “blog de 2011”... ou algo assim. Claro que mesmo sabendo que o critério para a minha inclusão nessa lista nada tem que ver com o facto de os promotores gostarem ou não de mim, ou do “Cantigueiro”, antes se devendo exclusivamente aos números de que falo no início... sabe sempre bem!
E pronto! Não mexerei nem mais uma palha para que se vote, ou deixe de votar, em mim, ou seja em quem for... razão porque não divulgo como se desenrola a votação, ou, sequer, o blog onde isso se passa... com um pedido de desculpas aos donos desse blog.
Seja como for, como dizia o outro... só tenho um “adjectivo”: Gostei!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Estamos a ver perfeitamente...


Talvez para compensar a indefensável “transparência” com que foram colocados os amigos do governo na nova EDP... obviamente, a pedido expresso dos acionistas, e mais uma vez, presumo, com grande insistência pela parte dos chineses... que se não podiam passar sem Catroga, muito menos dispensavam Celeste Cardona & Cia... para compensar tudo isto, como dizia, chega-nos a notícia de que o governo decidiu abrir um portal na internet, onde podemos ver o que eles estão a fazer ao dinheiro dos nossos impostos. Um portal de «proximidade, pedagogia, envolvimento e transparência», garantiu a dona Marta Sousa, coordenadora da Informação Digital do Governo.
Os meus leitores e leitoras mais “sensíveis” ao velho vernáculo, que me perdoem… mas esta súbita vontade dos nossos governantes, de nos mostrarem o que estão a fazer ao nosso dinheiro, lembrou-me, irremediavelmente, uma estória passada há muito, lá para as bandas de Montemor, onde um velho alentejano - vamos chamar-lhe “Ti Francisco” – ganhava a vida transportando toda a sorte de mercadorias na sua carripana a cair de velha e podre.
O Ti Francisco era constantemente perseguido pela GNR, que não se conformava com o estado decrépito da viatura. Um dia, em mais uma das inúmeras “inspecções” de estrada, lá foi mandado parar, desta vez por causa de um espelho retrovisor preso por um arame e meio caído.
- Ó Ti Francisco... o senhor não pode andar com o espelho dessa maneira. Assim, acabo por ter que o multar – quase que se lamentava o guarda.
Atão e porquêi?
- Então e porquê?! Porque assim não vê nada para trás... e é um perigo...
Vêjo tudo muito bêm...
- Ai vê? Então vamos lá apreciar isso.
Encaminhou-se para a traseira da carripana, onde começou a esbracejar... e perguntou:
- Então, Ti Francisco... o que é que eu estou a fazer?
E o Ti Francisco, sem tentar sequer olhar para trás:
- Ora!... Tá a ver se me fodi...