quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

"Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros como vos amei a vós..." João 13:34





Dialogar com os outros não implica ficar cego, nem parvo. Implica estar disposto a dialogar, o que traz consigo a necessidade de conhecer, entender, em alguns casos até, 
aceitar, algumas das coisas que nos outros nos parecem “inaceitáveis”. Implica ter a noção de que o processo do diálogo dos outros para connosco é igualmente difícil, mesmo espinhoso e que boa parte do que fazemos e pensamos é também “inaceitável” para a outra parte.

É de toda a utilidade, quando se fala de outras religiões, culturas e povos, saber-se com alguma profundidade do que se está a falar, para evitar essa coisa tão ofensiva e objectivamente racista, que é generalizar, metendo tudo no mesmo saco da intolerância.

Só assim, eventualmente, se chega a encontrar caminho comum e guardar as espadas que normalmente brandimos no lugar dos argumentos.

No contexto actual das relações inter-religiosas e de conflitos declarados que nos entram diariamente pela casa dentro, as palavras desastradas do Cardeal Patriarca bem podiam ter ficado a pairar no seu cérebro (pelos vistos bem mais intolerante do que queria parecer), sem terem nunca visto a luz do dia e as páginas dos jornais.

A parte em que disse que o diálogo está a dar os primeiros passos e depois, quase na mesma frase compara os muçulmanos a “lobos que andam entre os cristãos apenas a marcar o seu território”, é uma pérola de "tolerância cristã"! Quase que dá para ouvir os cavalos com os seus arreios e o estreloiçar das lanças e armaduras dos Cruzados...

Esta polémica estéril e extemporânea do Casino da Figueira, era mesmo do que estávamos a precisar agora!...

Espero bem que para manter acesa a chama da polémica, em próximas conferências que for dando pelos Casinos e Discotecas do país, o Cardeal se lembre de avisar as muçulmanas que estejam a pensar casar com os nossos “cristianíssimos” varões, para se irem preparando para o interminável “sarilho” das eventuais grandes tareias que Alá também não sabe onde acabam e para o perigo de mais tarde mandarem os filhos para a catequese e o padre ou o catequista afinal “gostar” mais de crianças do que seria suposto.

Estas conversas em tom coloquial (uma desculpa que já ouvi) o Patriarca devia guardá-las para o bar do Patriarcado. Depois, quando ficasse sem nada para dizer, alugava um DVD, passava as noites sossegado e assim se evitavam estes alaridos.

16 comentários:

Maria disse...

Ui... que post!
Com TUDO dentro!
Excelente, Samuel. Parabéns!

Abreijos a dobrar

Nocturna disse...

Que se pode fazer com estes senhores a falarem despudoradamente, desta maneira ? O senhor cardeal, que podia ter ido, por exemplo,visitar bairros de gente pobre, foi até ao Casino destilar ódio, contra os casamentos de meninas católicas com muçulmanos. Depois de algumas vezes nos ter mostrado uma máscara de tolerância, aí o temos, nestes tempos complicados, com os horrores que se estão a passar na Faixa de Gaza , não tinha mais nada para aconselhar, nem solidariedade, tolerância com o outro,paz ou compreensão para o diferente de nós. Não, este senhor quis começar também aqui neste cantinho, uma guerra santa ( nenhuma guerra é santa). Temos que estar a atentos a estas faces/duplas que aparecem a ganhar a nossa confiança, mas ... de repente mostram a sua verdadeira face.
Alguém me explica se se justifica uma guerra por causa de livros
( biblia,corão,thora etc.) ?

Anónimo disse...

O sentido de oportunidade desta gente é fabuloso. Isto são verdadeiros actos falhados à boa maneira freudiana. A tolerãncia afinal é só para inglês ver, o que, convenhamos não é novidade nenhuma já que os armários da Igreja Católica estão bem cheios de cadáveres. Deles será o reino dos céus.Amén!
Abraço

Fernando Samuel disse...

Vá lá, deixa-te disso, o Cardeal está cheio de razão: quem o diz são os bispos todos da Conferência episcopal de lisboa - e curiosamente a conferência episcopal italiana anda a dizer por lá o que o cardeal disse na figueira...



Um abraço.

Anónimo disse...

Desde miudo que, sempre ouvi dizer que "vozes de burro não chegam ao céu"
Alguem me disse uma vez,sr. josé Manuel, a religião não se discute ...aceita-se, ou não! Adivinhem lá o que é que eu fiz!
Sabes companheiro o desespero leva-os, a perder a compostura, isto não está nada fácil, e ainda bem porque a mudança é imperiosa.
Abraço
nota: não te esqueças de te ires confessar.

João Carlos disse...

Foi com grande indignação que assisti a essas declarações. Isto é racismo puro e simples.

A arrogância da igreja católica é ultrajante e mal educada e o mais triste e vergonhoso é que os seus representantes nem sequer leram o livro de que tanto apregoam como sagrado.
Então o Jesus não apregoava o amor ao próximo? Ou será que os muçulmanos não são assim tão próximos?
Já que ele acha que está a dar conselhos seja a quem for eu também aconselhava a esse senhor uma coisa bem simples e fácil: ler o Correio da Manha. A pagina 3, 4 e 5.
Mais uma vez este post confirma que estás actualizado e atento. Não foi nada que eu não pensasse assim que li a noticia: esta quero ver o que o Samuel escreve.
Estamos atentos!

MonteMaior disse...

Muitíssimo bem escrito. Como sempre!

Camolas disse...

O cardealinho está a seguir a politica do "pastor alemão" que já teve saídas do género.
Interesses bélicos levantam-se no horizonte, nada que me espante neste planeta desalinhado.

GR disse...

Desloca-se um cardeal com este frio ao casino e todos discordam do homem, francamente.
O que ele disse e muito bem; os Muçulmanos não devem casare com as mulheres portuguesas.
“Os homens representam cerca de 15% das pessoas maltratadas no seio familiar, actual ou ex esposa, companheira ou namorada. O número das denúncias é muito baixo, porque ainda existe muita vergonha, em faze-lo”. (APAV)
Casou…começa logo a levar porrada.
Pois é!

Falando sério,
Porquê nesta altura.
Uma atitude xenófoba que poderia ter tido, consequências graves.
Porquê nesta altura?
O desrespeito da Igreja Católica, num dia de desespero.

GR

O Puma disse...

Todos os Cardiais são assim

quando experimentam os casinos

Tresmalham

Dona Sra. Urtigão disse...

E quando representantes desta instituição tiveram atitudes ou voz diferente disto?

Anónimo disse...

Que seria de esperar do Inquisiddor-mor do reino de Sócrates?

Justine disse...

Tocaste nos podres todos, Samuel. Que nos resta, senão desmascarar, lutar, esclarecer?
Obrigada

Cloreto de Sódio disse...

Voltei atrás no tempo quando ouvi o Cardeal. Não andarão a espalhar-se por aí algumas influências ratzinguianas? Abraço.

Anónimo disse...

Excelente "post". Com dedos nas feridas. Feridas que não são de hoje mas que idas a casinos expõem, como quem mostra o que, em "condições normais", esconderia... mas faz à surrelfa, do altar abaixo ou no confessionário. O que é bem mais perigoso porque mais influencia, no boca-a-orelha ou noutros sítios.
A luta, que é ideológica, é muito dura, difícil. Os desmascaramentos são indispensáveis. Obrigado!

Hilário disse...

Samuel,
Boa malha!
Belo post!

Um Abraço