sábado, 3 de abril de 2010

Autoeuropa, sindicalismo amarelo, António Chora, BE e uma grande salgalhada



No passado dia 31 divulguei aqui um texto de António Damasceno Correia, em que o autor contou despudoradamente os métodos usados pelo patronato na Autoeuropa para criar uma Comissão de Trabalhadores domesticada e amarela. Fi-lo, como é fácil de ver, com a “subterrânea e tortuosa” intenção de divulgar aqui um texto de António Damasceno Correia, em que o autor contou despudoradamente os métodos usados pelo patronato na Autoeuropa para criar uma CT domesticada e amarela. Só isso.

A partir daí a coisa tomou jeitos de grande salgalhada, acabando por ficar no ar e na cabeça de alguns a ideia de que o post seria um ataque a António Chora e ao Bloco de Esquerda. Não era! Embora não faltem assuntos em que poderíamos "trocar imensos cromos" ou voltar a explicar porque é que indivíduos como António Chora não me interessam... desta vez era mesmo um post para divulgar aqui um texto de António Damasceno Correia, em que o autor contou despudoradamente os métodos usados pelo patronato na Autoeuropa para criar uma CT domesticada e amarela... o que sendo uma coisa bem feia de se ver, é sempre esclarecedora sobre os métodos do capitalismo, da sua capacidade corruptora e do universo de corruptos que conseguem encontrar aqui e ali... e sempre ao dispor.

A forma escorreita com que o 5dias.net, pela voz de Tiago Mota Saraiva se referiu a este meu post (e alguns dos comentários que lá foram feitos), sem dramas, apenas chamando a atenção para uma informação que lhe foi dada directamente por A. Chora, em que este divulga o facto de nas eleições de que falo no meu post, ter pertencido à Lista A (facto que não conhecia), a tal que os patrões manobraram para boicotar (e conseguiram), justifica que faça aqui este retorno ao tema, retorno que não chega a ser uma correcção, pois eu não tinha ligado Chora a nenhuma das listas, apenas o identificando, na única referência que fiz ao seu nome, com factos recentes que ilustram o que ele é agora. Se tivesse que ser uma correcção, seria, sem engulhos.

Houve igualmente quem, certamente por desatenção, pensasse que eu tinha omitido a data das tais eleições (1994), tendo com isso deixado a confusão no ar, e consequentemente, como disse, uma “difamação”. Errado! Essa parte do texto do meu post foi copiada directamente do texto original do Sr. António Damasceno Correia, está exactamente antes do quadro com os resultados das eleições e diz claramente "As eleições tiveram lugar em Abril de 1994 e os resultados foram os seguintes:"

Remover cirurgicamente a data de 1994 para confundir os leitores, seria uma refinada sacanice. Já fazer isso pondo depois o link para o texto original e integral, onde toda a gente poderia ver a tal data, seria muito estúpido. Quero acreditar que não sou nem tão sacana nem tão estúpido.

Sobre a eterna tentação de se dizer, como mais uma vez aqui se disse em alguns comentários, que tudo não passava de mais um ataque soez ao Bloco de Esquerda e ao Chora, nem valeria a pena falar. Primeiro, porque não sei como é que um acontecimento de 1994 poderia manchar a reputação do BE, que só seria formado cinco anos mais tarde; segundo porque quando Chora voltar a jantares de homenagem a ministros da estirpe de Manuel Pinho, ou fizer sobre sindicalistas comunistas, declarações miseráveis como as que fez numa entrevista que aqui comentei um dia, ou algo do género, voltarei a chamar-lhe exactamente o que achar que devo chamar... sem deixar margem para confusões nem posteriores “correcções”.

De qualquer modo isso será quando for. Desta vez, o que eu queria era mesmo só divulgar aqui um texto de António Damasceno Correia, em que o autor contou despudoradamente os métodos usados pelo patronato na Autoeuropa para criar uma CT domesticada e amarela. Só isso!

Pouco disponível para gastar mais cera com tão ruim defunto, termino recorrendo aos versos do Ary:

"O passado é já bastante
(e dado que o presente é esta droga, digo eu...)
Vamos passar ao futuro"

21 comentários:

Graciete Rietsch disse...

É muito bom pôr os pontos nos ii e desmascarar ataques mentirosos.
Muito bem camarada.

UM grande abraço.

Maria disse...

Quem leu o texto ficou a saber "os métodos usados pelo patronato na Autoeuropa para criar uma CT domesticada e amarela".

:))
Abreijos

Anónimo disse...

No Esquerda Net Chora conta toda a historia.

Mas quem se limita a ser a voz do dono do que vem escrito no Avante e no militante , isso não tem qualquer importancia.

Importancia tem sim a votação massiva , na lista de Chora por parte dos trabalhadores da Auto Europa.

Que o cantor Samuel pouco entenda do trabalho numa fabrica, e da democracia operaria , não é de admirar.

Só lhe posso sugerir que continue a cantar as suas canções em festas organizadas pelo PCP, e nas autarquias que este partido comanda, pois é o que realmente sabe fazer.....

Sérgio Ribeiro disse...

Claríssimo o teu post.
E, às vezes, é precisa a afirmação explícita, da solidariedade. Aqui vai ela. Do Zambujal.
Como diz a Graciete... pontos onde devem estar: em cima das letras que precisam de os ter em cima para serem as letras que são!

Grande abraço

Justine disse...

Salgalhada mesmo...clarificada! Mas passemos então ao futuro...

José Rodrigues disse...

Nem mais nem ontem...Submarinos amarelos é o que não falta por aí.Olho neles.Os Boss chamam-lhes colaboradores...para partir a espinha à CGTP.Lembram-se?

Abraço

Fernando Samuel disse...

Vejam bem!: e eu a pensar que o teu post serviu para nos alertar para «os métodos usados pelo patronato na Autoeuropa para criar uma CT domesticada e amarela» - e de que o mesmo patronato continua a dazer uso em todas as autoeuropas do país...
Pronto, a partir de hoje não leio mais nem o Avante nem o Militante; passo a ler só o Expresso, o Sol, a Visão, a Sábado...(e, claro, o Esquerda Net Chora).

Um abraço.

Anónimo disse...

Caro Samuel, pelos comentários do teu outro post, dá para ver que houve muitos que viram moinhos...quando, dizes, que era suposto ver gigantes...ou vice-versa.

Mas vamos ao que interessa: aprendamos com os Damescenos desta vida...e não nos esqueçamos do Gedeão!!
O resto, o futuro se encarregará de colocar nos seus devidos lugares...isto, obviamente, se no presente não nos esquecermos ou abdicarmos de o construir.E se não nos esquecermos onde estão os adversários, os aliados e os inimigos. E que o sectarismo, venha de onde vier, venha com que roupagens vier, dentro do movimento dos trabalhadores, só serve aos Damescenos e trai sempre os Gedeões. Os que ainda acreditam que o sonho comanda a vida!!

Continua a achar que só a verdade
é revolucionária...neste caso, a verdade não era o que transparecia (para mim e para a totalidade dos comentadores,para os que o contestaram ou aplaudiram) do teu post.

Isabel Faria

samuel disse...

Graciete Rietsch:
Mesmo quando não é “bom”... tem que se fazer. ☺

Maria:
Pelo menos espero que tenham... ☺


Abreijos estereofónicos.

samuel disse...

Anónimo (2:06):
Já vi que não vale a pena explicar...
E, já agora, sobre a sua sugestão arrogante e malcriada do “limita-te a cantar”, temperado com o toque meio fascista de ter obrigatoriamente que o fazer só para o PCP e as autarquias “comandadas” pelo PCP... olhe... vá-se encher de moscas!!!

samuel disse...

Sérgio Ribeiro:
Obrigado! Um abraço!

Justine:
E já vamos tarde... ☺ ☺

José Rodrigues:
Cardumes...

Fernando Samuel:
E assim poupar-te-ás a imensos aborrecimentos... ☺

Isabel Faria:
É mais por ai, sim. ☺


Abreijos generalizados.

Pedro disse...

Reconhecendo que de facto o post em causa não tem como principal objectivo apreciar a conduta do sr.António Chora, gostaria de deixar algumas interrogações que a mim, pelo menos, parecem pertinentes:

- Não será António Chora demasiado popular para um simples operário? Obviamente não quero com isto rebaixar, de modo algum, os operários, mas não conheço muitos que sejam tão solicitados para entrevistas, notícias ou até pra jantares de homenagem a ministros...

- Porque é que, para alguns, o sr.António Chora foi eleito como uma espécie de "sindicalista modelo"? É que, grande parte das vezes, é assim que é tratado quando a ele se referem...

- Afinal de contas, quem é que será que este sindicalista conseguiu ajudar tanto?

- Porque é que se fala tanto em António Chora?

- O que falta aos coordenadores de outras comissões de trabalhadores para terem tanto sucesso com A.Chora?

- Por último, qual será o papel de António Chora? Defender os interesses dos trabalhadores junto do patronato ou defender os interesses do patronato junto dos trabalhadores?

LAM disse...

Samuel,
como se dizia "no em antes" nas fronteiras: nada a declarar.
O post anterior trazia, como chamar...um venenozinho (ou pelo menos podia assim ser lido), que este rectifica e esclarece.

Eu, como muita gente, também acho que houve (ou há)coisas no Chora que me custam a engolir. Não tenho conhecimento que ache suficiente para me pronunciar sobre os assuntos da Autoeuropa, mas aquela do jantar de homenagem ao M. Pinho está-me atravessada e, quanto mais não seja por isso, penso que para muita gente, eu incluído já agora, isso bastou para caracterizar a personagem. E sei, e isso é bom, que muita gente do partido de Chora também não viu isso com bons olhos e tem alguma dificuldade em lidar com o assunto...
Adiante, siga a marinha.

abraço.

Anónimo disse...

É PCP e basta!

Joaquim Mestre

GR disse...

Sobre o post “Autoeuropa - Um pedaço de História recente”
Foi enviado e reenviado por muitos mail’s, tal o interesse do seu conteúdo.
A transparência do texto alerta-nos para a gravidade dos factos e como a entidade patronal actua nas suas empresas. Daí o post ter sido de norte a sul do país (re)enviado, elucidando os trabalhadores.
Entidade Patronal, Choras, BE’s são todos a mesma corja!

Bjs,

GR

Hilário disse...

Samuel,
a divulgação por tua parte do texto do Damasceno, sobre como o patronato da Auto Europa cria as sua próprias comisões de trabalhadores está muito objectiva e muito concreta.Pena é que algumas pessoas não se preocupem com o conteúde dessa informação e venham na defesa de um senhor que se dá ao luxo de participar em jantares com ministros, os quais, só tem tomado medidas que põem em causa os direitos dos trabalhadores portugueses.

Tens toda a minha solidariedade

A luta continua!
Um Abraço

Anónimo disse...

"Entidade Patronal, Choras, BE’s são todos a mesma corja!"
Cara GR, pela parte que me toca, o meu obrigadinho!!
E, já agora, mete-se o Sócrates e a Direita nisto, ou esses são dos bons??

Onde vos leva o sectarismo...

Isabel Faria - Militante do Bloco de Esquerda

vovó disse...

estou de acordo consigo Isabel. há que separar um bocado (muito) as águas. digo eu... que não sou militante de nenhum partido, mas também não meto todos no mesmo saco.
vovó Maria

Anónimo disse...

Então se o BE está muito descontente com o homem pelo que disse e pela passagem pela sopa dos pobres com o ex-espécie de ministro, como se demarcou? que posição tomou?
Não conheço esse tal Chora nem, pelo que li sobre a entrevista na TV, seja pessoa de qualquer espécie de dignidade. Ou estava com os copos ou foi-lhe encomendado o sermão pelos colegas colaboradores da admimnistração.
Força Samuel não é preciso tirar uma só virgula, se doer ao pessoal do BE, paciência é assunto que devem resolver.
Um abraço
Luis Ferreira

Anónimo disse...

Os mete-nojo do ps(com letra minúscula, pois claro) juntamente com os do be - a esquerda caviar - fazem uma parelha muito completa. Os da esquerda caviar unem-se ao ps e fazem-lhe os fretes mas a única coisa que sabem fazer é dividir a verdadeira esquerda. Esse espécie de sindicalista que é o Chora é muito solicitado, não é? Claro, é solicitado pelo patronato e para jantares de espécie de ministros de maioria relativa que mais não fazem que desgovernar o país e servir o grande capital. Força Samuel, não retires nada do que disseste. A luta continua. Viva o Partido dos trabalhadores - o PCP

josferr disse...

Cara Isabel Faria

Estou de acordo consigo! Vale a pena perguntar: onde nos leva o sectarismo? Penso que a pouco lado.

Mas se, pelo menos, nos levar a não negociar com os patrões os nossos 5 minutos de fama, já valeu a pena.

Abraços