quarta-feira, 27 de julho de 2011

Paulo Macedo e SNS – Números, números, números, números...



A anedota já tem barbas. O homem vestido de miúdo dirigiu-se ao grupo de miúdos vestidos de... (vocês sabem) e perguntou: “Lobito Diogo, qual foi a tua boa ação de hoje?” E o Diogo, do alto da sua convicção de escuta de quase dez anos de idade, “Ajudei uma velhinha a atravessar a rua.”
Encurtando a estória, quando já vários dos prazenteiros “lobitos” tinham declarado ter ajudado a mesma velhinha a atravessar a rua, o garboso “caminheiro”, intrigado, quis saber por que cargas de água tinham sido necessários seis escuteiros para ajudar a velhinha a atravessar a rua. Responderam todos em coro: “Ela não queria atravessar!”
É no que dá a sobrevalorização da competitividade!
Passando para um assunto sério, o tecnocrata Paulo Macedo, que o liberal de aviário Pedro Passos Coelho achou ser a pessoa mais indicada para se ocupar de um assunto como a saúde dos portugueses, disse, quando iniciou as suas funções como ministro, que já tinha «uma imagem do sector da saúde», imagem que iria agora «aprofundar».
Pelos vistos já aprofundou. A primeira grande "ideia" do tecnocrata Paulo Macedo para o Serviço Nacional de Saúde... é tratar das facturazinhas, das continhas, dos balancetezinhos... e, genial!, organizar uma espécie de “Super-Liga” dos Centros de saúde e Hospitais, com classificações mensais.
Para as pontuações das várias equipas contam vários itens, como, evitar os “tratamentos mais dispendiosos”, promover “internamentos mais curtos”... e várias outras igualmente criativas modalidades a que gostam de chamar, globalmente, "desempenho".
Tudo planeado em estrita obediência às sagradas leis da oferta e da procura, fundadoras de uma sã sociedade, temente a Deus e à economia de mercado.
Mesmo que uma ou outra questão colocada pelo ministro pudesse ser considerada como pertinente – nada de bom se consegue com desperdício – posto o problema desta maneira, como mais uma vulgar competição, desta vez entre gestores hospitalares e profissionais da saúde, espero que esta estória não vá acabar como se desconfia: com os doentes a serem cilindrados por uma competição idiota, em que não são perdidos nem achados. Exatamente como a velhinha que não queria atravessar a rua.
É no que dá a sobrevalorização da competitividade!

5 comentários:

salvoconduto disse...

Olha que cá para mim a Alzira e o Abílio também têm culpas no cartório e logo agora que o Abílio vai ser submetido a uma intervenção cirúrgica há muito esperada...

Graciete Rietsch disse...

Mesmo a vida, mesmo a saúde,têm que estar sujeitos à competitividade!!!
Incrível!!!!

Um beijo.

Eduardo Miguel Pereira disse...

Eu até acho muito bem que, tanto aqui no caso do SNS, como em qualquer outro organismo do Estado, haja um cuidado e um controlo de custos cada vez mais apertado e que se elimine, ou reduza drasticamente, as "fugas" que custam aos bolos de todos nós e que ao mesmo tempo enriquecem alguns que estão estrategicamente colocados, vulgo, "lateiros".

Agora, o que é preciso explicar a este Sr. Paulo Macedo, e que eu temo que ninguém ainda lhe tenha explicado, é que o SNS é um bem social que não visa o lucro, mas sim o bem estar da população, através da prestação de cuidados de saúde que deviam ser gratuitos, mas que estes Srs. tornaram "tendencialmente" gratuitos.

Ele que faça contas, sim, mas que não conte tornar o SNS em algo rentavel, porque só o será se for à custa, mais uma vez, dos bolsos de quem já pouco tem e não pode recorrer ao privado.

do Zambujal disse...

Tens toda a razão! Indigna!

Um abraço

Fernando Samuel disse...

Em cheio!

Um abraço.