Não, não vou falar, prometo, das falcatruas, das gigantescas fugas ao fisco através de off-shores, dos ordenados e pensões vitalícias obscenas, ou da "obra de deus".
Não. Hoje vou apenas partilhar a maravilha da linguagem codificada que os representantes do grande capital usam para comunicar entre si e erguer uma cortina de fumo que separa o que realmente fazem dos olhares dos cidadãos normais.
"Não se detectaram no BCP irregularidades. Detectaram-se fragilidades do ponto de vista prudencial...", segundo declara António Marta, ex-vice-governador do Banco de Portugal, perante deputados de uma comissão que investiga exactamente os comportamentos passados-recentes do grande banco privado.
Genial, não é?!
O Povo, na sua (por vezes algo irónica) sabedoria, diz que "Vergonha, não é roubar. Vergonha, é roubar e deixar-se apanhar!", ou, em dialecto da alta finança, "uma fragilidade prudencial"...
14 comentários:
Mas, ó Samuel, que má vontade para com o senhor António Marta. Ele só adoptou o "novo acordo ortográfico", em vez de "roubo" deve dizer-se "fragilidade prudencial"
-Então você foi apanhado a roubar a joalheria?
-Não, senhor doutor juiz, eu tive uma pequena fragilidade prudencial e fui apanhado...
Bom, ri e ri e ri com essa da "fragilidade prudencial". Depois lá me levantei do chão, sequei as lágrimas e lembrei-me do Pe António Vieira - e lá vi que isto, bem visto, nem tem piada nenhuma: "A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros. Grande escandâlo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande". Lúcia
Se é coisa de acordo, se é coisa de prudência, se é coisa de fragilidade... desta última é quase certo que não é. Esta "boa gente" sofre de tudo menos fragilidade. A ser, só se for de coisas que não sabem o que são.
Continua a faltar-me a paciência. Mas muito pior que esta falta, falta-me capacidade para entender que se passa nesta terra... aliás, no mundo inteiro.
Bolas, não percebo mesmo nada!
Haja prudência e haja paciência. Até quando? Às vezes esgota-se.
Bjo
Sempre desconfiei e continuo a dsconfiar destas palavras "caras" que só servem para nos enganar.
Abraço
Porque será que me lembrei de uma cantiga do Ary Toledo, "O rico e o pobre"???
:)))
Abreijos
Olá querido Amigo Samuel, boa mesmo!!!
Não há dúvida nehuma... Beijinhos de carinho,
Fernandinha
Essa é nova para mim, ainda não tinha ouvido mas vou arquitectar uma série de frases onde possa ser usada . Quando eu era garota chamavam-se "palavras de sete e quinhentos" Fragilidade Prudencial! Olha que lindo :)
Continuo a achar que roubar é mesmo vergonha, até eu fico envergonhada com os actos de outrém ... manias.
Um beijinho, tardei mas cheguei. Hoje é dia de visitar os amigos, faz tempo que não o fazia
Oh Samuel, desculpe lá, se quiser ponha-lhe os P's e os asteriscos mas perante isto só me apetece dizer: puta que os pariu!
Fragilidades!!!!
O caraças...
Subscrevo o Cavalo Sentado!
Abraço
A palavra, d� a for�a do verbo!
abra�o
Manang�o
Depois do teu post continuei a rir, com o comentário da Sal.
Rir em vez de chorar! ao ver estes...sacanas a roubarem ou seja, a terem fragilidades prudências. Nós que tão pouco temos, somos obrigados a dar mais.
GR
GR
Quer dizer fragilidade prudencial é o mesmo que roubalheira?!... Tenho que me habituar ao português destes mafiosos.
hehe que delícia.
Também há a outra versão: vergonha não é roubar. Vergonha é roubar e saber-se.´
O clip com a canção do Ary Toledo pus no meu blog no 1º de Maio, Maria
Samuel, desculpe fazer da sua caixa de mensagens pombo correio, mas adoro meter-me com a Maria.
Abreijinhos para os dois
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