sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Perguntas de um leigo na matéria


Imagem (excelente, diga-se) surripiada à "Lusa"
- Quando é que um recurso, passa a ser um mero estratagema?
- Quando é que a legítima presunção de inocência, passa a ser um abuso de confiança?
- Quando é que um advogado inteligente, passa a ser um simples espertalhaço?
- Quando é que os portugueses vão descobrir que roubar, fazendo obra, é tão criminoso como roubar, não fazendo obra?
- Porque é que há uma Justiça rápida e implacável para “uns”... e outra que se perde em intermináveis danças de salão e maneirismos, para “outros”?
- Porque é que os “uns” são sempre pobres e sem poder... e os “outros” são ricos e influentes?
- Porque é que para os “uns” as leis são para cumprir... enquanto para os “outros” as leis são para comprar?

São algumas das perguntas que me faço, sempre que tenho que “levar” com mais uma notícia sobre Isaltino de Morais.

Quanto mais pequena é a corte, mais ridículo é o protocolo *


Jerónimo de Sousa, que entre vários e terríveis defeitos é também muito desconfiado, diz suspeitar que a próxima reunião do Conselho de Estado não vá servir para nada mais do que carimbar a política do governo e da troika com o costumeiro “aprovado - execute-se”. Vá lá saber-se porquê... partilho a mesma desconfiança.
De vez em quando sou forçado a lembrar-me da existência deste órgão. Sem querer de todo ofender as pessoas (potencial ou realmente) decentes que ali se reúnem... devo dizer que um Conselho em que, ainda há bem pouco tempo, tinha assento o Sr. Dias Loureiro (mesmo depois de descobertas as suas maroscas) e onde ainda tem assento aquele inqualificável indivíduo que dá pelo nome de Alberto João Jardim (e mais alguns que agora não vêm ao caso)... não me interessa para nada.
Que as almas mais delicadas me desculpem o mau uso do “francês”... mas não dou dez cêntimos por aquela belle merde!
* Lamento não poder divulgar o nome do autor da frase... mas a verdade é que não sei.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Os “avisos” do Presidente


(Imagem surripiada ao TVI24 online)

O Presidente da República, o senhor Aníbal Cavaco Silva, concedeu uma longa “enteguevista” à simpatizante, perdão... simpática “enteguevistadora” Judite de Sousa.
Como muito bem realçam “Os verdes”, tratou-se de um enorme “frete” ao seu governo. Como assinalam os comunistas, o homem transporta consigo um passado de que nunca se livrará... passado que o torna o natural garante de todas as políticas das troikas que nos governam.
Enquanto economista e governante, é, tal como sempre foi, uma fraude. Enquanto homem político, não tem o mínimo talento para mobilizar seja quem for, incluindo muitos dos seus correligionários.
Quanto às suas opiniões sobre os desvios orçamentais “encontrados” pelo actual governo, alguém devia dizer ao craque das contas que dois mil milhões não são dois biliões. A “Visão”, caridosamente, já emendou o título, mas, a menos que vão remontar e manipular o vídeo da entrevista, foi “biliões” que ele disse.
Quanto às suas opiniões sobre as políticas económicas e financeiras domésticas, europeias e mundiais... os muitos “especialistas” e (esperemos) alguém que realmente entenda do assunto, não deixarão de dizer o que acharem mais adequado.
Quanto a mim... fico-me pela sua “queixinha” mais recorrente, a de que se fartou de fazer avisos... mas que ninguém ligou. O quê? Não se lembram dos “avisos”? Parece mesmo que o estou a ver e ouvir, em plenos anos oitenta:
- Ó pra mim a destruir a agricultura e as pequenas indústrias ligadas aos produtos agrícolas!
- Ó pra mim a destruir as pescas e todas as pequenas e algumas grandes indústrias ligadas ao mar, como a construção naval ou as conservas!
- Ó pra mim a apostar tudo no betão e nas autoestradas, destruindo os caminhos de ferro e asfixiando as indústrias ligadas ao transporte ferroviário, como a SOREFAME!
- Então? Ninguém me liga? Ninguém ouve os meus “avisos”? Olhem que isto, daqui por uns anos, vai ficar “explosivo”... ou “insustentável”... e o diabo a sete...
Na verdade, ouvi-lo fazer estes “avisos”... realmente ninguém ouviu. Mas houve que reparasse no que ele estava a fazer. Houve quem previsse aonde levariam as suas políticas... e prevenisse. E avisasse. E tenha lutado contra elas.
Infelizmente, o gigantesco silêncio dos armadores pagos para abater barcos, dos agrários pagos para destruir culturas, dos empreiteiros pagos para construir mamarrachos, quase sempre por mais do dobro do orçamentado, dos “privados” que começaram a beneficiar dessa imensa burla das “parcerias publico-privadas”... gigantesco e ensurdecedor silêncio apenas quebrado pelo tilintar dos rios de dinheiro com que a “Europa” foi comprando a nossa actual e miserável dependência, não deixou quase ninguém ouvir os avisos, ou ver os sinais.
Sim, na verdade houve quem, incansavelmente, avisasse... mas não foi este calhordas!

António José Seguro – Temos que ser fortes...




Uma das piores “qualidades” de António José Seguro, e aquela que no curto e médio prazo piores serviços prestará à causa do debate político de ideias, já que um partido socialista, como é o caso do Partido Socialista de Seguro, estando (em teoria) na oposição, deveria ser uma parte importante nesse debate... mas, como dizia, uma das piores “qualidades” de Seguro é fazer com que, por comparação em cada confronto direto, Pedro Passos Coelho pareça infinitamente mais do que é. Pela forma como, injustamente, Passos adquire “estatura”. Pela maneira implacável e fácil com que Passos o esmaga... ainda por cima com uma ensaiada delicadeza e um postiço sorriso nos lábios, que muita gente, infelizmente, confunde com real delicadeza e sincero sorriso.
Poucas coisas há mais risíveis do que o ar emproado com que Seguro, para os jornalistas, e depois de ser copiosamente tosado, insiste nos seus já incontáveis ultimatos ao governo e exigências ao primeiro-ministro, ou a maneira pomposa e ridícula como atribui a si próprio o inexistente título de «líder da oposição».
Como já deixei escrito no “Cravo de Abril”, num comentário a um texto em que o retrato de Seguro foi, mais uma vez, muito bem feito, a postura e a “liderança” de seguro são de tal maneira deprimentes, atolambadas e patéticas que, num momento de fraqueza, poderíamos ser levados a ter pena da sua triste figura.
Sejamos pois fortes... e não caiamos na tentação!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Álvaro Santos Pereira - É apenas mais um...




Já que estava a falar do ministro da economia e não sei mais de quê, verifico que é inesgotável a vocação dos governantes para nos impingirem esta patranha... talvez porque é também inesgotável a disposição do povo para a engolir. Explico:
Contrata-se um qualquer grupo de aldrabões que se deixem corromper para dizerem que fizeram um “estudo”... e que segundo os resultados desse “científico estudo”, alguma coisa (pão, transportes, electricidade, etc.) vai ter o seu preço aumentado em, digamos, trinta por cento

Espera-se uns dias para deixar a coisa indignar os mais combativos e amedrontar a maioria... e zás!, lá vem um qualquer palhaço de serviço, neste caso, o próprio ministro, fazer o já estafado número do “Nem pensar!”... “Podem ficar sossegados!”... «O aumento vai ser muito menor que trinta por cento!»
E, para desespero da inteligência insultada de alguns, ainda vai havendo quem aplauda este miserável espectáculo.

Adivinha quem vem jantar *


Álvaro Santos Pereira, o neoliberal-cromo que faz de ministro da economia e não sei mais de quê, convidou (ou deixou-se convidar, não percebi bem) 12-empresários-12 para um jantar... mas não diz quem eles são. É um "encontro privado" - diz ele.
Também tem na manga mais um truque de ilusionismo, na forma de umas tantas excepcionais medidas para dinamizar a nossa economia... mas não diz quais são.
Sobre as excepcionais medidas, presumo que serão aquelas que já obrigaram o lento, leeeento Vítor Gaspar das finanças, a anunciar que maiores dificuldades ainda vêm aí.
Sobre o jantar... desconfio que já sei porque é que o dono do minimercado aqui da rua e o senhor Francisco da oficina de bicicletas, disseram com um ar misterioso que tinham sido convidados para um jantar, em Lisboa... mas não diziam com quem. Grandes empresários... é outra coisa!
* Com um pedido de desculpas ao argumentista William Rose e ao realizador Stanley Kramer.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Governo Passos/Portas – 100 dias... de capitulação


Ontem, os balanços estavam escarrapachados em muitos dos meios de comunicação social: cem dias de governo neoliberal das troikas, estrangeira e nacional.
Cem dias
Sem progresso
Sem recuperação económica
Sem propostas credíveis
Sem soluções
Sem independência
Sem vergonha!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Ó senhor Policarpo... ninguém? Mesmo, mesmo ninguém?!


O facto de o chefe da Igreja Católica portuguesa dar entrevistas em que puxa a brasa à sardinha da sua facção dentro do cristianismo, como se sabe, um negócio multimilionário, não é assunto que me convoque por aí além. Se fosse esse o caso, teria que me debruçar criticamente sobre cada declaração dos dirigentes das muitas religiões que existem por esse mundo fora, desde as pequenas seitas mais ou menos excêntricas, às grandes religiões, algumas delas, como se sabe, bem mais antigas e com muito mais seguidores do que o cristianismo, mesmo considerado no seu todo, que engloba o catolicismo, a ortodoxia e o protestantismo, este, dividido em várias denominações... mais uns tantos “independentes” que pretendem ser seguidores de Cristo, mas não se reveem nas Igrejas.
O facto de o chefe da Igreja Católica portuguesa vir dizer que o «memorando com a troika é para cumprir», aproveitando para declarar que a função dos portugueses não é dizer mal dos governos... não traz rigorosamente nada de novo.
Sendo assim, a única frase da entrevista de “sua eminência” que mexeu comigo, foi a sua canhestra tentativa de sublinhar a “excelência moral” da sua igreja, por contraste com “a política”, de onde, segundo o douto Cardeal, «ninguém sai de mãos limpas».
Poderia dizer que se trata de demagogia populista e barata para cavalgar a onda da crise financeira, económica e política. Poderia dizer que se trata de uma declaração vesga, mentirosa, intelectualmente desonesta, arrogante, preconceituosa, abjecta, fascizante... mas não digo.
Digo apenas que, já que “sua eminência” parece gostar de generalizações, dar-me-ia imenso gozo ver a sua reação se alguém lhe dissesse na cara que todos os membros do clero são pedófilos... exceptuando aqueles poucos que andam a fazer filhos às paroquianas.
Mas não. Também não serei eu a dizê-lo. Não aprecio as generalizações.

domingo, 25 de setembro de 2011

A permuta dos santos – Só se for a pé...



[...] Outro recurso muito eficaz, o mais eficaz de todos eles, consiste em “contrariar” os santos. [...] levava-se para ali o S. Sebastião da igreja local, trazendo-se, em troca, [...], a imagem do Senhor do Bonfim, tudo processionalmente, com rezas e cânticos.Enquanto não chovia os santos não voltavam para os seus lugares.
(Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo)

Palavras para quê? Quem mais se lembraria de “motivar” os santos para fazerem alguma coisa pelo povo e as suas aflições, desalojando-os, trocando-lhes os altares e as moradas… sob a ameaça de nunca mais voltarem a casa? É a sempre inesgotável e surpreendente imaginação popular no seu melhor. São Edu Lobo e Chico Buarque (e Mónica Salmaso) brilhando como sempre, nesta “Permuta dos santos” escrita e composta para o bailado “Dança da meia-lua”, em 1987/88.

Bom domingo!

A Permuta Dos Santos
(Chico Buarque /Edu Lobo)

São José de porcelana vai morar
Na matriz da Imaculada Conceição
O bom José desalojado
Pode agora despertar
E acudir os seus fiéis sem terra, sem trabalho e pão

Vai a Virgem de alabastro Conceição
Na carroça para a igreja do Bonfim
A Conceição incomodada
De escutar nossa oração
Nos livrar da seca, da enxurrada e da estação ruim

Bom Jesus de luz néon sai do Bonfim
Pra capela de São Carlos Borromeu
O bom Jesus contrariado
Deve se lembrar enfim
De mandar o tempo de fartura que nos prometeu

Borromeu pedra-sabão vai pro altar
Pertencente à estrela-mãe de Nazaré
A Nazaré vai de mudança
Pro mosteiro de São João
E o Evangelista pra basílica de São José

Mas se a vida mesmo assim não melhorar
Os beatos vão largar a boa-fé
E as paróquias com seus santos
Tudo fora de lugar
Santo que quiser voltar pra casa
Só se for a pé.

“A permuta dos santos” – Mónica Salmaso
(Edu Lobo/Chico Buarque)



sábado, 24 de setembro de 2011

Madeira – A obra (pelo menos alguma...)


A revista “Visão” electrónica teve a amabilidade de me enviar um mail com uma lista de cinco das obras mais maradas do “jardinismo. Lá está o túnel cujo único resultado até hoje foi a destruição de um lençol freático que, desde há cinco anos corre diretamente para o mar, desperdiçando milhões e milhões de litros de água doce. Lá está a marina milionária... sem um único barco, mas já várias vezes reconstruída, etc., etc.
Se tivessem dado mais uns passos, teriam visto o espantoso helioporto – como Jardim lhe chama – onde, segundo consta, nunca se viu nenhum heliocóptero (provavelmente, porque não existem); teriam visto igualmente as grandes e arejadas “zonas industriais”, em que não se vislumbra nenhuma empresa...
A “Visão” falava, à hora a que foi para as rotativas, do buraco de dois mil milhões. Não tinham ainda ouvido Jardim, que aproveitou para chamar à dívida uma “coisinha de nada”, admitir que, entre a escondida e a que tem o rabo de fora, a tal dívida deve ultrapassar os cinco mil milhões de euros. Mais umas horas e poderiam mesmo ter ouvido o novo apelo/provocação à independência da Madeira.
Não tenho grandes comentários a fazer, até porque não sei o que possam ser cinco mil milhões de euros; mas, meus amigos e amigas... aquilo vai muito para lá do “fazer obra”; aquilo é obrar! Em tudo e todos.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

José Niza – 1938/2011


José Niza com José Afonso e Adriano Correia de Oliveira

Morreu o José Niza. Amigo. Músico. Médico. Deputado. Militante do PS. Produtor de vários dos discos do Zeca. Compositor de uma bela mão cheia das melhores cantigas do Adriano Correia de Oliveira. Autor da primeira “senha” musical do 25 de Abril, “E depois do adeus”.
Em 1972, a pedido do Zeca, foi ouvir-me cantar e propôs-me a gravação do meu primeiro disco, “O cantigueiro”, de que foi o produtor. Um ano depois convidou-me para participar no grande disco “Fala do homem nascido”...
O resto é História. Cada um seguiu caminhos diferentes, mas nunca deixámos de partilhar aquilo que resiste a (quase) tudo: o apego às nossas cantigas... e a amizade pessoal.
Quando participei, há alguns meses, num espectáculo em sua homenagem, em Santarém, disse-me que tinha alguns originais a que gostaria que eu desse uma vista de olhos... não chegámos lá.
Zé, aqui fica a tua “Roseira brava”, que o Adriano cantava, e que eu levei a uma festa do 25 de Abril no Coliseu, acompanhado pela Maria (que já não quer andar nestas vidas...) e por aquela revoada de malta tão nova... sem os quais não haverá quem cante as tuas canções... ou as minhas... sem os quais não haveria sequer futuro...
Um abraço, Zé!
“Roseira brava” – Maria do Amparo/Samuel/Oficina do Canto
(António Ferreira Guedes/José Niza)



Bertold Brecht – Quem não sabe de ajuda...



Como pode a voz que vem das casas
Ser a da justiça
Se os pátios estão desabrigados?
Como pode não ser um embusteiro aquele que
Ensina aos famintos outras coisas
Que não a maneira de abolir a fome?
Quem não dá o pão ao faminto
Quer a violência
Quem na canoa não tem
Lugar para os que se afogam
Não tem compaixão.
Quem não sabe de ajuda
Que cale.

(Bertold Brecht)

Depois de uma passagem pelo “Catarina de todos nós” não resisti a surripiar estes versos tão simples de Brecht (são sempre “simples”) e trazê-los para aqui. Não resisti a repetir aqui, também, a ideia por detrás do comentário que, então, lá deixei, a propósito, sobretudo, de dois dos versos:

“Quem não dá o pão ao faminto
Quer a violência”

Deve ser por ter plena consciência disso mesmo, que este governo fantoche das troikas ao mesmo tempo que faz gigantescos cortes nos orçamentos de praticamente todas as obrigações do Estado, desde a escola pública à cultura ou à saude... em contrapartida, quase não toca nos orçamentos das forças policiaisde que espera vir a necessitar para reprimir a resistência popular à sua política de saque do país e dos trabalhadores.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Leis do trabalho – Lançados às feras


Diz a CGTP... e diz muito bem! E digo eu. E diz qualquer pessoa com vergonha na cara.
Mas não as hienas que nos governam a mando das hienas da troika. Esses querem “flexibilizar” os tempos de trabalho, cortar para metade o pagamento das horas extraordinárias, baixar o subsídio de desemprego, pagá-lo por menos tempo, colocar-lhe limites ainda mais miseráveis e, claro, esta novidade sonante: poderem despedir com “justa causa” pelo alegado não cumprimento de objectivos por parte do trabalhador. Sem se saber muito bem que objectivos, nem quem os fixa, nem que faz a aferição do seu cumprimento.
Neste caso, vou deixar pronunciar-se que sabe realmente de leis do trabalho e questões constitucionais... mas mesmo assim, gostaria que alguém me esclarecesse uma dúvida:
Quando os governantes não cumprem os "objectivos", nomeadamente aqueles que eles próprios fixaram, o que é que podemos fazer para os despedir? Como afastamos definitivamente das listas de eleitos todos aqueles que, ao longo de décadas, já demonstraram não terem o talento, nem a intenção, de servir os interesses do povo, passando pelos diversos governos como simples funcionários do grande capital sem pátria, dos seus amigos, das suas clientelas... e dos seus próprios saldos bancários?
Ah... e não me venham com a conversa das eleições, pois por mais respeitáveis e importantes que elas forem (e são!) não são o remédio para todos os males da democracia e da sociedade... e muito menos o único!

O caso Jardim – Finalmente, uma “posição contundente e firme”...


(Alberto João Jardim antes da flama, perdão... na “FLAMA”, mas antes da fama)

Caramba! Valeu a pena esperar pela posição forte, didática e contundente de Sua Excelência o Presidente da República:
Sobre os recentes actos de Alberto João Jardim, ou do seu passado de terrorista/bombista da "FLAMA" e das décadas de despótico e destrambelhado exercício de poder absoluto na Região Autónoma da Madeira, já quase tudo se disse, embora ainda só parte da meada tenha visto a luz do dia. Mesmo assim, esta “poderosa reacção” de Cavaco Silva ao buraco sonegado de quase dois mil milhões de euros (por enquanto) de dívida da Madeira, é digna de nota.
Como se pode ver, segundo o raciocínio (chamemos-lhe assim) do Presidente de uns tantos portugueses, as falcatruas de Jardim… são, digamos, uma “coisa feia”, que nos deixa ficar mal vistos na “cena internacional”. Ou seja:
Feio, não é bater na mulher e nos filhos; feio é o que os vizinhos poderão pensar disso.
Feio, não é roubar; feio é roubar... e deixar-se apanhar.
Com todo o respeito institucional que é devido, e que tal  um pano encharcado…

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O TGV... à nossa moda


Antes do mais, devo esclarecer que me estou positivamente nas tintas para a ligação Lisboa/Europa, via Madrid, por TGV, para passageiros... por mais que isso entristeça os madrilenos, que assim já não poderão fazer de Lisboa a sua praia, como sonhou o genial ministro das obras públicas de Sócrates.
Já quanto ao transporte de mercadorias, o caso muda de figura. É evidente o interesse de uma ligação expedita, por comboio, para o escoamento de mercadorias de e para (por exemplo) o Poceirão, ou o porto de Sines.
Quando o PSD e Passos Coelho fizeram “voz grossa” e, mal entraram para o governo, cancelaram o projeto do TGV, num gesto dramático/teatral de belo efeito... a minha dúvida foi apenas uma: quanto tempo vão levar até tentarem dar a volta ao texto? Não foi preciso esperar muito.
Perante a pressão da realidade, de Bruxelas... e dos espanhóis (que estão tão carentes desse transporte para as suas mercadorias que se tivessem o dinheiro pagariam a parte portuguesa do seu bolso), o governo português já fala abertamente na retoma da coisa, embora numa versão mais curta (Caia/Poceirão), mais estreitinha e mais baratinha, tipo elevador de Santa Luzia, em Viana do Castelo, só com uma linha e cruzamento das carruagens a meio do percurso.
Para disfarçar, para fazer de nós tolos... ou seja lá para o que for, tentaram, como eu previa, dar a volta ao texto. Fazendo as delícias de qualquer humorista atento, o bom do TGV, num só dia, passou de “TGV” para “Velocidade Elevada”, mais à tarde já era de “Alta Prestação”.
Por este andar, ainda chegará a “Rapidinho”, a “Mais ou Menos Despachado”, vá lá... “Lépido”.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Ainda a Madeira – Afinal...


Primeiro, num assomo da arrogância que lhe permite a eterna impunidade, Jardim gritou que sim senhor, tinha sonegado as contas aos socialista, em “legítima defesa”, para mais tarde se vir a entender com o governo do PSD. Ao ver o péssimo efeito do que disse, teve uma brusca recaída na “còragem” (como lhe chama) e deu o dito por não dito, ou melhor... por “manipulado”.
Neste momento, já não sei o que me provoca mais asco. Se o bailinho de Jardim, se o tom repugnantemente falso e demagógico dos argumentos e "exigências" de António José Seguro, o qual, a ser coerente com o que diz, neste momento já devia estar a pedir mandados de captura para Sócrates e quase todos os seus ministros.
Como ainda há poucas horas dizia o deputado comunista António Filipe, independentemente do apuramento total da verdade e de possíveis responsabilidades no caso do buraco, criminoso ou não, no orçamento da Madeira, o destino político a dar a Jardim e aos seus cúmplices, é uma decisão que cabe ao povo e aos eleitores madeirenses que, no dia 9, devem votar livremente os seus representantes na Assembleia Regional. Ora, aí é que está o busílis.
1. Tenho as maiores dúvidas (há muitos anos) quanto ao carácter livre das eleições madeirenses.
2.  Até ao dia do voto, já Jardim terá convencido quase todos os votantes de que o que fez, se o fez, foi para defender a Madeira e os madeirenses do sinistro continente, dos cubanos, dos colonialistas, dos comunistas, da maçonaria, dos ingleses... até da “puta que pariu”, como diria Saramago, que dominava muitíssimo melhor do que eu a língua de Camões.
Entretanto, não vale a pena escandalizarmo-nos com o silêncio do génio Aníbal Cavaco Silva, nem com o facto de ele, afinal, já saber do caso há meses e “moita carrasco”. Silêncio. Népia. Nada.
Quem é que manda estarem constantemente a entupir o homem de bolo-rei?

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Alberto João Jardim – O inimputável


Sobre o verdadeiro esgoto a céu aberto que é o discurso habitual de Alberto João Jardim e a montureira que tem por cérebro... não me ocorre dizer nada. Por uma questão de higiene e por manifesta falta de interesse.
Sobre esta estória da sonegação de informações de gastos de dinheiros públicos, um crime – de resto já confessado – que, muito provavelmente, não terá consequências de maior... (a não ser para os de sempre, que vão pagar para cobrir o "buraco") não há nada que eu possa aqui escrever, que não tenha sido já dito, redito, escrito e analisado. Mesmo assim, fica-me uma dúvida:
Quantos de vocês é que acham que se esta estória escabrosa se passasse no Governo Regional dos Açores, ou, sei lá... na Câmara de Almada, o “Pastel de Belém” já teria interrompido o fim de semana, as férias, o casamento de uma sobrinha... ou mesmo um funeral, para nos aparecer na televisão, de dedo em riste, babando a sua presidencial indignação?
Que diacho de rabo de palha terá o “senhor Silva”, a que Alberto João Jardim possa pegar fogo?
Claro que é possível que eu esteja enganado...

domingo, 18 de setembro de 2011

Hugh Laurie – Tudo o que temos que fazer é...


Quando por volta de 1970, ou 71, o pequeníssimo grupo dos meus amigos que reparavam nessas coisas das cantigas de protesto, foi abalroado pela notícia de que o “nosso” artista, um dos arautos contra a odiosa guerra do Vietnam, era, afinal, acionista de fábricas americanas de armamento (estória que nunca esclarecemos ser verídica ou apenas um boato), não suspeitávamos que isso seria o pão nosso de cada dia... até hoje. Ainda há bem pouco tempo se soube que o “supermilitante” Bono Vox, dos “U2”, militante de mil causas políticas e humanitárias, afinal, na sua Irlanda natal, sonega milhões ao fisco com o velho truque da deslocalização da sua multimilionária produtora de espectáculos, mandando a solidariedade e consciência social às malvas.
Pelo meio, neste longo intervalo de quarenta anos de injustiças, guerras, massacres, tragédias humanitárias e catástrofes naturais, é longa a lista de artistas a quem tem sobrado a vontade de protagonismo, o ruído mediático, as vistosas acções “militantes e solidárias”... mas que tantas vezes são acompanhadas de uma deprimente ausência de conteúdo, projecto, rumo, clareza política... ou até sinceridade.
Não estou na melhor posição para criticar esses meus colegas das artes, mas não resisto a convidar para o nosso convívio dominical o actor britânico Hugh Laurie... nos últimos tempos mais conhecido por cá como Dr.HouseHugh Laurie, para além de ser actor (quem viu a série televisiva “Blackadder” não o esqueceu mais), autor de livros, formado em antropologia, arquelogia e doido, obviamente... também é músico. Compõe, toca vários instrumentos e canta.
Há pouco tempo saiu o seu novo CD, “Let them talk” (vale bem a compra), mas como ele não precisa de mim para o promover, hoje vem abrilhantar o “Cantigueiro” de domingo com uma outra canção, já com uns anitos... e aqui voltamos ao assunto do post. A canção é uma alfinetada, tão divertida quanto certeira, a esses tantos artistas sempre tão carregados de “causas”, mas a quem faltam, ostensivamente, as soluções.
(Como a cantiga está legendada, nem aqueles que não entendem o inglês têm desculpa para não se divertirem)
Bom domingo!
All we gotta do” – Hugh Laurie
(Hugh Laurie)



sábado, 17 de setembro de 2011

Cuba – Contra ventos e marés...


Primeiro, li a notícia no blog “Cravo de Abril”. Logo a seguir, quanto mais não fosse para não dar a notícia “como adquirida” e cair sob a ira de um dos meus mais recentes comentadores, parti por esse mundo virtual em busca de confirmação. Lá estava! Em muitos e muitos órgãos de informação (curiosamente, até à hora em que escrevo, nenhum português) dá-se conta do relatório da UNICEF em que se afirma, preto no branco, que Cuba reduziu para ZERO o número de crianças mal alimentadas. É um caso único em toda aquela região do globo.
Como já comentei quando li pela primeira vez a notícia, se esta revelação não resolve os muitos e variados problemas com que Cuba e o seu povo se debatem, é um belo rombo na retórica contra Cuba. Tal como são os números da saúde. Tal como são os números da Educação... mais uma boa mão cheia de conquistas e características distintivas daquele povo admirável. Isto apesar das tremendas dificuldades provocadas pelo criminoso bloqueio dos EUA, apesar da (quanto mim, inevitável) tensão política de uma Revolução em permanente estado de guerra - guerra em que é a vítima – o que acaba fatalmente por ter consequências ao nível de tudo...
Como disse, esta notícia não resolve todos os problemas de Cuba... mas, mesmo assim, não resisto a “adaptar” uma famosa frase de um ainda mais famoso e idoso cidadão cubano (cujo nome começa em Fidel e acaba em Castro):
Hoje, dia 17 de Setembro de 2011, mais de 140 milhões de crianças, espalhadas um pouco por todo o mundo, irão deitar-se com fome.
Nenhuma delas é cubana!”

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Nuno Crato – Isto não é um teste




Segundo leio, um número indeterminado de professores que fazem falta, repito, que fazem falta nas escolas, passará a ter contratos ao mês. O Ministério da Educação “garante” que os contratos serão prorrogados sucessivamente.
Nuno Crato, o ministro da Educação, é professor. Aqui lhe deixo umas perguntas simples, professor:
1. Quão baixo é preciso descer, política e humanamente, para pensar que é “normal” contratar professores ao mês?
2. Que falha grave de carácter é preciso ter, para impor aos professores este “estilo” de vida e esta estabilidade emocional e económica?
3. Quão estúpido (ah... se fosse apenas estupidez!) é preciso ser para acreditar que professores contratados ao mês têm um mínimo de alento, paz de espírito e motivação, para preparar aulas com semanas ou meses de avanço?
4. Qual é o real objectivo desta medida?
Alínea a) Mostrar ainda mais o rabo à troika?
Alínea b) Poupar uns miseráveis trocos?
Alínea c) Tentar impedir que estes professores ousem reivindicar seja o que for... e muito menos dar a cara numa manifestação da FENPROF... por saberem o que lhes acontecerá se forem denunciados por um qualquer bufo?
Não, não precisa de responder, senhor Nuno Crato. Primeiro, porque isto não é um teste. Segundo, porque nada do que me possa responder me fará deixar de pensar que vivemos sob uma ditadura dos “mercados”... e que somos "governados" por canalhas!

E que tal irem roubar para a estrada?!




A ir para a frente e a generalizar-se esta prática surreal de continuar a cobrar taxas moderadoras por “consultas não presenciais”, ou seja, conversas e reuniões, entre médicos, sobre um caso clínico de um qualquer doente, depois de já se ter cobrado a “taxa” quando esse doente teve realmente uma consulta... a coisa é uma verdadeira mina.
Ainda bem que o marido da minha médica de família é arquitecto na Câmara Municipal! Imaginem que, em vez de arquitecto era ele o meu cardiologista... e que lhes dava para falarem do meu estado de saúde ao pequeno almoço, no hospital, durante o almoço, novamente no hospital, ao jantar e ao deitar. Estão a ver a conta que me apareceria todos os meses para pagar por “consultas não presenciais”?
Muito provavelmente (espero!), esta ideia “genial” dos gestores do Hospital Garcia de Horta, não irá passar de uma espécie de pré-guião de uma fantástica anedota... e acabará por prevalecer o bom-senso.