sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Bertold Brecht – Quem não sabe de ajuda...



Como pode a voz que vem das casas
Ser a da justiça
Se os pátios estão desabrigados?
Como pode não ser um embusteiro aquele que
Ensina aos famintos outras coisas
Que não a maneira de abolir a fome?
Quem não dá o pão ao faminto
Quer a violência
Quem na canoa não tem
Lugar para os que se afogam
Não tem compaixão.
Quem não sabe de ajuda
Que cale.

(Bertold Brecht)

Depois de uma passagem pelo “Catarina de todos nós” não resisti a surripiar estes versos tão simples de Brecht (são sempre “simples”) e trazê-los para aqui. Não resisti a repetir aqui, também, a ideia por detrás do comentário que, então, lá deixei, a propósito, sobretudo, de dois dos versos:

“Quem não dá o pão ao faminto
Quer a violência”

Deve ser por ter plena consciência disso mesmo, que este governo fantoche das troikas ao mesmo tempo que faz gigantescos cortes nos orçamentos de praticamente todas as obrigações do Estado, desde a escola pública à cultura ou à saude... em contrapartida, quase não toca nos orçamentos das forças policiaisde que espera vir a necessitar para reprimir a resistência popular à sua política de saque do país e dos trabalhadores.

4 comentários:

Olinda disse...

Nao resisto tambem de citar Brecht. ..."Depois de falarem os dominantes/Falarao os dominados./Quem
pois ousa dizer:nunca?/De quem depende que a opressao prossiga?De nós./De quem depende que ela acabe?Também de nós./O que é esmagado,que se levante¡/O que está perdido,LUTE¡...

Maria disse...

Brecht escreve sempre 'simples'. Porque será que tantos não o entendem?
Preocupante, o último parágrafo do teu post.

Abreijo.

Fernando Samuel disse...

Tens a certeza que esse poema não foi escrito ontem?, ou hoje?...

Um abraço.

Graciete Rietsch disse...

Porque será que as "OBRAS de MISERICÓRDIA" não contêm o item "Acabar com a POBREZA"?

Um beijo.