Hoje faria 100 anos o imenso poeta Miguel Hernandez. Viveu apenas 31 anos, mas fê-lo como se fosse um raio de luz. Demos uma curta vista de olhos ao meteórico caminho, que o levou de pastor de cabras a eterno pastor de palavras e sonhos.
Nasceu em 1910, em Orihuela, filho de pastor e criador de gado. Aos oito anos, é-lhe permitido, finalmente, começar a estudar. Em 1925 tem que abandonar os estudo, para ajudar mais a família, afundada em problemas económicos, mas não desiste de aprender, ler, ler muito, recorrendo à biblioteca, onde trava os primeiros “conhecimentos com os grandes da poesia.
A partir dessa data começa a produzir os seus versos juvenis, de temática fundamentalmente campestre, em publicações locais.
Em 1931 tenta a sua primeira incursão a Madrid, que falha... mas já não parará mais. A partir daí sucedem-se as publicações e o convívio com poetas como Alberti ou Neruda. Em 1936 entra para o Exército Popular da República e é nomeado Comissário de Cultura.
Em 1937 é, na Andaluzia, o “Porta voz da Frente”. Casa com a sua amada Josefina. Viaja para a União Soviética, integrado numa delegação do Ministério de Instrução Pública. Em 1938 morre o seu filho.
Em 1939, nasce o seu segundo filho. Em Abril, o general Franco declara terminada a Guerra Civil de Espanha. Miguel Hernández tenta escapar para Portugal, mas é impedido pela polícia portuguesa, que o entrega à Guarda Civil fascista na fronteira. É libertado por um curto espaço de tempo, voltando a ser preso na sua terra, Orihuela. Em 1940 é transferido para uma prisão de Madrid, prisão onde é condenado à pena de morte.
Pouco mais tarde, a pena de morte é comutada para uma pena de trinta anos. Em 1941 é transferido para a prisão de Alicante, onde adoece gravemente. Em 1942 não resiste à tuberculose e morre na prisão. Tinha 31 anos de idade.
Já disse... viveu como um raio de luz. Ao longo deste curto, sufocante e heróico caminho deixou semeada uma obra poética notável!
Seria impossível não escolher para o lembrar, esta fabulosa canção “Para la libertad”, musicada por Joan Manuel Serrat... ainda por cima, tendo à mão esta versão “luminosa”, cantada em duo por Serrat e Joaquín Sabina.
Viva a poesia! Viva a liberdade!
Para la libertad
Miguel Hernández
(O poema completo, incluindo a parte que não é cantada, está no “BAÚ”)
Para la libertad sangro, lucho y pervivo.
Para la libertad, mis ojos y mis manos,
como un árbol carnal, generoso y cautivo,
doy a los cirujanos.
Para la libertad siento más corazones
que arenas en mi pecho. Dan espumas mis venas
y entro en los hospitales y entro en los algodones
como en las azucenas.
Porque donde unas cuencas vacías amanezcan,
ella pondrá dos piedras de futura mirada
y hará que nuevos brazos y nuevas piernas crezcan
en la carne talada.
Retoñarán aladas de savia sin otoño,
reliquias de mi cuerpo que pierdo en cada herida.
Porque soy como el árbol talado, que retoño
y aún tengo la vida.
“Para la libertad” – Serrat e Joaquín Sabina
(Miguel Hernández / Joan Manuel Serrat)
11 comentários:
Que post bonito!
Que cantiga e que vozes bonitas!!!
Abreijos.
Belíssima homenagem.
Bom fim de semana.
"Conheci" Miguel Hernandez , através do Paco Ibanez; belo poema, belos cantigueiros, o Sabina e o Serrat.
Sempre a LIberdade, mesmo presos neste lamaçal de compromissos e trabalho.
A memória dos Homens Grandes é para ser partilhada. "Roubei-te" o poema.
Obrigado Amigo!
Um abraço
Viva! E vivam os homens nobres e corajosos!
Vou deixar aqui um pequeno excerto de um poema de Miguel Hernandez que conheci através de Paco Ibanez.
"Andaluces de Jaén
..................
Quién levantó los olivos?
..........................
No los levantó la nada
Ni el dinero, ni el señor
Sino la tierra callada
El trabajo e el sudor
.......................
De quién son esos olivos?
..........................
Jaén levántate, brava,
..........................
No vayas a ser esclava
Com todos tus olivares."
...........................
E hoje os olivais no Alentejo são quase todos espanhóis!!!!!!!!
Que curta mas que luminosa vida a de Miguel Hernandez que acabou morrendo às mãos de quem roubou os olivais a quem os plantou e trabalhou.
Um beijo.
Que lindo, o oeta, Serrat e Sabina, a música , o poema... tudo!
Obrigada! Vou levar o poema.:))
bjs,
Amigo!
no meu tempo, as "COPIAS" eram feitas em cadernos de duas linhas...
porque raio repetes o que vem, no CASTENDO ????
e... a vinheta é de PACO ARNAU!
parece-me que os teus leitores ficariam melhor e mais informados tendo acesso a uma versão mais completa que, por acaso, foi o CASTENDO que publicou e que tu parcialmente copiaste!!!!!
penso que, mesmo na Net, fica bem o velho "o seu, a seu dono!"
mais uma vez, UMA QUESTÃO DE RIGOR!
e, RIGOR é, para nós, um DEVER! e, porque não, mais politicamente correcto, mais honesto.
Forte abraço!
Marga:
Primeiro, não sou seu amigo.
Segundo, não me interessa para nada aquilo que se fazia no seu tempo e muito menos em que cadernos.
Terceiro, admirador que sou há muito do "Castendo", não vejo o que é que no meu texto possa ter sido de lá copiado.
Quarto, como acho que todo o seu comentário é feito num tom insultuoso e gratuito, e como já disse, não a conheço de lado nenhum, pode poupar o seu FALSO "forte abraço".
Passar bem!
Belos, belíssimos: o texto e a canção.
Um abraço.
Joaquin Sabina é um nome incontornável da canção de amor e intervenção espanhola, muito pouco conhecido por cá e é pena. Ouçam o cd1 (acústico) do "nos sobran los motivos" e perceberão do que falo. Ouçam já agora o cd "miguel hernandez" do próprio Joan Manuel Serrat e ficarão maravilhados com as palavras ditas e cantadas. jose mario - joebarbosa@sapo.pt
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