quarta-feira, 30 de setembro de 2009

António Barreto - A posição preferida




Prólogo
Àqueles que disserem que, a ver pelos últimos textos deste blogue, parece que eu estou a limpar a casa e deitar fora o lixo, eu respondo: Estão carregados de razão!

Infelizmente, é um trabalho que nunca acaba. Este post que se segue, por exemplo, já estava aqui desde a noite das eleições legislativas e o cheiro estava a tornar-se algo inquietante. Então lá vai:

O sociólogo António Barreto de vez em quando aparece na televisão com aquele patusco ar meio assarapantado de quem não percebe lá muito bem (entre muitas outras coisas) porque é que chegou mais uma vez a horas tão tardias do dia, sem ter sido internado numa instituição qualquer.

Desta vez era suposto o sociólogo ilustrar-nos com alguns dos seus pensamentos sobre os resultados das eleições. O Vítor Dias disseca melhor o “fenómeno”. Eu, francamente, contento-me em fazer uma pergunta simples:

Que tipo de sociólogo, comentador político ou quem quer que seja que vá para um canal de televisão fazer-se passar por isento (?) é que se sai com um desabafo (obviamente sentido) como o dele? “Finalmente, o PCP ficou na última posição!”

É mais que certo que o emérito sociólogo nunca lerá uma linha de texto escrita por mim, mas mesmo assim, à cautela, aqui fica um comentário:

A “última posição”, mas estando de pé, é bem melhor e infinitamente mais digna do que aquela em que vossa excelência tem estado nas últimas décadas, doutor Barreto!

Passe bem!

Afinal sempre há vulnerabilidade-je-je... je.






Cavaco Silva é um génio incompreendido!

Disse que ia falar sobre segurança e, quando se pensava que iria falar da segurança do Estado e ao mais alto nível, em vez disso, balbuciou umas coisas sobre uns mails da presidência, dos quais nunca ninguém tinha falado e que nunca estiveram em causa... por pouco tinha-se limitado a falar do estado dos seus suspensórios ou da firmeza do elástico das ceroulas.

Disse que só falava depois das eleições, para não interferir no processo eleitoral... e falou agora, em plena campanha eleitoral, interferindo nela. Pelos vistos, não se apercebeu de que havia duas seguidas...

Quando se previa uma explicação para o despedimento-que-afinal-não-foi, do seu dilecto assessor, acobardou-se e nem sequer o nomeou, deixando-o ainda mais enlameado.

Quando toda a gente esperava que a intervenção do Presidente da República viesse pôr um fim nesta inventona ridícula, ele decidiu insistir na teoria da conspiração e piorar, se possível, a situação, com esta investida de cabeça baixa e fumo a sair pelas narinas.

Atendendo à evidente atrapalhação dos comentadores e às horas que o atabalhoado PS levou para responder “àquilo”, volto ao início. Cavaco Silva é (deve ser!) um génio incompreendido. Logo, aquilo que nos parece fruto de um cérebro tacanho, incoerente, sem cultura política (ou qualquer outra), mesquinho, apenas capaz de manobrar entre silêncios bacocos e tabus cujo perfume deixa muito a desejar... são afinal pérolas de arte política, com um profundo sentido... só que fora do nosso alcance.

Resta-nos o único ponto positivo. Quando o filho do motorista (que tem um jeitão para a informática e um cunhado na Zon TV Cabo) lhe resolver o problema da segurança dos "émeiles"... Belém vai ficar à cunha de pessoal dos bancos e serviços secretos de meio mundo, querendo copiar o sistema.

É o presidente eleito da nossa pobre República!... Gostaria de ficar aqui a partilhar mais um pouco o que sinto, mas a vergonha tolhe-me as palavras.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Invejável!






Chegam notícias de que, segundo uma importante associação de consumidores, a Health Consumer Powerhouse (HCP), organização sueca que estuda e classifica sistemas de saúde, entre 33 países que foram analisados, Portugal ocupa o 26º posto. Como é evidente, são vários os aspectos da relação dos sistemas de saúde com os doentes, que estão sob o escrutínio dos estudos, como por exemplo, os tempos de espera. Aí, Portugal, ao que parece é o pior…

Deve ser por isso que, segundo Sócrates (quem mais havia de ser?), os EUA de Obama tanto invejam o nosso SNS: são pessoas com muito tempo livre…

Um dia destes também vão saber exactamente o que vale o nosso sistema de ensino que, ainda Segundo Sócrates, igualmente querem copiar.

Se o ridículo matasse… lá teria o PS que escolher outra figura para dirigir o seu novo governo!

Nas eleições a sério, como se fazem lá fora...





O politólogo José Adelino Maltez, é convidado regularmente para “politologar” na televisão. Aí chegado, normalmente, refastela-se na cadeira como se estivesse em casa e “politologa” longamente, a três quartos, sobre tudo e todos. Umas vezes com um ar assaz enfastiado... outras, com ar de gozo, regurgita uma amálgama fastidiosa de tudo o que se diz pelas colunas de opinião dos jornais e pelos blogues, pontuadas por algumas provocações baratas (essas sim, criação sua) dirigidas normalmente a sectores e personalidades de uma esquerda que deve fazer parte dos seus ódios e traumas juvenis.

Ontem, mais uma vez, num canal e programa que não fixei, lá estava ele, gozando com as opções eleitorais de toda a gente indiscriminadamente, ridicularizando, relativizando tudo... o costume. A certa altura, como já não sabia o que dizer mais para “diminuir” a importância dos vários resultados eleitorais, rapou dos profundos conhecimentos de "politoligeirice" internacional e saiu-se (mais palavra menos palavra) com esta pérola: “Nas eleições alemãs, que convenhamos, são bem mais importantes... ... ...”

Não faço a mais pequena ideia de por que diabo há-de algum português achar as eleições alemãs mais importantes do que as portuguesas... a menos, sei lá, que tenha emigrado para a Alemanha há trinta anos... e seja candidato a qualquer coisa por um partido alemão.

Fica no entanto absolutamente claro que, devidamente reunidas as condições, nenhuma carrada de cursos de “politologia” consegue evitar que um politólogo seja um parolo.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Colômbia - Narco-fascimo "democrático"





O narco-fascista colombiano Álvaro Uribe, co-mandante de milhares de assassinatos de populações inteiras de camponeses, sindicalistas, comunistas e outros membros da oposição, vai fazer avançar um referendo que lhe proporcionará um terceiro mandato consecutivo como presidente da Colômbia, perante o silêncio pastoso e algo nojento da comunidade internacional, cujos órgãos de informação, quando muito, dão a notícia, sem mais...

Quando Chávez fez o mesmo e perdeu, acatando o resultado da consulta popular, mesmo assim, caiu o Carmo e a Trindade. “Ditador” ou “ o inamovível presidente” são apenas dois dos epítetos com que diariamente é mimoseado pelos jornais e televisões da “democracia”.

Quando por pensar fazer o mesmo, Manuel Zelaya, nas Honduras, sofreu um golpe militar de extrema direita, que vai paulatinamente reprimindo e matando hondurenhos à vista de todos, as reacções são pouco mais que murmúrios, por parte desses mesmos média da “democracia”, sendo que alguns apoiam mesmo abertamente o golpe.

Álvaro Uribe leva por diante exactamente a mesma ideia (a qual, obviamente, "fortalece a democracia")... e há este estrondoso silêncio.

Realmente, para estes média da “democracia”, mandar matar camponeses, comunistas e, sobretudo, autorizar a instalação no país de várias bases militares dos EUA... são coisas que dão um grande estatuto.

Para os média da “democracia”, Álvaro Uribe é verdadeiramente um grande “democrata”! Tal como eles...

Valeu todo o esforço! Até amanhã...



Tendo andado mais de cem quilómetros de bicicleta contra o vento e aguentando algumas cargas de água, as batatas que comera ao meio-dia estavam moídas e esmoídas e o organismo cansado pedia novo auxílio. «Tenho que comer alguma coisa» - pensou. E lembrou-se que dali por légua e meia encontraria ainda certamente aberta aquela pequena venda do homem curioso. Ao cimo da ladeira, embalou e deixou correr. A aragem fresca e húmida fustigava-lhe rosto e pescoço e entrava-lhe pelos punhos, braços acima, revigorando o corpo fatigado. Mais um pouco, comeria um quarto de pão com o mais que houvesse e o resto seguiria melhor.

A venda estava fechada. Na rua escura e silenciosa da aldeia não se enxergava vivalma. Vaz viu então na sua frente todo o longo percurso até casa. Viu as subidas que lhe faltavam e os quilómetros que seria obrigado a andar a pé, e os pedaços de trilho esburacados e pedregosos obrigando a constantes travagens e desvios. Viu as aldeias, os casais, as matas, as pontes. E, sentindo a lassidão do corpo e a crescente vontade de se deitar e de se cobrir, lembrou-se do rosto indignado dum camarada médico discordando do ritmo de trabalho nos últimos dois anos: «Andais a matar-vos!»

(Manuel Tiago/Álvaro Cunhal - In "Até amanhã camaradas")

domingo, 27 de setembro de 2009

Pós-reflexão




A última vez que li alguma coisa sobre eleições, pelo menos, escrita por alguém que me merecesse respeito, as eleições para a Assembleia da República não eram uma subida ao pódio, um jogo de futebol ou da malha.

As forças políticas com alguma ligação à realidade do país e do seu povo, devem concorrer com ideias, projectos, propostas. Devem deixar de lado o foguetório dos casos, intrigas, fait-divers, demagogia barata.

Foi o que fez a CDU. Nem por um momento concorreu para ficar em primeiro, segundo, terceiro... ou qualquer lugar.

Propôs-se aumentar o número de votos, aumentar o número de deputados. Foi o que fez!

Propôs-se contribuir para derrotar a política de direita e acabar com a maioria absoluta de Sócrates. Foi o que fez!

Agora, sobre um Partido Socialista a festejar a “vitória possível”, ao mesmo tempo que despeja milhares e milhares de votos no Bloco de Esquerda, que assim obtém um resultado inflacionado que terá alguma dificuldade em consolidar, sobre um PPD-PSD que com o seu resultado ridículo, literalmente, despejou o seu pior, a sua direita mais reaccionária, num CDS-PP com um discurso que só pode mesmo atrair esse género de gente... sobre tudo isso, como digo, haverá muito para dizer, analisar, debater, por quem o fará melhor do que eu.

Uma coisa sei: Mais uma vez, a “morte” da CDU foi anunciada com muita precipitação. Mais uma vez, em vez do desaparecimento, chegaram à CDU mais votos, mais jovens, mais pessoas que apostam num outro futuro.

Outra coisa sei: Dada a dimensão e dinâmica que teve a campanha da CDU e que, infelizmente, uma boa parte do país foi impedida de ver, não fosse o miserável trabalho de forças combinadas, por parte de uma certa comunicação social ao serviço de quem se sabe, e por muito que se esforcem por chamar a isto “mania da perseguição”... não sei de que números estaríamos a falar agora.

Uma coisa, finalmente, espero... mas com uma esperança activa: O resultado das próximas eleições autárquicas, nas quais a CDU vai conquistar mais Câmaras Municipais e Assembleias de Freguesia, colocando um número ainda maior dos seus militantes e activistas ao serviço das populações, confirmará e reforçará tudo o que escrevi atrás.

O futuro é um lugar prodigioso



Quem poderá, com segurança, dizer qual das duas virá a ser mais alta, mais bonita, mais feliz... ou até, quem sabe... bailarina?

sábado, 26 de setembro de 2009

Reflexões



O senhor Ratzinger anda arrastando os seus abundantes dourados pela República Checa. Por um lado, lamentando que os checos não tenham ainda atingido o grau de elevado obscurantismo que os seus vizinhos polacos ostentam, guiados pelos seus ultra reaccionários bispos. Por outro lado, na tentativa de pescar simpatias, dá graças ao seu deus, pela queda do que chama (estupidamente) o comunismo, que segundo ele, estaria no poder há vinte anos naquele país, em contraste com a maravilha que por lá se vive agora (e na Polónia e na Rússia e na Hungria, etc, etc...), para gáudio de toda a sorte de máfias, oportunistas, corruptos e ladrões comuns.

Como o dia é de reflexões... aqui ficam umas tantas:

Que diabo tem o chefe de uma igreja, que nem sequer é maioritária, que andar a dar graças, ou deixar de dar, sobre quais os tipos de governo que existem nestes ou naqueles países soberanos?

Ninguém explicou ao homem, antes de lhe darem este emprego, aquela coisa do “a César o que é de César, a Deus o que é de Deus”?

Que fará o senhor Ratzinger se os povos de algum, ou alguns, dos chamados países de leste, reflectirem eles também, seriamente, no logro em que caíram, voltando a encetar o caminho para o socialismo, mas desta vez, evitando e corrigindo os erros (alguns, grosseiros) e contradições que levaram à queda dos seus projectos de sociedade?

A pergunta feita na reflexão anterior é algo frívola, pois é evidente que o senhor Ratzinger, quase todos os seus bispos e (infelizmente) uma grande parte dos padres, fariam o que sempre têm feito: conspirar para dinamitar esse caminho para o socialismo, como por exemplo, na América Latina, onde têm estado activamente empenhados em todos os golpes militares e regimes fascistas, desde o Brasil, Argentina, Haiti, Uruguai, Paraguai ou Chile, num longo caminho de crimes e sangue que chega até hoje, à vergonha que está a passar-se à vista de todo o mundo, nas Honduras.

O “santo padre” dá graças pela queda do comunismo. Talvez esteja, individualmente, no seu direito. Não pode é ficar, então, escandalizado pelo facto de alguns comunistas também esperarem vir a dar graças pela queda do “santo padre”...

Cavaco Silva e António Costa – Os preservativos




E assim se colocaram de acordo António Costa, autarca de Lisboa e Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República, sobre o que fazer no dia 5 de Outubro, aniversário exactamente... da República: não vão participar! O primeiro estará presente, mas não fala, o segundo, ao que parece, nem lá porá os pé-ze-ze-ze.

Nenhum dos dois encontra umas palavras que possam ser ditas durante a cerimónia, a propósito da implantação da República, em 1910, que não possam ser consideradas “interferência na campanha eleitoral para as autarquias”… em 2009.

Tal é a dimensão do peso que carregam na (má) consciência! Tal é a dimensão da tacanhez de espírito! Tal é a falta de dimensão...

Sugestão: Aproveitem a ocasião histórica para homenagear a população da pequena aldeia de Beijós (Carregal do Sal – Viseu), que em 1910 “implantou” e festejou a República, com a forte adesão popular que a fotografia documenta… mas no dia 16.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O Campo (que foi) Pequeno!



Este era um dos aspectos do Campo Pequeno, visto por dentro. Apenas um. Havendo, embora, mais uns tantos ângulos e perspectivas para ver... tudo o resto (e era muito!) apenas se podia sentir.

Exceptuando os pequenos flashes informativos nas televisões, feitos por operadores de câmara e jornalistas, como é óbvio, não sei quantos outros jornalistas, de jornais, haveria lá dentro. Fossem quantos fossem... mostraram que os anos que passaram na Universidade, aprendendo a ser jornalistas, compensou! É precisa uma grande preparação e um grande... como hei-de chamar-lhe?... sangue-frio e profissionalismo, para resistir à tentação de fazer uma referência que fosse, a este pequeno fait-divers de mais de 7.000 pessoas, na primeira página dos jornais. E quando digo “dos jornais”, estou a falar de praticamente todos, como poderão constatar neste link que vos levará até à imagem de quase todas a capas dos ditos.

Claro que por dever de “coerência”, os jornais têm que ilustrar e justificar os números das sondagens, que ninguém sabe ao certo de onde vêm, com o desaparecimento ostensivo das actividades, iniciativas e militantes da CDU, para parte incerta... até que passe o perigo das eleições.

Claro que nas páginas interiores de alguns deles, talvez venham algumas linhas... mas os donos dos jornais (e pelos vistos, também dos jornalistas) sabem bem que a maioria das pessoas apenas “lê” as parangonas das primeiras páginas, quando passam pelas bancas e quiosques... e que é essa a mensagem que fica.

E pronto. Agora a caixa de comentários fica aberta à participação de todos, inclusivamente das luminárias que nos queiram, mais uma vez, explicar a brilhante teoria da “mania da perseguição” de que, segundo eles, sofrem os activistas da CDU.

Branqueamento do fascismo



Queriam que Jerónimo de Sousa escorregasse na demagogia populista dos ideólogos da campanha do PS, que têm tentado fazer passar a ideia de que uma vitória eleitoral do PPD-PSD e de Manuela Ferreira Leite nestas eleições, seria um regresso ao Estado Novo.

Saíram-se mal! Jerónimo pertence a um colectivo que saboreia diariamente a liberdade que se conquistou a 25 de Abril de 74, mesmo quando essa liberdade sofre algumas humilhações, como as que vemos todos os dias. Jerónimo é secretário geral de um partido que sabe muito bem o que era o tal “regime” de antes de Abril, conheceu as suas prisões e não esquece os seus mortos. Não seria fácil apanhá-lo suficientemente distraído para fazer essa espúria comparação.

Claro que no Partido Socialista também há algumas pessoas com experiência do que foi o fascismo em Portugal e que poderiam dizer aos seus camaradas para não irem por esse caminho... mas infelizmente, ou enfiaram as suas memórias na mesma gaveta onde outros enfiaram o socialismo... ou sofrem em silêncio esta época mais triste do seu partido... à espera de melhores dias.

Resumindo, estas comparações entre realidades actuais e o fascismo, podendo ser muitas vezes injustas para com os políticos do presente, são, e isso é o pior, um branqueamento e desvalorização dos 48 anos de salazarismo que tivemos que suportar.

Estas comparações são sempre um mau serviço prestado à democracia!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Festa surpresa



Não tinha nenhum daqueles textos pré-programados para entrar hoje à tarde... e agora tenho mesmo que pegar no carro e ir para Lisboa, portanto, não há post!

Uns tantos amigos combinaram encontrarem-se comigo, esta noite, no Campo Pequeno (???) e sugeriram que levasse a viola... desconfio que deve ser uma festa...

Como gosto muito deste tipo de surpresas, vou lá ver de que se trata.

Honduras - Resistir!





O Presidente legítimo das Honduras, Manuel Zelaya, com a ajuda de, como disse, países vizinhos, que não quis especificar, regressou à capital do seu país, que se encontra sob o violento controlo dos golpistas, dirigidos pelo presidente de faz de conta, o fascista Micheletti.

Fez bem! Foi uma bela bofetada na arrogância dos golpistas e uma boa forma de saber quem são realmente os países que estão com ele, com o seu povo e com a legalidade democrática, como dizem estar... mesmo os que vinham há tempo planeando e apoiando o golpe, que agora combina muito mal com as cores da “mudança” apregoada.

Podia ter procurado refúgio na embaixada amiga da Venezuela... optou pela do Brasil. Mais uma vez, fez bem! Tal como faria a Venezuela, também o Brasil não está para tolerar brincadeiras por parte dos golpistas e se vir a sua embaixada atacada, pode muito bem responder à altura e numa linguagem que até eles entendam...

Entretanto os golpistas fazem o que sabem: reprimir e matar. As instituições solidárias fazem o que podem para ajudar. O povo das Honduras resiste.

Toda a atenção e solidariedade é precisa!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Choque tecnológico



Era mesmo do que eu estava a precisar agora: um Outono com crises de identidade!

Mais um dia com uma temperatura ainda mais insuportável por estar completamente fora do lugar. O vizinho faz tudo o que pode para tentar salvar a relva, um tomateiro perdido da família e umas flores moribundas... alvos do gozo fininho do limoeiro, que esse... para ele tanto faz que o tempo esteja assim ou assado.

Talvez agora, com este tecnologicamente avançado e novíssimo Sistema de Rega por “Aspercão”...

Rui Teixeira vs. Paulo Pedroso – A novela continua




Para começar, devo esclarecer que a carreira do juiz Rui Teixeira me é absolutamente indiferente e que a única memória que tenho da figura é a daquela pose pretensamente modernaça e informal, algo irritante e mais própria para o refeitório da faculdade do que para um juiz, pose que ele exibia durante o curto e conturbado tempo em que esteve ligado ao interminável caso Casa Pia.

Com os elementos que tinha, como muito bem disse o juiz desembargador Rui Rangel, mandou prender o político Paulo Pedroso, já que esses elementos que possuía o implicavam nos casos de pedofilia. Mais tarde, outros elementos da investigação entretanto chegados ao processo, determinaram a libertação do deputado do PS, resultando dessa decisão a convicção (legítima ou não) de que a anterior prisão não teria sido justificada. Culpar o juiz pelo erro dessa primeira decisão, é talvez, abrir um precedente que poderá ter resultados funestos em próximas decisões de juízes, sempre que se tratar de mandar prender gente com os meios económicos e legais que assistiram a Paulo Pedroso.

Como se não bastasse, a nota de “muito bom” que foi atribuída ao jovem juiz e com a qual ele poderia concorrer a novos patamares da sua carreira, foi, numa decisão até hoje nunca vista, congelada, até à conclusão do litígio entre Paulo Pedroso e o Estado, em que o primeiro pretende ser indemnizado exactamente pelo facto de ter sido preso...

Para além da “originalidade” desta decisão do Conselho Superior da Magistratura, enquanto alguns juízes clamam que não senhor, não há partidarização das decisões do Conselho, ao mesmo tempo o caso já entrou na ementa da luta partidária. Uns a dizer que quem provocou o congelamento da nota foram os três conselheiros nomeados pelo PS, outros a dizer que não, que foi Laborinho Lúcio (felizmente, ainda ninguém disse que fui eu), como se fosse uma coisa extremamente difícil de saber ao certo, como se estivéssemos a tratar, não com Juízes Conselheiros, mas sim com garotos da escola, empurrando a autoria de uma traquinice de uns para os outros.

É mais um caso a precisar de um esclarecimento rápido e de claridade inquestionável. Primeiro, porque a já algo raquítica credibilidade da nossa Justiça, agradeceria. Segundo, porque ainda todos temos nos ouvidos a frase de Jorge Coelho, esse grande filósofo do Partido Socialista, segundo a qual, “Quem se mete com o PS, leva!”

Seria muito bom não ser esse o caso (desta vez).

Pobres das flores



XXXIII


Pobres das flores nos canteiros dos jardins regulares.

Parecem ter medo da polícia...

Mas tão boas que florescem do mesmo modo

E têm o mesmo sorriso antigo

Que tiveram para o primeiro olhar do primeiro homem

Que as viu aparecidas e lhes tocou levemente

Para ver se elas falavam...

(Alberto Caeiro - "O guardador de rebanhos")

terça-feira, 22 de setembro de 2009

150 pessoas... pronto, cento e cinquenta e tal...



“Sempre sonhei cantar assim para... 150 pessoas...” foi, mais palavra menos palavra, a parvoíce com que iniciei a minha “conversa” com os vários milhares de activistas e simpatizantes da CDU que enchiam por completo o Pavilhão Rosa Mota, no Porto, neste Domingo que passou. Chamo-lhe “parvoíce” pois corri o sério risco de que algum repórter presente pegasse nas minhas palavras, para reportar que “segundo um cantor presente, estavam cerca de 150 pessoas no comício com Jerónimo...”, tentando que a coisa pegasse.

Vem isto a propósito da real dificuldade (já há dias também notada pelo “Cravo de Abril”) que os órgãos de comunicação social têm, em geral, com os números, sempre que estes envolvem a CDU ou o PCP, nomeadamente quanto a participantes em desfiles, manifestações, comícios, sondagens, etc.

Mais uma vez, no “jornal de referência dos cafés”, lá vinham meias páginas e páginas inteiras, cheias de realizações, iniciativas e declarações de dirigentes e militantes do BE, PS, PPD e CDS, tudo à farta, tudo em grande... enquanto a actividade da CDU, que incluía o grande comício do Porto, cabia toda numa colunazinha estreita, lá bem encostada a um canto. Mais uma vez, enquanto os jornalistas presentes nas várias iniciativas de campanha foram capazes de dizer que estiveram tantas pessoas aqui, tantas acolá e outras tantas mais além, segundo o ou a “jornalista” que reportou a CDU, no comício “estiveram presentes mais de cinco mil pessoas, segundo disse Jerónimo de Sousa”, ao melhor estilo do moderno "alegadamente" ou do “acredite se quiser!”.

O facto de a ostensiva sanha dos media (controlados por quem se sabe) contra tudo o que faz ou diz a CDU, ser, compreensivelmente, motivo de orgulho para os seus activistas, pois é a prova de que as suas propostas acertam em cheio, lá, onde mais dói aos donos dos media e aos verdadeiros patrões desse donos, não transforma esta evidente discriminação numa coisa minimamente aceitável.

Felizmente, nenhum preconceito, nenhum entrave, boicote, distorção de factos, mentira ou silenciamento, impedirá o futuro de se cumprir.

Cavaco Silva - Vão-se os anéis...



A propósito desta mais recente crise institucional arraçada de romance de cordel, envolvendo espionagem, escutas, traições ao dever de lealdade entre órgãos de soberania... mas tudo em pobrezinho e algo parolo, Aníbal Cavaco Silva veio dizer (tarde e a más horas), naquele seu rouquejar em que sobram sílaba-je, je , je... e alguns restos de sobremesa, que estava preocupado, mas que para não interferir no processo eleitoral (disse isto sem se rir!) apenas falaria depois de passadas as eleições. Aí sim, quereria muito informar-se e falar ao país sobre questões de segurança...

Lá falar, não falou... mas entretanto tratou de despedir Fernando Lima, seu fiel colaborador há anos e principal assessor de imprensa. Nada fica esclarecido, tudo fica mais nebuloso, permitindo toda a sorte de especulações, numa estória em que ninguém, nem Governo, nem Presidência, fica bem na fotografia. Foi mais uma canhestra tentativa de salvar os dedos, enquanto todos os anéis (da independência, da seriedade, da ética) se vão, um por um.

Mesmo assim, fico com alguma curiosidade sobre que diabo será o seu discurso em que nos vai falar de “segurança”.

Será a falta de segurança que permite escutas a Belém, feitas pelos serviços secretos, a mando do governo?

Será, pelo contrário, a falta de segurança que permite descobrir-se que tudo não passou afinal de uma inventona fabricada exactamente no Palácio de Belém?

Terá que ver com a alegada violência dos seguranças dos bares da 24 de Julho, do Bairro Alto ou da Ribeira no Porto?

Será uma interpretação dos sonhos de Paulo Portas?

Decididamente... mesmo que por absurdo, eu pertencesse a uma sociedade de pesca ao achigã, nem aí quereria ter esta luminária como Presidente!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Esmiuçando... (3)



Deu para entender a razão pela qual algumas... vá lá... muitas pessoas, gostam de Jerónimo de Sousa? É por ele ser assim. Com um grande sentido de humor, “rápido”, afável, muito inteligente... e por somar a tudo isso qualidades, convicções e ideais que muita gente, apesar de poder ser igualmente inteligente, afável, “rápida” e com sentido de humor, não tem! Uns porque não querem, os outros porque não têm estofo para chegar lá...

Todo o programa, aliás, foi um pedaço de noite bem passado!

Voltando a Ahmadinejad... e ao post anterior




Como ao longo da vida já “vi” duas ou três coisas (ou mais...), sei muito bem que um muçulmano é uma pessoa de bem, que, segundo uma frase atribuída ao Profeta que está na origem da própria religião, “é um homem igual a todos os outros, só que mais piedoso”.

Nem com poderosos lubrificantes conseguirá alguém, alguma vez, introduzir este princípio nas actividades dos bandos de fundamentalistas islâmicos, que desgraçadamente, em alguns casos, tomaram conta de países inteiros, fazendo regressar os seus povos a uma espécie de “idade média”, povoada de textos do Corão miseravelmente estropiados para justificarem os seus actos, povoada de terror, castigos corporais públicos, mulheres humilhadas e tratadas como lixo, povoada do mais lamentável obscurantismo.

Vem este texto a propósito do facto de um amigo me ter perguntado (discretamente, via mail) onde tinha eu a prova de que Ahmadinejad negou, mais uma vez, o Holocausto, dando a entender que tudo não passaria de um “erro de tradução”. Realmente... felizes os praticantes destas línguas, digamos, mais “difíceis”, pois podem sempre esconder-se atrás de “erros na tradução”. Poderia igualmente esconder-me atrás fo facto de os links para notícias sobre este assunto serem às centenas... mas prefiro escrever qualquer coisa da minha lavra.

Seria bom, se esta coisa da negação do Holocausto, feita pelo dirigente iraniano, pelo menos já pela segunda vez (e pelos vistos, com orgulho no resultado) fosse um erro de tradução. Seria bom que as repetidas declarações sobre o “apagar Israel do mapa”, como se a solução para os graves erros e crimes continuados dos sucessivos governos israelitas fosse o extermínio do país (com as óbvias consequências para o seu povo), fosse igualmente um erro de tradução... mais a repressão aos seus próprios cidadãos, a violência e tudo o que já escrevi atrás.

Seria, igualmente, muito bom, que a perseguição (e assassínio) de militantes comunistas iranianos fosse também um facto apenas "mal traduzido" e que o Partido Tudeh (Partido Comunista) viesse dizer (desdizendo o que disse aqui) que os comunistas e outros democratas não são, afinal, vítimas dos Ayatollahs, que estas eleições não foram fraudulentas, que existe liberdade no Irão e que não há milhares de iranianos que protestam contra esse estado de coisas, mesmo sabendo-se que (infelizmente) há quem, externamente, manipule e se aproveite de algum desse descontentamento.

Há ainda um comentador que deixa uma pergunta algo armadilhada, “Porque é que os EUA o detestam tanto?”... como se não fosse evidente que o Irão, dadas as suas pretensões hegemónicas regionais, é um empecilho para as pretensões estadunidenses naquela zona do globo. Como se isso, por si só, fosse uma demonstração de qualidade. Não é! Pessoalmente, gosto de muitas figuras a quem os EUA detestam e de outras de quem os EUA gostam, mas exclusivamente por aquilo que são e não para seguir ou contrariar os gostos "americanos". Se o “desamor” dos EUA fosse por si só um grande cartão de visita ou uma espécie de condecoração, então eu teria que ser um grande admirador do ditador e narcotraficante panamiano Manuel Noriega, do assassino Sadam Hussein, do grande líder talibã Bin Laden... o que, pelo menos nestes três casos, provocaria uma gigantesca “dor de costas”, pois todos eles foram antes “protegidos”, quando não mesmo, “criações” dos interesses dos EUA.

Ahmadinejad - Mais um hipócrita



Sempre que este fascista, de seu nome Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irão, pretende chamar as atenções para si, em vésperas de alguma negociação ou simples conversação internacional em que vá estar envolvido, “endurece” o seu discurso sobre o Estado de Israel, governado e controlado por outros fascista de igual ou ainda maior calibre, já temperados em muitos anos de crimes de guerra.

Como, pelos vistos, as simples críticas a Israel já pouco mobilizam a comunidade internacional, talvez por quase toda essa comunidade concordar com muitas delas, o fascista Mahmoud Ahmadinejad teve que encontrar uma fórmula que enojasse suficientemente qualquer pessoa de bem, fosse em que país fosse, para colocar quase toda a “sociedade das nações” contra si e assim alimentar, junto dos milhões de fanáticos que o apoiam, a chama de ódio mascarado de religião, que os alimenta.

Encontrou a fórmula ideal. Nestas alturas, num discurso qualquer, nega o Holocausto, afirmando que não passa de um mito e de uma estória inverosímil. Mais uma vez, repetiu a habilidade.

Não tenho muito a comentar, quanto mais não seja, porque tudo o que eu consiga dizer poderá não ser suficientemente contundente e apenas por isso, não fazer justiça ao sofrimento e sacrifício de milhões de judeus (e comunistas, gente da Resistência, milhões de soldados de vários países, maioritariamente do Exército Vermelho... e deficientes, ciganos, homossexuais...) às mãos da demência assassina do Nazi-Fascismo.

Tenho, no entanto, uma fantasia. Ver um dia entrar numa sala onde este escroque esteja a discursar, no passo lento e digno dos velhos de 90 anos, um sobrevivente do Gueto de Varsóvia, de Auschwitz, Buchenwald, ou qualquer outro campo da morte, dirigir-se até à tribuna de Ahmadinejad e, muito calmamente, desfazer-lhe o focinho com um taco de beisebol.

Para terminar, apenas partilharia a minha opinião sobre a credibilidade destes dirigentes terroristas fanáticos. São uma fraude! Como é que sei? Pela idade. Qualquer militante ou dirigente que passa os dias a gritar “guerra santa!” e chega a velho... é um hipócrita e um aldrabão. Os “puros de coração” e sinceros, desgraçadamente para si e sobretudo para as vítimas dos seus atentados suicidas, normalmente morrem antes (ou muito pouco depois) dos vinte anos de idade.

domingo, 20 de setembro de 2009

Sondagens "especiais"



Um dia pode ser que calhe em conversa o porquê das minhas (e depois nossas) mudanças de casa, sobretudo em tão grande número. Até aos vinte anos, vivendo com os pais, foram cerca de dez mudanças. Depois, saído da dita, a que já só voltei de visita, foram até hoje, se não estou em erro, catorze! Isto, claro, percorrendo o mapa em todos os sentidos.

Não é isto que é extraordinário, pelo menos para mim. O que acho verdadeiramente inexplicável, dada a minha tremenda mobilidade, entremeada com permanências prolongadas em alguns dos lugares... é o facto de nunca, mas mesmo nunca ter sido “sondado” antes de uma eleições. Que diabo! Era quase impossível não acertar em mim.

Nesta altura do campeonato, em que já me parece mais provável ter um encontro imediato com uma sonda espacial marciana, do que com um ou uma qualquer “sondadora” das nossas empresas da especialidade, empresas em que já deu para ver ao que andam realmente, não só pela “competência” fulgurante revelada nos acertos dos resultados, como pela evidente prática de “pastorícia” de votos de indecisos para aqui ou para ali... conforme soprem os ventos e mandem os mandantes, nesta altura do campeonato, como ia dizendo antes de me perder, não valerá já muito a pena virem perguntar-me seja o que for.

Com o raio de feitio que entretanto se me instalou algures entre as meninges, o mais certo será perguntar “E o que é que você tem que ver com isso?! Hein???!”

No Porto, em festa!



Já não nasci a tempo de fazer nada para evitar que o Palácio de Cristal do Porto fosse destruído, em 1951, pelos empreiteiros, semi-engenheiros e outras luminárias a que o património deste país tem estado condenado há muitas décadas.

Hoje, magnífico, cheio de luz, recuperado, cuidado e frequentado por pessoas com roupas diferentes das que se vêem na imagem, seria um lugar fantástico para cantar e estar com amigos.

Construíram aquela outra "coisa" lá no mesmo lugar... e durante muito tempo chamaram-lhe também Palácio de Cristal. Felizmente, agora chama-se Pavilhão Rosa Mota.

É lá que estarei hoje, a partir das 16 horas, ao lado da Luísa Basto e rodeado de gente que quer realmente mudar o Porto, mudar o país, mudar o mundo. Gente de alma lavada e com energia para o fazer. Gente convicta de que no programa da CDU encontra as ferramentas para o conseguir. E isso merece ser festejado!

sábado, 19 de setembro de 2009

A corrida



Esta estória passada entre o Público e o Diário de Notícias, com o primeiro a sugerir que há escutas do Governo ao Presidente e o segundo a sugerir que foi o presidente quem "encomendou" essa estória, numa troca de textos em que já não há jornalistas nem jornalismo, mas sim marionetas manipuladas por “fontes bem informadas”, é, convenhamos, um lamaçal de contornos algo porcos.

Se for verdade que o Primeiro Ministro, para se garantir no poder, controla a actividade política do Presidente, utilizando para isso os serviços secretos... convenhamos que será um facto um pedacinho porco.

Se for verdade que, para comprometer o Governo e o PS, com o objectivo de favorecer o PPD-PSD e realizar o velho sonho da direita, “Um Governo, um Presidente”, Cavaco Silva inventa e manda “plantar” nos jornais esta estória mirabolante das escutas... convenhamos que será igualmente um facto um tudo nada porco.

É lamentável! Adaptando livremente a esta situação a célebre frase de uma antiga glória de Hollywood, direi que “O grande problema numa corrida de porcos é que o que chega em primeiro lugar nem por isso deixa de ser um porco!”

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Nem tudo está perdido



Não resisti a surripiar este recorte ao “Arrastão”, que por sua vez o tinha surripiado ao “Jugular”... e por aí fora.

Leiam com atenção. Que diabo... alguma coisa há-de estar na vossa lista de desejos e problemas. Se tudo falhar, podemos sempre candidatar-nos a qualquer coisa.

De qualquer modo, se houver “candidaturas” de todos os partidos, isto vai ficar (aí sim!) ingovernável. Como terá dito Nelson Rodrigues, escritor, jornalista e grande cronista desportivo brasileiro, a propósito das orações, benzeduras e sinais da cruz dos jogadores de futebol, “Se oração resultasse, o campeonato acabava sempre empatado!”

Na dúvida... quando é o próximo expresso da Rodoviária para Portimão?

Pela cultura, liberdade, transformação e emancipação





Quando há umas boas semanas a CDU fez a divulgação pública de um documento contendo as suas ideias e propostas para mudar a triste e medíocre realidade da “política cultural” que temos sofrido, realidade em que o miserável orçamento dos sucessivos ministérios da cultura é apenas umas das faces do desprezo e abandono a que a generalidade dos criadores, intérpretes, produtores, difusores e demais trabalhadores da cultura têm sido condenados, talvez em “estado de choque” pelo facto de os comunistas terem sido os únicos a tomar uma tal iniciativa, a dita divulgação pública contou com a presença de um jornalista.

Habituados já a este “profundo interesse” pela cultura, potenciado pela “grande curiosidade” que os órgãos de comunicação e muitos dos seus jornalistas ostentam por tudo o que venha desta área política... nem ficámos admirados. Aproveitámos, isso sim, para lançar a ideia de um grande abaixo assinado em que estivessem condensadas as traves mestras desse documento ali apresentado.

Fazer crescer até ao nível de uma onda o número de assinaturas desse abaixo assinado, será uma espécie de “estalada sem mão” na apatia e desinteresse, não só do poder, como dos jornais, revistas e televisões que tão obedientemente o servem.

Para assinar online... é aqui!

Se estiverem de acordo (obviamente), não deixem de o fazer!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Durão Barroso reconduzido (por seus donos)



Embora não seja possível vê-lo pela minha cara, nem pela deste meu jovem amigo, a verdade é que estamos radiantes, entusiasmados e tão orgulhosos que eu sei lá...

A verdade, mesmo não se vendo pela cara, repito, é que a tão estimada reeleição do Camarada Abel, também conhecido por Durão Barroso, para a Comissão Europeia (com uns tantos votos contra de uma gente que francamente...) é um verdadeiro refrigério para as nossas almas, enquanto europeus, enquanto portugueses, enquanto...

A verdade é que os superiores interesses de Portugal, segundo afirmam algumas luminárias, sairão muitíssimo beneficiados com esta eleição, embora isso também não possa ver-se, nem nas nossas caras... nem realmente em lado nenhum.

Estamos certos de que continuará a fazer com esmero o extraordinário número de forças combinadas e contorcionismo que, pela segunda vez, lhe garantiu o apoio de quem manda por aquelas bandas (e dos que realmente mandam nesses).

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

José Saramago, Lobo Antunes, Sousa Tavares – No amor não há idades!



Há uns dias foi notícia o escritor António Lobo Antunes, aquando da revelação pública do seu romance com a jovem jornalista brasileira de 31 anos, Raquel Cristina dos Santos, romance que vai bem encaminhado para casamento. Agora é notícia o igualmente... igualmente, não!... também escritor, Miguel Sousa Tavares e o seu romance com a jovem escritora brasileira de 29 anos, Tatiana Salem Levy (ou Levy Salem?).

Não quero outra coisa que não seja a felicidade dos dois, como há já muito tempo desejo a José Saramago, que vai para mais de vinte anos também se casou com a então bastante jovem Pilar del Rio, casamento que recentemente até repetiu... mas mesmo assim, acho que alguém devia dizer ao Lobo Antunes e ao Miguel Sousa Tavares que não foi exactamente por isso que Saramago ganhou o Nobel da Literatura.

Domingos Lopes – Criação de factos políticos



Domingos Lopes, que há anos estava efectivamente afastado, física e ideologicamente, do Partido Comunista Português, resolveu publicitar e oficializar esse afastamento exactamente agora, depois de já começada a campanha eleitoral.

Não, isto não é ainda o texto do post... é apenas a constatação de um facto.

Como lembra o Fernando Samuel, durante os próximos dias (e depois da enchente de ontem) não haverá espaço que chegue para tanta entrevista, tanta declaração, tanto comentário... a explicar os motivos desta deserção. Não haverá praticamente nada a perguntar a Jerónimo de Sousa, em campanha, a não ser sobre as suas reacções a esses motivos, declarações, entrevistas e comentários sobre a deserção, que como ele muito bem disse, “já era”, aproveitando ainda para esclarecer com uma frase feliz, que "não se pode sair de um sítio onde já não se está".
É evidente que a perigosa aproximação do dia das eleições para a Assembleia da República, ao mesmo tempo que se verifica uma tendência dos eleitores para simpatizar com as propostas da CDU e até, pasme-se!, com o Secretário Geral do PCP, é uma situação que estava a tornar-se intolerável. Alguém tinha que fazer alguma coisa... e depressa!

Não... isto continua a ser apenas a constatação de factos...

Agora então, o post:

Primeiro, só escrevo sobre isto porque me irrita pensar que, a não escrever, pairaria por aí o riso escarninho tipo “olha, mais um blog da área da CDU que se cala sobre o assunto...”

Segundo, e talvez até devesse estar escrito antes de tudo, reafirmo que toda a gente tem o direito de estar onde está, ir para onde vai, chegar aonde quer pelos meios que achar adequados, criticar os partidos em que militou (mesmo que pelos motivos errados), fazer carreiras fulgurantes em novos partidos logo após a sua deserção, como tem acontecido não poucas vezes.

Já outra qualificação, muitíssimo diferente, tem o acto de, ao mesmo tempo que se apregoa a mágoa pelo facto de desertar, procurar, pelo modo como se faz e quando se faz o anúncio, causar o maior dano possível. Claro que isso apenas é revelador do carácter da pessoa, como que uma espécie de “pescada que antes de ser já o era”, pois é bastante possível que tenha sido esse mesmo “carácter” a criar as condições que levaram à deserção.

Todas as críticas e razões de Domingos Lopes serão dissecadas, discutidas e avaliadas por pessoas com mil vezes mais capacidade e bagagem teórica do que eu... mas uma coisa tenho que lhe agradecer, que é o facto de me ter chamado a atenção para a tal ocupação da Checoslováquia por tropas do Pacto de Varsóvia, em 1968, acontecimento histórico de que eu só muito raramente e por alto fui ouvindo falar ao longo destes últimos 41 anos e de que Domingos Lopes, pelo menos avaliando o “ar escandalizado” com que fala dele agora... não tinha de todo conhecimento.

Quero agradecer-lhe ainda ter-me fornecido uma boa estória para ilustrar esta curiosa imagem que tinha guardada, retrato de um jovem empreendedor, criador e encenador de factos políticos e jornalísticos.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Esmiuçando... (2)






Manuela Ferreira Leite no Gatofedorento. Quem havia de dizer que tem maior sentido de humor, naturalidade e "ginástica" do que José Sócrates!

A Dona Manuela pode não ter feito nenhum novo amigo... mas também não aumentou o número de inimigos. Pode não ter ganho um voto... mas também não perdeu.
Teve a presença de espírito e o "nervo" para ser ela própria, em contraste com um Sócrates profundamente irritante e falso, que durante todo o tempo lembrou uma récita má, de um grupo de teatro amador de escola secundária.

De qualquer modo, estou apenas com 57 anos... e muito tempo para continuar a ter surpresas.

Prós e Contras "Especial"



Mais uma noite de “Prós e Contras”. Este foi dedicado aos 327 pequenos partidos, o que à partida, além de justo, seria uma boa ideia. Chamaram-lhe “Prós e Contras Especial”.

De facto... foi especialmente deprimente, polvilhado aqui e ali por elementos de puro asco, “compensados” pelo tédio geral.

Não fora a espessa tristeza que um espectáculo daqueles provoca e poderia ter proporcionado dois ou três momentos hilariantes... como aquele de um dos “cromos” presentes, que resolveria uma boa parte do problema do desemprego, pondo os desempregados a limpar estradas e florestas.

Presumo que se a moderadora lhe tivesse perguntado se tinha alguma ideia de quanto custaria fazer deslocar, alojar, alimentar esses milhares de pessoas, ele tivesse as contas “na ponta da língua”.

Presumo igualmente que deve ser mais simples propor inanidades destas do que discutir seriamente as causas do desemprego, as formas de o combater e, já agora, em relação às florestas, uma nova ideia de ordenamento do território, posse e uso da terra...

Esmiuçando...



Utilizando (abusivamente) algum do material humorístico (e gráfico) dos próprios artistas, direi que sim, tiveram “nano, mini, micro, pequena e média graça”. Aqui e ali... bastante.

Graça distribuída irregularmente ao longo do programa... mas que é sempre muito melhor do que os espectáculos de indigência e estupidez a que somos diariamente sujeitos, isto se não estivermos atentos e com o dedo rápido no comando.

Venham então os próximos!


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Cultura doente



Ontem, antes de começar realmente o evento político que me levou a Évora, foram várias as minhas incursões a pequenos cafés da 5 de Outubro, à entrada da Sé, mais para apreciar a cara espantada dos turistas com o espectáculo de tantas bandeiras a chegar... e ao recatado Largo Dr. Mário Chicó, ao qual se chega directamente do grande espaço do Templo Romano e que tem vista para as injustiçadas (por menos vistas) traseiras da dita Sé.

Aí, numa casa de um só piso, daquelas “bem à Évora”, está instalado o que me pareceu ser apenas um dos departamentos do “Instituto de Cultura Vasco Vill’Alva”, neste caso o seu “Museu de Carruagens”.

Lido o letreiro, ao longe, lá fui para espreitar qualquer coisa que pudesse estar à vista através das portas ou janelas, já que como grande parte dos nossos museus, este também fecha ao Domingo... exactamente quando a maior quantidade de turistas, sobretudo os nacionais, andam a passear pelas nossas cidades, vilas e aldeias. Afinal não dava para espreitar nada, mas (infelizmente) deu para ver outra coisa.

O “instituto tal e tal”, dadas as intervenções no património em que está envolvido, o ar das instalações, as publicações que apoia e as que edita, os arquivos históricos (de vária ordem) que possui, mesmo sendo uma associação sem fins lucrativos, vê-se que deve mexer com verbas importantes... ou pelo menos, devia, fossem elas originárias de rendimentos próprios ou de (justificados) apoios públicos.

Mas não! Chegado à porta de entrada, lá estava a “realidade tuga” a abater-se sobre mim, na forma de uma triste folha de papel em formato A4, que num assomo de “despesismo” os responsáveis resolveram fazer em papel timbrado e numa impressora, em vez de um papel qualquer, escrito à mão (valha-nos pelo menos isso!...).

Encerrado por tempo indeterminado
por motivo de doença
da funcionária.

Desejo, sinceramente, as melhoras da senhora... e do país!

Com os meus botões...



Ontem a cidade de Évora foi a bela anfitriã de três realizações partidárias de campanha. Duas pequenas e uma grande. Isto não implica nenhuma espécie de ironia nem marketing... é apenas a fria realidade dos números.

Estava eu ali por todo o lado, ouvindo os discursos de vários candidatos da CDU, vendo aquela bonita imagem de um templo romano completamente rodeado por vários milhares de pessoas, trocando palavras com alguns amigos, lembras-te de mim? De Hamburgo... sou o Alcino! pois... já lá vão quase trinta anos... e lembrava-me mesmo!, enquanto ia saboreando o doce das palmas às cantigas partilhadas com a Luísa Basto e toda a gente, o coração ao mesmo tempo a bater em Ourém, junto com outros amigos... enquanto mais para o fim, Jerónimo, no seu jeito simples, próximo e confiável, falava dos votos de esquerda que são inúteis nas mãos do PS e do “Nulo” que foi o debate entre Sócrates e Ferreira Leite, no fundo, o “Nulo” em que PS e PPD-PSD nos têm feito viver nos últimos 33 anos, o “Nulo” e o profundo vazio que tem resultado das suas incontáveis promessas.

Deu-me para pensar para comigo que é preciso vermo-nos livres desta gente que passa o tempo a dizer-nos coisas sem as fazer e a fazer-nos coisas... sem dizer!

domingo, 13 de setembro de 2009

Os espanhóis – Essa “raça daninha”!



Os media dominantes, prosseguindo o seu “trabalho” de tentativa de pastorícia dos votos dos portugueses, tratam de nos vender a ideia do “empate técnico” entre Sócrates e Ferreira Leite, ao mesmo tempo que conseguem vislumbrar “divergências em todos os temas” entre os dois. Não é isso que me faz escrever este texto.

Já todos tivemos ocasião de apreciar amplamente muitas das características pessoais e políticas, tanto de Sócrates como da Dona Manuela. Neste debate foi-nos revelada mais uma: a Dona Manuela tem uma aversão assinalável por espanhóis. A propósito de uns autarcas espanhóis que em coro com alguns outros, portugueses e socialistas, têm questionado a vontade expressa da senhora em acabar com o TGV, considera-se atacada e diz que não quer espanhóis metidos na política portuguesa e...

- Ó Dona Manuela! Mas o que raio é que isso interessa...

- Não gosto!!!

- Pronto, pronto, Dona Manuela... calma! Não precisa de se enervar dessa maneira... Se não gosta de espanhóis coma só as batatas...

De qualquer modo, com o jeitinho especial que a Dona Manuela Ferreira Leite tem para “suspender” coisas (como a democracia, lembram-se?), também há-de conseguir, mais uma vez, suspender o seu ódio ibérico, tal como já antes fez, durante o tempo em que esteve a trabalhar para os espanhóis do Banco Santander.

A solução (final?)



Por força de um arreliador descuido, o meu jantar foi salpicado por umas declarações de D. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa, de serviço numa daquelas várias realizações paralelas que têm lugar em Fátima ao longo do ano. Disse o clérigo, mais palavra menos palavra, que “Não podemos continuar a brincar aos partidos. É preciso encontrar uma solução que dê consistência ao país.”

Sem querer dar lições de História ao ilustre prelado, lembrar-lhe-ia que já “encontrámos” (e por 48 anos) essa “solução”! Chamou-se regime fascista e foi dirigido por esse grande amigo pessoal do cardeal Cerejeira, António Salazar.

Ó senhor bispo sobressalente, perdão, auxiliar! E se fosse dar banho ao cão?!

sábado, 12 de setembro de 2009

Ary dos Santos - Canto Franciscano



Canto Franciscano
(José Carlos Ary dos Santos)

Por onde passaste tu
que não soubeste passar?
Pela sandália do tempo
pelo cílio do luar
pelo cílio do vento
pelo tímpano do mar?
Por onde passaste tu
que não soubeste passar?

Por onde passaste tu
que me ficaste cá dentro
tenaz do fogo divino
irmão pinho ou aloendro?
Por onde passaste tu
que me ficaste cá dentro?

Pois bem: nos campos da fome
ou nos caminhos do frio
se eu encontrasse o teu nome
lançava-te o desafio:
por onde passaste tu
pétala viva dos cerdos
rei das chagas e dos podres
- por onde passaste tu
não passaram as minhas dores!

Nasci da mãe que não tive
do pai que nunca terei
e aquilo que sobrevive
é o irmão que não sei:
uma espécie de fogueira
de corpo que me deslumbra.
Tudo o mais à minha beira
é uma réstia de sombra.
- Por onde passaste tu
com artelhos de penumbra?

Eis-me. Eis-me incendiado
por não saber perdoar.
Meu irmão passa de lado
- Eu sei como hei-de passar.

France Telecom – Mãos sujas de sangue



22 suicídios em 18 meses, e mais algumas tentativas, sendo que uma dessas tentativas de suicídio ocorreu mesmo durante uma reunião de trabalho. É este o triste balanço do estado de descontrolo e desespero a que a cegueira da flexibilidade, mobilidade e demais crimes normalmente associados ao que o capitalismo selvagem chama reestruturações, está a levar os trabalhadores da gigante France Telecom. É a consequência visível do tipo de gestão demente, centrada no lucro a qualquer preço e no jogo e especulação bolsista, que se instalou na maioria das grandes empresas, onde os trabalhadores não passam de "activos", tratados com a mesma frieza (por vezes mais) com que se tratam todos os outros números e indicativos.

Assustados, mais pela má publicidade para as sua acções em bolsa do que com as vidas dos trabalhadores, que tanto gostam de (insultuosamente) chamar colaboradores, os escroques que dirigem a empresa recuam em algumas dessas “reestruturações” e pedem a ajuda de equipas de profissionais de saúde mental para lidar com o stress.

Não seria preciso! Bastaria não tratarem os trabalhadores como animais, cortando-lhes toda e qualquer ligação a um mundo de justiça, decência e felicidade, por força da desumana competitividade que é o dia a dia nestes verdadeiros antros de criminosos económicos e adoradores do deus dinheiro.

Mesmo quando vem com pezinhos de lã, mascarado de “economia de mercado”, é este o verdadeiro rosto do admirável mundo podre dos neoliberais, que se não forem definitivamente travados, acabarão por destruir o mundo.

E agora chamem-me comuna ou digam que estou a exagerar... a ver se eu me importo!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

11 de Setembro de 1973



Há trinta e seis anos, por esta hora, ou melhor, por volta das 18 horas em Santiago do Chile, o golpe militar comandado pelo assassino Augusto Pinochet estava consumado e já tinha ocorrido o assassinato a sangue frio do Presidente Salvador Allende, assassinato por muito tempo mascarado de suicídio.
Seguir-se-iam horas de puro terror e assassinatos em massa, prolongadas por muitos anos de repressão feroz, em que a morte foi sendo sempre a marca distintiva de um governo de criminosos.

Já se disse quase tudo sobre este 11 de Setembro e da impressão digital que o governo dos EUA e a CIA ali deixaram em todos os crimes, que confessadamente apoiaram e financiaram.

Este 11 de Setembro é o menos falado (ou sequer lembrado) nos meios de comunicação social. Exactamente por isso, mais uma vez aqui o lembro. Por isso e pela insistente dor de viver num mundo em que foi possível que isto acontecesse a Allende, Victor Jara e tantos milhares de trabalhadores, sindicalistas e revolucionários, tendo todos os assassinos, tanto os executantes como os verdadeiros mandantes e financiadores, ficado impunes.

Mais uma vez espero (exijo) que esta minha maior atenção pelo 11 de Setembro de Santiago do Chile (somada ao facto de denunciar os EUA como mandantes do crime) não seja confundida com um qualquer menor respeito pelas vítimas do outro 11 de Setembro, em New York.

Mais uma vez me socorro desta extraordinária canção de Pablo Milanés para banda sonora do que acabo de escrever.
Que nunca mais!


Yo pisaré las calles nuevamente
(Pablo Milanés)

Yo pisaré las calles nuevamente

de lo que fue Santiago ensangrentada,

y en una hermosa plaza liberada

me detendré a llorar por los ausentes.



Yo vendré del desierto calcinante

y saldré de los bosques y los lagos,

y evocaré en un cerro de Santiago

a mis hermanos que murieron antes.

Yo unido al que hizo mucho y poco

al que quiere la patria liberada

dispararé las primeras balas

más temprano que tarde, sin reposo.



Retornarán los libros, las canciones

que quemaron las manos asesinas.

Renacerá mi pueblo de su ruina

y pagarán su culpa los traidores.



Un niño jugará en una alameda

y cantará con sus amigos nuevos,

y ese canto será el canto del suelo

a una vida segada en La Moneda.



Yo pisaré las calles nuevamente

de lo que fue Santiago ensangrentada,

y en una hermosa plaza liberada

me detendré a llorar por los ausentes.


“Yo pisaré las calles nuevamente” – Pablo Milanés
(Pablo Milanés)