segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Voltando a Ahmadinejad... e ao post anterior




Como ao longo da vida já “vi” duas ou três coisas (ou mais...), sei muito bem que um muçulmano é uma pessoa de bem, que, segundo uma frase atribuída ao Profeta que está na origem da própria religião, “é um homem igual a todos os outros, só que mais piedoso”.

Nem com poderosos lubrificantes conseguirá alguém, alguma vez, introduzir este princípio nas actividades dos bandos de fundamentalistas islâmicos, que desgraçadamente, em alguns casos, tomaram conta de países inteiros, fazendo regressar os seus povos a uma espécie de “idade média”, povoada de textos do Corão miseravelmente estropiados para justificarem os seus actos, povoada de terror, castigos corporais públicos, mulheres humilhadas e tratadas como lixo, povoada do mais lamentável obscurantismo.

Vem este texto a propósito do facto de um amigo me ter perguntado (discretamente, via mail) onde tinha eu a prova de que Ahmadinejad negou, mais uma vez, o Holocausto, dando a entender que tudo não passaria de um “erro de tradução”. Realmente... felizes os praticantes destas línguas, digamos, mais “difíceis”, pois podem sempre esconder-se atrás de “erros na tradução”. Poderia igualmente esconder-me atrás fo facto de os links para notícias sobre este assunto serem às centenas... mas prefiro escrever qualquer coisa da minha lavra.

Seria bom, se esta coisa da negação do Holocausto, feita pelo dirigente iraniano, pelo menos já pela segunda vez (e pelos vistos, com orgulho no resultado) fosse um erro de tradução. Seria bom que as repetidas declarações sobre o “apagar Israel do mapa”, como se a solução para os graves erros e crimes continuados dos sucessivos governos israelitas fosse o extermínio do país (com as óbvias consequências para o seu povo), fosse igualmente um erro de tradução... mais a repressão aos seus próprios cidadãos, a violência e tudo o que já escrevi atrás.

Seria, igualmente, muito bom, que a perseguição (e assassínio) de militantes comunistas iranianos fosse também um facto apenas "mal traduzido" e que o Partido Tudeh (Partido Comunista) viesse dizer (desdizendo o que disse aqui) que os comunistas e outros democratas não são, afinal, vítimas dos Ayatollahs, que estas eleições não foram fraudulentas, que existe liberdade no Irão e que não há milhares de iranianos que protestam contra esse estado de coisas, mesmo sabendo-se que (infelizmente) há quem, externamente, manipule e se aproveite de algum desse descontentamento.

Há ainda um comentador que deixa uma pergunta algo armadilhada, “Porque é que os EUA o detestam tanto?”... como se não fosse evidente que o Irão, dadas as suas pretensões hegemónicas regionais, é um empecilho para as pretensões estadunidenses naquela zona do globo. Como se isso, por si só, fosse uma demonstração de qualidade. Não é! Pessoalmente, gosto de muitas figuras a quem os EUA detestam e de outras de quem os EUA gostam, mas exclusivamente por aquilo que são e não para seguir ou contrariar os gostos "americanos". Se o “desamor” dos EUA fosse por si só um grande cartão de visita ou uma espécie de condecoração, então eu teria que ser um grande admirador do ditador e narcotraficante panamiano Manuel Noriega, do assassino Sadam Hussein, do grande líder talibã Bin Laden... o que, pelo menos nestes três casos, provocaria uma gigantesca “dor de costas”, pois todos eles foram antes “protegidos”, quando não mesmo, “criações” dos interesses dos EUA.

11 comentários:

Jorge disse...

"The pretext for establishing the Zionist regime is a lie; a lie which relies on an unreliable claim, a mythical claim, and the occupation of Palestine has nothing to do with the Holocaust."
Estas são palavras do presidente do Irão e podem ser lidas aqui:
http://www.president.ir/en/?ArtID=17832
Esta página do presidente do Irão vale o que vale, como é hábito dizer-se.
«desfazer-lhe o focinho com um taco de beisebol», é uma expressão que eu nunca usaria, é uma acção que eu nunca incitaria a praticar.

samuel disse...

Jorge:
Portanto... tudo são erros de tradução! Ficamos assim...
Ah e sobre o taco de beisebol... não me leve tão a sério, amigo, nem aos meus "incitamentos". Pessoalmente, já mandei várias pessoas à merda e nunca fiquei à espera que voltassem daí a umas horas carregadas com baldes da dita. E você?

Abraço.

duarte disse...

ia comentar...mas ...eheheh..espera
EHEHEHEH... pronto.
Existe gente boa e gente má, independentemente do seu credo, nacionalidade,filiação política ou clube de futebol...
Temos de ter a capacidade de discernir.
A religião muçulmana, conheço e convivi com ela alguns anos.conheci gente fanática( que matou a mulher e enforcou-se a seguir, deixando dois filhos- um com 2 anos e outro com4), e conheci gente fantástica, como um outro vizinho que me convidava sempre para tomar um chá, e me tratava como a criança que eu era...
estamos a falar de valores morais creio, e não de sectarismos.
shalom.
e abraço do vale

Jorge disse...

A frase «Portanto... tudo são erros de tradução!» é completamente despropositada.
Eu nunca - nunca! - usaria a frase «desfazer-lhe o focinho com um taco de beisebol», nem a brincar.
Desde antes da época Bush, de Guantánamo, de Bagram, dos vôos da CIA, etc., tenho a «mania» de levar certas coisas a sério.

Alá disse...

"desfazer-lhe o focinho com um taco de beisebol», caro Samuel, diria antes: "enfiar-lhe uma granada pelas goelas" e ver o animal desfazer-se em mil bocados.

samuel disse...

Jorge:
Temos, portanto, sentidos de humor (ou seja lá o que for) incompatíveis. Há que constatar o facto e, sobretudo, ficar por aqui! Não é grave... embora eu dispense e lide mal com "lições de moral"... sobretudo se me parecerem injustas e igualmente despropositadas.


Alá:
Como evidentemente isso não passa também duma "imagem"... porque não? :-)))

Saludos gerais!

Luis Nogueira disse...

Concordo plenamente com o Duarte, acima, eu que também convivi, e bastante, com eles. Nunca me esqueço como as portas se me abriam, nunca esquecerei o dono de uma casa que parava todos os relógios para que o temmpo não passasse enquanto eu (ou qualquer outra pessoa) fosse seu hóspede.

Claro que por vezes a uma brutalidade se reage com um exagero. Mas que tudo se fique pelas palavras, ao menos... Que saibamos perdoar, este e outros inesperados deslizes, mesmo descrentes e infieis como este que escreve, "em nome de Alá, compassivo e misericordioso". (Sura 6)

Luis Nogueira

Anónimo disse...

Depois de ler Samuel cheguei à conclusão que há homens que escrevem e outros que sujam papéis com letras.

Anónimo disse...

Sou o anónimo anterior e só depois li o primeiro post sobre o assunto.
Gostava de lembrar que os chefes israelitas tomaram conta do holocausto e nem foram pessoas deles as que mais morreram mas para eles não houve mais ninguém a morrer na II guerra.

samuel disse...

Luis Nogueira:
Gente boa que há em todo o lado, felizmente!

Anónimo:
Não percebo se está a insultar-me ou a elogiar-me... mas como comentou antes de ler e pelo texto de ambos os comentários...
Vai dar ao mesmo! :-)))


Saludos gerais.

Anónimo disse...

Essa do holocausto faz rir...Então não é que somente os judeus foram holocaustiados..! Quero crer que há erro nessas afirmações.

Devem concordar comigo que a ser assim,um holocausto só pode ser para judeus. E então os milhões de soviéticos que na URSS foram liquidades antes dos judeus na Alemanha?

Lembrar que o nazismo só começou a liquidar judeus depois da liquidação de milhões de soviéticos. Depois da razia que os italianos fizeram na Etiópia e de igual modo na Espanha republicana.

Vá lá substituam a palavra holocausto por outra qualquer que designe o crime perpretado contra a humanidade.

Por aquilo que tenho lido sobre o tal chamado holocausto, o que se passa no Afeganistão, o que se passa no Iraque ou no Sudão são pequenas eventivas de seres humanos mal-formados.

Quanto ao senhor presidente do Irão, que não é Árabe, vai dizendo tal qual Reagan, Bushs, Clinton e agora o "democrata Obama e ~também Durão Barroso ou José Sócrates.
Abraço do "Catraio"