domingo, 5 de dezembro de 2010

Chico Buarque - Flor da idade... e alguns “insultos”...




Quadrilha
(Carlos Drummond de Andrade)

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.



Que posso eu dizer sobre este “monstro”, que não tenha já sido dito?

Que posso eu chamar a este “sacana” que alguém não tenha já chamado, ainda com mais vontade do que eu?

Sendo assim, fico-me por uma apreciação puramente pessoal... a de que este tipo é o maior autor de canções do mundo! (Se bem que há quem goste dele, sobretudo por causa daqueles olhos...)

Mesmo assim, que raio se pode fazer a um tipo que tece esta genial renda de palavras sobre o primeiro amor e a flor da idade, para acabar a brincar sobre o poema de Carlos Drummond de Andrade, com que comecei?

Olhem... bom domingo!


Flor da Idade
(Chico Buarque de Holanda)



A gente faz hora, faz fila na vila do meio dia

Pra ver Maria

A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia

A porta dela não tem tramela

A janela é sem gelosia

Nem desconfia

Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor



Na hora certa, a casa aberta, o pijama aberto, a família

A armadilha

A mesa posta de peixe, deixe um cheirinho da sua filha

Ela vive parada no sucesso do rádio de pilha

Que maravilha

Ai, o primeiro copo, o primeiro corpo, o primeiro amor




Vê passar ela, como dança, balança, avança e recua

A gente sua

A roupa suja da cuja se lava no meio da rua

Despudorada, dada, à danada agrada andar seminua

E continua

Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor




Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo
 Que amava Juca que amava Dora que amava 
Carlos que amava Dora
 Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava

Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava
 a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha.

“Flor da idade” – Chico Buarque
(Chico Buarque)




8 comentários:

Anónimo disse...

Bom também para ti, amigo.
E obrigada pela canção aqui deixada!
Sal

Maria disse...

Deliciei-me a ouvi-lo N vezes.
A gente começa por gostar das cantigas e da voz, só depois repara nos olhos. Mas tu também não te podes queixar, lembras?

:)))

Abreijos e bom domingo.

Elísio Alfredo disse...

O que é que se pode fazer? Lê-lo e ouvi-lo. Comungo da ideia para um domingo frio e chuvoso. Obrigado Samuel.

Graciete Rietsch disse...

Fantástica a canção.Não a conhecia. Obrigada.

Um beijo.

Justine disse...

Eu diria mais: é o maior autor de canções do mundo, um grandessíssimo escritor de romances,um intérprete incomparável, e tem uns olhos...enfim...tranaparentes!!

maia disse...

E ele derrama-nos o leite, a voz, a música , o poema, a beleza das canções e também a dos seus olhos verdes.

Fernando Samuel disse...

Entre o Drummond e o Chico, venha o... talento e escolha...

Um abraço.

Maçã de Junho disse...

Ele canta a nossa vida....
E gosto da sua voz já gasta, e gosto do seu jeito de escrever a palavra "língua".... Já repararam como a escreve diferente de todos os outros?

M