segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Costinha e Sporting – Apenas uma questão de “imagem”?


Ele anda por aí! Mesmo fora do círculo da ação política ativa e do exercício do poder, aquilo a que se costuma chamar “sociedade civil”, o fascismo e os seus tiques nunca deixaram de se fazer sentir. Não podendo aqui envergar as camisas negras, ou castanhas, ou as botas cardadas, dedica-se a minar a sociedade com aquilo a que chama “valores”. Deixando cirurgicamente de fora os princípios e valores que realmente fariam avançar os povos e que, fatalmente o liquidariam, o fascismo dedica-se a “valores” de outra ordem, aqueles que podem semear a discórdia, o ódio, a repulsa pelo diferente.
E aí os temos nas igrejas, nas escolas, nos jornais, nas televisões, controlando quem pode amar quem, onde e quando se pode beijar alguém, quem é casado, que se divorciou, quem fez um aborto, qual o comprimento das saias das meninas, qual o comprimento dos cabelos dos rapazes. São verdadeiros paladinos da moral e dos bons costumes, pose e fachada que a maior parte consegue manter, hipocritamente, até à morte... exceptuando aqueles a quem se descobrem as despesas feitas com “acompanhantes de luxo”, ou os ainda mais radicais, que aparecem mortos em quartos de hotel, vestindo apenas um cinto de ligas rendado...
O tique fascistóide do rigor das aparências ataca nos locais mais inesperados. Mais uma vez e novamente pela mão do lamentável Costinha, o autoritarismo bacoco, travestido de dress code, ataca num clube de futebol... que, francamente, merecia melhor sorte: o Sporting Clube de Portugal.
Segundo as notícias, Costinha não gosta de tatuagens à vista, não quer que os jogadores usem os bonés do clube com a pala virada para trás (extraordinário!) e não admite o uso de brincos enquanto os jogadores estão de serviço. Diz o infeliz que esses “adereços” «dão uma imagem pouco consentânea com o que deve ser um jogador profissional de futebol» (???).
Infelizmente, para o Sporting e para os sportinguistas, estas fantásticas medidas de Costinha, terão sobre a qualidade futebolística desses jogadores em particular e da equipa em geral, o mesmo efeito que os fatinhos “à ministro” têm sobre a ridícula indigência das “ideias” e a arrogância parola deste pouco mais que inútil “dirigente desportivo”: Nenhum!
Nem vale a pena alguém perder tempo a pensar que eu estou contra o Sporting por ser benfiquista, ou portista, ou do União de Montemor. Primeiro, porque já é sabido que não sou consumidor deste produto; segundo, porque qualquer adepto, de qualquer clube, sabe bem que desde há muito tempo, desde que o dinheiro, os patrocinadores, a corrupção e, de uma maneira geral, o puro e duro negócio de compra e venda de seres humanos, como se fossem gado, mesmo que valendo fortunas obscenas, mas mesmo assim, gado... desde essa altura, como ia dizendo, que “desporto” passou a ser uma mera força de expressão e ninguém, mas mesmo ninguém!, fica bem nesta fotografia.

5 comentários:

Fernando Samuel disse...

Grande texto!

Um abraço.

Graciete Rietsch disse...

Inteiramente de acordo!!!!

Um beijo.

Eduardo Miguel Pereira disse...

E o mais brilhante desse magnífico novel dirigente, de seu nome Costinha, é que a contratação do "jovem" Maniche foi da sua responsabilidade.
Jovem esse que ostenta muitas, mesmo muitas, tatuagens pelo corpo, e é moço que gosta de usar sumptuosos brincos cravejados de diamantes.
E nem pode o Costinha afirmar que desconhecia tais factos, uma vez que os dois partilharam o mesmo balneário em Moscovo.
Ou será que o "machão fascistoide" do Costinha nem olhava para os colegas quando eles estavam em pelota no balneário ?

Ferroadas disse...

Este Costinha é simplesmente igual a outros tantos "costinhas" que proliferam pelo futebol (e não só) indígena. O teu texto serviria (serve) para eles, para todos os "costinhas", seja no futebol, na política, nas empresas, etc..

São tipos sem nenhuma personalidade e para tentarem adquiri-la nas aparências do meio em que se movem (e não só), tentam por todos os meios impor "regras" absurdas e despropositadas. Destes "moralistas" de meia-tigela está o mundo cheio. Aliás, parece que partiu deste senhor a imposição de: todos os que apareçam em actos públicos, têm de ir bem barbeados e penteados, não vão os "meninos" pegar aos demais, piolhos ou outras pestes similares. Para esta gente, filhos do sistema e seus ferozes seguidores, conta o pacote não o conteúdo. Enfim.

Aproveito para te desejar um bom ano.

Abraço

Manuel Norberto Baptista Forte disse...

Também gostei do texto; assim sendo, parabéns Samuel.
De Costinha nada mais era de esperar. Infelizmente na sociedade portuguesa começam em vários locais, muitos tiques do tempo da "outra senhora"; a indústria do futebol "jamais nem deserto" é excepção, pois há pessoas no seu seio, souberam foi pontapear bem a bola.
Dizer mais alguma coisa é dar ao Director Desportivo do S.C.P., a visibilidade que ele revela não merecer cívicamente.