terça-feira, 31 de julho de 2012

Assunção Cristas – Sem ponta de vergonha na cara


Assunção Cristas, a "beta" do CDS, parida pela melhor “democracia-cristã” à portuguesa, demonstra, de cada vez que abre a boca, ser tão democrata ou cristã quanto o cão que, enquanto escrevo, está a ladrar aqui atrás do prédio, como se não houvesse amanhã.
Nada a comove! Sabe que para muitos agricultores, fazer um seguro significa prescindir de comida para a boca. Sabe que a falta de cultura e a atávica desconfiança de gente que sempre foi abandonada, faz o resto desse caldo de miséria que se abate sobre muitos dos nossos pequenos agricultores.
Nada a comove! Perante uma catástrofe, prefere o castigo exemplar dos “malandros” que ousaram não fazer seguros.
Num espectáculo nojento, nauseabundo e verdadeiramente pornográfico, a que o Ministério vai agora, mal e porcamente, colando remendos, prefere, em vez de assumir as obrigações do seu cargo de ministra da agricultura, defendendo os agricultores, optar pelo posto de criada das companhias de seguros que, por certo, lhe poderão mais tarde garantir, nos bancos que as detém, uma bela vida. Bela e muito mais próspera e longa do que esta rasteira miséria a que está condenada no posto de ministra, posto que nunca deveria ter ocupado.

Jogos Olímpicos – A “olímpica” ignorância


Ainda bem que não tenho sabido quem vai comentando os Jogos Olímpicos nos vários canais e nos vários directos. Assim não posso cair na tentação cruel de nomear quem quer que seja.
Há muito tempo que o meu comentador desportivo preferido é o grande ciclista Marco Chagas, tal é a consistência da sua “performance”, sempre culta, sempre informada, sempre interessante. Quase todos os restantes, infelizmente, são uma espécie de caça à calinada que desemboca nesse verdadeiro “clímax” que dá pelo nome de Rui Santos (que saudades do imparável Gabriel Alves!!!). Expedição fartamente povoada por curtos, mas intensos momentos de disparate. Uns, bastante divertidos, reconheça-se... outros apenas deprimentes.
Por manifesto azar, já levei nestes Jogos com vários dos tais momentos deprimentes.
Durante a Gala de Abertura, que mesmo não tendo visto na íntegra, me pareceu muito bem “esgalhada”, suportei o papaguear dos comentadores, deslumbrados com o som da própria voz, deslumbramento que os fazia, repetidamente, falhar pormenores interessantes do espectáculo. Apenas dois exemplos:
Durante a entrada em cena da bandeira olímpica, transportada por figuras conhecidas, os dois papagaios nunca se calaram, apenas mencionando, vagamente, a presença do mítico pugilistaCassius Clay, ou Muhamad Ali, se quiserem... e ainda mais vagamente, a presença da ambientalista Marina Silva, que um deles identificou como ex-candidata à presidência do Brasil, como se tivesse sido isso a motivar o convite. Imediatamente embalaram para o blábláblá, deixando passar em claro (que eu tenha ouvido) todos os restantes, a saber:
Sally Becker (reconhecida, entre outas actividades, pelo seu trabalho político-humanitário na guerra da Bósnia).
Shami Chakrabarti (Chanceler da Oxford Brooks University e director de uma organização defensora das liberdades civis, “Liberty”).
Leymah Gbowee (activista africana prémio Nobel da Paz 2011).
Doreen Lawrence (escritora e activista contra o racismo).
Haile Gebrselassie (um dos melhores atletas fundistas da História).
Ban Ki-moon (secretário-geral das Nações Unidas).
Daniel Barenboim (um dos maiores maestros da actualidade, que estaria ali, não tanto como músico, mas muito mais pelo significado humano e político da orquestra que fundou, composta por músicos judeus e árabes).
Não sei, porque não vi, que espécie de tratamento deram à escritora J.K. Rowling (lendo excertos do Peter Pan), ou ao actor Rowan Atkinson (como Mr. Bean), entre tantos outros “famosos” que foram aparecendo… mas antes desta “pobreza franciscana” que relatei, já me tinham feito rir muito (apesar da irritação), quando na altura da encenação da Revolução Industrial, entrou em cena Kenneth Branagh, um dos mais creditados realizadores de cinema, argumentista e actor que, respaldado pelo reconhecimento público que lhe dão os cerca de 50 filmes que já tem no currículo, ia declamando Shakespeare alto e bom som (e bem!)… não conseguindo impressionar os nossos diligentes comentadores que, depois de o ignorarem “olimpicamente” por alguns minutos, acabaram por lhe chamar «o figurante encarregado do recitativo».
Não me daria ao trabalho de escrever sobre esta historieta triste, não fosse o facto (espécie de “gota de água”) de um outro deles, não sei quem, se ter referido logo no dia seguinte, à importância não sei exactamente de quê, com o já clássico «não deixa de “não” ser importante»
Já que estamos em tempo de Jogos Olímpicos… que “mínimos” é que será obrigatório atingir para ser comentador na televisão?


ADENDA:  Por lapso, tinha incluido na "família" de comentadores "calinas" o jornalista Nuno Santos... quando queria dizer Rui Santos, o mago dos comentários da bola.
Como disse um dia um comentador desportivo, «é uma falta indesculpável, pela qual peço desculpa!»

segunda-feira, 30 de julho de 2012

SPAM – Um esclarecimento


Caras leitoras, leitores e visitas em geral,
Enquanto apagava alguns mails, das muitas e muitas centenas que se vão acumulando no “lixo” do Gmail, lugar onde descansam em paz os muitos comentários que chegam com destino ao “Cantigueiro”, quer tenham sido aprovados e publicados, ou, pelo contrário, rejeitados... mas sempre depois de lidos, lembrei-me de que já tinha feito antes a mesma limpeza à caixa para onde vão os mails que o sistema classifica como “spam”, a que normalmente não dou atenção.
Só que, desta vez, vi em “flashback” a imagem de vários desses “spam”, que eram precedidos da palavra “cantigueiro”... e aí é que “se fez luz”! Mails destinados ao “Cantigueiro”, portanto, comentários, não deveriam estar na caixa do “spam”... só que agora já estavam apagados definitivamente, sem nunca terem sido lidos.
Embora tarde demais, fiquei a saber que nos últimos tempos devo ter apagado sem ler, comentários que tanto podiam ser insultuosos, como elogiosos, tanto podiam ser discordantes como de apoio.
Apesar de ser provável que alguns desses comentários, depois de lidos, seguissem o caminho que afinal seguiram, não se justifica apagá-los sem ler, assim como é uma pena que comentários legítimos, “prós & contras”, se tenham perdido.
A todos, sem excepção, peço desculpa!
Passarei a dar mais atenção ao evidente excesso de zelo do “Gmail”.

António José Seguro – Bem aventurados...


Segundo o Diário de Notícias, António José Seguro disse ser «um líder muito feliz do Partido Socialista por saber que há muita qualidade nos dirigentes do partido», incluindo no presidente da Câmara de Lisboa, António Costa.
Esta referência ao autarca do PS ficou a dever-se ao facto de António Costa, volta que não volta, não se coibir de lembrar que é a sombra negra de Seguro, como nesta entrevista em que assume ter «algumas qualidades» para dirigir o partido... seja lá o que for que isso quer dizer, ou insinuar, sobre o pensamento de António Costa no que respeita às “qualidades” do actual dirigente.
Seja como for, o que me deixou a magicar foi esta cândida “felicidade” do secretário geral, felicidade que, nos tempos que correm, me parece encaixar muito bem em dois tipos de pessoas:
1. Os anjinhos... o que não me parece nada que seja o caso presente.
2. Os muito pobres de espírito, já a caminhar para totais patetas... o que também não se aplica nesta estória.
Resta-me apenas uma terceira e salvadora explicação para tanta felicidade. António José Seguro produziu estas declarações no final da visita ao festival do anho e do arroz no forno, de Baião, experiência que, atendendo ao calibre da pinga que por lá se usa para regar estas iguarias, deixa quase toda a gente irresistivelmente... "feliz", vá lá... bastante alegre.

domingo, 29 de julho de 2012

Alisa Weilerstein – Noventa por cento disto... não se aprende!


Chama-se Alisa Weilerstein e nasceu há 30 anos em Nova Iorque. Começou a tocar violoncelo aos 4 anos de idade... e os resultados provam (entre muitas outras coisas, como a vontade, persistência, o “sacrifício” pessoal na forma de milhares de horas de trabalho que quase mais nenhuma profissão requer) que esta coisa da música, para além de provocar “estragos” irremediáveis a nível cerebral, pode ser altamente contagioso e muitas vezes hereditário (o pai é violinista, a mãe é pianista, o irmão, violinista e maestro).
Por vezes toca e grava música com a família. Hoje podemos vê-la acompanhada por uma belíssima orquestra filarmónica, a de Berlim, e dirigida por um dos maiores maestros da actualidade, Daniel Barenboin, num dos andamentos do Concerto op. 85 de Edward Elgar.
Agora, para apresentar a Alisa, podia tecer uns comentários sobre o virtuosismo arrebatador, sobre o mundo de sentimentos que põe em cada nota tocada. Podia falar apenas do seu ar encantador de heroína dramática de um filme mudo de 1900... mas não vale a pena. Cada um dos segundos deste vídeo falará por mim.
Sempre que se ouve algo assim esmagador, é recorrente que apareçam portadores de frustrações tão variadas quanto compreensíveis, que se encarregam, diligentemente, de encontrar todo um catálogo de “defeitos” a apontar. Quase sempre de ordem “técnica”. Ora é a postura, ora é a dicção, ora é o fraseado, ora é...
A Alisa, em comentários que por aí encontrei, é “acusada” de pegar no arco de uma forma algo estrambólica. A esses, peço que peguem num arco, de forma absolutamente irrepreensível... e venham cá tocar melhor do que ela.
A todos os outros, parabéns! Por reservarem alguns minutos para “ouver” esta pérola.
Bom domingo!
Concerto op. 85 – Alisa Weilerstein
(Edward Elgar)



sábado, 28 de julho de 2012

Pfff!!! São comunistas... e basta!


Bem podem os comunistas multiplicar-se em explicações, protestos e indignações numa página do “Avante!”, que a mim não enganam mais!
Na verdade, o facto de se terem deixado “financiar” com a fabulosa (quase colossal) quantia de 5.000 euros, pela conhecida e gigantesca multinacional dos financiamentos ilegais a partidos, feitos sempre com interesses inconfessáveis, multinacional que dá pelo excêntrico nome de Intervenção Democrática e que anda por cá já vai para aí há 25 anos, disfarçada de parceiro de coligação da CDU, de associação política e de pequeno grupo de cidadãos democratas e de esquerda... é uma vergonha! É um escândalo! É imperdoável!
Na verdade, a partir deste momento não me verão mais os dentes!
Quero dizer... a partir deste momento ainda não pode ser. Primeiro tenho que parar de rir.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Pavilhão Atlântico - A vida anda a fazer-nos muito mal...


Quando é que suspeitamos que esta vida que estamos a levar (que nos impõem) está a fazer-nos muito mal, até enquanto simples seres humanos? Infelizmente, em muitas ocasiões... como estas:
Quando temos que fazer um esforço muito grande para não desconfiar da proclamada transparência de um concurso público... em que o Governo fez questão de ter a última palavra.
Quando temos que fazer um enorme esforço para acreditar que um banco como o BES, que tem tantas dúvidas em financiar a compra de uma modesta habitação, ou a aquisição de uma nova máquina para uma pequena empresa, etc., etc., etc., não tenha dúvidas em garantir mais de 20 milhões de euros para a compra do Pavilhão Atlântico, pelo empresário de espectáculos LuísMontez e o seu grupo de “amigos”.
Quando uma estória que deveria ser limpa, insiste em nos parecer duvidosa... não por qualquer coisa de concreto, pese embora o rol de dívidas dúvidas sobre o percurso empresarial de Montez, mas por reação à longa “infecção” provocada por muitos anos de lanhos, nódoas negras e algumas feridas profundas, que a vida nos tem infligido.
Quando é tão difícil acreditar que esta venda do pavilhão, por 21 milhões de euros, uma verba, muito, muito, muito inferior ao que realmente custou – e que nós pagámos! – é um preço justo... e não um “presente”.
Quando temos que fazer um seríssimo esforço para acreditar que este concurso e o seu financiamento foram ganhos porque o futuro do negócio do Pavilhão Atlântico é radioso... e não porque Luís Montez é casado com a filha de Aníbal Cavaco Silva.
Tristes e feios tempos, estes!!!

Londres 2012 – A corrida ao ouro


                         Corredora ao ouro de 1848                                                                                        Yelena Isinbayeva, 2012, recordista do salto com vara

Aí estão de novo os velhos Jogos Olímpicos... cada vez mais jogos, cada vez menos olímpicos, mas sempre grandiosos. Vários comentadores e jornalistas já se referiram ao grande acontecimento como “a corrida ao ouro”.
Basta ver notícias como esta, para se perceber que há, efectivamente, muito ouro por detrás dos jogos, ouro que nunca teve, não tem, nem jamais terá alguma coisa que ver com as medalhas e muito menos com o “espírito olímpico”.
Desde a já velhinhas, verdadeiras e duras corridas ao ouro, como a da Califórnia, em 1848, até à moderna e mais tecnologicamente avançada, de Londres 2012, muita coisa terá mudado... mas até para mim, que não entendo nada de assuntos de ouro, dá bem para ver que o que mais radicalmente mudou... foram os equipamentos!
Bons jogos a todos!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Fascismo económico - Já nem disfarçam...


Intrigado por mais esta notícia de uma “interpretação” do acórdão do TC, interpretação a que os senhores juízes do Tribunal, infelizmente e como se previu, abriram as portas, lá fui ler o que ali se dizia. Nada de novo.
Exactamente como os fanáticos neoliberais do regime de Passos/Portas, desta vez é um David Haugh qualquer, economista-chefe da OCDE, a vomitar pela ordem do costume a cartilha por que se regem estes lacaios dos banqueiros e especuladores.
Não deixa no entanto de ser digno de se ver a calma desfaçatez com que, até já cidadãos estrangeiros, dão bitaites sobre como se «contornar» uma decisão do Tribunal Constitucional.
Para esta gente a Constituição, seja de que país for, não passa de um mero obstáculo a “contornar”, sempre que estorve os interesses dos donos do mundo.
O mundo está a ser conduzido por uns tantos criados do grande capital, que se dão ao trabalho de ganhar eleições (outros nem isso), ainda que tenham que mentir com todos os dentes da boca para as ganhar e criar condições culturais e sociais que afastam metade dos cidadãos dessas eleições. São os “governos legítimos”.
Acima destes, está o exército de escroques, que nem eleito é. É gente sem qualquer estado de alma em relação ao inferno que fazem abater sobre os trabalhadores e os povos em geral. Gente que é colocada nestas “Ó-Ce-Dê-És” e demais fachadas utilizadas pelos verdadeiros donos do mundo, como já disse, os grandes banqueiros e especuladores... a quem os negociantes de armas dão o necessário respaldo, sempre que a política tem que ser feita “por outros meios”, como disse alguém para explicar a guerra.
Depois... ainda se fingem ofendidos, sempre que se coloca neste regime em que vivemos o rótulo merecido quase decisão a decisão: Fascismo económico.

Passos Coelho – A culpa é do tempo...


Depois de mais uma justa vaia, desta vez em Cantanhede, Passos Coelho foi para dentro... a arrotou mais uma das suas estragadas postas de pescada:
Brilhante! Se um qualquer treinador de atletismo resolver exigir à maratonista já retirada, a brilhante Rosa Mota, que faça dez segundos nos cem metros… não é o treinador que está exigir demais, forçando-a a um esforço tão exagerado, quanto despropositado. Não… que ideia! É o cronómetro que é um filho da puta... desculpem o meu francês.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Alberto João Jardim – Um recorrente insulto a Abril


Os bombeiros madeirenses ficaram ofendidos com Jardim, por este ter, sem grande subtileza, insinuado que o facto de estes estarem descontentes com as declarações do governante, quando afirmou haver bombeiros a mais naquela ilha, estava de alguma forma ligado à catástrofe que se abateu sobre aquele território. Ficaram muito justamente ofendidos, diga-se e anunciaram um processo-crime contra Alberto João Jardim.
Esqueceram-se de que aquela triste imitação de governante é inimputável, para além de contar com meios ilimitados para ripostar... meios que nós acabamos sempre por pagar.
Agora é o dirigente dos bombeiros, Fernando Curto, a quem o comunicado do Governo Regional chama, com a insolência habitual «um indivíduo Curto», a ser processado. Por ter afirmado que Alberto João os acusou de serem responsáveis pelos incêndios. Diz Jardim que apenas disse existir uma «coincidência temporal objectiva» entre as suas declarações anteriores e o deflagrar dos incêndios.
Levar-nos-ia longe a análise das “coincidências objectivas” entre as amizades de Jardim ou os cargos importantes na máquina partidária do PPD local e algumas das grandes fortunas que têm vindo a ser acumuladas na Região Autónoma da Madeira, sem explicação plausível.
Esta estória podia ser apenas mais uma situação em que um cidadão, de nome Curto, sofre a prepotência e falta de decoro de um indivíduo “grosso”... mas não é. É sim, o continuado insulto à liberdade, aos princípios de Abril, à mais simples noção de decência. É a repetida e indecente exposição pública, por parte de Jardim, da sua absoluta inadequação para o desempenho de qualquer cargo público!

António Costa e Lisboa – Já temos uma opinião... para quê ir saber a dos “outros”?


Não, minhas amigas e meus amigos... não entendo bulhufas daquilo que se terá passado com este diploma que Cavaco teve que vetar, já que este ia, reconhecidamente, errado.
Se é evidente que pouco entendo de diplomas legislativos e ainda menos dos mistérios dos desenhos das fronteiras entre Loures e Lisboa, ou entre a Porcalhota e o Douro Vinhateiro... então por que carga d’água é que me interesso pelo tema?
Simples! Porque, mais uma vez, é profundamente didático, no que respeita à “excelência” de processos da nossa comunicação social. Explico:
Dando uma volta pelo agregador de notícias online do Google, encontramos numerosas referências às razões do Presidente para vetar o diploma, numerosas referências à irritação do presidente da autarquia da capital, António Costa, com o PCP e o BE, “responsáveis” pelo falhanço da “negociação” da coisa, irritação que se pode ver nas pesadas acusações que faz a ambos os partidos, nas interpretações que faz em público sobre as motivações que os levaram a “bloquear” o processo “na secretaria”, para usar as suas palavras.
E qual é a única coisa (pelo menos até à hora a que escrevo) absolutamente impossível de encontrar nas diversas notícias? Uma única tentativa, que seja, de ir perguntar ao PCP e ao BE as razões do seu sentido de voto. Uma única demonstração de interesse em conhecer e divulgar a posição política do “outro lado”... independentemente de, depois, podermos concordar, ou não, com essa posição.
É didático, como disse, pois mais uma vez se pode confirmar que, salvo raras e honrosas excepções, os critérios editoriais dos média noticiosos estão nas mãos de canalhas e vendidos... ou simples incompetentes preguiçosos.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Passos Coelho – Eu pecador me confesso


Pedro Passos Coelho, demonstrando ser um político modernaço e desempoeirado, resolveu dar expressão ao seu desapego pelo poder, a dar-se o caso vir a que tomar medidas ainda mais impopulares que, hipoteticamente, prejudiquem o “score” eleitoral do seu bando:
Safa... é d’homem!
Eu também tenho aqui uma bela colecção de “que se lixem”, em vários tons, grafias e configurações, todos dedicados ao senhor primeiro-ministro e ao seu bando... mas manda o decoro que, já que não resisto a pecar, o faça apenas em pensamento!

Capitalismo – A quadrilha global


O carácter profundamente criminoso, obsceno e de uma dimensão quase incompreensível para o cidadão comum, dos montantes desviados para “offshores” e sonegados aos fiscos dos seus países, por uma clique de capitalistas e especuladores, é uma realidade que não pode deixar ninguém indiferente.
Saber-se que em vários dos países em dificuldades, bastaria a cobrança de impostos sobre estas fortunas incalculáveis, para que a situação financeira passasse de caótica a estável, sem ter que se recorrer aos assalto e esmagamento das classes trabalhadores para pagar as célebres dívidas, devia ofender qualquer político digno desse nome. Qualquer ser humano com coluna vertebral.
Esta vergonha mundial, quantificada em tantos milhões de milhares de milhões, explica bem o cuidado que o capital vai pondo na escolha do tipo de lacaios que, em cada momento, vai colocando nos governos dos diversos países, mesmo naqueles em que resolveu alinhar na grande farsa desta espécie de “democracia” que serve de vistoso papel de embrulho ao fascismo económico que reina todo-poderoso.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Isaltino e Cavaco – A mesma lata, perdão... luta!






- Já viste a última do Isaltino? – atirou-me um amigo.
- A última?!!! – perguntei eu, esperançado...
- Diz aqui que ele não descarta a hipótese de se recandidatar à Câmara Municipal de Oeiras!
De facto, lá estava escarrapachada na capa do jornal a notícia (sem link) de que o descaradão admite recandidatar-se...
E depois? – perguntei eu. Até podia candidatar-se a Presidente da República... pelo menos, depois de o actual morador de Belém ter colocado a fasquia tão em baixo... tão rente ao chão. 

Na verdade, basta dar uma vista de olhos a esta notícia do lançamento de um livro sobre a cavacal figura e lembrar alguns “pormaiores” do seu percurso político, esse sim, verdadeiramente isaltinante, para perceber que o pobre do Isaltino original pode perfeitamente entrar para a galeria de “anjos” do bispo Januário Torgal Ferreira.

António José Seguro... “régio”!


A esta hora deve reinar o mais espesso terror nas hostes do governo Passos/Portas. Seguro ameaça opor-se à política (miserável, diga-se!) do governo para o ensino. Se a abstenção já costuma ser violenta... imagine-se o que poderá acontecer se ele resolve opor-se.
«Não se atrevam a ir por aí!» - esganiça-se ele, com uma cara meio esgazeada. Uma cara de quem, infelizmente, quando diz “não se atrevam a ir por aí”, o máximo que consegue é parecer um José Régio, mas ao contrário... um “Cântico negro” dito de trás para a frente...
Tudo “com o mesmo sem vontade com que" rasgou “o ventre à" sua “mãe”...

domingo, 22 de julho de 2012

Joan Baez – Unidos... “no nos moverán”!


O facto de, ao longo de largas dezenas de domingos ter publicado aqui talvez quase duzentas e cinquenta músicas, sendo que, numa boa parte das vezes, deixei espalhado nos textos com que as apresentei, muito do que me ia na alma (provavelmente tenho uma... quando se trata de música) sobre as cantigas em si, os seus intérpretes e autores... dá-me o direito de, uma vez por outra, propor-vos uma canção sem grandes explicações sobre a sua escolha.
Dito isto... ainda bem que assim é, porque não faço ideia de que diacho de explicação iria dar para o arrepio que ainda me percorre quando ouço a voz e vejo a figura desta bela recordação da minha juventude. Também não teria grandes palavras para explicar esta mistura feliz de um excerto de um grande texto de Pablo Neruda, “Alturas de Machu Pichu”, com o conhecido tema da canção de protesto “No nos moverán”, um clássico espiritual negro transformado em canto sindical, tanto por camponeses como operários e que já milhares e milhares de trabalhadores de todo o mundo traduziram para as suas línguas e cantaram como “combustível” das suas lutas.
Bom domingo!
Sube a nacer conmigohermano. 

Dame la mano desde la profunda 

zona de tu dolor diseminado. 

No volverás del fondo de las rocas. 

No volverás del tiempo subterráneo. 

No volverá tu voz endurecida. 

No volverán tus ojos taladrados
Yo vengo a hablar por vuestra boca muerta.

través de la tierra juntad todos 

los silenciosos labios derramados 

y desde el fondo habladme toda esta larga noche 

como si yo estuviera con vosotros anclado, 

contadme todocadena a cadena, 

eslabón a eslabón, y paso a paso, 

afilad los cuchillos que guardasteis, 

ponedlos en mi pecho y en mi mano, 

como un río de rayos amarillos, 

como un río de tigres enterrados, 

y dejadme llorarhorasdíasaños, 

edades ciegassiglos estelares.


Dadme el silencio, el agua, la esperanza.

Dadme la lucha, el hierro, los volcanes.

Apegadme los cuerpos como imanes.

Acudid a mis venas y a mi boca.

Hablad por mis palabras y mi sangre.”
(Pablo Neruda)

“Alturas de Machu Pichu” / “No nos moverán” – Joan Baez
(Pablo Neruda / Autores desconhecidos)



sábado, 21 de julho de 2012

José Hermano Saraiva e Passos Coelho – “Percursos extraordinários”


Como já disse antes, não tenho estados de alma provocados pelo passamento de José Hermano Saraiva. Isso quer dizer que para mim o mundo ficaria exactamente igual, estivesse ele ainda vivo, ou como está agora. Quer dizer ainda que só muito relutantemente e com sentido do desperdício de tempo, vou gastar mais um balde de cal e duas badaladas com o famoso artista de variedades que se especializou no género de fábula histórica... um eufemismo para mentirolas descaradas.
O caso é que, entre as centenas de reacções das mais diversas pessoas, desde as que se limitam a dizer “já vai tarde”, aos que acham sempre bem fazer elogios aos mortos e os saudosos do fascismo, até aos que se têm desdobrado em insultos violentos, por toda parte, a quem ouse beliscar a figura do “grande português”, ou do “patriota”, ou ainda mais delirantemente, ao grande “historiador”, não resisto a destacar a reacção do pedestre Passos Coelho que, sendo certo que lhe fica bem, enquanto primeiro-ministro, dar os pêsames à família e amigos e alinhavar qualquer coisa genericamente simpática sobre o falecido, tipo “grande perda”, “grande comunicador”, etc., etc... escusava bem de se ter “esticado” ao afirmar que José Hermano Saraiva «foi uma personalidade que teve um percurso cívico extraordinário». A menos que o pense, efectivamente, como alguns pormenores do seu recente percurso político deixam adivinhar.
A ser assim, parto do princípio que Pedro Passos Coelho está a incluir no “percurso extraordinário” o salazarismo reivindicado até à morte, o elogio do fascismo português, segundo ele, a «única ditadura que não matou ninguém» (sim... acho que todos vocês repararam que ele tinha o hábito de mentir descaradamente sobre a História), o ministro responsável pela violência sobre estudantes e a interrupção abrupta das carreiras académicas de alguns mais reivindicativos, para irem cumprir compulsivamente o serviço militar na guerra colonial, o que acabou por resultar na morte prematura e inútil de alguns desses jovens universitários.
Como estas declarações de Passos Coelho foram feitas de improviso durante uma visita a Maputo, onde se deslocou para uma reunião da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, espero que logo a seguir tenha explicado aos representantes da Guiné, Moçambique, Cabo Verde, Angola e São Tomé, a forma “extraordinariamente cívica” que Hermano Saraiva usou para um dia dizer que «foram os portugueses que levaram a civilização para a África e que, com a saída dos portugueses, todos aqueles territórios ficaram menos civilizados».
Ah... e não me venham falar em perdão e essas tolices, pois isto aqui não é uma sacristia, muito menos um confessionário... e mesmo aí, consta, para que o sacerdote finja que perdoa, é necessário que o “pecador” pelo menos finja que se arrepende.

Combustíveis - Leis da concorrência – Os trabalhadores, esses velhos malandros!...


Com toda a naturalidade chega-nos mais uma notícia dando conta de um aumento nos combustíveis... uma das muitas subidas que “compensam” as "colossais" descidas de há umas semanas, como sempre nos explicam.
Mais uma vez, com toda a naturalidade, os preços nos vários pontos de venda de todas as empresas e todas as marcas, vão executar a dança síncrona do costume.
Mais uma vez, as bombas de gasolina das autoestradas, sem que ninguém desarrinque uma explicação decente para o facto (esta, francamente, não pega!), serão mais careiras do que as bombas da mesma marca, fora das autoestradas.
Mais uma vez nos dirão que o presente aumento se deve às oscilações internacionais de preços das matérias primas – explicação que não seria necessária – calando as razões para pagarmos combustíveis dos mais caros do mundo – explicação que é, essa sim, urgente.
Com tudo isto, lembrei-me de uma outra notícia, de há uns dias, que nos contava a grande novidade: a Autoridade da Concorrência já pode fazer buscas domiciliárias. Para ser mais exacto, pode fazer buscas domiciliárias aos funcionários das empresas putativamente prevaricadoras.
Nesse dia estive quase a escrever sobre o assunto. Ia ser muito crítico (quem sabe, talvez até um pouco malcriado) sobre o pormenor de, em toda a notícia sobre as novas “armas” na luta contra a manipulação e combinação mafiosa de preços, não haver uma única referência a buscas aos sagrados domicílios dos donos, gestores milionários e grandes quadros dessas mesmas empresas.
Desisti da ideia depois de ter uma espécie de epifania sobre a minha grande e ingénua parvoíce. Afinal... é evidente que todos os movimentos de cartelização, associação mafiosa e «paralelismo na formação de preços» (como há tempos lhe chamou, mais uma vez para a desculpar, o presidente da Autoridade da Concorrência) não são cozinhados nos conselhos de administração, grandes almoçaradas ou partidas de golfe, entre os donos e gestores das empresas... mas sim nas casas do seus trabalhadores.
Então não é?!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

José Hermano Saraiva – Fim da estória


Aos 93 anos, morreu José Hermano Saraiva, um comunicador que até ao fim da vida demonstrou um grande jeito para contar estórias. Muitas inventadas... outras, providencialmente "esquecidas".
Não tendo quaisquer estados de alma quanto ao desaparecimento do eficaz comunicador de televisão, resta-me a curiosidade de ver quantos órgãos de comunicação social e comentadores lhe vão chamar “Historiador”... e quantos vão branquear o seu passado fascista e de mandante de cargas policiais e de PIDE sobre estudantes.

Madeira – Mais uma vez, a criminosa incúria


Antes de mais, uma palavra de solidariedade para com o povo madeirense, sujeito a mais uma tremenda provação, solidariedade ainda mais reforçada para os casos em que essa provação podia ser evitada, ou minorada, não fosse a reiterada incúria do regime jardinista no que toca às obras e equipamentos que não dão votos ou lucros imediatos.
Em segundo lugar, a profunda admiração pelo esforço, por vezes sobre-humano, dos homens e mulheres que ali (ou seja onde for) combatem as chamas.
Dito isto, é uma pena que não haja nenhum amigo pessoal de Alberto João Jardim, ou um alto quadro do PSD-M, ou um qualquer figurão de uma das poucas famílias que dominam a economia madeirense, metido no negócio dos helicópteros, ou dos aviões “Canadair”, os mais conhecidos e eficazes meios aéreos de combate a incêndios em zonas de difícil acesso.
Fosse esse o caso... e aposto que a Madeira estaria equipada com um dos melhores, mais caros e mais "vistosos" serviços de combate aéreo a incêndios de toda a Europa.
Infelizmente, quase todo o investimento (e endividamento) destina-se a servir os interesses dos operadores turísticos e os bolsos dos grandes empreiteiros locais. Investimentos que, como se vê, são canalizados quase exclusivamente para o luxo do Funchal e o faraónico sistema de túneis, auto-estradas, vias rápidas e similares.
Esta é, desgraçadamente, mais uma ocasião para o povo daquela Região Autónoma perceber que os milionários investimentos que o regime de Jardim vai esturrando na ilha, servem todos os interesses menos os dos eleitores e restante população que não está instalada na gamela do orçamento.
A cada tragédia que se abate sobre a Madeira, isso vai ficando mais claro. Não menos tragicamente, as lições da História vão sendo repetidamente ignoradas.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Bernardino Soares - Os católicos e os “comunas”


Passam a vida a moralizar-nos quanto à dívida. Que não se deve questionar, nem renegociar, nem coisa nenhuma. Cavaco disse mesmo que não se deve questionar e ofender os mercados. Ferreira Leite, disse que quem empresta o dinheiro é que manda, etc., etc., etc... ao mesmo tempo que nos vão atirando à cara o seu colossal cristianismo.
Num toque de humor duro e corrosivo, o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, resolveu presentear o líder do CDS com a leitura de uma passagem bíblica:
“Se um dos teus irmãos empobrecer, e não satisfizer as suas obrigações para contigo, protegê-lo-ás, mesmo que seja um estrangeiro ou um inquilino, e deixa-o viver contigo. Não receberás dele juros nem lucro algum, mas teme o teu Deus para que o teu irmão viva contigo. Não lhe emprestes o teu dinheiro com juros, nem lhe dês os teus mantimentos para disso tirar proveito.”
(Levítico, 25, 35)
Reconheço que os verdadeiros católicos presentes na Assembleia, não devem ter gostado do que ouviram. Em contrapartida, e pensando nesta entrevista do bispo Torgal, é evidente que quase todos os membros deste governo de fanáticos neoliberais, assim como os capitalistas de quem estão a soldo... são tão católicos como eu sou piloto de testes da NASA.