quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O passado é já bastante, vamos passar ao futuro. (Ary dos Santos)




Uma das coisas boas dos anos que passam é que não voltam. Irremediavelmente, vão-se afastando para o passado, ficando quase todos os seus dias perdidos no esquecimento e alguns, muito poucos, na História. Desses, os de boa memória, são-nos mais queridos aqueles que têm a marca inconfundível das nossas mãos. O nosso 2008 teve (à força de grandes lutas) muitos desses dias memoráveis, para compensar a intempérie que se abateu sobre Portugal e o mundo... mas, como disse, não voltam.

Já o mesmo não se pode dizer dos erros. Esses, infelizmente e independentemente de terem sido cometidos há um mês ou há vários séculos, estão sempre a espreitar atrás da porta para se repetirem, quantas vezes a nossa imprevidência o permitir. Ainda por cima, parece que a cada repetição os resultados são piores, ou mesmo catastróficos.

Acho que vou formular a partir desta ideia o meu voto para 2009. Estarmos muito atentos aos erros do passado, falarmos deles sem acanhamento, discuti-los de espírito aberto. Só isso, por vezes, já será o suficiente para abrir caminho a que mais coisas positivas aconteçam no futuro.

Tenham, uma serena ou festiva passagem de ano, conforme o gosto, e um 2009 bem preenchido de sonhos que valham a pena, lutas bem sucedidas, filmes e livros daqueles que parecem demasiado curtos, músicas que fiquem no ouvido, algumas delas (se possível) que fiquem no coração, amores “eternos”, amizades sãs, instantes de felicidade... e lucidez para reconhecer e dar valor a cada uma destas coisas, a cada momento.

Feliz Ano Novo!

O único senão é o embaraço de não me ocorrer nada para fazer (nem recomendar) durante aquele segundo que afinal vamos ter a mais e para o qual, confesso, não tinha nada programado, o que deve ser grave, a ver pela importância que os media deram à coisa.

Tzipi Livni - a cara do extermínio




Esta mulher é Tzipi Livni, Ministra dos Negócios Estrangeiros e (praticamente) Primeira Ministra em exercício do Estado de Israel.

Esta mulher é uma assassina profissional. Passou algum tempo na escola e nos quadros da Mossad e se há coisa que esta polícia secreta israelita nem se dá ao trabalho de esconder, é a sua política de assassínios em grande escala, assassínios que comete, estejam as vítimas em que ponto do mundo estiverem.

Esta assassina profissional é mais um dos exemplos que servem para desenganar aqueles que ainda acreditam que ser mulher, homem, hetero, gay ou lésbica, preto, branco ou cinzento, católico, protestante, muçulmano, judeu ou ateu, muda alguma coisa na maneira de exercer o poder. Não muda! Há canalhas para todos os gostos sexuais, religiosos e cores do arco-íris.

Os fascistas que presentemente comandam os destinos de Israel, dirigentes do partido Kadima, a que pertence esta Tzipi Livni, estavam a ficar assustados com a subida nas sondagens do partido (ainda mais) conservador, Likud. Assim, resolveram actuar e, friamente, prepararam durante seis meses esta operação de extermínio de militantes do Hamas (e qualquer criança ou idoso que se atravesse no caminho), reunindo para isso todas as informações necessárias, algumas certamente obtidas com recurso aos corruptos que rodeiam o fantoche Abbas, uma espécie de lacaio dos americanos e israelitas, colocado à frente da chamada Autoridade Palestiniana e que odeia o Hamas e os seus militantes tanto ou mais que os seus “patrões”. Terminada a preparação, a grande operação apenas necessitou de esperar pelo pretexto do eventual rebentamento de mais um ou dois rockets artesanais em território israelita, para ser lançada no terreno.

O plano é um sucesso em termos eleitorais! A operação de extermínio tem (em Israel) uma aprovação acima dos 80%! É o resultado prático de meses de uma espécie de competição entre os principais partidos, para ver quem fazia as ameaças mais duras aos palestinianos. É demasiado porco para ter classificação. No passado (desgraçadamente!!!) os judeus tiveram grandes mestres na arte do extermínio. Nas últimas décadas, por mais abjecto que isso possa parecer, os dirigentes israelitas, alguns, sobreviventes ou filhos de sobreviventes desse horror, decidiram que a melhor maneira de lidar com os problemas políticos que a sua instalação à força na região originou, é exactamente copiar esses mestres.

Este texto não pretende ser uma análise à situação na Faixa de Gaza. Para isso existem centenas de analistas encartados, embora, infelizmente, pendam para o lado dos interesses dos patrões dos seus patrões, donos dos jornais e revistas em que escrevem.

Este texto não pode em poucas linhas, descrever o horror da miséria moral, sanitária e económica em que vive o povo palestiniano. Não pode fazer um retrato da humilhação diária de todo um povo totalmente cercado, a quem, mesmo o pouco que ainda tem, vai sendo tirado friamente, todos os dias. Não pode explicar a impotência de gente com fome, a quem meio mundo quer ajudar, mas que acaba a ter de receber essas ajudas da mão dos carrascos, que controlam todos os aspectos da sua vida, mesmo quanta ajuda recebem e quando.

Este texto é apenas um desabafo. A quem me perguntar se acho bem que alguns militantes palestinianos mais radicais, disparem rockets “as cegas” sobre Israel, eu, cidadão da União Europeia e de Portugal, um país onde uma democracia, se bem que coxa e bastante vesga, se vai arrastando, digo que não, não acho bem! Mas, como já aqui escrevi noutra ocasião e a propósito de outra realidade, fosse eu um palestiniano habitante da Faixa de Gaza e sim! Dispararia todos os rockets que pudesse, assim Alá me desse coragem e sobretudo, perícia!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Cavaco, sem surpresas...






Por notória falta de inteligência política e igualmente, falta de “têmpera”, Aníbal Cavaco Silva resolveu não pedir ao Tribunal Constitucional que se pronunciasse sobre duas ou três minudências do Estatuto dos Açores com as quais não concorda. Não tivesse ele tido medo de que o TC não o apoiasse e talvez, como tantos analistas e constitucionalistas, este lhe tivesse dado a razão que (neste caso) parece ter. Assim, teve de provocar uma tempestade institucional, ancorado no que parece, aos olhos de muitos portugueses, apenas uma birra, numa altura em que tantas coisas mais urgentes haveria para resolver no país.

Por notório oportunismo político, José Sócrates, que até agora se tinha servido descaradamente do "perfeito entendimento" com Cavaco, para esmagar o pouco que o PSD tivesse e que ainda se pudesse chamar de oposição ao Governo e, de passagem, subtrair-lhe um terço dos eleitores, resolveu, sob a ameaça real de pesadas perdas eleitorais entre os seus simpatizantes mais à esquerda e até de militantes e dirigentes, exibir exuberantemente as suas “divergências” com Belém, na esperança de que isso ainda venha a tempo de lhe avivar as tão desbotadas cores “socialistas”.

Já estamos em campanha eleitoral! Sócrates encontra todos os dias meios para dar, emprestar, inventar, prometer, tudo o que até agora era "impossível, irresponsabilidade, demagogia da oposição". Cavaco fará tudo para com razão, como no caso do Código do Trabalho (embora tenha ficado curto), ou sem ela, como no assunto do divórcio, por exemplo, estorvar, sabotar, promulgar as leis só à segunda ou terceira tentativa, com os atrasos que se adivinham... e ainda assim dizer que são absurdas.

Para ajudar ao circo, temos os analistas que defendem que o Presidente devia dissolver o Parlamento e convocar eleições. Uns, como Santana Lopes, por pura indigência. Outros, mais ligados aos vastos interesses “socialistas”, porque vêem esse acto de “agressão” por parte de Belém como a grande hipótese de, vitimizando-se, o PS garantir a maioria absoluta que vê desmoronar-se mais um pouco a cada dia que passa.

O que é que se poderia esperar da coabitação de um Presidente da República e de um Primeiro Ministro, igualmente arrogantes, igualmente mesquinhos, igualmente calculistas e sobretudo, igualmente incultos e sem ideologia que se conheça?

Isto, exactamente! Sem surpresas!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Gedeão




Vidro côncavo

Tenho sofrido poesia
Como quem anda no mar
Um enjoo
Uma agonia
Sabor a sal
Maresia
Vidro côncavo a boiar

Dói esta corda vibrante
A corda que o barco prende
À fria argola do cais
Se vem onda que a levante
Vem logo outra que a distende
Não tem descanso jamais.

(António Gedeão)

domingo, 28 de dezembro de 2008

Espaço




É importante que nos despojemos das coisas supérfluas, que nos livremos das coisas mesquinhas, do lixo que a vida tem vindo a acumular no nosso coração e à nossa volta.

É preciso ganhar espaço dentro de nós, rasgar avenidas, projectar praças, desenhar jardins, alargar horizontes, para que todos os dias chegue o futuro... e que seja grande!

sábado, 27 de dezembro de 2008

Não acreditam?! Que coisa feia!





E não é que até eu já tinha pensado nisso?! Está o (talvez bem intencionado) Sr. Procurador carregado de razão. Não há nada como dizerem-se, assim desassombradamente e sempre... as grandes verdades!

E agora adoraria ficar aqui à conversa, mas tenho mesmo de ir resolver um pequeno problema técnico que surgiu num dos meus 57 poços de petróleo...

Glenn Gould & Bach


Este homem Chamava-se Glenn Gould. Foi pianista. Viveu entre 1932 e 1982.
Em 1964, decidiu deixar de actuar ao vivo e passou a concentrar-se unicamente nas gravações, das quais, por vezes, deixava que fossem registadas imagens.

Foi um ser muito especial! Os conhecedores dir-vos-ão que era genial...

"Sarabande" - Bach - BWV 828 - Glenn Gould
(Johann Sebastian Bach)


sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

José Sócrates e o Natal




Sócrates quis imitar os políticos que fazem mensagens de Natal e lá disse umas coisas. Falou como uma princesa de estória de ficção em frente a um espelho e não como um Primeiro Ministro em frente a um país. “Sou tão bom, sou tão competente, tão bem vestido...”

Sobre as muitas baboseiras ou liminares mentiras que produziu, certamente falarão os comentadores a sério, analistas competentes e, infelizmente, também todos os outros.

Eu apenas me pergunto: Quanta falta de vergonha, quanta desonestidade e quanta hipocrisia é preciso ter para, por exemplo, culpar inteiramente a crise internacional pela situação económica e social do nosso país, situação pela qual o Governo podia ter feito mais, enquanto ao mesmo tempo se gaba de ter baixado as taxas de juro ditadas pelo Banco Central Europeu, baixa essa pela qual não fez nada?

Quanto ao resto, continua a vangloriar-se do “seu” Código Laboral (que até uma mente como a de Cavaco Silva nota que tem algo de errado), das suas famosas “reformas”, nome com que baptizou todos os ataques que tem perpetrado contra os direitos e conquistas dos trabalhadores e grupos profissionais dos mais diversos.

Decididamente, o Presidente do Conselho não entendeu muito bem esta mecânica do Pai Natal e das prendas... e resolveu deixar um “presente” em casa da maioria dos portugueses.

Agradeço que venha limpar!

Tudo tem explicação...



Tudo tem uma explicação, até mesmo alguns atrasos que, infelizmente, se verificaram em algumas entregas de presentes, por parte do Pai Natal, aos quais, sabemos agora, ele foi completamente alheio.

Cartoon que foi ele próprio uma prenda do grande Viriato Teles. Eu apenas traduzi a legenda, que vinha em “estrangeiro”...

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Dia de Natal - António Gedeão




Quase sempre que falo de António Gedeão é para a seguir o cantar. Hoje quero apenas que ele fale.

Dia de Natal 
(António Gedeão)



Hoje é dia de ser bom. 

É dia de passar a mão pelo rosto das crianças, 

de falar e de ouvir com mavioso tom, 

de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças. 



É dia de pensar nos outros - coitadinhos - nos que padecem, 

de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria, 

de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem, 

de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria. 



Comove tanta fraternidade universal. 

É só abrir o rádio e logo um coro de anjos, 

como se de anjos fosse, 

numa toada doce, 

de violas e banjos, 

entoa gravemente um hino ao Criador. 

E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor 
anuncia o melhor dos detergentes. 



De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu e as vozes crescem num fervor patético. 

(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu? 

Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.) 

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas. 

Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante. 

Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas 

e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates, 

com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica, 

cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates, 

as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica. 



Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito, 

ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores. 

É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito, 

como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores. 

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento. 

Adivinha~se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar. 

E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento 

e compra - louvado seja o Senhor! - o que nunca tinha pensado comprar. 



Mas a maior felicidade é a da gente pequena. 

Naquela véspera santa 

a sua comoção é tanta, tanta, tanta, 

que nem dorme serena. 



Cada menino 

abre um olhinho 

na noite incerta 

para ver se a aurora 

já está desperta. 

De manhãzinha 

salta da cama, 

corre à cozinha 

mesmo em pijama. 



Ah!!!!!!!!!! 



Na branda macieza 

da matutina luz 

aguarda~o a surpresa 

do Menino Jesus. 



Jesus, 

doce Jesus, 

o mesmo que nasceu na manjedoura, 

veio pôr no sapatinho 

do Pedrinho 

uma metralhadora. 



Que alegria 

reinou naquela casa em todo o santo dia! 

O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas, 

fuzilava tudo com devastadoras rajadas 

e obrigava as criadas 

a caírem no chão como se fossem mortas: 

tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá. 



Já está! 

E fazia-as erguer para de novo matá-las. 

E até mesmo a mamã e o sisudo papá 

fingiam 

que caíam 

crivados de balas. 



Dia de Confraternização Universal, 

dia de Amor, de Paz, de Felicidade, 

de Sonhos e Venturas. 

É dia de Natal. 

Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade. 

Glória a Deus nas Alturas.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Panis Angelicus


E pronto. Chegámos à Noite de Natal e está na hora de partilhar uma das tais músicas de Natal, mas agora "à séria", tanto para crentes como os que gostam só das músicas.

Feliz Noite de Natal para todas e todos!

"Panis Angelicus" - Coro de rapazes de St. Philip
(S. Tomás de Aquino / César Frank)


Faz-se o que se pode!...



Era uma pequena igreja numa paróquia tão pobrezinha... que tinham de fazer a Missa do Galo com Caldos

Presépio




É absolutamente intolerável o que a sociedade de consumo fez ao Natal. A avidez, a ganância desenfreada, a festança hipócrita, atingem níveis de pura demência. 
Resistem, no entanto, muitas pessoas para quem, independentemente de serem ou não crentes, o Natal ainda é uma coisa mais do coração que da carteira, mais da solidariedade que da ostentação, mais do amor que da vaidade.

Para esses muitos, aqui fica uma das muitas coisas belas que a "ideia" do Natal tem produzido ao longo de séculos, um presépio algo diferente.

Amanhã porei aqui outros presépios, não menos "diferentes".

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Para ajudar a entrar no "clima"


Para muitas pessoas, o Natal sem as grandes músicas de Natal... não é a mesma coisa. Eu gosto de músicas de Natal!
As músicas de Natal, sem as grandes interpretações que as fizeram universais, não teriam, em alguns casos, chegado até nós.

Aqui ficam duas incontornáveis interpretações, cada uma com a sua sensibilidade própria, de um mesmo clássico, "Away in a manger", com mais de cem anos de vida e que já deve ter passado por provações bem piores daquelas por que vai passar aqui e agora.

Bom Natal!





Aquecimento global da calota... craniana.




Ao longo da História das colectividades, poucas se poderão gabar de não terem sido, em alguma altura, dirigidas por verdadeiros canalhas. Ninguém se salva. Nem colectividades de bairro, nem grandes agremiações e clubes, nem pequenos e grandes partidos políticos, países e até igrejas de todas as sensibilidades e crenças.

A Igreja Católica Apostólica Romana tem à sua conta um belo leque de líderes que vai dos pequenos trastes aos grandes criminosos, na condução dos seus destinos, seja em pequenas paroquias, seja no trono papal no Vaticano.

Talvez obnubilado pela falta de fé, ou informações internas credíveis, não sou capaz de situar o actual Papa Ratzinger num ponto específico desse leque... mas que dizer, ou pensar, francamente, de um Papa (ou seja quem for) que produz pérolas como “Salvar a humanidade de comportamentos homossexuais ou transexuais é tão importante como salvar as florestas tropicais da destruição”... e outras, que podem apreciar lendo a notícia “linkada”.

Detesto ficar “sem palavras”...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Partir a espinha aos sindicatos...




O conhecido professor, doutor, articulista e blogueiro Vital Moreira, também reparou num artigo do Diário de Notícias, em que se dá conta daquilo que eu considero um ataque absolutamente selvagem aos professores e principalmente aos seus representantes sindicais, congeminado pelo Governo do Grande Partido Popular do Socialismo Democrático e Moderado (vulgo PS).

De uma maneira sórdida, os responsáveis do Governo “aconselham” os professores sindicalistas, sobretudo os que o fazem a tempo inteiro e por isso têm dispensa das actividades lectivas, a abandonarem o trabalho sindical e regressarem às suas escolas de origem, sob pena de não serem avaliados e não progredirem nas suas carreiras.

Perante esta agressão gratuita contra a liberdade sindical e à própria lei que (segundo me parece) diz que um sindicalista não pode ser beneficiado nem prejudicado como resultado da sua actividade em prol dos seus camaradas de profissão, o que faria qualquer pessoa “normal”, com algumas convicções de esquerda? Atacaria, ou criticaria, ou questionaria vagamente esta ameaça do governo, com maior ou menor veemência, conforme o seu grau de “convicção de esquerda”.

Em contraste, o que faz o famoso Vital? Bate as palminhas de contente, dá uns saltinhos pela sala e saliva muito, enquanto escreve no blogue este “textículo” que ressuma ódio aos professores, sobretudo os que se empenham nos seus sindicatos:

“Agora se percebe a luta aguerrida dos sindicatos contra a avaliação dos professores. De facto, é uma "violência" acabar com a promoção automática dos 300-trezentos-300 professores/sindicalistas até ao último escalão da profissão, sem a exercerem anos e anos a fio...”

Ao ler este post miserável são várias as perplexidades que me assaltam, como por exemplo:

- Quando é que na vida de um indivíduo com o percurso que este teve, os sindicatos passaram a ser “o inimigo”?
- Na opinião dele, analisando a História das relações de trabalho nos séculos passados, em que ponto estariam hoje as liberdades e conquistas dos trabalhadores em geral e neste caso particular, dos professores, sem a luta dos sindicatos e a militância dos sindicalistas?

Vital Moreira lembra-me um daqueles cães mimados e chatos, que à força de tanto quererem agradar aos donos, à força de tanto quererem atenção e festas, acabam por exagerar nas “gracinhas”, partir os bibelots da sala e serem muito inconvenientes...

Esses ao menos, de vez em quando, são postos no seu lugar, com um pequeno e pedagógico toque com um jornal dobrado... no focinho.

Claro que a um famoso professor, doutor, constitucionalista, articulista, blogueiro e “oráculo” do Governo (orçamentos grátis, serviços ao domicílio), não se pode fazer uma coisa dessas.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Mundo maravilhoso...


Eva Cassidy foi uma jovem cantora norte americana. Desde muito nova mostrou que era a música aquilo que queria fazer. Consta que só com muito esforço vencia a timidez, para se apresentar em público, integrando os vários grupos que foi formando com o pai e os irmãos ou amigos da escola.

O ano de 1996 veio encontrá-la com 33 anos, já profissional com alguma experiência, com a sua própria banda, mas praticamente desconhecida fora de Washigton. Grava o primeiro disco, “Live at Blues Alley”. No mesmo ano, é-lhe diagnosticado um cancro e pouco tempo depois morre.

Ao contrário do que seria de esperar, é exactamente a partir da sua morte que nasce a sua carreira e a fama. É reconhecida, agora por milhões, a sua maneira suave e muito pessoal de interpretar e reinventar canções já muito conhecidas.

Katie Melua, essa, está muito viva, a fazer uma interessante carreira ascendente. Diz que Eva Cassidy foi uma das suas maiores influências e que foi a ouvi-la que se convenceu a pegar numa guitarra e ir para o palco cantar.

Katie teve a bela ideia de fazer com Eva um dos “duetos impossíveis” que a tecnologia de áudio digital tornou possíveis, cantando a meias o enorme sucesso de Louis Armstrong, “What a wonderful world”, agora já sem a carga do grande (e propositado) contraste entre as palavras da canção e o ambiente político e social de forte repressão e discriminação racial vividos na época em que este a gravou pela primeira vez e que contribuiu grandemente para o estrondoso falhanço comercial com que o disco foi recebido inicialmente.

Desfrutem. Bom Domingo!


“What a wonderful world” – Eva Cassidy/Katie Melua
 (Bob Thiele / George David Weiss)


sábado, 20 de dezembro de 2008

Um pouco mais de luz





Como se pode ver, o “Cantigueiro” não está com o mesmo aspecto. Não se passou nada de especial. Estava apenas já um pouco cansado da cor das paredes e decidi pintar tudo de branco e, já agora, mudar para uma sala um pouco mais espaçosa.
Quanto ao resto, nada mudou! Entrem, sentem-se. Fiquem à vontade...

Os bombons



Vá lá saber-se por que cargas de água esta fotografia do nosso Presidente do Conselho, tirada numa pose, digamos, mais descontraída e que encontrei acidentalmente na Net, me foi lembrar estas duas canções do Jacques Brel.

Como se não bastasse, acabei por não resistir à tentação de lhe somar uns bombons (dado o tema) e umas folhinhas de azevinho (dada a quadra festiva). 

De qualquer modo... as minhas desculpas ao Brel, pela infeliz associação.

Bom Sábado!

"Les bonbons" (1964) - Jacques Brel
(Jacques Brel)


"Les bonbons" (1967) - Jacques Brel
(Jacques Brel)


sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

"Simplex"



Clicar na imagem para ver "em maiorzinho".

Só para verem que não estou sempre contra tudo... 
Esta medida "Simplex" da utilíssima e prática "Pedra de Previsão do Tempo", por exemplo, é muito boa!

Pelo menos eu achei-a tão boa que a surripiei ao muito jovem e muito visitável blog "Mar à vista".

Ministro Vieira da Silva - "socialismo abstinente"



No verão passado os 27 Ministros do Trabalho da UE, tinham acordado num documento que, a ser aprovado, permitiria entre outras “benfeitorias” para os trabalhadores, o aumento dos seus horários de trabalho para as 65 horas. A proposta de directiva foi aprovada com a “temerária” abstenção do Ministro “socialista” do Trabalho, de Portugal.


O documento que foi votado no PE e que derrotou mais esta aberração neoliberal, ficou conhecido como “Relatório Cercas”, por ser da responsabilidade de Alejandro Cercas, um socialista espanhol de Mérida.

Adoraria ter imaginação para fazer uns trocadilhos sobre a origem do “nosso socialista”!..

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Eu é que sou o Presidente da Junta...



O nosso sempre tão original Presidente do Conselho, durante uma “animação” que fez ao que me pareceu um jantar de Natal com deputados do PS, acabou (sem querer) por animar também o meu almoço de hoje ao declarar com aquela convicção e profundidade política que todos lhe conhecemos, O PS é o Grande Partido Popular da Esquerda Democrática e Moderada!

Como nome é um bocadinho comprido. Como definição política... é, para dizer o mínimo, bastante "abrangente".

Fico à espera da resposta de Paulo Portas, quando fizer o seu jantar com os deputados do CDS. Sei lá... “O CDS é o Grande Partido Socialista da Direita Conservadora e Temperamental...”

Esta minha mania de rir das desgraças fica-me tão mal!...

Grécia. Aqui tão perto...




Costas Karamanlis, de seu nome completo Konstantínos Aléxandru Karamanlís, ou, para quem se quiser ver grego para ler o nome, Κωνσταντίνος Αλεξάνδρου Καραμανλής, é dirigente do partido da direita conservadora “Nova Democracia” e actualmente, Primeiro Ministro da Grécia. Vários anos de políticas erradas na condução do país têm feito da Grécia um barril de pólvora, com as novas gerações praticamente privadas de esperança no futuro. O desastroso Governo deste senhor Costas, somado à sua clientela mergulhada até ao pescoço em casos de gravíssima corrupção, pioraram a situação exponencialmente. A morte recente de um jovem (morto pela polícia) foi a faísca que faltava.

Todos temos seguido os acontecimentos. Não é isso que me faz escrever este texto.

O senhor CostaKaramanlis, num discurso à Televisão Pública e mostrando que tem andado a ler pela mesma cartilha dos nossos Constâncios, Dias Loureiros e associados, declarou que “não se tinha apercebido da gravidade dos casos de corrupção” (!!!). Pediu desculpa aos cidadãos gregos e diz que “assume totalmente a responsabilidade política que lhe cabe”.

E pensam vocês: portanto, demitiu-se. Aí é que se enganam!... Claro que não se demitiu!

Estes gregos são ou não são um “pessoal” muito parecido connosco?

Observação: O ar aflito e urgente com que alguns dos nossos “grandes”, como Soares e outros, alertam para o perigo de “esta coisa” da Grécia poder alastrar pela Europa e até (cruzes!) chegar a Portugal, se não se der depressa muitíssima atenção às desigualdades e instabilidade social, mostra como alguns desses nossos “grandes” não têm um meio termo entre o “autismo arrogante” e o “borrar-se nas calças”.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

D. José Policarpo e os órgãos


Igreja da Lapa - Porto

Matriz da Ribeira Grande - Ilha de S. Miguel 

Sé de Faro

Igreja do Mosteiro de Tibães


Numa ida rápida ao café da esquina, vejo de relance por cima da beira da chávena, que D. José Policarpo apela à doação de órgãos.

Voltei para casa já a fazer mentalmente uma lista, fui à Net recolher dados sobre alguns órgãos mais do meu agrado e quando já tinha seleccionado estes quatro, que como se pode ver pelas imagens, ficam bem em qualquer sala de estar, descobri que não adiantava nada candidatar-me a ficar com um deles. Constatei, ao tentar confirmar a notícia, que o Cardeal Patriarca de Lisboa estava a falar (e fez muito bem) da doação de órgãos humanos, com o fim de salvar vidas, chamando-lhe acto de "generosidade fraterna".

Gostei! Mesmo para um não crente, é sempre bom ver a Igreja apelar a uma coisa que não seja a condenação deste ou daquela, a criminalização disto ou daquilo, boicote a A, proibição de B...

Era bom que como neste assunto (e noutros, felizmente!) falassem mais pela positiva e deixassem os boicotes a filmes e livros e os ataques cegos à IVG, às opções sexuais, a absolutamente irresponsável proibição do preservativo, etc, etc... perdidos, esquecidos, ultrapassados, lá naquela espécie de “Idade Média” a que por vezes parecem regressar, tão ao arrepio da História.

Pedro Santana Lopes - "O homem de borracha"



Ontem não tive grande “vagar” para jornais nem televisão.

Já bem tarde, durante um zapping, vi que estavam “frente a frente” na SIC-N, o senhor Luís Arnault (PSD) e a senhora Joana Amaral Dias (BE). Como pouco ou nada do que possa dizer o senhor Arnault me interessa minimamente e a senhora Joana (que acredito que seja muito boa pessoa, além de uma “inteligência”) põe em quase tudo o que diz a convicção e entusiasmo de quem está a ler o manual de um electrodoméstico, preparava-me para rapidamente mudar de canal.

Eis senão quando, antes de conseguir acertar no botão salvador, o moderador perguntou ao senhor do PSD se perante todas estas movimentações político partidárias, a actual líder do PSD era para ir até às eleições. Arnault, aí, agrafou na cara um ar muito sério e “Evidentemente! Nós somos um partido responsável, credível... blá, blá...” ou qualquer coisa do género.

Não me fez ganhar o dia, mas foi uma bela piada, vinda de um partido que à hora do jantar enviara um “porta voz” às televisões, anunciar (sem rir uma única vez) a candidatura oficial de Pedro Santana Lopes à Câmara de Lisboa.

Sobre Santana Lopes, adorava conseguir escrever duas ou três coisas “inspiradas”, mas já não me sai nada...

Qual será a dimensão da humilhação pública que este "ser exótico" precisa de suportar, para deixar definitivamente de protagonizar estes regressos, sempre... sempre... sempre... até à náusea?

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

José Sócrates e o (seu) ódio



Primeiro, devo esclarecer que o facto de um grupo de pessoas se juntar para receber José Sócrates e lhe chamar (apenas) mentiroso, não é um insulto. Quando muito revela até algum “acanhamento”...

Reagindo a mais uma manifestação de desagrado pela sua política, em que o apego à verdade é um bem extremamente escasso, o muito bem vestido (e mentiroso) José Sócrates, decidiu que a manifestação era organizada pelo PCP, como óbvio pretexto para acrescentar que o PCP é mesmo assim, praticando desde sempre uma política de ódio. Depois papagueou aquela frase que ultimamente repete em toda a parte, sobre o insulto que é a arma dos fracos, blá, blá... frase que deve ter lido nalguma T-Shirt.

Ficamos então a saber que o nosso extremamente bem vestido Presidente do Conselho, acha que foi o ódio, a força que motivou milhares de trabalhadores das fábricas e dos campos, juntamente com intelectuais e outros democratas antifascistas, a exporem-se durante décadas à perseguição, marginalização, prisão, tortura, para depois de (provisoriamente) soltos, voltarem a luta que os levaria de novo a exporem-se a mais perseguição, marginalização, prisão, tortura e tantas vezes, morte, até, finalmente, amanhecer o dia 25 de Abril de 1974 que ajudaram a construir.

Mesmo depois de Abril, acha o Senhor presidente do Conselho, que é o ódio aquilo que motiva milhares de mulheres e homens a retirarem anos à sua vida familiar, para os "investirem" em trabalho sindical, partidário, associativo, passado em milhares de reuniões e jornadas de luta por um futuro melhor, mais justo, mais solidário, mais fraterno.

Mesmo para um Presidente do Conselho com os “tiques” que este tem, é muito triste não conhecer o que é o amor!

Devia saber, o maravilhosamente bem vestido Presidente do Conselho, que se os militantes do PCP e os seus milhares de amigos fossem “movidos a ódio”, um grande número de portugueses, entre fascistas, pides e bufos, há muito não estaria entre os vivos e a História dos dias e semanas que se seguiram à Revolução dos Cravos, teria tido infinitamente menos cravos e muito mais vermelho... mas de sangue. Se não sabe, junta aos seus tantos e lamentáveis predicados o da profunda estupidez.

Mas não! Sócrates sabe bem que não é assim, embora o diga, como diz tantas outras coisas. Sócrates não é estúpido... é sim, aquilo que com simplicidade, sinceridade e sem ódio, lhe vão chamando por todo o país milhares de manifestantes:

Mentiroso!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Maddie McCann, numa visão perto de si...


Clicar na imagem para ver a notícia "em grande".

Como nem toda a gente tem acesso a cafés com um tão esmerado serviço de jornais disponíveis para consulta, fui à Net sacar este recorte, para que também os meus amigos e amigas tenham acesso a esta magnífica informação que me acompanhou num rápido café da tarde:

O advogado de Leonor Cipriano diz ter poderes parapsicológicos e jura ter visões de Maddie. (!!!)

Era mesmo o que esta infeliz mais precisava... para além de ter sido condenada pelo assassinato da própria filha, ter agora no processo contra a polícia, por alegados maus tratos, um advogado assumidamente doido.

Agora a sério, assim se vê a qualidade da “justiça” e “envergadura” de advogados a que (muitas vezes) têm direito as pessoas com a origem social e conta bancária “erradas”.

Reflexões pós fim de semana



Decididamente, o Zé continua a fazer falta. Move-se é a uma grande velocidade!... A quem fará falta o Zé, para o mês que vem?

Decorreu em Lisboa o “Fórum das Esquerdas”. Francamente, até eu, que considero não ter entre os meus defeitos a megalomania, quando sonho com uma futura (e desejável) unidade de forças, partidos e personalidades de esquerda, sonho com uma coisa bem mais “vistosa” e com mais (e outra) gente!

Mário Soares está visivelmente assustado com a maré que se desenha à esquerda do seu PS (e até dentro dele). Depois de assinalar a “extraordinária coragem” da arrogante Ministra da Educação, partiu para o elogio gratuito a Sócrates, figura que há bem pouco tempo fingia abominar.
A última vez que se assustou assim seriamente com a esquerda, em 1975, pediu ao agente da CIA Frank Carlucci e aos seus amigos americanos, que viessem invadir Portugal, militarmente. Dessa vez, não lhe fizeram a vontade, limitando-se a oferecer-lhe dólares, aos milhões, para pagar a contra-revolução.
Quando e a quem, pedirá novamente “ajuda”?

domingo, 14 de dezembro de 2008

Nunca hei-de olear os eixos da minha carroça...



Existem dezenas de canções fantásticas de Atahualpa Yupanqui. Hoje, porque sim, apetece-me esta "milonga".

Bom Domingo!

Los ejes de mi carreta
(Atahualpa Yupanqui - Romildo Risso)

Porque no engraso los ejes
me llaman abandonao ...

Si a mí me gusta que suenen,

¿pa' qué los quiero engrasaos?

Es demasiado aburrido

seguir y seguir la huella,

demasiao largo el camino
sin nada que me entretenga.

No necesito silencio,

yo no tengo en qué pensar.

Tenía, pero hace tiempo,
ahora ya no pienso más.

Los ejes de mi carreta
nunca los voy a engrasar ...

"Los ejes de mi carreta" - A. Yupanqui
(Atahualpa Yupanqui/Romildo Risso)



sábado, 13 de dezembro de 2008

Política contaminada...



Por causa de uma porcaria qualquer que uma máquina terá alegadamente deixado cair em ração para animais, que terá sido comida por alguns porcos e quatro ou cinco vacas, na Irlanda, a comunicação social europeia entrou em histeria e a carne irlandesa embargada.

Mesmo acabando as notícias, invariavelmente, com declarações de técnicos de saúde informando que, para sentir alguma indisposição por comer desta carne de porco vinda da Irlanda o cidadão teria que consumir praticamente sozinho, a todas as refeições, durante (para aí...) um ano, toda a carne “contaminada” que foi importada... e que mesmo assim a indisposição ficaria a dever-se unicamente ao facto de comer como uma besta, os jornais, televisões e seus derivados, abriram, fecharam e encheram noticiários, com as novidades da “Carne Contaminada da Irlanda”.

Entretanto, aproximava-se a Cimeira Europeia e os governantes irlandeses fizeram saber que tudo farão para que se repita o referendo ao Tratado “porreiro pá!” e que farão igualmente todos os possíveis para que os cidadãos da Irlanda, desta vez digam “mesmo” o que pensam sobre o Tratado, ou seja, SIM. Em troca, "a Europa" concede-lhes um Comissário, blá, blá, blá...

Para já, sobre a carne, fez-se um grande silêncio!

Se eu fosse uma pessoa decente, estaria absolutamente convicto de que uma coisa não tem nada que ver com a outra...

Por que cargas de água me terei eu tornado tão “desconfiado”?

Visto aqui do "piolho"...



Vê-se o Ministro Amado colocar-se de patinhas no ar e língua de fora para “ajudar os amigos americanos” a resolver a questão dos prisioneiros de Guantánamo (pelos vistos, não há onde os receber nos EUA)...

Vê-se o rumo que leva a arrogância da Ministra da Educação, já a sonhar mais com o mal que pode fazer aos professores do que em qualquer solução para a crise...

Vê-se aquilo que poderá ser a tentativa de abafar vários problemas, criando a manobra de diversão de abrir uma nova frente de guerra, agora com a classe médica...

Vê-se o Primeiro Ministro, declarando que o lado bom de uma recessão é que algumas pessoas ficam com "melhor qualidade de vida", já que devido ao abrandamento de uma hipotética prestação da casa ou carro, ou baixa do preço da gasolina, lhes sobrará uma notita de 50€ ao fim do mês (enquanto tiverem emprego)...

...e mesmo apenas com estes poucos exemplos, não pode deixar-se de pensar que se esta política deste Governo fosse à cena num teatro, seria uma grande comédia, mas, como vai à cena no país, é uma tragédia!

Assim se vê que o que parece, por vezes, uma pequena diferença, pode na realidade mudar tudo!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Venham muitos mais!...



Ontem, há apenas minutos, em relação à hora a que escrevo, terminou aqui em Montemor-o-Novo, mais uma das muitas sessões de divulgação do livro "50 anos de economia e militância", escrito pelo nosso amigo Sérgio Ribeiro (Anónimo do Séc.XXI), que são sempre uma oportunidade para o autor falar muito mais de "nós" do que de si e onde invariavelmente se acaba a trocar e fortalecer ideias, pelo único método fiável, que é falando abertamente e aprendendo... aprendendo sempre.

A ver pela energia demonstrada pelo Sérgio Ribeiro, ainda teremos muitos mais anos de militância e economia pela frente. Só ontem, foram duas sessões, a primeira em Vendas Novas, ao fim da tarde e a segunda, aqui, às 21h. 

Nesta última, tive a honra de "cometer" algumas palavras à laia de apresentação do livro.

Mais uma vez, como em cada um dos nossos encontros, ficou fortalecida a amizade, que é um dos fertilizantes fundamentais de qualquer militância que se preze.

Obrigado, Sérgio!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Coragem para quê?!



Ontem ao jantar, com o garfo a meia viagem entre o prato e a boca, zás! Ouço o Doutor Mário Soares declarar que a Ministra da Educação é uma mulher de uma "coragem extraordinária".

É uma opinião legítima, evidentemente, mas estou convencido de que a coragem da senhora não é de todo tão extraordinária como a falta de vergonha do senhor. Isto porque lhe dou o benefício da dúvida de acreditar que ele ainda sabe o que diz... e com que objectivos o faz.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Declaração Universal dos Direitos Humanos



Hoje foi dia de aniversário da "Declaração Universal dos Direitos Humanos". Faz sessenta anos!

É bom que se lembre, é muito bom que se fale... mas o dia passou e a noite veio encontrar os direitos dos mesmos de sempre, sendo desprezados e escarnecidos pela fome, pela miséria, pelo trabalho infantil, pela violência doméstica, pela exploração, pela falta de liberdade, pela guerra, pela morte sem sentido.

Amanhã, passado o aniversário, façamos da luta por todos os direitos de todos os humanos uma prioridade de todos os dias!

Egoísmo cego



Por todo lado, infelizmente, se confirma que Portugal entrou em recessão e tudo leva crer que em 2009 será ainda pior.

Contrai-se o consumo, as exportações, as importações, pequenas e médias empresas fecham as portas, engrossando o grande número de desempregados “produzidos” pelas grandes empresas. Em recessão contrai-se, sobretudo, a esperança.

Curiosamente, o Primeiro Ministro ainda não veio hoje dizer novamente que "para o ano que vem, os portugueses vão ter maior qualidade de vida"! Não querem lá ver que o homem, afinal, é mesmo diferente de Cavaco Silva e não só se enganou como está com dúvidas? Estou algo apreensivo...

A sério, mesmo, o que me deixa muito “apreensivo” é termos um Primeiro Ministro que pertence à lamentável extirpe de pessoas que desde que tenham mais uns tantos euros para a prestação do carro ou do “plasma”, como consequência de terem baixado os juros ou ter descido microscopicamente o preço dos combustíveis (como propagandeia José Sócrates) mesmo que metade dos portugueses fique no desemprego, incluindo membros da sua família e alguns dos seus vizinhos do prédio percam as casas para os bancos, são sempre capazes de dizer que “estamos a viver melhor”.

A consciência e a solidariedade, de facto, não rendem dividendos... mas é bom saber que existem excepções. Muitos milhares de excepções!

Segunda feira que vem... começo!


Este amigo chama-se Yeray Rodríguez e é o apresentador actual de um programa de televisão "canario" que por vezes vejo. Muito antes desta aventura como apresentador, já ele era um grande repentista, autor de versos e cantador de "punto cubano". Aqui, resolveu dizer uns versos.

Parece que se vai ficar pela brincadeira sobre as dietas que nunca se levam para a frente... mas no final, estes versos querem dizer bem mais do que parecia...

Mesmo para quem nunca se mobilizou, ou acha que perdeu a motivação, qualquer dia é um bom dia para começar a fazer aquilo que tem de ser feito.


terça-feira, 9 de dezembro de 2008

"Acção de Impugnação Pauliana"



Voltando ainda ao caso da “Quadrilha do BPN”, cujo responsável mais visível é o ex governante José Oliveira e Costa, fiquei a saber (infelizmente) o que é uma “impugnação pauliana”.

Comentando o muito apressado e "conveniente" divórcio do banqueiro, no qual a ex esposa ficou praticamente com toda a fortuna, limitando-se ele a manter no seu nome uma tantas (muito desvalorizadas) acções do grupo que detinha o BPN, deixando assim penduradas todas as pessoas que tenham sido prejudicadas pelas suas falcatruas, já que “não tem nada” com que possa responsabilizar-se por esses prejuízos.

Ora, segundo um advogado com ar de pessoa competente, entrevistado ontem na televisão, pode não ser bem assim. O caso é que, a provar-se a má fé nestes casos de “convenientes” divórcios, partilhas, vendas ou doações e sendo demonstrado pelos queixosos que essas operações tiveram como último fim, livrar o devedor das suas responsabilidades, pode ser interposta esta “acção de impugnação pauliana”, que na prática, pode tornar esses actos nulos e permitir aos credores “perseguir” os bens necessários ao pagamento das dívidas.

E eu que estava convencido de que esta “acção pauliana” era um direito que assistia aos milhares e milhares de contribuintes objectivamente prejudicados por estes “banqueiros”, permitindo fazer-lhes umas esperas e arrear-lhes umas boas pauladas...

Estou desolado!