domingo, 7 de fevereiro de 2010

Frases que ficam no ouvido (e cantam...)



Pergunto-me até quando vou poder usar aqui frases criadas pela neta, sem que isso comece a adquirir contornos de exploração infantil. A verdade é que eu não resisto às ditas frases...

Aqui na terra existe um grande grupo coral amador, o Coral de São Domingos, onde canta a nossa amiga Vera. Nos sopranos. A vovó foi passear a neta até um ensaio do coral, na velhinha Igreja da Misericórdia. Durou pouco, a visita.

«Vovó, vamos embora porque as vozes onde canta a Vera são muito fininhas de tristeza... e eu fico com vontade de chorar.»

E assim chegamos à música de hoje, intitulada “Otche Nash” (Pai nosso), composta por Nikolai Kedrov. No primeiro vídeo ela é cantada pelo nosso Coral de São Domingos. Sempre que os ouço cantá-la acho que o fizeram melhor do que na vez anterior. Por qualquer razão, esta pequena peça arranca cá para fora o que de melhor tem cada elemento deste grupo de amadores de música. Os bancários, as professoras, funcionários municipais, juristas e trabalhadores das mais diversas profissões, desaparecem, para darem lugar a uma espécie de instrumento nas mãos do maestro João Luís e do espírito do autor... e produzirem o som perfeito, aquele que deve ouvir-se quando se canta este Otche Nash.

Apenas para provar que, por um qualquer capricho da alquimia, é sempre possível juntar mais doce a um doce e descobrir-lhe novos sabores, encontrei esta surpreendente versão cantada pelo Coral Académico da Universidade de Nis (Sérvia), conduzido por Susana Kostic. Aqui a peça é-nos “contada” com um discurso desconcertante, feito de acelerações fantásticas e de uma ousada individualização de vozes e estados de espírito... que nos leva, sem oferecer resistência, para esse lugar (ou essa idade) em que as vozes assim «fininhas de tristeza» nos fazem chorar.

Bom domingo!

“Otche Nash” – Coral de São Domingos
(Nicolai Kedrov)



“Otche Nash” – Academic Choir, University of Niš
(Nicolai Kedrov)

15 comentários:

Maria disse...

... e encantam!
E agora quem fica cheia de tristeza sou eu porque esta espécie de banda larga (na verdade tão estreita) não me deixa abrir os videos.
Passarei depois para os ouvir.
Aproveita a neta. Porque depois ela cresce...

Abreijos a todos.

Silva Cascão disse...

Tivemos a feliz oportunidade de receber em Tavarede - Figueira da Foz este extraordinário Coro, cantando um repertório algo mais"leve" e muito variado. Devo deixar aqui o meu testemunho de que, para além da fantástica qualidade artística, foram duma simpatia total e nos deixaram com muita saudade.
Os meus cumprimentos.
J. da Silva Cascão

Fernando Samuel disse...

Primeiro ouvi os vídeos e não consegui acesso à caixa de comentários; agora comento:
em ambos os casos, aquelas vozes «fininhas de tristeza» que no fazem chorar...
(e agora vou tentar os vídeos outra vez...)

Um abraço.

Isaak Newtton disse...

«Prémio Cluce Literário do Porto.»

Caro Samuel:

Considero-me uma pessoa de mente aberta, atenta, criativa, mas também, e porque não? - Sinto que tenho direito à crítica, visto que outros abusam da sátira e outros tantos de ignomínia. Assim, sobre o "artigo de opinião" prosaico que se dispôs a publicar, e sobre os restantes comentários que li, se alguns deles são para mim satíricos, o seu "artigo preconceituoso de opinião" e os comentários que pós-escreve, tendo-me deixado também a mim, imagine-se, de mão no queixo! Merecem o meu posfácio:
Detenho-me na parte «de cada vez que oiço JRS falar, sem estar a ler textos de noticiários, o mais das vezes apenas diz baboseiras. Ainda por cima, muitas delas em mau português. Mesmo nas notícias, opta amiúde por fazer apartes absolutamente mentecaptos.» Depois desta amálgama de um português "bom", sem demonstrações de querer "apartar" gostos de leitura ficcional, nos quais não se revê, e continuando eu de mão no queixo. Pasme-se! Eis senão quando: «Mas pronto... por contraste comigo e alguns dos amigos que aqui comentaram, há sempre pessoas com mentes realmente “abertas”, que se encontrarem uma pouca de merda no prato, mesmo que se esteja a ver que é bosta, provam... só para terem a certeza. E manterem a mente aberta.» Bem. Foi nesta altura que tirei a mão do queixo, e porque tenho uma mente realmente "aberta" que defende a experiência como forma de atingir o verdadeiro conhecimento das coisas, resolvi perder mais cinco minutos do meu precioso tempo no seu Blog, onde encontrei um grande prato a transbordar de merda. Contudo, mesmo estando a ver que era uma bosta, não resisti... confesso. Mea culpa.
Deste modo, enquanto o meu caro "cantigueiro" ficará toldado pela dúvida, por não querer comprovar aquilo que demanda em palavras, eu pelo menos garanto-lhe, que apesar de sair do seu até agora nunca premiado blog, entulhado na merda que quis provar, comprovei-o mesmo como sendo realmente uma merda... da qual nunca mais provarei.

Post Scriptum. Para quem tanto defende o bem falar português, ficava-lhe melhor terminar com:

Saudações Generalizadas.

do zambujal disse...

Lindo!
Obrigado, Samuel e vóvó e netos

São disse...

Que idade tem a neta?

Exploração? Não, em Portugal desde que a actividade da criança seja na área artística ( telenovelas, publicidade, ..) não é comsiderada trabalho infantil.

Um domingo com muito sol para a neta e para vós.

Cloreto de Sódio disse...

Obrigado, Samuel.

(E que bom é participar num blogue sem censuras - as maçãs, quanda caem na cabeça de alguns podem provocar danos irreparáveis).

samuel disse...

Maria:
Ouve, sim... que é muito bom!
Quando crescer, ficará a memoria...

Silva Cascão:
Eles têm esse efeito sobre as pessoas, sim. ☺ ☺

Fernando Samuel:
Uma lágrima aqui ou ali... faz muito bem.

Isaak Newton:
Ó Isaak, você tem a certeza de que foi SÓ a maçã que lhe caiu em cima da cabeça?! ☺ ☺ ☺

Do Zambujal:
Foi um prazer... Zambujal e “Coxinha do Tide” (Cura lá essa causa fracturante!)☺ ☺

São:
Pronto... esta actividade é, decididamente, artística! ☺
Fico descansado.

Zero á Esquerda:
E olha como fomos logo os dois “alembrar-nos” da maçã... ☺ ☺


Saludos, perdão... saudações generalizadas!

Soutaria disse...

Maçã podre em cabeça dura tanto dá
até que fura?

gabriela disse...

Parabéns à neta que nos permitui conhecer esta beleza.
:)))

Daniel disse...

Samuel, ontem não tive tempo de ouvir este Pai-Nosso de indescritível beleza. Aliás, a múscia, tal como o cheiro ou o gosto não pode ser descrita. Tem de se ouvir, cheirar, saborear.
Desconhecia esta peça deliciosa. Ao mesmo nível de emoção, só conheço o "Padre-Nuestro flamenco".
Obarigado. Palavra de honra que vou ouvir isto muitas vezes.
Um forte abraço.
Daniel

Daniel disse...

Post scriptum:
Abençoada neta que tal oferta inspirou.
Daniel

anamar disse...

Depois de ouvir estas santas vozes , o meu sono vai ser mais reparador...
Como a vóvó Maria vai podendo dar coisas lindas à neta, e, os teus olhos a brilhar....
:))
Abracinho

Anónimo disse...

belo em ambos os casos.
e sim cada vez mais fininhas de tristeza.
tristeza de ver e ler gente que , das duas uma, ou não sabe o que é merda... ou está tão habituada ao cheiro, que qualquer coisa digna de registo olfativo ou outro registo qualquer lhe passa ao lado.
será que este isaak ouviu a música?
duvido...
enfim... olha, um abraço do vale ,e ,continua que sempre é bom passar por cá.

samuel disse...

Soutaria:
Pelos vistos... ☺

Gabriela:
☺ ☺ ☺

Daniel:
Fico mesmo muito contente.
A neta é um manancial... ☺

Anamar:
Bom sono, sempre!

Duarte:
Passa sempre...


Abraços colectivos.