terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Os sonhos


(Pablo Ruiz Picasso – “O sonho”)

Os sonhos não se acabaram! (e ainda restam algumas rabanadas, uma travessa de filhós, mais de meio bolo-rei...)
A propósito de mais uma brincadeira com as palavras, vício antigo cá por casa... - desta vez a propósito do Natal - e dado que um dos direitos humanos é o direito de livre associação, nomeadamente o da “associação de ideias”, lembrei-me da cantiga do Chico Buarque, “Apesar de você” (os versos estão aqui), composta nos idos de 1970, ainda em plena ditadura militar do general Médici.
Não sou suficientemente cego para achar que vivemos nessa estirpe de ditadura, nem suficientemente ingénuo para ignorar que vivemos sob as patas de uma outra espécie de opressão, uma forma de ditadura imposta pelas armas do medo e da insegurança; uma ditadura que gera a miséria, o medo, o desemprego, trabalho precário, desigualdade e injustiça social, uma juventude sem horizontes, uma cultura espezinhada; uma ditadura ancorada na demagogia, na mentira e nas "inevitabilidades"; uma ditadura que tem, como uma das características mais odiosas, o desplante de se disfarçar de democracia.
Por isso mesmo, dedico esta canção a Sócrates e ao seu Governo, ao Presidente, ao Cardeal (e às mensagens de Natal de todos eles), a Durão Barroso e aos seus recados, à sua Comissão Europeia, à sua UE e à sua Zona Euro, aos nossos grandes grupos económicos (quase todos “herdados” do fascismo), ao FMI, à Crise Internacional, às Agências de Rating, aos omnipresentes “mercados”... e, por extensão, à puta que os pariu!
Ah... e desta vez a sério: Não! Os sonhos não se acabaram!
“Apesar de você” – Chico Buarque
(Francisco Buarque de Holanda)


4 comentários:

Maria disse...

Com o devido respeito acho que eles não merecem sequer ouvir a voz do Chico.
Mas oiço eu, que não tenho nada a ver com eles...
Sonhos? Rabanadas e bolo rei?
Oh... se fossem empadas... sabes que tens sempre pelo menos 2 candidatos!
:)))

Abreijos.

RC disse...

Completando o comentário anterior; eles não merecem sequer ouvir e provavelmente não serão o tipo de pessoa com gosto ou capacidade para o ouvir. Caríssimo, gostei da forma desenxovalhada como escreveu esta mensagem. Se foi a puta (com todo o respeito que tenho por todas as profissões)que os pariu; como se diz na minha santa Parvolândia "quem os pariu que os abane" e por isso, eu, não me sinto na obrigação de os abanar ou aturar! Boas entradas.

Aristides disse...

Amanhã há-de ser outro dia. Só pode!
Abraço e bom ano (apesar dos pesares....)

Fernando Samuel disse...

«E esse dia há-de vir
antes do que você pensa
apesar de você»...

Um abraço.