Cavaco Silva e a “equidade”

Cavaco Silva é uma figura indigna da confiança que uma boa parte dos portugueses nele desperdiça. Enquanto muitos homens e mulheres deste país lutavam, alguns com o sacrifício da própria vida, para que Portugal saísse de baixo da pata do fascismo, não se lhe conheceu um sobressalto de apego à liberdade e à democracia, antes declarou voluntariamente à PIDE de Salazar, estar «Integrado no atual regime político», acrescentando: «Não exerço qualquer atividade política».

Quando vários dos seus diretos colaboradores, como Oliveira e Costa, ou Dias Loureiro (este, Conselheiro de Estado) se viram envolvidos nos crimes que conhecemos... nada se lhe ouviu.

Quando, há dias, os três partidos que o apoiam nestas presidências, PSD, CDS e, como se vai tornando evidente, uma grande parte do PS, impediram que a Assembleia da República obrigasse os grandes acionistas de grandes empresas (PT, Jerónimo Martins, Portucel) a receberem dividendos antecipadamente, com o fim único de fugirem ao fisco, não teve uma palavra que fosse para dizer sobre o assunto.

Em contraste, quando o Governo Regional dos Açores (região com a qual o Presidente da República deve ter um qualquer problema mal resolvido) decidiu não penalizar ainda mais os Funcionários do Estado daquela Região Autónoma, encontrando uma forma de os compensar pelos cortes nos salários, medida com a qual - aproveito para o dizer - estou de acordo, tal como o meu amigo e grande açoriano, José Decq Mota, bem acompanhado pelos comunistas dos Açores... aí já foi “o diabo”! Cavaco Silva ficou profundamente ferido no seu “sentido de equidade”.

Saindo da Política e passando, numa curta nota final, para as Ciências Naturais, devo esclarecer, de forma totalmente desinteressada, que em Cavaco Silva, “sentido de equidade” deve ser entendido como a “Lei que rege os equídeos”... no caso dele e para ser mais preciso, a subespécie das cavalgaduras.