domingo, 10 de agosto de 2008

Camaradas... jornalistas e memória



Hoje, para intercalar nas “idas” até à sala... perdão, até Pequim, para continuar a seguir os Jogos, proponho duas pequenas reflexões sobre jornalismo, ou melhor, jornalistas. A primeira é uma tristeza, mas... paciência! A segunda é igualmente uma tristeza para a qual já vou tendo menos paciência.

A primeira: Relendo uma "Visão" já de aqui “à atrasado” como se diz no Porto, encontro um artigo de uma jornalista (que não vou denunciar), sobre um craque português qualquer (ao qual não vou fazer publicidade), que alegadamente ajudou na campanha de marketing político de Barack Obama e agora estará por cá, para ajudar Manuela Ferreira Leite. O assunto não me interessa rigorosamente nada, mas apenas por acaso, apanhei um pormenor delicioso no texto. Apesar de num destaque do texto se dizer que o homem “vive há mais de dez anos nos EUA”, portanto pouco mais que dez, senão teriam escrito “quase vinte”, presumo, pouco mais à frente, a articulista afirma “apesar de ser muito reservado e pouco conhecido em Portugal (está nos EUA há muitos anos)...” e vai por aí fora.
É isto que acontece quando para alguns dos nossos opinionmakers dez anos é quase metade da sua vida e é portanto compreensível que não ligassem muito a estes problemas quando ainda andavam numa “C+S” qualquer.
É por isso que para alguns deles, de 1990 para trás, não se passou nada. Dez anos, são efectivamente “muitos anos”. Mesmo assim são felizes, como aqueles peixes pequeninos de aquário, que tendo uma memória (em alguns casos) de apenas dois segundos, nadam alegremente milhas e milhas dentro da sua bola de vidro, vendo sempre cenários "nunca vistos" e fazendo constantemente "amigos novos".

A segunda: Exceptuando o PCP, o BE (até onde eu sei, o PS também já "recebeu" os trabalhadores) e algumas excepções individuais, como Batista Bastos... o silêncio embaraçado e algo embaraçoso da parte da maior parte dos jornalistas que têm o seu empregozinho, em relação ao que se está a passar com o “Primeiro de Janeiro”, deixa-me com aquela impressão amarga de que os jornalistas portugueses, enquanto classe, já viram melhores dias!...
Perante este cenário de falta de consciência de classe (ou de coragem, sei lá...), não seria de pensar em deixarem de utilizar entre eles (alguns, como disse) aquele tratamento de “camaradas”?
Chamem-me antiquado, mas para mim, “camarada” é toda uma outra coisa!...
Mais franca, mais solidária, mais camarada...

15 comentários:

Anónimo disse...

Consciência de classe entre jornalistas? Isso foi chão que já deu uvas.

Agora chamam camarada ao belmiro ou ao balsemão.

Abraço

Maria disse...

Com perdão para os peixinhos de aquário....
E tens razão na segunda questão. Um dia destes ainda escrevo sobre essa palavra que me é tão querida, a palavra "camarada"...
Muito poucos sabem o que esta palavra pode significar...

Abreijos francos, solidários, camaradas

alex campos disse...

Sinais dos tempos e de como esta sociedade decadente vai perdendo valores.
Quanto â palavra camarada deixo aqui um bocadinho da canção de Ferrat, "Camarade":
"C'este un joli nom camarade
c'est un joli nom tu sais
qui marie cerise et grenade
auz cent fleurs du moi de Mai".
Um abraço

Anónimo disse...

"O Primeiro de Janeiro" faz parte das melhores memórias da minha infância e início da adolescência. Lia-o no Clube Asas do Atlântico, em Santa Maria. Por isso me sinto dispensado de comentar o meu sentimento de perda.

Anónimo disse...

O Alex Campos tirou-me o Jean Ferrat do comentário... Ainda bem!

Isto agora está mais para "colegas", na acepção que se dava na tropa quando eu por lá andei.

Bom domigo e abraços

Fernando Samuel disse...

É isso: mais franca, mais solidária, mais camarada...
Ou, tão somente: franca, solidária, camarada..

Um abraço.

jrd disse...

Esses "jornalistas(?)" que têm o seu empregozinho não passam de simpatizantes, como costuma dizer o grande BB

Justine disse...

Ambas as notícias são tristes. Há muita coisa triste, repugnante, enraivecedora neste nosso mundo actual, pequenino, pequenino.
Que as continues a denunciar!
Abraço

Anónimo disse...

A intensão, dos ditos cujos, é banalizar, desprezar, ignorar, julguam eles que assim conseguem (matar) as coisa e até as palavras.
Novas (técnicas)espertezas, que lhes são incutidas, (e aquí é que bate o ponto)da consciência profissional, esses ditos (jornalistas)estão ali apenas para executarem um serviço a troco de uns tostões ou uns milhões, tudo depende!
Não tenho duvidas que existem raras excepções!

dona tela disse...

O Verão tem destas coisas...

Ana Camarra disse...

Pois para mim camaradas são irmãos que escolho...

abreijo

Pata Negra disse...

Viver nos EUA e frequentar um instituto ou universidade cujo nome nunca sabemos se existe para lá da notícia é currículo. O importante é que tenha estado na América. Pois eu proponho que, em tempo de crise, a Manuela partilhe os técnicos de marketing e a maquilhagem com Sócrates.

Só se precupam com o lince ibérico e o azevinho! E então os jornalistas??

Um abraço anti-xuxalista

o castendo disse...

Boa noite atrasada,

A propósito de memória conheces este sítio?

http://ocastendo.blogs.sapo.pt/363201.html

Lúcia disse...

Sobre a 1ª notícia invejo-te a capacidade de ainda conseguires aparvalhar mais o que já é parvo por si. Tens toda a razão!
Sobre o Primeiro de Janeiro - acho que a solidariedade entre camaradas já conheceu melhores dias em muitos outros sectores. Desconfio que se vai perdendo.
Beijos

Anónimo disse...

Nem Todos os Socialistas...Pedro Baptista, Candidato a Presidente da Federação do PS Porto, tomou posição...sim, esse, do "Grito do Povo"
consulte:
http://servir-o-porto.blogspot.com


Parabéns pelo Blog Samuel...


(Camarada)