domingo, 17 de agosto de 2008

Dorival Caymmi (1914-2008)



Morreu Dorival Caymmi. Foi neste Sábado, dia 16, tinha 94 anos.
Gostava de saber pôr em palavras a simplicidade luminosa das suas melodias, a ternura aconchegante das suas letras, a ligação profunda que tinha ao seu povo, à sua terra e ao seu mar e a profundidade calma da sua voz... mas quanto mais batalhar contra este tropeço na procura das palavras certas, menos o conseguirei.
Um abraço aos muitos portugueses que aprenderam a identificar o por cá pouco conhecido autor de tantas canções famosas, como a tão internacional “O que é que a baiana tem”, ou “No tabuleiro da baiana”, “Na baixa do sapateiro”, “Oração de Mãe Menininha”, “Modinha para Gabriela”, “Vatapá”, etc, etc, apenas exemplos da obra singular deste homem que brincava com o facto de em tantos anos apenas ter feito cerca de cem cantigas e por isso ter que conviver com a alcunha de “preguiçoso”, com que carinhosamente o brindaram aqueles que o amavam.
Um abraço aos milhões de brasileiros, amantes de boa música, que viveram toda a sua vida ouvindo canções deste baiano bom.

Na tentativa de fugir à repetição dessas canções mais famosas e já milhares de vezes repetidas e regravadas por dezenas de cantores, deixo-vos aqui dois vídeos em que Caymmi partilha o seu mundo com um perfeitamente encantado Chico Buarque (quem não ficaria?), cantando em dueto as duas pérolas que são “Maricotinha” e “A vizinha do lado”.

"Maricotinha" - D. Caymmi e Chico Buarque
(Dorival Caymmi)




"A vizinha do lado" - D. Caymmi e C. Buarque
(Dorival Caymmi)



Se eu não tivesse sabido desta notícia pelos jornais que "correm" pela Net, o amigo Jorge Rezende ter-me-ia posto a par. Obrigado!

9 comentários:

Maria disse...

Dorival Caymmi eternizou-se...
Obrigada por este post de homenagem a um homem que amou a sua Bahía!
É (só) um dos melhores de sempre do Brasil...

Abreijos

Anónimo disse...

É como dizes, foi-se embora um homem bom, deixando-nos ficar com as suas canções.

Abraço

G. Caín disse...

A homenagem que o Samuel prestou a este ilustre filho da Terra Brasilis é simplesmente digna da grandeza do homem Dorival. Em retribuição, agradeço os prazerosos momentos em companhia da leitura do Cantigueiro prestando singela homenagem em meu blogue ao grande filho de Portugal, o Samuel.
Ao Samuel: É por tua postagem relatando o triste descaso do Metropolitano para com Maria Keil, que o teu blogue figurará até o próximo domingo como homenageado no "Há Vida em Marx?". Abraço irmão!

Anónimo disse...

Querido Samuel

Meu coração brasileiro e cativo da família Caymmi,bate a seu favor e agradece a linda homenagem.
Receba um abraço carinhoso e amigo.
E tenha um ótimo domingo.

Fernando Samuel disse...

Belíssima - e justíssima - homenagem ao grande Caymmi.
E quanto a «encantamentos» não sei quem é que estava mais encantado: se o Chico com o Caymmi se o Caymmi com o Chico...

Abraço grande.

Anónimo disse...

Pois é, companheiro, há pessoas culturalmente tão ricas, cujo património, a humanidade nem sempre sabe reconhecer apesar de usufruir dele, mas isso são contas doutro rosário.
Obrigado por este raro momento, de arte, beleza, solidariedade,porque o Dorival Caymmi ficará para sempre connosco!
abraço

Anónimo disse...

"O que é que a baiana tem
Tem dengo como ninguém"

Samuel, justa homenagem ao Patriarca, pouco conhecido por estas paragens deste lado do Atlãntico.

Justine disse...

Uma lágrima por Dorival Caymmi, que será cantado por todos nós sempre, sempre

Ana Camarra disse...

Samuel

Aprendi a ver Dorival Caymmi como uma especie de amigo próximo ao encaixar as suas músicas nos fabulosos romances de Jorge Amado, complementando com as memórias de Zélia Gatai.
Pois tinha chegado a sua hora, mas como Quincas Berro de Água se calhar não morreu mesmo....

beijocas