As grandes catástrofes naturais, ou os grandes acidentes, como este de Madrid, impõem de forma terrível a sua presença, a crueza dos seus números, o sofrimento das suas vítimas directas e indirectas. É impossível aos órgãos de comunicação, ignorar estas tragédias, mesmo sabendo que são terrenos extremamente movediços e perigosos, onde qualquer passo em falso nos leva para a demagogia, para a exploração mórbida da dor alheia. Temos, infelizmente, assistido a muitos desses passos em falso. Apesar disso, alguma coisa deve sempre ser dita... de seres humanos para outros seres humanos.
Não preciso de pensar que sou lido em Espanha, ou por espanhóis que vivam cá, ou por amigos deles, para dizer que me magoa como uma ferida aberta esta imagem sinistra de mais de 150 pessoas, que em segundos se transformam numa massa de escombros que é necessário identificar com testes de ADN. Primeiro, porque desde miúdo que sinto essa sensação de que algo me queima a pele, mesmo que apenas se tratasse de um colega que caísse e ferisse um joelho. Segundo, porque os amigos que por aqui passam também são “gente que se sente”, como quaisquer outras pessoas normais.
Estou, como já se percebeu, a andar às voltas ao verdadeiro assunto do post, porque estou profundamente irritado mas não quero ser excessivo.
O ministro Mário Lino, na primeira declaração pública de um membro do Governo na televisão, portanto a primeira que viram os espanhóis (familiares, amigos, ou apenas normais cidadãos) que por qualquer razão se encontram no nosso país, ao comentar o desastre de aviação de Madrid, não teve uma única palavra de pesar pelo sucedido, ou uma palavra de conforto para com os familiares e amigos das vítimas.
Friamente e naquele tom aldrabão do costume, a única coisa que lhe ocorreu dizer foi que “o que este tipo de acidentes vem mostrar é que o governo tem toda a razão em querer acabar com o perigoso aeroporto do meio da cidade de Lisboa e levá-lo para Alcochete”. Foi mais ou menos isto.
Até agora não percebi o que é que este acidente de Madrid tem que ver com a localização aqui ou acolá do Aeroporto de Barajas, nem por que raio é que na cabeça de Mário Lino esta se mostrou ser uma boa ocasião para fazer o seu “número” de demagogia barata e somar uns pontinhos aos argumentos do Governo para encerrar a Portela (e dar largas aos negócios de milhões que ali se vão fazer).
As amigas e amigos que me estão a ler, que tenham convivido no passado com Mário Lino e tenham sido ou ainda sejam seus amigos pessoais, que me perdoem, mas é exactamente com episódios destes que se vai formando e sedimentando na cabeça e no coração de milhares de pessoas, a convicção de que, salvo raras excepções, os políticos são uns canalhas!
Mário Lino quis fazer pequena política no locar e hora errados... e prestou um péssimo serviço não só à politica como à própria democracia.
Desculpem o longo e irritado desabafo!
30 comentários:
Juro que quando ouvi o crápula também me irritei e dei comigo a pensar: este logo vai levar no focinho por parte do Samuel.
Se pensado, melhor realizado.
Aquele homem nasceu de certeza de um coito interrompido.
Abraço
O vegetal Mário Tinto,é um produto trangénico!
Li-te duas vezes para te ler bem. Afinal tinha percebido à primeira.
Felizmente não ouvi o homem, esse sem vergonha e sem outras coisas, tenho sempre medo que a vizinhança me oiça chamar nomes... à televisão.
Ele sabe muito bem que a Portela vai continuar, mesmo com Alcochete.
Mas tem a tarefa superior de "fazer a cabeça" ao pessoal, e usa todas as técnicas e táticas - até as mais baixas e dolorosas.
"É um filho da puta, é um burguês", como disse Ary dos Santos.
Abreijos
Samuel
RECUSO-ME A OUVIR CERTOS PERSONAGENS, INCLUINDO ESSA BESTA!
Tenho dito, o meu timpano não permite.
beijocas
Tive a sorte de não ouvir o homúnculo. É um dos tais que eu nunca imaginei caberem num governo do PS. Pensei que a provisão nacional destes híbridos se tivesse esgotado no governo do Santana Lopes. Mas os deste, tal como o próprio, ao menos tinham piada.
Felizmente não ouvi essa besta. Soube da imbecilidade através duma mensagem vinda por correio electrónico e que era este teu texto. "Jamais" pensei que pudesse haver bestas deste calibre.
Excessivo?: nem penses!...
Prestar péssimos serviços à política e à democracia é a profissão destes «políticos» e exercem-na a tempo inteiro...
Um abraço.
-Quererá o homenzinho aproveitar o acidente trágico de Madrid para justifica os negócios escuros dos seus "recentes" amigos e com estas declarações desviar a atenção do que de facto ocorreu?
-A falta de segurança nas companhias privadas de aviação onde o lucro se põem à frente da vida dos passageiros, sabe-se que está companhia está falida. Sabe-se que grande parte dos quadros técnicos que procediam a manutenção das aeronaves foram dispensados, sabe-se que as mesmas eram feitas pelos pilotos... não estaremos perante mais um crime da politica neoliberal?
-É necessário exigir transparência e verdade sobre este grave acidente que enlutou muitas famílias e que poderia nos ter atingido directamente a qualquer um de nós.
-Deveremos Exigir verdade e Justiça.Quer-mos os verdadeiros responsáveis no banco dos réus.
a.ferreira
Por todos os motivos que já escrevi em vários sitios, diáriamente, quase, venho a este blog, agora tenho mais uma razão para continuar, grande Salvo Conduto, belo comentário, é destes que eu gosto - curto e grosso -
Xaaaauuu!!!!
É meu caro, realmente portugueses e brasileiros possuem muita coisa em comum, inclusive ministros sem nenhum tato frente a dor alheia. Ano passado, aqui no Brasil, o acidente com o vôo da TAM 3054 vitimou 199 pessoas. Enquanto a opinião pública estava comovida com a tragédia e com a dor dos familiares, os agentes e ministros do governo alardeavam por aí palavras mil e em tudo a imprensa aproveitava para fazer sensacionalismo e ganhar pontos de audiência. No final, passado um ano, grande parte dos familiares das vítimas sequer receberam um tostão de indenização.
Desse crápula já nada me admira, mas nem tanto ó mar nem tanto à terra. Mas,ca granda javardice.
PORRA...........
É sem dúvida a diferença entre as pessoas que sentem e as insensíveis. Tu sentes como todos nós.
Eles não matam mas o seu desprezo pelas pessoas que lhes proporcionam os ordenados chorudos e as mordomias, dói muito. E repara que são sempre "os políticos" a dar-nos esse espectáculo desprezível.
Por acaso tenho um amigo em Madrid, que lá trabalha à vários anos mas também temos obrigação de pensar em todas as pessoas que, pelo mundo fora que compram um bilhete de embarque para uma viagem e ... esta desgraça acontece.
É uma vergonha que ele não se envergonhe do que disse.
Eu mesmo todos os anos viajo de avião para passar as férias em Portugal.
Podem imaginar a tristeza e o arrepio que neste momento sinto.
LISBOA * PORTUGAL
ferreihenrique@gmail.com
Boas
Ganda cameloide!!!!! Ganda cena!!!!
... raticida, já!!!!!!!!!!!!!!!!
Passei hoje por aqui para te dizer olá! E ver como vão as coisas. Pelo que vejo, felizmente bem. Repito: gosto deste blogue. Virei cá sempre que puder pois entendo que o mereces – e dá-me prazer.
Espero também que voltes ao meu Travessa do Ferreira (www.travessadoferreira.blogspot.com). Ou que o visites pela primeira vez. Ficarei, podes ter a certeza, muito satisfeito.
Qjs Abs
Nem queria acreditar quando ouvi o atrasado mental e tive exactamente a mesma reacção: mas que raio tem uma coisa a ver a com a outra?
A tragédia de Madrid tem o quê a ver com a localização de Barajas?
Ainda bem que fez este post, porque assim não tenho eu que enchar o meu blog com os vómitos mal cheirosos deste anormal.
Abreijinhos
Só agora li este post. óptimo como sempre. Mas até custa ler estas manifestações de parvoíce e, pior, de insensibilidade...
Este ministro, com o seu CV, é digno de museu.
Ao teu irritado desabafo junto o meu irritado comentário. E fico-me por aqui... com um abraço
Uma das pedras de toque deste governo é, entre outras pedras, a desumanidade. Quando o homem perde aquilo que o caracteriza como homem, fica reduzido à sua condição de animal mas, ainda assim, inferior a todos os outros animais, porque a sua acção é calculada. Enfim, um ser abaixo de todos os outros animais.
Este M.Lino, é daqueles que se medem aos palmos!
Confesso que não ouvi Mário Lino.
Na verdade ultimamente tenho estado um bocado fora do planeta.
Mas lendo agora as suas declarações, não admira que tenha ficado irritado. É de deixar os cabelos em pé, a quem tenha um mínimo de sensibilidade.
Parabéns pelo primeiro aniversário do "Cantigueiro". Desejam-se muitos aniversários mais, pois blogs com tal visão da sociedade, encontram-se poucos, e fazem muita falta.
Um abraço e bom fim de semana
Não ouvi, mas se ouvisse ficava estupefacta e irritada! :-((
Abraço
Ouvi e li o que disse esse ser. O dia já não foi igual. Fiquei completamente estragado(como se não se previsse um comentário desses ou outro igualmente baixo!).
É um mafioso, um nojo que só poderia estar num governo com o nível e a falta de vergonha deste.
Eu ponho outra hipótese para o nascimento do espécime, sem ser a do "salvoconduto". O fulano é capaz de ser fruto da inseminação das lágrimas equívocas de um enforcado nas entranhas de Draculina-A-Presunçosa.
Fora de bricadeiras, o gajo é mas é parvo.
Deijos, abraços e mordedelas nos cachaços
Luis Nogueira
Mais uma alarvidade deste mentecapto, provavelmente já estava com os copos.
Entretanto, os comboios por cá vão assassinando pessoas, mas que interessa, o TGV vem aí.... à grandes governantes...fo....
Abraço
Cantigueiro
Com as falas dessa animália, somos nós, os portugueses, que ficamos a dever desculpas aos nossos vizinhos, por termos permitido que o anormal ocupasse um lugar no governo.
Algo que teremos que, no mínimo, tentar corrigir.
Um abraço
Inacreditável! Inacreditável! Nem me ocorre dizer mais, caramba!
Este energúmeno é uma grandessíssima BESTA.
O pior elemento de qualquer governo desde a implantação da República.
A prova viva do tipo de merda que nos (des)governa!
Ouss
em meu nome, desejo enviar aos familiares das vitimas desta tragedia, o meu mais sentido pesar.
Ao povo espanhol as minhas sinceras desculpas, pelas afirmações, desta besta!
Estava de férias e soube do acidente, não vi as declarações da besta do nosso ministro e ainda bem é que a televisão poderia ir para o galheiro o prob. é que ela não era minha.
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