terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Gira-discos







A Ernesta do "Cabra de Serviço", decidiu ou por fazer anos no Dia dos Namorados que aí vem, ou porque sim, iniciar um género novo de corrente, em que as "vítimas" confessam as músicas que eram especiais na sua adolescência. Ora aí vai...

Na época, em minha casa, por razões que não interessam para nada, o aparelho de rádio só era ligado para os noticiários e por vezes, durante o almoço, os Parodiantes de Lisboa. Assim, para além de uma música qualquer que passasse na Emissora Nacional antes de começarem as notícias, ou da Banda de Quadrazais dos Parodiantes, se quizesse realmente ouvir música tinha que me socorrer de colegas da escola que tivessem gira-discos. Os campeões dos "singles" eram um cromo da minha turma e a irmã, cujos pais achavam graça a que quase todos os fins de semana os filhos organizassem bailaricos debaixo do grande alpendre que dava para o jardim. Tive rapidamente que convencer todo o pessoal de que não dançava por não gostar (o que mantenho até hoje) para continuar a frequentar os ditos convívios dançantes. A mania de não dançar acabou por ser recompensada, pois acabei promovido a confidente das alegrias e desgostos das minhas e meus colegas dançarinos e, o que é muito importante, por "controlar" as músicas que se ouviam.
Dessa actividade bailante, a minha música preferida era uma que já aqui postei, a Françoise Hardy e o seu "Tous les garçons et les filles de mon age...", que servia como uma luva à minha "personagem" de solitário.
Practicamente ao mesmo tempo, por culpa de um extraordinário padre de cujo nome (injustamente) não me lembro, fui assaltado irremediavelmente pelas músicas de um tal Dr. José Afonso, que cantava e compunha uma "espécie" de baladas que o nosso professor de moral achava que devíamos conhecer... Ao fim de todos estes anos continuo a não conseguir eleger uma das cantigas do Zeca, como "a cantiga".
Agora a maldade é ter que passar esta corrente de facto diferente, a mais umas vítimas, poucas, porque convém não abusar e que serão:

A Maria, do "O Cheiro da Ilha"
(Por ser a primeira visita regular do Cantigueiro e para saber como andávamos de música lá pelo Oeste)
O José Manangão do "Poesia no Popular"
(Porque já aqui disse que tem 66 anos e tenho mesmo curiosidade de saber com que cantigas se divertiam eles e elas nos anos 50, antes das "tecnologias")
Finalmente, o Rui Vasco Neto, do "Sete Vidas Como os Gatos"
(Porque no meio do Atlântico e sem televisão, seria certamente diferente... talvez para melhor )

Não me deixem ficar mal...


18 comentários:

Rui Vasco Neto disse...

sam,
Seria incapaz de te deixar mal, a não ser numa competição de tintos, onde não perdoo nem a Cristo. Bora lá então. A minha música preferida não sei, mas a música que marca a minha adolescência, talvez, é o Let it Grow dos Renaissance. Aconselho-te a procurar no You tube, existem regravações pela voz fantástica da vocalista do grupo. Se não conheces, quandop ouvires aquela voz perecbes porque é que aquela voz só pode lembrar e eternizar em nós a adolescência. Abraço-te, livre de correntes.

Maria disse...

:)))))))
Vou tentar não te deixar ficar mal....

Abreijos
(boa jantarada por estes sítios....)

Teresa disse...

Samuel,

nessa do tous les garçons faço coro contigo... desde que não me oiças, que sou um perigo quando canto.

Flor de Tília disse...

No teu rosto começa a madrugada, o luar fica de prata, olho-te, rosto da minha alma.

Abracinho

*
xi
*

e ouvia let it be

Anónimo disse...

Ao descobrir uma velha fotografia resolvi procurar antigos colegas na Net e vi parar a este blog, que tenho acompanhado há já algum tempo! Hoje resolvi meter a colherada: se os tempos de que falas se referem à tua passagem por Tomar, não me consigo lembrar dos nomes dos padres de moral, mas talvez não sejam esses tempos pq nessa altura já cantavas Zeca. Lembro-me principalmente da Pedra Filosofal do Manuel Freire, do Moustaki, dum tal Michel Delpeche e lembro-me muito bem das tuas canções... até tinhas uma com poema da prof de História e outra com poema do prof. de Francês... Felizmente aprendi muito com todos vocês e hoje também não consigo eleger uma música do Zeca e não consigo também esquecer o Adriano. Um grande abraço! Não me vou identificar mas vou deixar um rasto, depois diz qq coisa.
http://www.reflexosonline.com/reflexos.php?gp_utilizador=3248
http://www.photopoints.com./main/photos/photographer.aspx?ID=13164

JLG

Anónimo disse...

Éh éh éh éh, não só, não te vou deixar mal,como vais ter uma grande surpresa!
Vou já tratar disso!
Não sei se:já vizitas-te o meu outro blog poetaspopulares.blogs.sapo.pt
Abraço
José Manangão

samuel disse...

Grande José Manangão!

Realmente, quem me mandou perguntar?!
É uma "resposta" absolutamente extraordinária e acredito que tenha sido a época mais divertida da tua vida e da deles... se calhar até do tal GNR...

Grande abraço, velho colega de cantigas!

samuel disse...

Rui

Fui ver... a neve não caía, mas deu para lembrar a cantiga (já só lembrava o nome do grupo) e entender a fixação, tanto no tema como na voz da Annie Haslam.

samuel disse...

Ernesta

Então és um pouquinho desafinada talvez?...
E achas que isso impediu tantos dos artistas profissionais que conhecemos de fazer carreira? :)

Abreijos

samuel disse...

Maria Luar

Misturar Eugénio de Andrade com Beatles é, sei lá... bom!

Abreijo

APC disse...

Escolha perfeita. Ouvir Zeca é ouvir a nossa memória colectiva.
Um abraço, amigo Samuel

samuel disse...

Garçês

Então não é que "levas jeito" para a fotografia?
A sério, parabéns!
E o que eu gostava de me lembrar dessas cantigas da minha lavra que cantava em Tomar?!...
Quanto à história do post, é realmente anterior... em Tomar já eu tinha "incubado" o vírus que viria a manifestar-se poucos meses depois.
Gostei muito desta "revelação" sobre o anónimo dos últimos posts.
Aparece sempre,

Abraço.

Teresa disse...

Samuel,
esse "também" no desafinada quer dizer o quê? Não é "também", é "só"... E depois, como dizia o poeta, " se você disser que eu desafino, amor, saiba que isso em mim provoca tanta dor"...
Quanto a Tomar a conversa pode ser outra, que o meu pai foi lá professor..... vamos trocar cromos?

samuel disse...

Ernesta

A desafinação é apenas um estado de espírito, tal como a cólera...
Sobre Tomar, em qualquer "troca" de cromos, só eu ficarei a ganhar, pois não tenho practicamente nada para a troca.
Como já disse ao Garcês por mail, sou a maior nódoa para identificar nomes e caras, até do passado recente, não tenho fotografias da época e concretamente da escola, retenho o nome de 2 ou 3 professores e poucos mais de colegas.
Fico perfeitamente encavacado quando elas e eles se identificam como fazendo até parte do grupo que tinha a pachorra de me ouvir tocar viola e cometer umas cantigas por lá, nomeadamente na mítica (e muito bonita) Igreja de Santa Maria dos Olivais.
Foi uma passagem demasiado curta (entre 71e72) para criar raízes.

Abreijos.

Teresa disse...

Samuel, vivi anos com esse drama, o de falta de memória. Não me lembrava das pessoas e elas lembravam-se de mim. A chatice é que, na conversa de deitar fora, eu até me ia aguentando, mas quando chegava a altura de puxar das agendas e trocar os números de telefone lá estava eu à rasca. Do outro lado via escreverem muito afoitos o tal de ernesta, com cabra de serviço e tudo, mas eu ficava de caneta pendurada sem saber se escrevia está gorda que nem um texugo e era a gaja boa lá da escola ou que foi feito do cabelo? passou para a barriga?
Um dia comentei isto com o meu pai. Ele era a pessoa certa, que acho que nem os filhos reconhecia fora de casa, mas ensinou-me o truque dele. É simples. Basra dizeres o primeiro nome que te vier à cabeça. Claro que dificilmente acertarás, mas terás como resposta, João? Sou o Alberto. Claro que é o Alberto e tu sempre soubeste, foi só um lapso momentâneo...

samuel disse...

Maria

Já lá fui.
Está espectacular (como diria um adolescente de agora).

Abreijo.

samuel disse...

Ernesta

Grande truque! É claro que requer alguma lata, mas é um belo truque.

Xi.

BlueVelvet disse...

Lembro-me também da Françoise Hardy.
Acho que fomos todos garçons e filles.
Abreihinhos