Está a tornar-se recorrente a minha afirmação de grande apreço por praticamente tudo o que José Mário Branco compõe e escreve. Mesmo assim, há nesta espécie de electrocardiograma da audição das suas canções, uns “picos” ainda mais “inquietantes” que os outros.
Inquietação
A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes
São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha
Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Ensinas-me a fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas
Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
Pra ficar pelo caminho
Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda
(José Mário Branco)
"Inquietação" - J. M. Branco
(José Mário Branco)
18 comentários:
Para mim é uma das melhores que ele já fez... foi cantada nos Trovadores na semana passada...
Esta inquietação ainda nos inquieta...
Abreijos
"Ensinas-me a fazer tantas perguntas"... É isso aí... Há sempre gente mais disposta a ensinar respostas do que a ensinar a fazer perguntas...
"Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação"
Muito bonito. E é pela inquietação que vamos, digo eu...
Grande J M Branco!
Beijos
Pois companheiro, não há nada afazer porque:-esta coisa é mesmo linda!
abraço
Como todos os "grandes" da nossa cultura, insuficientemente valorizado nestes tempos que passam.
Belíssima canção, assim daquelas que ficam uma vida inteira!
E serviu para alegrar um domingo demasiado calmo...
Abraço
BOM BELO
É PRECISO ESTAR INQUIETO
SEMPRE IRREVERENTE
Boa malha...
São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha
Inquietação, inquietação
Haja sempre alguém que se inquiete.
Lindo demais.
Abreijinhos
Asim como quem diz: Vamos fazer qualquer coisa de louco e de heróico...
Um abraço.
O país está inquieto, o Povo está demasiado "quieto", é preciso desinquietá-lo.
Abraço
Chegar da Atalaia depois de mais um dia de construção de festa e sentir esta inquietação é uma delicia!Esta procura constante de perguntas do Zé Mário deveria alargar-se a este país sem perguntas!
Obrigado Samuel. Já agora, sabem que a inquietação deste magnifico cantor continua? Com mais de 60 anos voltou á faculdade. E é dos melhores alunos da Faculdade de Letras!! E continua a ensinar os colegas a fazerem perguntas.
Abraços
(Porque será que só as almas tranquilas se sobressaltam?
Alguém que explique o paradoxo?)
Este é um dos trabalhos mais lindos do José Mário Branco.
vamos continuar a estar sempre inquietos.
Ainda há pouco tempo fiz um texto assim também, Zé Mário Branco é especial, lê-me por dentro!
Eh pá, o poema é bom. Mas não gosto do tipo, nem como cantor (canta malzito, pobre voz), nem noutros aspectos do seu percurso e da sua atitude. Às vezes tem canções giritas, mas sem mais.
Desculpa lá destoar - mas esta opinião só me compromete a mim, enquanto músico e enquanto comunista, e não a ti, nem ao teu blog, como bem sabes.
Mas - e em adenda ao que escrevi no teu último post - digo-te que me custa encontrar este tipo, e outros "cantores de intervenção oficiais" numa Fnac e não encontrar cantores de intervenção bem mais interessantes.
Um abraço
Recordo-me e já lá vão muitos anos de um parente meu ter escrito o Campo de Flores, escreveu ainda a Cartilha Maternal; sei que não me comparo com ele, já que não era capaz de escrever o Crucifixo, mas em sua homenagem e desejando outro destino às flores de nosso Povo, deixo este pequeno poema, em jeito de Charola, em homenagem a João de Deus:
ÀS FLORES
Uma flor abre de dia
fica cheia d'esplendor
e nasce flor de Maria
É Jesus O Redentor!
-
o craveiro dá cravos
que belos qu'eles são
mas não são Cravos
d'Ele na Sua Paixão!
-
uma roseira dá rosas
as dou com carinho
e as hastes dolorosas
foram d'Ele espinho!
-
e ter flores dá sorte
dá-nos força a viver
já que Ele foi forte
ai por nós a morrer!
-
A louvar ao Menino
e à Sua Mãe no Céu
eu peço outro destino
a flores de País meu!
-
Pisco
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