quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O cavalheiro vai desculpar-me, mas esta "espécie" parece-me estragada...



Eu sei que sou uma daquelas pessoas que o Senhor Presidente do Conselho detesta. Um desses que anda pela vida sem ter o coração suficientemente limpo para ver e reconhecer as maravilhas do novo Código do Trabalho e quanto os trabalhadores lhe deviam estar gratos.
Mesmo assim, há uma pergunta que, na impossibilidade de a fazer directamente nas tromb... perdão, na cara do Ministro das Finanças, faço a alguma alma caridosa que esteja “desse lado” e perceba qualquer coisa de “fiscalidade”.
Vem esta conversa a propósito desta "extremamente moderna" e genial ideia, de um trabalhador mesmo sem o seu consentimento, poder ser pago pela entidade patronal... “em espécie”!?
A minha dúvida é a seguinte e acho que não é tão “exótica” quanto isso:
Se eu for cantar ao serviço de uma qualquer Câmara Municipal que no final do concerto, quando eu for passar o recibo verde, alegue dificuldades de tesouraria e resolva (unilateralmente) pagar-me com sacas de batatas, algum dinheiro e uma fotocopiadora usada, será que posso já deixar alguns quilos de batatas para efeitos de “retenção na fonte”? E na declaração de IRS, o que faço? E quando chegar a altura de acertar contas com as Finanças, posso também pagar com a fotocopiadora, telemóveis, panelas de pressão, cobertores, ou outros artigos que me tenham sido entretanto “pagos” por outras entidades patronais?
E os senhorios, os bancos, a EDP, etc, vão ser devidamente notificados de que poderão passar a receber os nossos pagamentos também "em espécie"?
São muitas questões, reconheço, mesmo sem levar a expressão “pagamento em espécie” para a brejeirice… senão a coisa ainda se complicaria muito mais.
Alguém me ajuda?

26 comentários:

Pata Negra disse...

Ora essa! Até à idade média - e até depois - foi assim e nem por isso deixava de existir harmonia! Acabem com o euro já! Acabem com a moeda! A trocar coisas é que a gente se entende!
Que bom será quando pagarmos e recebermos tudo por troca de géneros!...
Um abraço em géneros

Anónimo disse...

Queria eu ter essa sorte, pagar-lhes com "notas".

É isso, estão fatos de nos dar música!

Abraço.

Anónimo disse...

Dou uma sugestão para o uso a dar às batatas: uma valente batatada no ministro do trabalho e outra no presidente do conselho!

rui silva

AC disse...

sócrates conduz o país às sociedades comunitárias...será que a filha e a mulher do patrão também serão moeda de pagamento...e depois,não corremos o risco duma infecçãozita para manter os salários em dia?

Maria disse...

Eu não devo escrever o que me vai na cabeça
eu não devo escrever o que me passou pela cabeça
eu não devo escrever num blog amigo o que me passa neste momento pela cabeça
eu não devo, eu não devo dizer o que penso dos pagamentos em espécie
eu não devo....
eu não devo....

Abreijos

Anónimo disse...

Pela referência à Idade Média, dedico ao pata negra (e, já agora, ao Samuel e a quem possa achar-lhe graça) este texto à maneira manuelina que escrevi e publiquei na altura que facilmente se percebe:
Senhor – Hesta verdade he puvriqua e bem sabida que asy como a sargento que sube de segundo a prymeiro loguo lhe outhorga Deos que elle aja intelligencia de prymeiro, asy a nosos ministros da noso Senhor intendimento de ministro, pollo quall cada acto de mandar podeloham fazer muim bem feito; e mais he sabido que o Regno do Allgarve era asy dito, como se lee em o titolo de nosso glorioso rey – Dom Manuell, per graça de Deos Rey de Portugall e dos Allgarves daquem e dalem maar em Africa senhor de Guinee e da conquista e navegaçam, commercio de Ethiopia, Arabia, Persya e da India; pollo que se vee que o ministro Manuell Pinho tem muyta rezam em mandar que o Algarve seja Allgarve, mas quamto a querer tambem mandar o Regno pera ese tempo em tall nam quero cuidar, e esto contra todallas e quaesquer openiõoes que o governo do doutor Santanna Lopes nam ouve tempo de fazer sandices senão de dizelas, e este governo já vae avendo tempo de dizelas e de fazelas.

Lúcia disse...

Fizeste rir, Samuel. Mas acho que sei a resposta - os próprios recibos verdes vão mudar. Vão ser incluidos os géneros. À boa maneira de algumas tribos indígenas, onde o comércio se faz pela via da troca de produtos. Eles lá não têm recibos. Mas nós somos mais finos, caramba.
Beijos

Ana Camarra disse...

Eu já ando a juntar rebuçados de mentol para pagar o selo do carro....
Já no Liceu me davam o troco em rebuçados de menttol um dia juntei-os todos e fui lá comprar um bolo, não aceitaram, meti o conselho directivo ao barulho, deram-me o bolo daquela vez e deixaram de dar trocos assim...
O que acham?

beijocas

Anónimo disse...

Não sei o que se passa com o teu blog, não consigo enviar comentários.

Será a censura?

Se este entrar.....

Abraço

Anónimo disse...

Ó Samuel a isto chama-se choque tecnológico, modernidade e progresso.

Então não vês, assim a comissão de festas que te contratar paga-te em géneros, tipo: 2-cantigas=1 presunto, 3-cantigas=5Kg de chouriço + 5L de tinto e por aí fora.

Eu por ex. 1-cana de pesca = 0,5Kg de carapau, 1-caixa de anzóis=1-chicharro, e por aí fora.

Na caixa do Belmiro (digo supermercado) 1L de leite =arrumar prateleiras, 1-Kg de açúcar+1 pacote de esparguete = limpeza das casas de banho, e por aí fora.

Que gente é esta?

Abraço

Justine disse...

Eu não posso ajudar-te, porque estou praqui a rir como uma tola: a ideia de deixar sacas de batatas como retenção na fonte e todas as outras situações caricatas, é do mais hilariante que há!!
Só a rir é que a gente pode ir levando isto...e obrigada pela ajuda que vais dando, com os teus posts:))

Orlando Gonçalves disse...

Olha Samuel vai ser dificíl ajudar-te é que penso que nem eles sabem a resposta. Era engraçado no entando voltarmos ao tempo da Idade Média e começar cada um a fazer troca daquilo que produzia.De uma coisa tenho a certeza os senhores governates e a oposição alterneira, morreriam à fome porque não produzem nada ( eles e a toda a classe de colarinhos brancos que os apoiam).

Anónimo disse...

Ajudar-te? Tu é que estás a ajudar-nos. E muito. Sim, porque "isto" só pela risota...
Tu falas das retenções na fonte, e os pagamentos especiais por conta? Em géneros? De que género? E o convite que está implícito no teu enunciado, quando abordas a hipótese da brejeirice? Género?!
É pá!, isto está bonito, está!

Delfim Peixoto disse...

O melhor seria reclamar antes e pagar depois, mas não é assim... e já agora porque receber 2 "eurios" de rendas por ano e ter de apresentar o mod 2??? fica mais caro o papel que rebecer a renda
abraço

Anónimo disse...

À medida que ia lendo confesso que me passaram pela cabeça formas de pagamento em espécie ou melhor(pagamento em serviços) que com certeza te ocorreram ao escreveres a penúltima fraze. Porém foi-me dificil imaginar o pagamento de impostos ou efectuar os descontos para a segurança social.
É que efectuando estes pagamentos na forma de pagamentos directos, tanto o Ministro das Finanças como o Ministro do Trabalho, teriam de trabalhar 72 horas por dia se se calcular o atendimento triplo.

Fernando Samuel disse...

Não há razão nenhuma para te surpeenderes: já no tempo do feudalismo era, mais ou menos, assim e as coisas corriam bem - e muito mais recentemente, nos tempos do saudoso fascismo, havia quem recebesse em alqueires de grão, de feijão, e em sacos de batatas, obviamente.

E quanto a essas ideias de pagar o irs em espécie, são, de facto, ideias muito, muito (im)pertinentes; o presidente do conselho não vai gostar...

Excelente crónica.
Abraço grande.

BlueVelvet disse...

Eu ainda apanho uma congestão.
Não posso vir aqui depois do almoço ou do jantar.
Hoje, para ajudar, além do teu post ainda tenho o comentário da Maria.
Oh gente danada para a brincadeira.
Mas já estou como ela:
não devo abandalhar um blog amigo,
não devo dizer o que me passou pela cabeça com essa do pagamento em espécie, portanto, vou-me rindo:)))
Abreijinhos

Licínia Quitério disse...

Eu não acredito, eu não acredito, eu não acredito...
E faz-me espécie, pronto.

Maria, não digas, não digas, não digas...

Anónimo disse...

É pá,então e eu que sou cabeleireiro? como é que vai ser?
Bem ...agora há mais gente vaidosa, talvez me safe!
Mas, agora pergunto eu:-porquew é que estamos aquí a perder tempo com leis RIDÍCULAS, inventadas por gente RIDÍCULA, que não se vê ao espelho, para vêr o seu ar RIDÍCULO!

LuisPVLopes disse...

Por aqui se vê a "espécie" de governantes que temos!

Eu gostava de lhes pagar em "espécie" de calibre 45.

Ouss

Anónimo disse...

Eu só faço merda! Será que posso?

O Puma disse...

sÓ TEMOS DE ACABAR COM A ESPÉCIE

Rui Vasco Neto disse...

sam,
belo post, caramba! de uma espécie diferente.
abraço

Abrenúncio disse...

Sou a favor do pagamento do IRS ao Estado e dos pagamentos a empresas fornecedoras através de serviço comunitário, do estilo passar umas horitas por semana num quartel dos bombeiros a atender chamadas, regar umas plantazinhas quaisquer num jardim público 1 vez por semana, ou fazer 15 dias de vigilância nas praias em época baixa.
Saudações do Marreta.

goiaba disse...

ana camarra
Parabéns por essa brilhante ideia. Sempre embirrei com o troco em rebuçados de mentol que era prática numa escola onde cheguei.
Barafustei muito( mas era professora) e acabou o hábito.

Acho que o autor do blog deixou uma boa sugestão para o futuro .Obrigada.

Precários Inflexíveis disse...

citámos este post aqui:
http://precariosinflexiveis.blogspot.com/2008/08/reteno-de-batatas-na-fonte.html

abraço,
Precários-Inflexíveis