“Obama tem uma receita para a América”
(Um dos cartazes da indigente campanha republicana contra a reforma na saúde)
Mesmo que não tenha ido além de um tímido arremedo de Serviço Nacional de Saúde, em que os primeiros a lucrar milhões serão os donos das seguradoras privadas, ao garantir, em vez de um serviço realmente público, o pagamento pelo Estado dos seguros de saúde de muitos milhões de norte-americanos pobres que até agora não tinham acesso a cuidados médicos; mesmo tendo deixado de fora alguns milhões de imigrantes que continuarão entregues à sua sorte e aos caprichos de quem os explora, a verdade é que esta “bandeira” de campanha que Barack Obama agora conseguiu fazer aprovar, é uma coisa positiva.
Infelizmente, não conseguiu convencer sequer todos os representantes e militantes do seu próprio partido, chamemos-lhe assim, “Democrata”. Previsivelmente, deixou absolutamente enlouquecidos os representantes e militantes do partido, chamemos-lhe assim, Republicano, que juram pelos seus antepassados, ironicamente todos emigrantes e quase todos pobres, que tudo farão para boicotar, declarar inconstitucional, etc., etc.... e o que mais lhes vier à cabeça, esta tentativa de SNS. Muitas gerações de educação e formatação para o mais abjecto individualismo paranoicamente egoísta deixam marcas, o que explica a relativa facilidade com que conseguem mobilizar contra esta medida social tantos cidadãos, mesmo alguns que acabarão por beneficiar dela.
Alguns destes “republicanos” na sua gritaria irracional, dizem que uma lei destas pode arrastar os EUA para o socialismo... ou mesmo para o comunismo. Isto prova a conhecida ignorância e profunda estupidez da direita estadunidense, que ao querer atingir o projecto de saúde de Obama com aquilo que consideram ser o pior insulto, acabam por lhe tecer o maior elogio.
De qualquer modo saúdo a (se não estou em erro) primeira medida concreta de Obama que me merece simpatia e que consegue ser mais do que um discurso bem lido. Já é alguma coisa, mas mesmo assim, porque não posso esquecer as guerras no Iraque, no Afeganistão, a prisão de Guantanamo, o abjecto bloqueio a Cuba, a criminosa aliança e protecção ao narco-fascista colombiano Álvaro Uribe, o papel miserável que os EUA tiveram no golpe militar nas Honduras, etc., etc., etc., ainda assim, como dizia, este passo positivo não é o suficiente para estragar uma das melhores e certeiras piadas que ouvi a um humorista americano, sobre o mandato de Obama, que livremente traduzido será mais ou menos isto:
- Cerca de 15 por cento dos americanos estão completamente de acordo com a actuação de Barack Obama, até aqui.
- Cerca de outros 15 por cento, estão completamente contra.
- Os restantes 70 por cento preferem esperar até que ele faça de facto alguma coisa para decidirem se concordam ou não.
Entretanto, mesmo em cima da hora de “publicação”, chegam-me notícias, boas notícias, através de duas fontes (para mim) absolutamente fidedignas, este blog e este jornal, que me dão conta do crescimento do inconformismo que dia a dia vai florescendo nos EUA, onde muitos milhares de pessoas, trabalhadores, estudantes, veteranos de guerra, mães de soldados mortos em combate e imigrantes, manifestam nas ruas a sua exigência de uma nova política.
Apesar da grande dimensão e profundo significado destas movimentações e manifestações, dou um doce a quem encontrar sobre isto relatos detalhados, ou pelo menos alguma referência “que se veja” na nossa comunicação social.
10 comentários:
Para já o cartaz é nojento.
Vou buscar uma água das pedras e já volto.
Abreijos
Vou fazer uma confissão: cliquei nas palavras 'blog' e 'jornal' a azul... como se fosse necessário...
Entretanto já comi várias amêndoas de chocolate, e bebi água daz pedras com fartura.
Vamos ver o que se segue.
Abreijos
Querias! Por cá só notícias como a que coloquei hoje no meu canto, oriunda da Lusa.
Não estou de acordo com o cartaz, mas, e ainda que excepcionalmente, não posso estar de acordo com o texto.
Esta demagógica "bandeira" não deixa de ser um objecto de propaganda que vem desviar a atenção da opinião pública da mentira que vem sendo o mandato desta espécie de "Tony Silva" americano do século XXI. A realidade, o que nos mostra é que este ano o orçamento armamentístico foi o mais elevado de sempre, que a guerra, a opressão, a eliminação de culturas, a venda de populações, a fome, a pobreza -mesmo em sua casa-, o desemprego e a falência do modelo capitalista são incontornáveis.
Desta forma, o pivôt do imperialismo, o que consegue, também, é enganar mais uns poucos, esses que nunca teriam direito a sanidade pública se as seguradoras não projectassem uma quebra que danificaria o bolso dos senhores do capital, como no caso das vacinas e da treta da gripe dos porcos.
Assim mesmo, menos de acordo com esta vigarice estou, quando, como emigrante, me considero menosprezado, diferenciado, vítima da xenofobia que se revela digna de apoio de quem critíca o individualismo mas não empatiza com aqueles que lhe resultam distantes.
Isto não passa de mais um "rouba mas faz"; "é o que se pode", etc.
A verdade é que no seu todo, 49 milhões x 700$ x ano = 35.000 Milhões, +o-. 20.000 Milhões salvariam a banca Portuguesa, 20.000 Milhões de euros são o necessário para salvar a economia Grega.
Não à discriminação de merda, a mesma que leva os portugueses a trabalharem por pão e acorrentados por essa europa fora.
Não à incoerência!
Não à revolução a crédito!
Não à pseudo-alternância!
Mobilização solidária internacionalista!
Aliás,
A estimativa até está feita com dados errados. Cada seguro custará aproximadamente 245 dólares/mês, montante que, multiplicado por esses anunciados 32 milhões de americanos, significa um encaixe anual para as asseguradoras de 94.000 Milhões.
Querias.Batatinhas,com enguias.
Quer dizer: não há doces para ninguém...
Um abraço.
Maria:
Com uma “névoa” de limão... ☺
Maria:
Olá!!!
Pronta para o caminho, então. ☺
Salvoconduto:
E é um pau!
Mário Pinto:
Amigo, o cartaz só o publiquei, exactamente para mostrar o quanto é nojento.
Sobre o texto... deve ter havido uma pequena falha de percepção, pois tudo o que aponta no comentário, está escrito, ou implícito, no meu post.
Uma coisa mantenho: para os milhões de americanos pobres, que até agora não tinham qualquer possibilidade de acesso a cuidados de saúde, esta medida, mesmo cheia de defeitos e contradições, é positiva. É um avanço civilizacional que, como muito bem diz Fidel, o estranho é que tenha demorado tantas décadas a ver a luz do dia.
MP:
Exactamente... para as seguradoras será um chorudo negócio!
Irlando:
☺ ☺
Fernando Samuel:
Muito dificilmente...
Abraços colectivos.
Mais dinheiro para as Seguradoras com a etiqueta de Segurança Soial é um "engana meninos e papa-lhes os bolos". Gostava de conhecer os reais benefícios dessa medida!!
Um abraço.
Graciete Rietsch:
Um pequeno, embora em alguns casos de grande necessidade, importante e decisivo benefício para aqueles que até agora não tinham direito a nada... e muitos milhões de dólares para as seguradoras, como seria de esperar.
Abreijo.
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