sábado, 19 de dezembro de 2020

O SOM DO SILÊNCIO

 



Apesar de muita música que já se vai tocando por aí, em concertos caríssimos, quase sempre com os mesmos “famosos” e que, de um só vez, arrasam a possibilidade da existência de centenas de projectos artísticos de pequena dimensão mas com infinitamente mais interesse cultural, arrastando igualmente no tombo quem vive desse trabalho (sim, estou a ter a ousadia de insinuar que sou um destes)… a nossa música, pelo menos a que pratico e de que gosto, começa a deixar-se contagiar pelo nosso cansaço acumulado… e vai-se instalando um mortal silêncio

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

John Lennon (1940-1980)

 



Li algures um comentário de um jornalista (presumo), que ao receber na redacção do velho “DL” a notícia do assassinato de John Lennon, terá comentado:
- Pensava que os artistas só morriam em acidentes, ou vítimas da droga.
Na verdade foi precisamente isso que aconteceu. Lennon foi vítima de um tenebroso acidente provocado pela “droga dura” da fama e da glória. Não aquela de que justamente gozava, fruto do seu imenso talento e do amor de milhões de admiradores… mas a que o medíocre ser humano e assassino Mark Chapman procurava.
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(Ilustração: Shin Kwang Ho)

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

TRAJECTOS

 



Miúdos de Lisboa, numa fotografia de Alfredo Cunha, nos idos de 1975.
Que será feito destes rapazes? Não me é possível saber.
Ainda assim, é possível imaginar que se algum engraçou com o símbolo e se inscreveu no MRPP… e claro, se tinha o “papá” certo, como muitos dos que por lá andavam, hoje poderá estar na administração de um qualquer banco, como o mais famoso e “durão” de entre eles, que está no gigantesco “Goldman Sachs”, poderá ser dirigente, ou ter já sido ministro pelo PPD-PSD, ou pelo PS… caso fosse rapariga, poderia mesmo estar a pensar candidatar-se às próximas presidenciais.
Vou fazer figas pelo melhor e pensar que se tornaram apenas gente boa!

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

O GADANHEIRO

 



Sempre houve, fosse nos anos 40 do século vinte, ou mais tarde, quem chegasse ao Alentejo e pensasse:
- Olha que lugar patusco para ter uma casita onde vir passar uns fins de semana a emborcar uns tintos e enfardar migas de espargos com secretos de porco preto… a gozar com o sotaque dos indígenas e a fazer de conta que gosto de ouvir o cante alentejano!
Felizmente, também foi sempre havendo gente que chegava ao Alentejo e via o que, realmente, lá estava.
Como o lisboeta Júlio Pomar, que viu este “Gadanheiro” numa qualquer daquelas “alucinações” de ar quente a bailar sobre as searas e o fixou no cérebro até poder passá-lo para uma tela… onde visivelmente só muito a custo conseguiu que ele “coubesse”.

(“O gadanheiro” - Júlio Pomar, 1945)

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

A CRISE DAS PESCAS - UMA REFLEXÃO

 





Ainda há bem pouco tempo isto estava “assim” de belos peixinhos a nadar…

Não consigo entender o que aconteceu… mas é muito triste!


sábado, 3 de outubro de 2020

“LE TABOU”

 

 



Fica assim definitivamente explicada uma boa parte do charme do som de Miles Davis. Estávamos em 1950, na mítica cave de Paris, “Le Tabou”, um “antro” situado em Saint-Germain-des-Prés, frequentado por amantes de jazz e literatura, como Sartre, ou Camus, ou Roger Vailland, ou Boris Vian, ou Raymond Queneau, ou Jean Cocteau… que ali decilitravam bebidas improvisadas, música forte e poesia rompendo através do fumo.

Nesta noite, a trompete de Miles Davis foi tocada pela mágica jovem Juliette Gréco… com 23 anos de idade. Ele tinha 24.

Nunca mais foram os mesmos. Nem ela, nem ele, nem a trompete, nem a poesia, nem a música, nem quem teve a felicidade de os ouvir.

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Um belo ano

 





Em 1952, ano desta fotografia e do meu nascimento, já havia muitas pessoas com uma saudável “pancada”, como o autor da imagem, o fotógrafo Erwin Blumenfeld… belos chapéus… e esta belíssima modelo que, como se compreenderá, não consigo dizer quem é.

Ou seja… eu não vim acrescentar nada, ou, citando mal o Sebastião da Gama, ficou (quase) tudo como estava.

terça-feira, 29 de setembro de 2020

TRUMP

 




Já tinha começado a alinhavar uma mão cheia de palavras… mas depois pensei: Para quê?
Um bom cartoon quase nunca precisa de explicações.

domingo, 27 de setembro de 2020

27 DE SETEMBRO DE 1979

 


Em memória de Casquinha e Caravela, assassinados pela GNR, aqui fica sem muito mais palavras a minha homenagem, na tarde do dia em que morreram.

Faço-a na forma de uma canção do Vitorino, “Cantiga de uma greve de verão”, cantada por mim numa das faixas de um CD gravado ao vivo, há já alguns anos
Espero que gostem…


"Cantiga de uma greve de verão"
(Samuel)



terça-feira, 22 de setembro de 2020

Por favor...

 







Alguém explique a este meu amiguinho humano que eu não sou um cão.
Estes passeios pelo campo estão a “matar-me”!
Eu tenho sete vidas… mas seis são para dormir, balhamasanta!

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

As pombas

 










 

Reza a lenda ter sido num jardim de Évora que, apesar de ficar a uns bons quilómetros de Lavre e de o Saramago ter então pouco mais de 30 anos, eu pela primeira vez me vi subitamente “levantado chão”, ao ter decidido começar a andar sem qualquer ajuda, para grande espanto de quem me tinha levado para o jardim.
Já agora conto eu, apesar de este “flash” de memória também parecer uma lenda atendendo à tenra idade, que tenho plantada no cérebro a imagem das pombas brancas de leque, das quais só os mais velhos se lembram em Évora… que andavam por ali a esvoaçar à minha volta.
Reza a lenda que eu tinha com a tais “extintas” pombas brancas de leque uma relação muito mais confortável e amistosa do que a deste meu parceiro aqui na fotografia, apesar de ser muito mais idoso do que eu era aquando desta história.
Infelizmente, ninguém então me fotografou!

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Serviço Nacional de Saúde - Parabéns!

 











Caras e caros trabalhadores do “SNS”, parabém pela passagem de mais um aniversário de uma das grandes conquistas de Abril de 74, conseguida apesar dos votos CONTRA, quando da sua aprovação no Parlamento, do PSD, do CDS e de deputados independentes sociais-democratas.

É bem provável que, dentro de dias, venham a ter que enfrentar, novamente, uma avalanche demencial de trabalho, se viermos mesmo a passar pela segunda vaga da pandemia… mas podem ficar tranquilos. Haverá novamente salvas de palmas nas janelas, que resolverão todos os vossos problemas… tal como resolveram na primeira vaga.

Por mim, que não sou muito de “palmas” e espero poder continuar a manter um saudável “distanciamento físico” dos vossos serviços… apenas o meu obrigado!

Fica igualmente a homenagem ao Dr. António Arnaut e aos deputados do PS, do PCP, da UDP e o deputado independente Brás Pinto que, em 15 de setembro de 1979, votaram de forma honrada e ao contrário dos herdeiros do fascismo, a criação do SNS que, apesar de ao longo dos anos se ter ido transformando no “saco de pancada” dos vários governos… ainda consegue ser um dos melhores serviços nacionais de saúde do mundo.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Palavras caídas em desuso

 




Ainda sou do tempo em que os erros de cálculo nas correrias no quintal acabavam, normalmente, com os joelhos “em obras” por vários dias.

Esperava-se então que as feridas não começassem a “criar”… e suportava-se o tempo que as feridas levavam ainda a “comer”… e depois “aquilo” caía e tudo passava.

domingo, 13 de setembro de 2020

Campanha presidencial - Declaração

 













Daqui do meu posto de observação independente e sendo quase certo que, como vem acontecendo nos últimos anos, a minha contribuição enquanto  trabalhador da cultura “do género” cantor de intervenção, ou lá o que isso era, não seja solicitado para qualquer evento de campanha eleitoral… declaro que o meu respeito político e humano está repartido por vári@s candidat@s à presidência, em percentagens que agora não são para aqui chamadas.

O número desses candidatos é que, infelizmente, pode contar-se pelos dedos de uma mão… de um velho empregado de serração extremamente azarado.

Votos de um bom e esclarecedor trabalho, que é, numa primeira fase, a tarefa mais importante desta campanha… como em qualquer outra.

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Circo político

 
















Para além da vasta lista possível de designações de correntes políticas e de pensamento, concentremo-nos em duas.

  1. Existem os socialistas.
  2. Existem os social-democratas.


Dito isto, sempre achei que quem apregoa uma coisa híbrida como o “socialismo democrático”, é sempre um social-democrata (ou ainda mais à direita) que nunca teve “tintins”, ou a menor intenção de dar um passo na direcção do socialismo.


Tudo o resto é circo… ainda por cima com muito pouco pão.

Agradecimento

 




Aqui por casa estamos em arrumações. Daquelas que, mais do que necessárias, são inevitáveis… pelo que toda a ajuda tem sido importante.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Já que falei de animais...

 













 

“O chimpanzé Aldrabé, é

O chimpanzé Aldrabé, é

Uma loucura no salto em altura

O chimpanzé Aldrabé

Salta prás argolas como para as bananeiras

Leva a tarde inteira a fazer asneiras

Entra nas corridas pra ver como é

Mas nunca chega à meta

O pobre Aldrabé”


Isto cantava uma amiga minha nos anos 70 e princípios de 80… e agora que falei nisso, acho que ela cantava “Barnabé”… mas ia dar uma trabalheira emendar. Fica assim.

Velho...

 







Portanto, para os espertalhaços que andam subitamente a acenar com o fascismo do Aldrabé, como se fosse segredo antes… com o racismo do Aldrabé, como se ninguém tivesse reparado antes… as declarações porcas (não encontro outro temo) do Aldrabé sobre Ana Gomes, seriam razão para irmos todos votar em massa em Ana Gomes e no seu “programa”, vazio de tudo, menos de populismo, justicialismo de rua, e ruído. Claro que posso estar errado e a Dra Ana Gomes ter mesmo um programa político, para além da atitude aguerrida habitual.

Seja como for e venha de onde for, este acenar com o espantalho Aldrabé é uma boa tentativa de manobra eleitoral.

Acontece que mesmo gostando muito - muito mais do que deveria! - de queijo… sou já um daqueles ratos velhos que topam perfeitamente que aquele zingarelho esquisito por detrás do queijo… é uma ratoeira.

Obrigado… mas não, obrigado!

Os "uns" e os jovens

 











A juventude não sabe nada sobre nada.

A juventude desconhece a História de Portugal, antiga ou recente.

A juventude não respeita os mais velhos e está pouco ligando para a possibilidade de os seus comportamentos irresponsáveis durante esta pandemia, poderem matar os pais, ou os avós.

A juventude é furiosamente consumista, mesmo não ganhando o suficiente para o ser, forçando alguns pais a viver como escravos dos seus gostos de moda.

A juventude é sexualmente depravada e deixou de se respeitar até entre si, achando normal a violência entre colegas ou mesmo entre namorados.

A juventude está perdida! - dizem UNS.


São precisamente estes “UNS” que rasgam as vestes e ameaçam com castigos “divinos”, de cada vez que alguém sugere que seria bom que, desde o início da vida escolar…

 

- A juventude tivesse um cuidado ensino sobre os temas da sexualidade e da igualdade de género e do respeito devido “ao outro”, independentemente da sua etnia, credo, identidade sexual.

- A juventude tivesse acesso a ensino cuidado sobre a História da Humanidade e do seu próprio país, para melhor entender o presente e os caminhos que escolha no futuro.

- A juventude fosse habituada a conhecer a História do pensamento filosófico e político… para não se alhear por achar “tudo igual”, ou ser presa fácil de vigaristas como os “Aldrabés Ventura” desta vida.

- A juventude fosse educada para respeitar mais a história de vida dos seus avós, do que a merda do telemóvel ou tablet que os trás fascinados (por mais úteis que sejam)…. ignorantes sobre aquilo que faz viver e crescer tudo sobre a Terra e lhes dá o pão.

- A juventude fosse apresentada à fantástica superioridade do ser, sobre a escravatura do ter.


A lista poderia continuar… mas creio que é já o suficiente para ilustrar o quando eu abomino estes “UNS”.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Não é justo!

 




Andam para aí tantas moçoilas arraçadas de modelos, sofrendo projectores e fumos, maquilhagens violentas, mini saias abismais e decotes vertiginosos, tocando pop-foleiro em violinos cheios de efeitos sonoros…

… e subitamente chega a Hilary Hahn… estadunidense da Virginia, com uma figura tão “dela própria” e tão serena, a tocar desta maneira… e é ela que é excitante… e irresistível… e linda!

Dá vontade de não respirar durante os três minutos e meio.

Bach… esse sorri apenas. Está feliz.


J.J.Bach - Partita

(Hilary Hahn)





Surto psicótico

 


Ó mãe!… O primo está maluco‼️‼️ 

domingo, 6 de setembro de 2020

Juram?!

 




Nas vossas mentes retorcidas de humanos, vocês acham que isto tem mesmo piada, é?

Ó prá minha cara a achar piada!!!

Esperem até eu reencarnar como “Rottweiler”… para vos explicar umas ideias sobre sentido de humor e comédia física!

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

 



Quando há já uns anos publiquei esta imagem, acompanhei-a de um vasto “blá blá blá” pseudo poético-politizado em que (ainda) acreditava.
De todo o “blá blá Blá” vagamente motivacional, apenas se salvou a frase “dar forma aos sonhos”.
É precisamente isso que terei (teremos) que fazer. Tão rapidamente quanto for possível.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

PRISÃO




Corrente de ferro ferrugento, ou corrente de ouro.

Corda de cânhamo, ou cordão de seda…

Não importa a qualidade da prisão.

Prisão, é prisão!

Confidência

 




Fazendo de todos vós meus confidentes involuntários… declaro que nunca gostei de palhaços.

Não pertenço ao enorme grupo de pessoas a quem os palhaços provocam verdadeiro pânico… mas não gosto.

Porque não acho graça a praticamente nada que façam e digam. Porque me aborrecem mortalmente. Porque alguns com quem tive que partilhar bastidores de espectáculos, quando eu também participava em espectáculos para crianças… eram pouco mais que trambolhos e de uma ignorância e mau gosto ostensivamente perigosos para o público que atingiam.

Salvando as raras excepções de palhaços geniais que houve e há… Isto é o que sinto por quase todos os palhaços que, por necessidade, vivem daquilo.

Agora imagine-se o que penso dos “palhaços” que andamos a aturar em lugares de comentadores, jornalistas, varas de políticos, gestores, etc… para além daqueles que ocupam os “mais altos cargos da nação” e acham que armarem-se em palhaços… rende votos!

É de amargar!

domingo, 30 de agosto de 2020

“ALLONGÉ”

 





No meio da agitada coreografia que foi a minha vida… acabou por ser esta a “figura” de dança que mais me caracterizou na adolescência, juventude e idade adulta.

Nada supera a intensidade interior e a elegância exterior deste gesto técnico!

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Camarinhas

 




Não encontro as palavras certas para explicar o sabor das camarinhas… nem como contar a saudade dos momentos em que elas chegavam, nas canastras transportadas à cabeça, ao portão da casa das primas de Ouca (Vagos)… ou, caso mais raro, quando as apanhava directamente dos arbustos que povoavam as matas da Torreira e São Jacinto, quando o passeio à praia nos levava para esse lado... uma memória já com mais de cinquenta anos.

Dito isto e como solução, na falta de palavras chamo a música.

A Galiza tem um povoado lindíssimo, em plena Costa da Morte, chamado Camariñas e tem uma fantástica cantora, Luz Casal, que é quase galega de tão asturiana... e que canta desta forma a cantiga popular “Camariñas”, com o acompanhamento de luxo dos “Luar na Lubre”, já na fase da vocalista portuguesa Sara Vidal, que também participa no vídeo.


Camariñas

(Tradicional da Galiza)


Ao pasar por Camariñas

por Camariñas, cantando

as nenas de Camariñas

quedan no río lavando


Camariñas, Camariñas

xa me vas camariñando

por unha de Camariñas

vivo no mundo penando.


Camariñas

(Luz Casal-Luar na Lubre)