domingo, 31 de maio de 2009

Sócrates – voando baixinho



Como apreciação ao facto de mais uma vez, milhares e milhares de professores terem enchido as ruas, desta vez, num Sábado escaldante que convidava a uma tarde amorfa, na praia, para lhe dizerem alto e bom som o que pensam das suas políticas pedestres para o ensino, o lamentável presidente do conselho que nos tocou em azar, apenas conseguiu produzir umas declarações, algo entre o patético e o ameaçador, afirmando ter visto entre os manifestantes alguns dirigentes político-partidários, regougando mais umas baboseiras sobre "intrumentalização" e "caras destapadas".

Não sabe ou não quer saber a execrável criatura, que o facto de estarem, se for sinceramente, solidários com a luta dos professores, só valoriza esses dirigentes políticos.

Não sabe ou não quer saber o inútil, que o facto de se lutar por causas que muitas vezes ultrapassam em muito o problema pessoal do chequezinho ao fim do mês, eleva o ser humano e, neste caso, os professores, a patamares de dignidade que ele nunca conheceu e não sabe, por isso, distinguir do preço dos seus fatinhos feitos por medida.

Não sabe ou não quer saber a imprestável figurinha histórica, que o título de militante por uma causa, vale milhares de vezes o seu título de “6º mais elegante e bem vestido”.

O seu parceiro de campanha “ibero-socialista”, Zapatero, está envolvido numa feia polémica, por utilizar o avião Falcon do Estado Espanhol para se deslocar a comícios do PSOE (e um do PS, aqui em Portugal). Há já quem queira ver José Sócrates igualmente envolvido nessa polémica pela utilização do Falcon espanhol.

Polémica inútil! Sócrates já só voa de abutre!

Liberdade, que estais em mim



Liberdade

— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

(Miguel Torga, in 'Diário XII')

sábado, 30 de maio de 2009

Buracos negros



Enquanto à esquerda e à direita cada partido, conforme o seu programa e convicções, tenta trazer as ideias para a campanha eleitoral, nomeadamente, já que estamos numa campanha para o Parlamento Europeu, uma ou outra posição sobre a Europa, o que podemos dar-lhe ou esperar dela e a posição de Portugal na comunidade, o Bloco Central, de que presentemente é sócio maioritário o Partido Socialista, limita-se a oferecer aos eleitores um espectáculo degradante, fruto do desespero de tanto PS como PSD não conseguirem desenhar o contorno de uma ideia que verdadeiramente os distinga. É algo como uma partida de ténis entre Maria Sharapova e a “nossa” Michele Brito, em que apenas estivesse em jogo o volume dos gritos e não a qualidade do ténis praticado.

Nesta mais recente historieta eleitoral do candidato “socialista”, sobre as roubalheiras no tal banco cheio de figuras gradas do PSD, historieta em que, ao que parece, ninguém o informou da presença de figuras do PS, em menor número, mas igualmente gradas, como dizia, nesta competição de alegados ataques e não menos alegadas respostas tudo é bem-vindo. Tudo, menos um sinal de inteligência, menos a “maré cheia de uma ideia p’ra nos empurrar”.

Decididamente, estes não são os cantores do sol de verão que se há-de erguer e de que se ouvem já os rumores.

Se PS e PSD estivessem, deliberadamente, a tentar afastar milhares de cidadãos da simples ideia de ir votar, dado que a disponibilidade para participar activamente na vida democrática, essa já foi há muito arrasada pelos seus tristes exemplos, dificilmente fariam melhor.

Para amantes de astronomia e estudiosos dos célebres “buracos negros” onde tudo se perde, Vital Moreira e os seus actos de campanha podem ser um excelente material de estudo.

Bocage



Chamava-se Manuel Maria Barbosa du Bocage. Para além de tudo o que possa ter feito, escrevia. Teve “encontros” infelizes com o obscurantismo, a estupidez, a “Santa Inquisição”, Pina Manique... mas foi sempre lutando por permanecer um espírito livre.

Dizem que costumava parar por este café da baixa de Lisboa. Ainda hoje espantaria e incomodaria os pacatos turistas e clientes, se por lá aparecesse, dando um ar dos seus versos e dos seus modos inconvenientes. Esquivava-se de apertos com a graça que o tornou célebre. Entre versos sensuais, que o levavam a paraísos inconfessáveis, misturava outros, que o levavam à prisão.

"Reclama o teu poder e os teus direitos

Da Justiça despótica extorquidos."
(Bocage)

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Justiça?





O juiz Gouveia de Barros, que lamentavelmente decidiu o caso da criança “devolvida” à , chamemos-lhe assim, mãe, arrepende-se dos termos em que se referiu à mãe adoptiva, pois viu agora, na televisão, que ela não é a pessoa que ele pensava pelos papeis que leu. Choca-se com as imagens das agressões à criança, pois embora já tivesse lido que a “mãe” batia na filha, não sabia que era tão grave, etc, etc.

O juiz arrepende-se de toda a bosta de justiça que fez, decidindo mal e de forma irremediável, sobre a vida de pessoas com as quais confessa não ter tido qualquer contacto, com as quais nunca falou, das quais não conhecia nem aspecto nem carácter, limitando-se a decidir com base em textos que leu nuns papeis.

Que diabo de justiça é esta, com leis aparentemente tão boas e avançadas, mas com executantes tão pedestres e irresponsáveis?


Espero bem que exista de facto alguma coisa pela qual este juiz possa ser punido, visto ninguém poder ser castigado pelo simples facto de ser um “pobre de espírito”.

Memória


(Fotografia "Reuters")

No princípio todos estamos convencidos de que temos dois metros. Todos somos capazes de fazer “afundanços” como o Michael Jordan ou o Magic Johnson.

Depois, ou somos nós que encolhemos, ou os “cestos” ficam muito mais altos...

Aposto que ainda somos capazes de voar!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

António Gedeão - Porque sim...



Raramente se terá escrito um texto tão claro, tão simples e tão certeiro, contra essa aberração que é o racismo. É António Gedeão no seu melhor, trazendo a grande poesia para as coisas aparentemente vulgares do dia a dia.

Para além da leitura, podem ouvir uma das versões cantadas destes versos. Escolhi a que é, talvez, menos conhecida, na voz cristalina do Duarte Mendes, meu companheiro na aventura do disco colectivo de 1973, “Fala do Homem Nascido”, inteiramente dedicado à poesia de Gedeão musicada por José Niza, de que esta canção faz parte.

Bom fim de tarde!


Lágrima de preta
(António Gedeão)

Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado

Olhei-a de um lado
do outro e de frente
tinha um ar de gota
muito transparente

Mandei vir os ácidos
as bases e os sais
as drogas usadas
em casos que tais

Ensaiei a frio
experimentei ao lume
de todas as vezes
deu-me o que é costume

Nem sinais de negro
nem vestígios de ódio
água (quase tudo)
e cloreto de sódio.


Nacionalizemos, então, todo o grande capital!



O professor Vital deu-nos mais um vislumbre da claridade das suas propostas e fluidez de raciocínio ao propor um novo imposto, deixando a campanha em polvorosa e recolhendo apoios para a ideia que são mais letais que os ataques da oposição, como é o caso do Super Credível Constâncio.

Afinal não é bem um imposto (é uma espécie de voluntário à força?), um aumento de receita que afinal se limita a tirar o dinheiro de outro lugar onde ele já estava. "É um não sei bem, sei lá!... , depois das eleições logo explico, são tudo invenções da oposição, não digo mais nada, os senhores têm tudo registado!” e finalmente... amuou para as câmaras de televisão.

Por qualquer defeito de educação, que era suposto ter sido o mais “piedosa” possível (mas falhou), sempre que vejo figuras da extirpe de Vital Moreira em situações caricatas como esta, em vez de ser invadido pela tal piedade, dá-me esta vontade irresistível de contribuir ainda mais para a “molhada”.

Na falta de um bocadinho de gasolina para atirar para cima da fogueira em que o candidato se anda a grelhar, contribuo com este pequeníssimo vídeo, vindo dos confins da nossa História.

Para acabar:

1 - Não ponho o vídeo, surripiado ao “5 Dias”, por achar que Vital não tenha direito a mudar de ideias quantas vezes quiser, mas apenas por ser hilariante e lembrar que ele tinha a voz muito menos aflautada (ver até ao fim).

2 – É uma enorme sorte para o PS que a campanha dure apenas até dia 5 de Junho. Umas semanas mais sob o efeito desta brilhante prestação do seu cabeça de lista e arriscar-se-iam a passar por uma pesada humilhação nas eleições.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Dias Loureiro - Já vai tarde!!!


Há sempre uns espertos...



Este texto do “Cravo de Abril” é um dos (bons) exemplos de que, como seria de esperar não passou em claro a tentativa de alguém, no Diário de Notícias (tentativa tão óbvia como tola), de colar as “colaborações” do cineasta João Salaviza com o Bloco de Esquerda à sua vitória recente em Cannes, onde ganhou a Palma de Ouro para melhor Curta Metragem.

Felizmente, como nestas coisas convém sempre que o visado na notícia diga alguma coisa, depois fica-se a saber que a ligação do cineasta ao BE se limitou a um vídeo para a recente campanha do “Sim” e à montagem duns pequenos filmes que integram os Tempos de Antena daquele partido e que dão pelo nome de “Fantasbloco”. Afinal, ele declara-se totalmente apartidário. Com isto não quero insinuar qualquer preferência pela filiação ou não filiação partidária de João Salaviza, nesta ou naquela força política, que para além de ser um assunto seu, não é da minha conta.

De qualquer maneira, a manobra espertalhaça da “ligação” do prémio do Festival de Cannes ao BE com títulos como este “Dos tempos de Antena do BE à Palma de Ouro”, por parte do DN, resultou. Fazendo uma pesquisa no Google sobre João Salaviza, aparecem praticamente tantas referências ao seu prémio no festival de cinema, como aos tais filmezitos para os Tempos de Antena do Bloco de Esquerda e, por tabela, a outras iniciativas deste. Boa jogada!

Não quero terminar sem me congratular pelo facto de João Salaviza, ao contrário da sua participação nos “Fantasbloco”, em que apenas assina a montagem dos (muito fraquinhos) filmes, ter concorrido ao Festival de Cannes com a sua curta metragem “Arena”, onde é autor de praticamente tudo, o que, pelo que se viu, fez toda a diferença, mas para muito melhor.

O cinema português agradece mais este “agrado” internacional. Parabéns, João Salaviza!

Tudo bons rapazes





E agora? Depois da longa descrição da saga "à la Martin Scorsese" do Grupo SLN, do BPN e do tremendo entalão que Oliveira e Costa, banqueiro caído em desgraça e que já foi seu Secretario de Estado, deu no “amnésico” Dias Loureiro, que já foi seu Ministro e agora “conselheiro”, que terá para nos dizer o nosso genial Presidente e ex-Primeiro Ministro, Aníbal Cavaco Silva?

A minha sócia maioritária, que por detrás daquele ar inocente e distraído é uma humorista muito subaproveitada, diz que ele deve ir rapidamente passar uns dias ao estrangeiro, que é a única maneira segura de poder responder, como vai sendo costume, “Vão desculpar-me, mas aqui não falo de assuntos...je je internos do país...je je!”

Neste momento, Dona Maria Cavaco já deveria estar fazendo as malitas... e ala para Benidorm, que ainda por cima, como o Presidente disse aos portugueses para não irem de férias, aquilo por lá deve estar a verdadeira paz dos anjos.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Manuel Pinho - As salas são minhas!





“O Ministério não autorizou a presença dos senhores jornalistas por entender que este encontro se poderia transformar numa espécie de comício”. É esta a justificação que dá Justino Pinto, Director Regional do Ministério da Economia dirigido por Manuel Pinho (o “indigente” da fotografia), para proibir a entrada nas instalações aos jornalistas que pretendiam assistir (em trabalho) ao encontro da candidata Ilda Figueiredo com trabalhadores da Direcção Regional de Economia do Centro, em Coimbra.

Tal como o dinheiro com que a Câmara do Porto fez há semanas umas obras num bairro social e que a candidata do PS às Europeias e ao mesmo tempo à autarquia daquela cidade (Elisa Ferreira), diz ser dinheiro do Governo e do PS, também agora passam a ser do PS as instalações e edifícios públicos pelo país fora.

A menos que a proibição, como desconfia (e bem) Ilda Figueiredo, seja só para acções de campanha da CDU. Aí então... estaria tudo dentro da “normalidade”.

E assim vamos…

Jornalismo de tasca





Nos tempos que correm, os jornalistas são todos doutores. Os mais “aptos” estão ao serviço das agendas políticas e económicas dos seus patrões. A grande maioria está para o que der e vier... e alguns, poucos, resistem à ideia feita de que receber um ordenado em troca do seu trabalho, inclui a venda da alma.

O trabalho da tal maioria é indigente todo o ano, mas quando, por qualquer razão, a actividade política aperta, como é o caso nas campanhas eleitorais, eles aí estão em todo o seu esplendor!

Enquanto os tais mais “aptos” se concentram no trabalho sujo que requer alguma perícia política, a maioria alastra pelo terreno das televisões e jornais como sacos de plástico no final de uma feira, sujando tudo indiscriminadamente. Alguém lhes meteu na cabeça que para fazerem figura de “independentes”, têm que se multiplicar em reportagens e artiguinhos onde descrevam todos os passos dos políticos, sejam de que quadrante forem, de forma desrespeitosa, escarninha, muitas vezes ofensiva. Alguém lhes meteu na cabeça que para se mostrarem “independentes” têm que se mostrar não contra este ou aquele político, mas contra todos... e se possível, mesmo contra a política em geral.

Se um candidato, de qualquer partido, fala de um tema que possa parecer sério, logo se apressam a fixar um qualquer pormenor anedótico do dia, da assistência, da roupa. Como “doutores” que são, a ignorância e analfabetismo das pessoas que vão encontrando pelo país, é sempre um prato forte que adoram e servem até à indigestão a todos os telespectadores ou leitores, ao mesmo tempo que ignoram arrogantemente os reais problemas dessas mesmas pessoas.

Assim, rapidamente, todos os assuntos ficam reduzidos a umas “bocas” típicas de conversa de tasca, onde “eles são todos iguais”, onde “eles querem é poleiro”, onde, como à boa maneira fascista, “a minha política é trabalhar”.

Não tendo sequer noção dos efeitos do seu “trabalho jornalístico”, dada a ignorância de dimensões verdadeiramente bíblicas de que são possuidores, são na verdade os mais perigosos para a democracia. Transformam tudo o que tocam em lixo, afastam da participação política milhares e milhares de pessoas.

Como disse (lá longe!) ao princípio, alguns poucos resistem, em nome de um jornalismo digno, em nome da liberdade, em nome do futuro, em nome de uma profissão que pode ser um grande serviço público.

Quanto tempo levará até que voltem a entrar nas redacções dos jornais, revistas e televisões, verdadeiros jornalistas, talvez com menos destes inúteis “doutoramentos”, mas com muito mais cultura, personalidade, formação cívica, convicções e talento?


Adenda: Não, não me esqueci de que talvez o mais importante seja libertar os órgãos de informação das garras de muitos dos que os detêm... ou talvez mais importante ainda, fazer o que estiver ao nosso alcance para voltar a ter mais media que não esteja nessas mãos. Claro que não me esqueci! Isso está na base de tudo!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O coveiro



Podia publicar-lhe apenas a cara e deixar às visitas a tarefa de improvisar sobre a grunhice que lhe é conhecida... mas pronto... sempre digo ao que venho.

Em resposta a um ataque político da deputada europeia Ilda Figueiredo que descreveu (e bem!) o ex-ministro da agricultura do PS, Capoulas Santos, como uma espécie de coveiro da agricultura portuguesa, tal o acerto e brilhantismo com que exerceu o cargo (primeiro cá, depois no Parlamento Europeu), o sempre bem educado indivíduo, responde que não senhor, que se assume, antes, como “coveiro do PCP no Alentejo”. Adianta depois alguns dos seus “feitos” que, quanto a si, justificariam o “cognome”.

Apenas alguns reparos:

1 – Devia passar a fazer declarações apenas antes das refeições.

2 – Pode pegar na pá de coveiro e... bem, acho que afinal sempre deixo os restantes reparos por conta das visitas.

“Ninguém me pode obrigar!”




Segundo o novo jornal “i”, já não há praticamente bicho careta no PS que não jure a pés juntos ser Manuel Alegre o melhor, o mais fantástico, preparado, culto, sólido e exemplar candidato às próximas Eleições Presidenciais... até os que não têm morrido de amores por ele.

A coisa é de tal maneira que, como seria de esperar, Alegre já está a ensaiar o novo número do “Ninguém me pode obrigar!”. Diz que só se a “inspiração” o encaminhar para a candidatura é que decidirá nesse sentido.

Até lá, questionado sobre a possibilidade de aparecer ao lado de Sócrates na campanha para as Legislativas, o poeta garante que mesmo não sendo candidato a deputado nas listas do Partido Socialista, "Se houver uma situação de grande dramatização esquerda-direita, obviamente que darei um sinal de apoio à vitória do PS". Talvez garanta, igualmente, que esta sua militante disponibilidade não tem nada que ver com o que escrevi nos parágrafos anteriores…

A vida tem destas coisas!... Ao mesmo tempo que nos vai dando grandes caneladas, nos intervalos presenteia-nos com estes espectáculos francamente cómicos.

Como aqui se “sugeriu”, há uns dias, não foi necessário esperar muito para ver um “tabu” substituído por outro igual. Pelo menos, a fragrância é muito semelhante...

domingo, 24 de maio de 2009

A ninhada



Como se resultasse de uma directiva saída de uma reunião de patrões e donos de jornais, os últimos dias têm-nos mostrado uma imprensa ainda mais apostada do que o costume, em sabotar as iniciativas da CDU, de todas as maneiras ao seu alcance.

Para quem apenas leia os títulos dos jornais, Ilda Figueiredo e os milhares de activistas que organizam e participam em centenas de iniciativas por todo o país, estão, na verdade, sentados em casa bebendo umas cervejas, enquanto PS, PSD, CDS, e BE se “esfalfam” em acções de campanha e se multiplicam em declarações sobre tudo e mais alguma coisa.

As primeiras páginas dos jornais, no dia seguinte à “pequena” marcha que juntou em Lisboa 85.000 manifestantes, são um espectáculo de falta de vergonha, só em parte “desculpável” pela mistura de ódio e sobretudo, medo, que as motiva e explica. Vários desses jornais conseguem a proeza de não terem tomado conhecimento sequer de que a marcha existiu. Um ou outro, lá diz qualquer coisa, como é o caso do Público, nesta verdadeiramente patética minúscula chamada , num cantinho ao fundo da capa, com o título assombroso “PCP diz ter juntado mais de 80 mil pessoas”, como se estivessem a falar de algo duvidoso, que aconteceu muito longe e às escondidas...

Da ninhada de rataria constituída pelos donos dos jornais e os seus mais directos lacaios dentro das redacções, nada há a esperar! O que me faz confusão é não conseguir entender lá muito bem como é que os outros que trabalham nessas redacções e ainda se reclamam do jornalismo, conseguem conviver diariamente com esta indignidade. Como justificam a capitulação perante os interesses dos inimigos da verdadeira informação? Como suportam a verdade nua, crua e feia, que os espelhos lhes estampam violentamente na cara todas as manhãs?

Mar de gente!



85.000!
Como é que se abraça tanta gente?

sábado, 23 de maio de 2009

Maio maduro Maio



Maio com meu amigo
Quem dera já
Sempre depois do trigo
Se cantará
Qu'importa a fúria do mar
Que a voz não te esmoreça
Vamos lutar
(José Afonso)

Ali ao fundo deste jardim de Lisboa pode ver-se uma estátua alta. É o monumento ao Marques de Pombal, plantado no meio da Praça com o mesmo nome.

Pessoalmente, abomino a figura e não gosto particularmente da Praça, mas se estivermos a falar de um número razoável de amigos que pretendem encontrar-se, é de facto um excelente ponto de encontro.

Apareçam por lá hoje, digamos... depois de almoço... e lá para as 15 horas cantamos umas cantigas juntos, deitamos para fora do peito umas verdades, bebemos da amizade, força e determinação uns dos outros...

Vão ver que faz bem! Até logo, então.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Vasco Pulido Valente - a realidade portuguesa






O injustificável Vasco Pulido Valente vai lançar um livro. O lançamento será cometido com a ajuda da presidente da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza. Segundo me diz o meu companheiro das bicas matinais, o livro, "Portugal - Ensaios de História e de Política", trata da nossa História recente que vai do Liberalismo do Século 19, ao PREC de 1974/75.

Embora devastado pelo facto de não poder comentar a obra, já que não tenho a mais pálida intenção de a ler, mesmo assim quero deixar uma nota sobre uma das “interpretações” históricas (o termo é do autor) de Pulido Valente sobre o PREC, que segundo ele não foi Marxista-Leninista, como Cunhal queria, acrescentando ainda o "historiador" que o dirigente comunista não conhecia a realidade portuguesa.

Realmente... Cunhal bem tentou!... Desde a juventude, procurou a realidade portuguesa nos campos da fome do Alentejo ou no meio rural do Norte, entre as operárias e operários de norte a sul do país, em milhares e milhares de horas de reuniões com trabalhadores e os seus representantes, procurou até nas salas de tortura da PIDE, nas prisões do regime fascista, procurou, depois, na festa e explosão de alegria e empenhamento popular que se seguiu à Revolução e nos anos e anos de luta que se seguiram para a defender... mas nada!

Cunhal esqueceu-se de procurar a realidade portuguesa no único lugar onde ela está, toda concentrada: no fundo do copo de Vasco Pulido Valente.

João Rendeiro (BPP) dedica-se à comédia


João Rendeiro, ex-presidente do BPP, considera-se o primeiro prejudicado com a actual situação do banco que fundou em 1996: “Sou o maior accionista e o principal prejudicado, quer em termos financeiros, quer em termos de imagem, para não falar de outras coisas.”

Defende ainda que as contas (do banco roubado e falido) devem ser alteradas, para respeitar as normas contabilísticas internacionais. Feito isso, em vez de prejuízos entre 700 e 800 milhões de euros, a "holding" devia apresentar lucros de 200 milhões de euros.

Confesso que primeiro ainda pensei que fosse uma palhaçada do homem, assim como que para arrancar um sorriso a todos os que estão a arder com milhões, por culpa dele… mas depois instalou-se a dúvida.

E se o senhor João Rendeiro, em vez de incompetente, irresponsável e trafulha, é afinal um génio? E se os miseráveis trocos que tenho na Caixa Geral de Depósitos, vai-se a ver e são uns valentes milhões... isto, claro, à luz das tais extraordinárias “normas contabilísticas internacionais”?

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Filhos de um Deus (muito) menor



Seguindo a pista de uma notícia que dava conta da inauguração de uma página pessoal do Papa Bento Ratzinger, na Internet, especialmente feita para a juventude, a curiosidade lá me fez ir ver a dita página, ou portal, ou site... ou lá o que é.

Se alguma vez me tivesse iludido com o Papa, teria ficado bastante desiludido. Afinal, trata-se do “mambo-jambo” habitual da “Boa Nova” e da evangelização global.

Ainda pensei que, por ser dedicado à juventude, estivesse por lá, algures, mesmo que não sendo em destaque e na abertura, um verdadeiro e formal e de preferência, sentido, pedido de perdão aos jovens e filhos de milhares de homens e mulheres que já foram jovens, aos quais foi reservada uma vida infernal, assombrada dia a dia por violência física e psicológica, abusos sexuais de toda a ordem, durante várias gerações, encurralados em centenas de escolas, colégios e seminários católicos, abusos esses sofridos às mãos de padres, freiras e seus ajudantes, em privado ou em grupo, mas sempre, sempre, sem piedade e sofrendo para o resto da vida o sufoco do manto de criminoso silêncio que a Igreja sempre estende sobre vítimas e agressores, como em mais este abjecto relato, desta vez passado na Irlanda, a mais recente e sinistra das muitas “revelações”.

A prova de que esta gente tem muito pouco ou nenhum contacto com o Deus que dizem representar na Terra e quase tudo o que vem escrito nos livros que dizem ser a sua Bíblia, pode resumir-se na ligeireza com que depois de anos e anos de estudos teológicos, saltam tantas vezes e sem remorso a leitura do versículo 40 do capítulo 25 do Evangelho segundo São Mateus:

"Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes."


Adenda: O pedido de desculpas entretanto feito pela "Igreja da Irlanda", apesar de muito louvável, não me faz mudar nada ao que escrevi antes, nomeadamente porque isto não é coisa que se resolva com "desculpas" e, que eu saiba, a Igreja... não é da Irlanda.


Santa Paciência



O movimento das beatificações, santificações e derivados vai de vento em popa. Para além das resmas de santos que já tínhamos, há uns dias foi a vez do “Condestável”, o que dá grandes e justificadas esperanças ao “Oliveira da Serra” e mesmo ao “Azeite Gallo”. Agora dizem-nos que o processo de santificação, ou beatificação, ou lá o que é, da vidente (com aqueles óculos???) Irmã Lúcia, vai avançar em ritmo acelerado.

Parece que há quem jure a pés juntos que a senhora fez umas “graças”. Também o gato da minha vizinha, mas isso não é razão para estes exageros!

Se a coisa continua neste ritmo, nós, os que ficaremos conhecidos no futuro por “Aquele Pequeno Grupo De Portugueses Que Não Foi Beatificado”, teremos certamente uma vida muito solitária!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

"Pitecantropos maioritarius"




Sempre, ou pelo menos quase sempre que a oposição pretende ouvir alguma personalidade da nossa vida pública, no Parlamento, e no caso de essa audição supostamente poder beliscar o PS, a maioria “socialista”, de forma pendular, chumba as pretensões dos partidos que pedem a audição. Já nem surpreende.

Desta vez, impediram o presidente do IEFP de esclarecer devidamente a grande trapalhada com os números de desempregados apagados das listas... e o país tem que se contentar com as atabalhoadas justificações do atabalhoado Ministro do Trabalho e da (atabalhoada) Solidariedade Social.

Para além da manifesta arrogância desta prática, de democraticidade muito duvidosa, os dirigentes do PS julgarão mesmo que com esta atitude prestigiam de alguma maneira, o Parlamento, a maioria parlamentar, o próprio PS, ou mesmo as tais individualidades que assim ficam quase sempre sob suspeita de terem algo a esconder?

Nestas alturas pergunto-me se será de facto a inteligência o requisito decisivo no processo de “qualificação” desta gente para aceder aos cargos que ocupa!

Nós, Autoeuropeus!





A recente e abjecta encenação por parte dos mandadores da VW Autoeuropa é exemplar. Precisamente no momento em que se tornam mais duras as negociações tendentes a impor, entre outros "mimos" para os trabalhadores, aquilo a que eles chamam "mecanismos de flexibilidade laboral na empresa", subitamente, do nada, surgem estas “comparações” com as fábricas da Alemanha “que não encerrarão em caso algum”, as quais poderiam perfeitamente absorver a produção da fábrica de Palmela, se...

Claro que nenhuma destas “comparações” são uma ameaça de deslocalização da Autoeuropa! Qual quê?! São apenas a conversa da treta, que todos os negociadores "honestos" nunca dispensam no decorrer de uma negociação "honesta". Claro que as suas intenções são as melhores.

É exactamente este tipo de comportamentos asquerosos por parte do capital, que devia servir para despertar aqueles que ainda não entenderam o carácter bandidesco e predador de um sistema económico em que os donos do dinheiro, num minuto estão pedindo batatinhas ao governo, seu aliado incondicional, exigindo apoios, choramingando a crise... e no minuto seguinte, satisfeitas as suas exigências, já “São os mordomos do universo todo, senhores à força, mandadores sem lei, enchem as tulhas, bebem vinho novo...”

São os vampiros! Nunca se foram embora... e os poucos que foram, estão de volta.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Catarina (13 de Fevereiro de 1928 - 19 de Maio de 1954)


Tombos da História



Segundo li no “Cravo de Abril” e depois fui ver em pormenor no “Público”, mais um daqueles acidentes sem explicação nem promotores, voltou a acontecer. Desta vez, foi a uma catrefada de documentos que, como bons documentos que eram, documentavam uma das fases de desenvolvimento, chamemos-lhe assim, da tão falada Cova da Beira. Falavam de uma época não muito distante e das relações deste empreendimento com os fundos comunitários, entre outras coisas.

Alguém, atropelando inexplicavelmente as leis nacionais, destruiu uma grande parte desses documentos. Desgraçadamente, exactamente aqueles que correspondiam à época que está sob investigação judicial.

Vários amigos de José Sócrates, e ele próprio, devem estar inconsoláveis, pois a sua ligação a este caso já muito dificilmente ficará na História, pelo menos com a dimensão e clareza que eles tanto mereciam.

Quanta da nossa História como país se terá afundado em “acidentes” como este, dificultando o nosso entendimento do que foi o nosso passado?

Quantos mais “acidentes” como este irão ainda acontecer, dificultando o nosso avanço para o futuro?

Tivemos uma Torre do Tombo, de que muito nos orgulhávamos, onde se guardava de tudo, desde Forais, decisões régias e outros documentos preciosos... até listas de compras de comerciantes que, embora parecessem sem importância, na sua época, hoje dizem-nos como se vivia, o que se consumia, qual era a qualidade de vida, o custo dos produtos, etc.

Que teriam para nos dizer estes documentos “acidentalmente” destruídos?

A Torre do Tombo, fazendo (erradamente) jus ao nome... caiu! Na falta de dimensão para “torres”, ficou-nos o estranho gosto pelos “tombos”. Este é apenas mais um!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Pedro Quedas - "Escolhas"



Agradecimentos

À minha mãe, por nunca me permitir deixar de acreditar no potencial ilimitado das minhas capacidades.

Ao meu irmão André, por nunca deixar que essa crença me subisse à cabeça.

Ao meu pai, ao Paulo, à Maria, à Lúcia e à Sara, por me abrirem a janela para um lado tão criativo da minha família. E por me encherem de neuroses por ser consistentemente a única pessoa na sala sem qualquer talento musical.

A toda a minha família (incluindo o Armindo e a Odete – vocês serão sempre parte da minha família), pelo apoio incondicional que nunca me faltou.

À Secundária do Restelo, por me ter ensinado que a fúria descontrolada nunca é a melhor forma de resolver conflitos. É mais eficaz manipular as pessoas com piadas.

Ao curso de Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, por me ter transformado de um rapaz neurótico e depressivo com a mania que tem piada num homem neurótico e depressivo com a mania que tem piada.

À coerência organizativa, ao Rockline, ao Vale Travelho, a Cancun e a Odemira. Aos jantares de anos, de Natal, de Ano Novo, de Páscoa, de fim de aulas, de recomeço e, acima de tudo, aos jantares sem absolutamente nenhuma razão de ser.

À Porra do Deserto, aos brasileiros sem sotaque e a todos os que não entram em tilt depois de um bad beat.

À Livros do Brasil por acreditar em mim, e ao revisor, por não me ter assassinado depois de passar horas a navegar pelo tenebroso mar dos meus vícios de escrita.

A Deus, ao Pai Natal, ao Calvin e ao Hobbes.

A Stephen King.

Por fim, quero dedicar este livro a todas as mulheres que, directa ou indirectamente, alguma vez me rejeitaram. Sem as profundas feridas emocionais que me causaram, este livro não seria possível.

Pedro Quedas


Isto foi o que o jovem escritor de 26 anos, de seu nome Pedro Quedas, entendeu escrever como agradecimentos, no seu primeiro romance, “Escolhas”, lançado ontem à tarde na Feira do Livro de Lisboa, com a chancela Livros do Brasil e o aconchego de uma sala cheia.

Escreve bem! Isso é bom... pois se bem me lembro, desde o infantário não quer fazer outra coisa.

Este texto revela pouco ou nada sobre o livro, mas algo no seu tipo de humor deixa uma coisa bastante clara: afinal eu tenho a quem sair!

domingo, 17 de maio de 2009

“Krzywy Domek” - Pontos de vista



Nos idos de finais dos setentas, princípios dos oitentas, estive quase para ir cantar ao Festival de Sopot, na Polónia, onde (diziam) a qualidade do acolhimento e o Mar Báltico, compensavam largamente a música, geralmente fraquinha, do certame. Nessa altura ainda não existia esta magnífica “Krzywy Domek”, para as pessoas de hábitos de linguagem mais simples, apenas “casa torta”, hoje uma incontornável atracção turística da cidade… mas isso agora não interessa nada.

O que quero partilhar convosco é a reacção de várias personalidades a esta obra de arquitectura.

Diz Óscar Niemayer: Mesmo assim, ainda tem algumas rectas dispensáveis!

Diz Anton Gaudí: É certinha demais para o meu gosto!

Diz Siza Vieira: Para que raio é tanta curva, carago?!

Diz José Sócrates: Pfffff!!! Isto também eu faço!

sábado, 16 de maio de 2009

Manuel Alegre - Fim do tabu








Se isso quiser dizer que durante uns tempos não passaremos os dias, em todos os jornais, revistas, rádios e televisões, a “apanhar” com não-acontecimentos, não-declarações e não-rupturas, protagonizadas pelo aguerrido político e sempre acompanhadas dos inevitáveis gritos de “agarrem-me senão desgraço-me”, por mim está excelente! Apoiado! Aplausos!

Vamos passar ao futuro, como diria o Zé Carlos Ary, o que neste caso quer dizer, aos verdadeiros acontecimentos, declarações e rupturas... que tanta falta fazem!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Singela advertência




Não é que o problema me tire um minuto de sono que seja, mas sempre vou lembrando que isso também fazem os ursos... e depois é o que se sabe!...

Caleidoscópicos



A vida política portuguesa é, em alguns casos, como um caleidoscópio, um verdadeiro espectáculo de cores que mudam, ideias que vão e vêm, ideais assim e sobretudo assado, inexplicáveis golpes de rins, movimentos rápidos como relâmpagos que levam do PS para o PSD, do PSD para Secretário Geral do PS, do MRPP para todo o lado (desde que seja coisa importante), do PPM para dentro, do CDS para fora, da AOC para aqui, do MES para acolá, do POUS para cima, da UDP para baixo, do PCP para parte nenhuma, do PCP para o BE, do PCP para o PS, do PCP para a Iberdrola... todos num voo previsível, sempre, sempre para a direita, em direcção à base deste verdadeiro arco-íris, onde está, segundo a estória, o pote do ouro, que alguns, ostensivamente, parece terem já encontrado.

É uma verdadeira arte! Mudar tão rápida e “ruidosamente” de cor, que muita gente quase não perceba de que antes foram outra coisa. Ah... e saber agarrar-se muito bem a tudo, exactamente como faz este artístico bicharoco que a Maria Maia me apresentou, via mail, embora não o faça tão bem como alguns desses “políticos”, chamemos-lhes assim para facilitar.

Não sei se o bicharoco se chama camaleão por ser camaleónico, ou se é camaleónico apenas por ser camaleão. Não interessa!

Aos humanos que tão bem imitam esta sua tão colorida habilidade, gosto de chamar outras coisas bem diferentes, mas que não vou aqui confessar, para não acabar a estragar o ambiente.

Apreciem o artista!


quinta-feira, 14 de maio de 2009

Vá lá! Agora puxem isso para cima... isso para baixo... isso para dentro...



Hoje o meu já tradicional “café-com-direito-a-correio-da-manhã”, deu-se apenas à tarde. Duas pequenas notícias ficaram até agora a fazer-me comichões.

Na primeira (acompanhada de um vídeo algo asqueroso), um infeliz qualquer da Associação Académica lá do sítio, para tentar explicar o show porno e as “encenações” de sexo com estudantes de Engenharia Mecânica do ISEP, protagonizado por várias “strippers” contratadas para uma das festas da Queima das Fitas, afirma que a contratação de “strippers” é já uma tradição académica... desde 2007!

Eu sei que a memória (e a cultura) de alguma da nossa juventude é um pouco curta... mas “tradição desde 2007” não será juvenil demais?

Na segunda, o vice presidente da CONFAP, aquela associação de alguns pais financiada pela Ministra da Educação, dirigida pelo “emplastro” Albino, talvez por ciumeira da fama do tão mediático lambe-botas da ministra, quis também dizer umas coisas. Assim, oportunisticamente aproveitando as notícias algo patéticas das inquietantes visões de cuequinhas, decotes, minissaias e boxers, ocorridas numa escola do Pinhal Novo, disse que a introdução de uniformes para os estudantes do ensino público, serviria para “esbater desigualdades sociais”.

Diz a lamentável criatura, que dado haver alunos que vão para a escola com caras roupas de marca, enquanto outros nem têm dinheiro para a higiene básica, o uso de uniformes seria uma maneira de...

Estão a ver o alcance da coisa? Capotas especiais para “esbater as desigualdades” entre os Fiat Punto e os BMW série 7, entre a Cova da Moura e as casas da Quinta da Marinha, entre Joe Berardo e um desempregado têxtil do Vale do Ave, tudo, tudo muito bem esbatido e governado pelo bloco central. Está definitivamente descartada a importância e utilidade da luta de classes! A coisa vai lá é com uniformes!!!

E pronto, caras e caros leitores, se quiserem comentar... é só escolher.

Tenho consciência de que isto é algo suicidário para os nervos... mas amanhã lá estarei de novo a beber o meu “café-com-direito-a-correio-da-manhã”. Já faz parte.

Vá lá ser azelha no raio que...


Lembram-se deste post, lá atrás, de seu nome "Quem sabe, sabe!"? Pois... algum dos deuses dos blogues e, pelos vistos, grande admirador de Vital Moreira, decidiu fazer-me a cabeça em água. Assim, desde há dois dias que sembre que abria o "Cantigueiro", o que aparecia era aquele post. A coisa era bastante irritante... e depois de muito sangue, suor e lágrimas, acabei por apagar o post, a coisa, mesmo assim e inexplicavelmente, continuou a acontecer, mas ao cabo das tormentas e muito apagar de memórias, caches, bookmarks e tudo o mais onde se pudesse ter alojado o "bug", parece que consegui publicar de novo o texto, no seu lugar... só que durante todo este processo, todos os vossos estimados comentários ao dito foram irremediavelmente apagados.

A todos os que tinham comentado, peço desculpa!

Maneiras de ver...



É sempre interessante ter uma nova perspectiva da Estátua da Liberdade, há mais de cento e vinte anos a mais famosa “habitante” da micro Ilha da Liberdade, à entrada do Porto de Nova Iorque.

Espero bem que ninguém tenha a ideia disparatada de ir fazer o mesmo com o nosso aniversariante Cristo-Rei!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Vade retro!!!



Sempre que irremediavelmente encostados à parede pela crise e perante a manifesta falta de “interesse” dos privados em arriscar seja o que for pelo país, antes fazendo ostensivamente apenas pela sua vidinha, os Estados e os Governos, mesmo os que constantemente arrotam loas à sacrossanta economia de mercado, vêem-se obrigados a nacionalizar empresas e sectores estratégicos que tinham antes entregue de mão beijada à ganância dos "investidores" capitalistas.

Quando se descobre que alguns desses louvados capitalistas são meros ladrões, ou que, como era o caso da COSEC, ninguém ali está interessado em cobrir os riscos das exportações (razão para a qual existe), como já disse, lá resolvem que deve ser o Estado a assumir as suas obrigações... mas “vade retro Satanás” se alguém vai pensar que as pessoas se deviam sentar e analisar estes “fenómenos”, aplicando o mesmo princípio à generalidade dos sectores mais importantes da nossa economia, não nacionalizando apenas as dificuldades, mas igualmente os fabulosos recursos da energia, banca, seguros, produção industrial, apoio real à agricultura, inovação, e por aí fora...

Eu cá, gostava! Mas também... eu gosto de cada coisa!...

Aqui há gato!...



- Achas que o que este senhor “eurojusto”, Lopes da Mota, que pelos vistos vai ficar sozinho a levar com um processo disciplinar, pressionou os inspectores que investigavam o caso Freeport, mas sem ser a mando de ninguém, sei lá... só porque tinha a Playstation avariada e estava sem nada para fazer e tão aborrecido como nós e...

- Quase que aposto!

- Já estás a ficar tão farto destes humanos quanto eu?

- Mais! Muito mais!!!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Sem sair do mesmo sítio...



Como não existem assim tantas “economias de mercado” como isso, é legítimo pensar que quando Cavaco Silva defende a economia de mercado para sair da crise, pode estar a referir-se exactamente à economia de mercado que nos enterrou na mesmíssima crise.

É uma ideia de génio! Este rato, também está convencido de que a correr na roda, chegará muito longe... mas tem desculpa. Qual é a desculpa de Cavaco Silva?

Quem sabe, sabe!



O cabeça de lista do PS às Eleições Europeias, Vital Moreira, “acha” que se o governo de Sócrates não tivesse maioria absoluta, muito dificilmente conseguiria chegar até ao fim da legislatura e que o Primeiro Ministro “já teria morrido flagelado”.

A ver se entendi. Portanto, o professor quer dizer que um governo minoritário, tem mais dificuldade do que um outro, com maioria absoluta, para impor medidas ruinosas, impopulares, gravosas para os trabalhadores, ataques generalizados contra classes profissionais inteiras, faltar às promessas eleitorais, resistir a escândalos, em suma, ter toda a oposição parlamentar e o país contra si.

Genial descoberta do professor! Como é que nunca ninguém se lembrou disto?

Agora a sério, Vital Moreira, homem de vastos conhecimentos, tem amiúde esta espécie de “paragens cerebrais”, o que é tão absolutamente legítimo como irrelevante. Dramático, é que continue a falar, nos momentos em que está “sob a influência” das ditas!

Final 1: Copiando o meu amigo e maestro João Luís, que costuma escrever coisas que lhe diz “a sua fofa”, tivesse o professor algum jeito para o corte e costura... e com aquele belo cabelo branco e os tiques das mãos, seria uma arrasadora imitação de Karl Lagerfeld.

Final 2: Esteja num debate, numa entrevista televisiva ou no calor da sua borrifada “mini Marinha Grande”, Vital ostenta sempre o mesmo sorrisinho. Rais parta se aquilo não me lembra a célebre anedota da hiena!...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A eterna falta de... sei lá!





Segundo li, primeiro n’ “O tempo das cerejas” e depois na própria “fonte”, Ricardo Costa, jornalista director-não-se-de-quê na SIC, alinhou no Expresso umas considerações sobre as eleições europeias, em que se refere à deputada da CDU no Parlamento Europeu como “a eterna Ilda Figueiredo”, uma tirada insolente que é apenas um pormenor de um texto (fraquinho!...) todo feito num já estafado tom demagógico de ataque cego aos partidos (tom em que pelos vistos alguns ainda apostam para atrair mais alguns leitores), mostrando que o seu juvenil conflito de gerações, o qual entretanto degenerou em anticomunismo primário, não vê melhoras desde há muito tempo.

Tivesse o jornalista a preocupação de cumprir, pelo menos, os mínimos aconselháveis de rigor profissional e teria descoberto em poucos minutos (como se não soubesse!...) a existência de vários deputados portugueses, na Europa, com o mesmo número de anos de mandato da deputada da CDU e alguns com mais, aos quais nem lhe passa pela cabeça chamar “eternos”.

Na realidade, nem me interessa saber se mais esta grosseria de Ricardo Costa se refere aos anos de mandato de Ilda Figueiredo enquanto deputada, se à sua idade. Não quero, igualmente, estender-me em comentários sobre o cronista do Expresso. Ocorre-me apenas lembrar que por estas e outras, não admira que avós, pais e até amigos mais “velhos”, acabem nos caixotes do lixo, imolados no altar de sacrifícios desta particular espécie de juventude, nalguns casos bastante serôdia, como é o de Ricardo Costa, e em outros (muitos, infelizmente!) apenas arrogante, preconceituosa e ignorante.

As leis do mercado e da concorrência



Tal é a dimensão do já antigo “negócio das almas” e a importância dos interesses envolvidos, que as Igrejas têm que se sentar à mesa, para discutir entre si uma espécie de código de conduta, limites na “agressividade” da abordagem proselitista de umas igrejas a “clientes” de outras, normas de concorrência leal... como qualquer empresa.

Para quando a “Associação de Pequenas e médias Igrejas” e a cotação das “Grandes Igrejas” em bolsa?

domingo, 10 de maio de 2009

Pelo amor de Deus!



Hoje apeteceu-me que alguém cantasse aqui uma canção esmagadora e que o fizesse de uma forma extraordinária. A Maria Rita prontificou-se.

Sobre todas as coisas
(Chico Buarque/Edu Lobo)

Pelo amor de Deus

Não vê que isso é pecado: desprezar quem lhe quer bem

Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém abandonado

Pelo amor de Deus



Ao Nosso Senhor, pergunte se ele
construiu nas trevas o esplendor

Se tudo foi criado: o macho, a fêmea, o bicho, a flor

criado pra adorar o Criador

E se o Criador inventou a criatura por favor,

se do barro fez alguém com tanto amor

para amar Nosso Senhor



Não, Nosso Senhor, não há de ter lançado em movimento

Terra e Céu, estrelas percorrendo o firmamento em carrossel

pra circular em torno ao Criador



Ou será que o Deus que criou nosso desejo é tão cruel

Mostra os vales onde jorra o leite e o mel,

e esses vales são de Deus



Pelo amor de Deus, não vê que isso é pecado

desprezar quem lhe quer bem

Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém abandonado

Pelo amor de Deus!

Bom domingo!

"Sobre todas as coisas" - Maria Rita
(Chico Buarque/Edu Lobo)

sábado, 9 de maio de 2009

Engraxador altamente motivado



O Doutor Basílio Horta, um dos símbolos da direita cavernícola, caceteira e malcriada, decidiu esconder todas estas suas qualidades no sótão e abraçar os encantos do centrão de interesses que esta espécie de “socialismo à la Sócrates” continua a proporcionar-lhe.

Nos seus tempos de glória verbal arruaceira, teria tratado o lamentável ministro Manuel Pinho abaixo de “indigente funcional”. Agora, ficou-lhe agradecido, por este, em sua defesa, ter sido vagamente insolente para com o candidato do PSD às europeias, Paulo Rangel.

Isto leva-me a compartilhar convosco uma reflexão algo profunda e que é a seguinte:

A esmagadora maioria dos engraxadores profissionais, foi para a profissão por absoluta necessidade. Alguns, poucos, foram iludidos por imagens enganadoras como a que está aqui em cima... o que se compreende. Qual será a motivação de Basílio Horta?

sexta-feira, 8 de maio de 2009

"Dolce Vita" - vidas vazias




Ao que parece, algumas lojas dariam “brindes” aos primeiros visitantes. O facto de em alguns casos esta “fúria compradora” reflectir mais miséria do que poder de compra, nomeadamente nos (tristes) casos de pessoas que, a troco de uns poucos Euros, ficaram horas na rua, durante toda a noite, para garantir a vez na fila a oportunistas que queriam comprar computadores com desconto, não me impede de ficar abismado com o vazio que habita tantos dos cérebros nacionais, nem de ficar (quase) contente por saber que alguns desses “génios” pertencem ao grande grupo dos que nem sequer se dão ao trabalho de ir votar, seja em que eleição for.

Depois arrependo-me da sobranceria... e penso na hercúlea tarefa que se impõe, de demonstrar (preferencialmente pelo exemplo) a inutilidade fútil “do ter” quando comparada com a grande aventura “do ser”, sei lá... a caminho de uma sociedade menos triste...