Leio, com algum espanto, que dois sobrinhos do assassino Silva Pais, o último diretor da PIDE, decidiram processar vários dos criadores envolvidos numa peça de teatro que foi à cena no Teatro Nacional D. Maria II, peça escrita a partir do livro “A filha rebelde”, que retrata a vida de Annie Silva Pais, filha do assassino e casada com um diplomata suíço. Annie Silva Pais, cansada da opressão vivida em Portugal e na sequência da sua estadia em Cuba, onde teve vários contactos com Che Guevara, viria a aderir publica e abertamente à causa da Revolução cubana.
Parece que os “ofendidos” pedem uma indemnização de 30.000 euros para "castigar" aquilo a que chamam ofensa à memória de Silva Pais, por em três falas da peça se insinuar que o biltre estaria ligado aos assassinatos de Humberto Delgado e da sua secretária.
Lembre-se que o assassino Silva Pais estava a ser julgado exatamente pela participação nesses crimes, quando morreu de causas naturais seis meses antes de ser lida a sentença.
É exatamente isso que alegam os espertalhaços dos sobrinhos. O tio Silva Pais nunca foi condenado por aqueles crimes.
Portanto, amigas e amigos, não se deixem levar na conversa de que qualquer chefe de assassinos é tão assassino como os operativos seus subordinados, pois por debaixo de qualquer pedra podem sempre existir vermes que se transformem em descendentes “ofendidos” e ciosos da memória dos seus criminosos antepassados.
Pensando bem... alguém conhece alguma fotografia ou vídeo de Salazar, Rosa Casaco, ou Silva Pais, apanhados no acto de assassinar alguém? Existe alguma confissão assinada por algum deles? Salazar foi alguma vez condenado em tribunal por algum dos crimes, torturas e assassinatos que ordenou? Portanto, muito, muito cuidado!
Quanto aos “ofendidos” sobrinhos, desconheço se pedem a indemnização apenas por falta de dinheiro... mas aquilo que lhes falta, sem sombra de dúvidas, é um mínimo de vergonha na cara.