quinta-feira, 31 de março de 2011

Real Madrid, protofascismo e... Shakira?!


Por vezes perguntam-me de onde me veio o indisfarçável desamor pela realidade do futebol profissional, o que tem uma resposta muito simples. Não se trata de nada muito profundo. Simplesmente, a educação a que, para o mal e para o bem, fui sujeito em criança, manteve-me afastado da influência do fenómeno da bola. Esse “vírus” dificilmente se apanha depois, na idade adulta.
Agora passamos à questão “o que é que está aqui a fazer a cantora “pop” Shakira? Faz parte da estória de hoje. A Shakira, cuja música ligeira ou as coreografias incendiárias não me fariam escrever, em princípio, uma linha, é uma miúda simpática, simples e inteligente, a quem a fama planetária acompanhada do rio de dinheiro que normalmente vem atrás de um tão grande sucesso, não cegou. Não é notícia pelos consumos de álcool ou drogas, nem por orgias em casa do Berlusconi... mas sim por ser uma cidadã atenta, empenhada (seriamente e não para a fotografia) em várias causas humanitárias, algumas ligadas às crianças pobres e órfãs, filhas de gente miseravelmente explorada, injustiçada e assassinada no seu país, a Colômbia. Fez, no entanto, uma coisa que de todo não deveria ter feito: apaixonou-se pelo rapaz errado... pelo menos para alguns.
E aqui voltamos ao futebol, quanto mais não seja para, além de "admirar" esta estória, termos a consolação de confirmar que não é só em Portugal que alguns clubes de futebol são dirigidos por energúmenos, por vezes a roçar o débil mental (entre outras grandes e similares qualidades) e, ao mesmo tempo, perceber aonde é que algumas “claques” de “adeptos” vão beber a inspiração para os ventos de fascismo que transportam consigo.
Em poucas linhas, a jovem Shakira apaixonou-se pelo jogador do BarcelonaGerard Piqué (pecado mortal!) e ambos já assumiram publicamente o seu namoro... razão considerada suficiente por quem manda no Real Madrid, para a banir do seu estádio, ou mais precisamente, decretar que as suas músicas passam a estar proibidas de passar no sistema sonoro do Estádio Santiago Barnabéu.
Brilhante! Está dado o mote. É meio caminho andado para que elementos das claques madrilenas vão aos concertos da cantora, insultá-la, boicotando e espalhando a violência nos espectáculos.
Lá, como cá, serão mais umas centenas, ou milhares, com coisas “bem mais importantes” em que pensar... do que a maçada da situação económica, capitalismo, exploração, precariedade, desemprego, partidos, eleições, alternativas políticas...

Angela Merkel – Assim como que uma espécie de Sócrates... mas a vestir pior


"Panzerkampfwagen"Angela Merkel, encaixou uma copiosa derrota nas eleições regionais alemãs... à semelhança do seu minúsculo amigo francês Nicolas Sarkozy, mas este nas cantonais francesas.
Ao contrário de Sarkozy, que ainda não encontrou culpados para a derrota (os ciganos, que agora lhe dariam imenso jeito, já foram por ele expulsos, aos milhares), Angela Merkel já tem culpados para o seu humilhante desaire eleitoral: os japoneses! Mais exatamente, a crise nuclear do Japão. São admiravelmente simples, o mundo e o cérebro desta mulher!
Mesmo sabendo que os rosnidos de Merkel são o lado para que o povo do Japão dorme melhor... francamente... era mesmo isto o que lhes estava a fazer falta neste tão difícil momento!
Seja como for, a notícia foi de certo modo um alívio. Durante umas horas ainda pensei que a “culpa” fosse parar às costas dos trabalhadores dos países do sul da Europa (esses incorrigíveis mandriões!), ou então, dada a berraria com que ela vai ditando ordens a Portugal, que fosse debitada diretamente ao Parlamento português, por ter chumbado o PEC4, ou finalmente e no limite, à falta de melhores candidatos... a mim.
Para já, posso então ficar descansado.

quarta-feira, 30 de março de 2011

António Filipe – Mas esse não é c... co... comun... ista?!!!


Como que para “provar” que a barreira “monolítica e sisuda” do Grupo Parlamentar do PCP é absolutamente estanque e imune ao (bom) humor, encontrei esta pérola, escrita pelo deputado comunista António Filipe, na sua página do “Twitter”:
«O debate quinzenal com o Primeiro-Ministro que estava marcado para o dia das mentiras foi cancelado. Já não há respeito pela tradição».

Obama/Bush – Duas máscaras para o mesmo assassino


A grande fraude política e humana que é Barack Obama, justificou a intervenção militar na Líbia, para a qual arrastou os acéfalos lacaios do costume, dizendo que sempre que os interesses e os valores dos EUA estejam em causa, o seu país deve “agir”.
Primeiro, não valia pena ter dito “interesses e valores” na mesma frase, já que são uma e a mesma coisa.
Segundo, é extraordinário confirmar que milhares de soldados de vários países, incluindo o nosso, andam pelo mundo a matar e a morrer para defender os interesses e valores... dos EUA.
Terceiro, isto é um tremendo e sonoro aviso a todos os países do mundo, sem exceção... mesmo aqueles que acreditam pertencer à lista de amigos dos EUA.
Quarto, olhem... meus amigos e amigas, adaptem-se à “nova ordem internacional” perfeitamente aplicável às relações entre vizinhos. Sempre que acharem que o vosso vizinho de cima, ou do lado, ou do fundo da rua, não está a corresponder plenamente aos vossos “interesses e valores”, já sabem... bombardeiem-no, incendeiem-lhe a casa, ou então, se quiserem resolver o assunto de forma mais “humanitária”... dêem-lhe uma amostra do “sonho americano”. Matem-no!

terça-feira, 29 de março de 2011

Recibos verdes, precariedade e ex-governantes


Um amigo perguntou-me, com ar de antecipado gozo, se os governantes agora “despedidos” iriam também ficar a andar por aí... “ó tio, ó tio”... a toque de recibos verdes, para aprenderem o que é a precariedade...
Acho que arruinei a fantasia do meu amigo... mas tive que lhe explicar que a esmagadora maioria dos nossos ex-governantes, há muito se habituou a depender dos “recibos verdes”. Há muitas décadas que lida com os “recibos verdes”... milhares e milhares deles... em alguns casos, mesmo, milhões...
Só que, como se vê na imagem, trabalham com um modelo de “recibo verde” especial, vá lá... diferente!...

Cavaco Silva – Rais parta tal pátria...


É com o coração sangrando e a alma em farrapos que imagino o excruciante sofrimento de Aníbal Cavaco Silva ao convocar o Conselho de Estado, sabendo que não vai ver entre as caras dos seus Conselheiros a expressão serena e segura do seu amigo, delfim e protegido, Manuel Dias Loureiro, cujos “conselhos” seriam, mais uma vez, fundamentais, para traçar um caminho de transparência para as contas públicas, de honestidade na governança, de lisura nos processos, de uma solução para o enorme buraco financeiro em que o país está atascado.
Não duvidando dos bons conselhos que todos os Conselheiros providenciarão... e já que falei da nódoa que temos a fazer de Presidente, ou “A coisa”, como muito bem escreveu aqui o meu amigo Viriato Teles, quero acabar com uma nota de boa disposição, trazendo aqui para a sala principal um comentário/estória que me foi deixado quando, há dias, aqui falei do miserável discurso presidencial elogiando a guerra colonial, estória passada exatamente na guerra colonial e que dedico ao inestimável contributo de Cavaco e de muitos dos seus Conselheiros, para a solução dos nossos reais problemas.
Quando entrámos pela primeira vez na caserna, construída em pleno mato, vimos escrita na parede a frase: “Soldado. Cada coice da tua arma é um agradecimento da tua Pátria!”Entretanto, alguém já tinha escrito por baixo:
Rais parta tal pátria... que agradece aos coices!”

segunda-feira, 28 de março de 2011

Standard & Poor’s – Roubar como modo de vida


Têm vários "comandos" organizados. Vão-se revezando nas manobras de preparação dos sucessivos assaltos às economias, vencimentos e pensões dos portugueses e trabalhadores de todo o mundo. Desta vez (mais uma vez) é a Standard & Poor’s a cortar o rating de cinco bancos portugueses, na sequência do corte antes infligido à República.
Os cortes perpetrados contra a República são, normalmente, justificados pela dimensão da dívida... e pelas “dificuldades” que os bancos têm para conseguirem financiar-se nos “mercados”. A seguir, num ciclo vicioso, corta-se o rating aos bancos, porque a República ficou com maiores problemas... e depois dos bancos, novamente à República... e isto até ao limite... até que dê.
E assim, um punhado de vulgares ladrões, verdadeiros gangsters que ninguém elegeu para coisa nenhuma, vão esgotando a seiva e a energia que poderiam ajudar a recuperar a economia e o tecido social de países inteiros... até à última gota. Quando a seiva se esgota, viram-se para outra qualquer vítima.
E é perante estas quadrilhas organizadas em “mercados” que se curvam os governantes e aspirantes a governantes. Perante este continuado roubo, do qual alguns por cá, apesar do ar compungido, também lucram, a única “atitude” que ensaiam perante os “mercados”... é a tentativa de os “acalmar”, oferecendo-se diariamente para fazer a colecta do roubo.
E é desta forma que os “mercados” e o punhado de anónimos que os controlam, financiam guerras que lhes permitem apropriar-se das matérias primas de meio planeta, que irão financiar o seu estapafúrdio nível de vida que nenhuma atividade honesta poderia alguma vez sustentar. Entretanto, os governantes e aspirantes a governantes, se “servirem bem e fielmente”, poderão igualmente aspirar a uns lugares nos conselhos de administração dos muitos “braços armados” que os “mercados” têm espalhados pelo mundo.
Uns e outros deveriam ter lugar garantido, não em conselhos de administração nem em governos... mas na prisão! Só que, para isso... seria preciso mudar o mundo...

Sócrates – Reeleições e voltas de 360 graus


Nem por um momento me passaria pela cabeça questionar a legitimidade do resultado, ou a liberdade de os militantes escolherem o líder que preferem... mas mesmo assim fui dar uma volta pelos blogs e colunas jornalísticas de comentadores simpatizantes de José Sócrates e do PS, para ver se alguns deles dedicava ao resultado desta eleição as piadas que repetidamente dedicam a outras eleições, quando dizem que esta ou aquela votação foi “à albanesa”, ou “à norte-coreana”, sempre que os números da vitória são desta maneira esmagadores. Curiosamente, não vi.
Seja como for, e mais a sério, escutando as palavras de Sócrates no seu discurso de vitória, parece que, mais uma vez, um verdadeiro rio de progresso, europeísmo, justiça social, emprego, saúde, educação... vem aí pela mão do PS e do seu renovado líder, correndo na nossa direção. Na verdade...
Atendendo à simpatia acrítica que os eleitores demonstram pelos discursos de vitimização.
Atendendo ao atávico obscurantismo que impede tantos milhares de cidadãos de terem a coragem de fazer a ruptura com “o que está”, mesmo quando vêem que está mal, optando pela alternativa em vez da alternância.
Atendendo ao facto de que tudo será feito para fornecer muita propaganda e circo aos eleitores, nem que seja preciso “inaugurar” com toda a pompa e circunstância locais de trabalho como este, em Évora, mais um "call-center" que, como todos os outros, serve apenas para liquidar postos de trabalho com direitos, "oferecendo" em troca trabalho tão miseravelmente pago quanto precário... e já a funcionar há cinco anos.
Atendendo ao facto de Passos Coelho, o pobre “cabide de ideias avulsas” que o PSD tem na liderança, não passar de um indigente “cata-vento” que vai “aventando” umas dicas soltas que lhe dão os seus famosos “gestores e empresários”, chamando a isso “programa”... e ter a manifesta infelicidade de, por cada vez que abre a boca, perder credibilidade.
Atendendo a tudo isto, é bem possível que, ao menos por uma vez, tenham razão aqueles “famosos” televisivos instantâneos, que a propósito disto ou daquilo dizem em entrevistas que a sua vida «deu uma volta de 360 graus».
Desgraçadamente e perante tudo isto, é bem possível que também a realidade portuguesa dê uma volta de 360 graus... ficando apontada exatamente para onde estava antes... ou seja, na mesma.

domingo, 27 de março de 2011

“La Javanaise” – O amor… no tempo de uma canção



Os menos atentos ignoram a simples existência da música francesa. Perdem muito... e há muitos anos! A música francesa continua em grande forma e a produzir espantosos intérpretes e autores.
De entre os mais atentos, alguns conhecem Serge Gainbourg. Infelizmente, muitos só o conhecem por ser o autor e intérprete de uma gravação cantada meias com Jane Birkin, a sua companheira de então, da muito gemida e suada Je t’aime moi non plus, cantiga proibida que tantos suspiros nos arrancou nos idos dos tempos de escola, em finais dos anos sessenta. Só que, conhecer Gainsbourg apenas por esta canção é uma enorme injustiça. Ao longo da sua carreira Gainsbourg compôs centenas de canções que gravou, numa farta lista de discos, canções que se espalharam por versões de outros artistas, num número difícil de calcular. Serge Gainsbourg, também escritor, actor e realizador, foi um grande da música e da cultura de França.

Hoje, mais uma vez, cometo a "graça" de publicar três vídeos de uma mesma canção. É a deliciosa “La Javanaise”. O primeiro vídeo é interpretado pelo próprio Serge Gainsgourg, naquela que deve ser uma das versões mais antigas da canção, do início da década de sessenta. O segundo é recriado pela desconcertante intérprete de jazz Madeleine Peyroux (que parece viver possuída pelo espírito de Billie Hollyday), no seu disco "Half the perfect world", de 2006. A terceira versão – a prova de fogo para demonstrar a minha teoria – é cantada por Alizée Jacotey, uma “lolita” da música pop francesa mais comercial e ligeira, num espetáculo de homenagem póstuma ao autor, realizado já em 2010.

A tal teoria que pretendo “vender-vos” é a de que só propositadamente e com manifesta má intenção... ou irremediável incompetência, se pode destruir uma grande canção. Desde que a versão seja feita e cantada com um mínimo de respeito e amor... há canções que são indestrutíveis. Algumas vão mesmo melhorando com o passar dos anos. Aqui ficam as três versões... entre dezenas possíveis. Elejam a vossa preferida. 
Ah... e escolher a versão da Juliette Greco, não vale. Essa, para além de ser a primeira, é de outro mundo... por isso é que nem a incluí aqui.

Bom domingo!

                                                         "La Javanaise" - Confesso que já estava apaixonado (mas tu não!), meu amor, mesmo antes de ter respirado o teu ar, meu amor. Na tua opinião, o que é que nós vimos do amor? Entre tu e eu... só eu fui “apanhado”, meu amor. Ah... em vão abril me consagra ao amor; o que eu desejava era ver em ti esse amor. Uma vida sem amor, não vale a pena ser vivida... mas foste tu quem quis assim, meu amor.
Não fiques zangada! Enquanto dançamos “La Javanaise”, amamo-nos... o tempo de uma canção.

La Javanaise
(Serge Gainsbourg)

J'avoue j'en ai
Bavé pas vousmon amour
Avant d'avoir
Eu vent de vousmon amour

Ne vous déplaise
En dansant la javanaise
Nous nous aimions
Le temps d'une chanson

votre avis
Qu'avons nous vu, de l'amour
De vous a moi
Vous m’avez eu, mon amour

Hélas avril
En vain me voue a l'amour
J'avais envie
De voir en vouscet amour

La vie ne vaut
D'être vêcuesans amour
Mais c'est vous qui
L'avez voulumon amour

La Javanaise” – Serge Gainbourg
(Serge Gainsbourg)



La Javanaise” – Madeleine Peyroux
(Serge Gainsbourg)



La Javanaise” – Alizée Jacotey
(Serge Gainsbourg)



sábado, 26 de março de 2011

Barack Obama e John Kennedy – A mesma moeda... com duas caras


É já cansativamente recorrente a tentação irresistível para alguns comentadores, politólogos e afins, de estabelecerem paralelos entre as figuras de John Kennedy e Barack Obama. Um desses comentadores, politólogos e afins é Mário Soares, o conhecido comentador, politólogo e enfim...
Há dias, num blog que frequento, um leitor comentava o “facto” de Mário Soares estar algo desiludido, depois de, ingenuamente, ter manifestado a convicção e, sobretudo, a esperança, de que Obama seria o novo Kennedy. Acresce ainda a constatação de que sempre que se faz esta comparação, parece pretender-se que isso constitui um elogio a Obama... o que nos leva às minhas costumeiras perplexidades:
Como é que ainda existe alguém capaz de acreditar que Mário Soares faz ou diz seja o que for... ingenuamente?
Como é que comparar alguém a John Kennedy pode constituir um elogio? Estamos assim tão esquecidos de que o homem era um vulgar canalha?
Esquecemos que foi posto na Casa Branca, empurrado pela Máfia?
Esquecemos que era um psicopata que semana sim, semana não, entre mais este ou aquele acto da chamada "guerra fria", ou a continuada chacina do povo do Vietname, planeava e tentava o assassínio de Fidel Castro, a invasão de Cuba e a destruição da sua jovem Revolução?
Mesmo deixando de lado a informação de que, pessoalmente, também era um porco, o que é que existe nesta personalidade, que apeteça imitar?
Depois, Obama não necessita de ser comparado a este ou aquele para conquistar o seu lugar na História, enquanto verdadeiro traste. Trata bem disso sozinho. Como bem descreveu o “Salvoconduto”, só nos últimos dias, Obama conseguiu somar mais três actos verdadeiramente “dignos” de Nobel da Paz:
1. Desrespeitar o Governo brasileiro, que se tinha pronunciado contra a intervenção militar na Líbia, indo dar a ordem de ataque exatamente durante a visita ao Brasil.
2. Visitar o Chile, fazendo de conta que o Governo do seu país e a CIA não têm as mãos sujas do sangue do Presidente Salvador Allende e de milhares de chilenos assassinados. Assassinados por forças organizadas, financiadas e armadas pelos EUA.
3. Visitar El Salvador, fazendo de conta que o Governo do seu país e a CIA não têm as mãos sujas do sangue de dezenas de milhar de salvadorenhos assassinados, incluindo o cardeal Oscar Romero. Assassinados por forças organizadas, financiadas e armadas pelos EUA.
Como se vê, Obama não precisa de ser comparado a John Kennedy, nem a qualquer outro hipócrita ou assassino. Já conquistou o seu lugar na galeria!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Isabel Alçada – Avaliação foi avaliada... e chumbou!


Apesar da prévia “guincharia” histérica do ministro Jorge Lacão e seus pares, a oposição revogou mesmo, num documento conjunto de todos os partidos, a tão contestada “avaliação dos professores”, tal como esta vinha a ser imposta pelo ministério.
Pouco adianta à infeliz e acidental ministra Isabel Alçada armar-se em analista política. Pouco adianta à ministra declarar que a proposta agora aprovada é «inviável». Inviável é o seu nefasto Governo.
A acidental ministra da Educação, provavelmente, nunca mais voltará a ser ministra seja lá do que for... tal o “brilhantismo” com que exerceu o cargo. Os seus planos “geniais” podem ser arquivados no “museu da escola” e a interrompida escritora pode retomar a sua inócua atividade.
Só sem clima de guerra, sem pressões e com o melhor para o ensino público em mente... é que outra escola será possível.

Manuel Maria Carrilho – Um príncipe do “Jet-Seis”


O marido da apresentadora de concursos e ex-modelo Bárbara Guimarães, o Dr. Manuel Maria Carrilho, também ele ex-ministro de António Guterres, ex-embaixador junto da UNESCO, agora filósofo a tempo inteiro e comentador televisivo, anda numa lufa-lufa de atividade política. Infelizmente, a atividade política vai num único sentido: disparar sobre Sócrates.
Segundo o Dr. Carrilho, Sócrates é «o único responsável da crise», «esteve seis anos no poder e o país está como está», «não se pode queixar de ninguém a não ser de si próprio», tem que ser «responsabilizado», em suma, devia comportar-se como homem de estado e «dar provas de desprendimento do poder» no PS, e por aí fora...
E dizem vocês: mas então o homem não tem razão?
Tem! Só que teria bastante mais razão se tudo isto que agora diz fosse resultado de uma qualquer convicção e não uma simples “epifania” tardia, ocorrida apenas depois de ter sido afastado do cargo de embaixador junto da UNESCO, afastamento de que culpa diretamente José Sócrates.
Portanto, assim, não é uma voz discordante dentro do partido e tampouco uma alternativa. É apenas um homenzinho ressabiado pela perda de um cargo vistoso e certamente bastante lucrativo, que tenta destruir um adversário no momento em que o pressente mais frágil. É pequenino!

quinta-feira, 24 de março de 2011

Justiça – Muito verdete e poias de pombo...


Há de existir uma explicação para o facto de tantos juízes deixarem tão mal a simples ideia de justiça. Há de existir uma falha qualquer no percurso de formação de juízes, mesmo enquanto serem humanos, para que tão repetidamente desvalorizem os crimes de teor sexual, cometidos contra crianças.
Um indivíduo de São João da Madeira, acusado de ter abusado sexualmente de duas crianças, de oito e dez anos, suas vizinhas, foi a julgamento. Mais uma vez, um juiz, depois de os factos terem sido suficientemente provados, ao ponto de justificarem uma sentença de quatro anos de prisão, mandou o condenado para casa com “pena suspensa”. A mesma casa onde vivem as vítimas. Não decretou sequer qualquer medida que o impeça de se aproximar delas.
«Vá para casa e não faça mais asneiras!» - disse o magnânimo magistrado.
“Asneiras?!” Asneiras tipo o quê? Trincar caramelos tendo dentes postiços? Chapinhar nas poças de água da chuva com os sapatos novos? Deitar a língua de fora ao senhor prior? Asneiras?!
Que se terá passado na cabeça deste juiz durante o "julgamento"?
“Condenou” o abusador por ser pedófilo, ou por ser incompetente ao deixar-se apanhar?
Passou todo o tempo do “julgamento” a fantasiar que a coisa se passava no seu gabinete de juiz, com ele e duas rapariguinhas ou dois rapazinhos da mesma idade?
Que raio levará tantos juízes a simpatizar com os pedófilos que deveriam condenar?
Que merda!

Demissão do Governo – “Adês, adês...”


“O mestre da nossa dança
é uma criança em honradez
e pede licença ao povo
ó velho e novo
adêsadês

Achei esta despedida típica de uma das danças de carnaval da Ilha Terceira, ostensivamente não dedicada a José Sócrates, como bem se vê, mas de qualquer modo, digna de abrilhantar este acidente histórico que vivemos. E assim, depois deste curtíssimo momento de humor surreal (porque no íntimo, festejo), passarei ao post propriamente dito.
Sócrates e o seu Governo estão de partida. Diz que agora não tem condições para governar, quando na verdade nunca teve. Nem condições, nem dimensão, nem competência. Já vai tarde!
Como que para confirmar aquele que foi o timbre do seu carácter como primeiro-ministro, quis deixar, mais uma vez, a sua marca indelével naquele que foi o último grande debate entre o seu Governo e o Parlamento de que dependia.
A forma vergonhosamente insolente como se ausentou do debate mais importante da sua carreira como primeiro-ministro, o debate que poderia, como acabou por se verificar, ditar o fim do seu mandato, é bem o retrato de um homem sem dimensão nem dignidade.

É o retrato de um comandante cobarde, que abandona as suas tropas na batalha. “Fiquem aí a morrer... que eu agora tenho que ir ali e não volto!”.
É o retrato de um político miserável e rasca. Afinal e como já se sabia, o auto-proclamado "animal feroz", nunca passou de uma simples besta arrogante
Sócrates e o seu Governo caem de forma indigna, provocando a festa de muitos, a indiferença de alguns, o mais que justificado desprezo dos restantes.
Caem... estatelados no chão e a caminho do esquecimento... nauseabundos de tão podres!


Adenda: Desgraçadamente, independentemente dos meus "adeuses", de tudo aquilo que acabo de dizer e, sobretudo, da dura realidade, que é bem mais importante do que qualquer coisa que eu possa dizer, o Partido Socialista é bem capaz de apostar na táctica suicidária de manter Sócrates à frente do partido e da "candidatura a primeiro-ministro" (como erradamente lhe chamam) nas próximas eleições.

quarta-feira, 23 de março de 2011

José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa - Carta aberta


Caro senhor José Sócrates, excelência.
Apesar da opinião manifestada pelos comunistas, segundo a qual, o chumbo do seu estimado PEC não implica automaticamente a demissão do seu brilhante Governo, mesmo assim, a declarada intenção tanto do PCP, como do PEV, como do PSD, como do CDS, como do BE, de dar-lhe um tiro no PEC, pode bem querer dizer que vossa excelência terá que ir pregar para outra freguesia... não obstante a súplica «angustiada» (e patética, digo eu!) do doutor Soares ao cavacal Presidente.
Como as viagens devem preparar-se com tempo, que é coisa que vossa excelência não tem tido, admito, pensei emprestar-lhe esta belíssima mala de viagem... onde com sorte e bem apertadinhos, caberão quase todos os seus excelentíssimos colaboradores e, bem entendido, vossa excelência.
A dar-se o caso de, realmente, vossa excelência estar de partida, não precisa nem de agradecer, nem devolver a mala. Prefiro ficar sem a dita cuja, a ter que voltar a pôr a vista em cima de vossa excelência. Prefiro que me leve a mala... não me leve a mal.
Não estranhe o excesso de “vossas excelências”... mas é que consta por aí que eu tenho o hábito de insultar vossa excelência, o que, se exceptuarmos uma ou outra distração... não passa de um lamentável boato, campanha negra... vossa excelência sabe bem como é!
A dar-se o caso, como já disse, tenha vossa excelência uma excelente e loooonga viagem!
Saudações!

terça-feira, 22 de março de 2011

Obama - “Democracia” mortífera


Mais uma vez, chegam notícias do envolvimento de elementos do exército de ocupação norte-americano no Afeganistão. Desta vez as fotografias e vídeos são às centenas. Mais uma vez, os “heróis” dos EUA mostram a sua obsessão pelo assassínio e tortura de gente indefesa. Algumas das vítimas das macabras fotografias, ao que tudo indica, não foram mortas em qualquer contexto de combate, mas antes e só, assassinadas por desporto... e para a fotografia/troféu.
Más notícias para os defensores da operação de “proteção” dos cidadãos da Líbia, agora iniciada pelo “império”. Péssimas, tenebrosas noticias, para os civis líbios que vão ser “protegidos” pelos valorosos embaixadores da “democracy”.
Adenda: E não vale a pena vir alguém invocar o pedido de desculpas dos EUA. São já demasiado recorrentes... tanto os pedidos de desculpas, como os assassínios e crimes de guerra.

Política à "Tony Silva"... o grande criador de toda a música "ró"


Pergunta: Quantos parolos têm que estar na sede de um partido português, para este divulgar a importantíssima informação de que produz documentos sobre política portuguesa... «em inglês»?
Resposta: Muitos!
Pergunta: Quantos parolos têm que estar nas redações dos jornais, para que essa informação seja considerada relevante?
Resposta: Ainda mais!
Como se vê, o PPD-PSD está em boas e competentes mãos. Claro que a desculpa para aquela coisa do "inglês", era o alegado destino do comunicado: os seus verdadeiros donos, perdão, os líderes europeus e os mercados internacionais.


Seja como for, estou em condições de informar que aquilo que Passos Coelho pretendia, na verdade, era impedir José Sócrates de conseguir decifrar uma linha que fosse do documento... a não ser lá mais para Agosto... e mesmo nessa altura, não ser capaz de reproduzir uma única palavra do dito cujo.
Não resultou! Esqueceram-se de que, ao contrário do chefe, alguns dos assessores e ajudantes do primeiro-ministro são medianamente alfabetizados.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Primavera


Aí está ela... a Primavera. Trazendo os ventos de Abril, sempre renovados, injetando seiva nova nas veias de troncos e ramos quase secos, que mais uma vez irão florir e dar frutos.
Os homens e as mulheres festejam (ou não) seguindo os ritos das suas múltiplas crenças, convicções e gostos.
A Natureza, essa, imperturbável, reinventa-se, enfeita-se e pinta-se a si própria!

Jerónimo de Sousa e eu – Um almoço de amigos


Desde há uns tempos que tinha combinado um almoço sossegado com Jerónimo de Sousa. Para trocarmos umas impressões, para partilharmos interesses comuns. Tínhamos escolhido a bonita, alentejana e fluviária vila de Mora, como ponto de encontro, tínhamos eleito um leve ensopado de borrego como ementa... e agendado o dia de ontem para o efeito.
Como é sobejamente sabido, Jerónimo de Sousa é uma pessoa que honra a palavra dada e os compromissos... por isso não falhou, aparecendo exatamente à hora combinada. Até aí correu tudo muito calmamente. O “problema” foi terem aparecido no local cerca de 1.500 alentejanos, também para almoçar. Chegaram de todo o lado, com a “desculpa” do 90º aniversário do “Partido”... a sua já antiga abreviatura de Partido Comunista Português. Chegaram com a confiança de que o nosso leve ensopado de borrego iria chegar para todos... e não só chegou, como se manteve magnífico da primeira à última malga.
Como se não bastasse o facto de serem 1.500 e quase todos ruidosos, vieram “armados” com bandeiras, música boa (a cargo da “Banda do Andarilho”, de Setúbal), trouxeram jovens com o nosso futuro nas mãos, trouxeram menos jovens com o nosso passado marcado na pele e na memória, com extraordinárias estórias pessoais e coletivas para contar (sim... num golpe de sorte, acabei por ficar sentado ao lado de António Gervásio, um dos meus heróis).
Até trouxeram bolo de aniversário!
E pronto... o Jerónimo falou, mas para todos... e o almoço acabou por ser diferente... mas muito bom. Deixei feita a minha inscrição para a festa dos 100 anos.

domingo, 20 de março de 2011

Alfama não cheira a fado... mas não tem outra canção



(Ampliação de pormenor, da minha “lavra”, a partir de uma fotografia de João Wainer)

Há cantores e cantoras que quando deixam a zona de conforto do estilo de música que costumam cantar (como quando lhes é pedido que cantem canções de outros artistas, por exemplo), ficam perdidos, sem referências, papagueando imitações medíocres... a anos-luz da sua qualidade habitual e pessoal.

São como algumas flores que, embora agradáveis à vista, dificilmente ficam bem fora do seu canteiro... ao contrário de outras, mais raras, que brilham em praticamente qualquer lugar... e qualquer lugar fica melhor com a sua presença.

Mayra Andrade é uma dessas flores extraordinárias! Vejam-na e ouçam-na a cantar sem tentar imitar uma fadista, sem tiques castiços. Perfumando e iluminando este dueto com Pedro Moutinho, num belo fado de José Carlos Ary dos Santos e Alain Oulman. É uma versão que Amália, a primeira a cantá-lo, gostaria certamente de ouvir.

Bom domingo!

Alfama
(Ary dos Santos/Alain Oulman)

Quando Lisboa anoitece

como um veleiro sem velas

Alfama toda parece

Uma casa sem janelas

Aonde o povo arrefece

É numa água-furtada

No espaço roubado à mágoa

Que Alfama fica fechada

Em quatro paredes de água

Quatro paredes de pranto

Quatro muros de ansiedade

Que à noite fazem o canto

Que se acende na cidade

Fechada em seu desencanto

Alfama cheira a saudade

Alfama não cheira a fado

Cheira a povo, a solidão,

Cheira a silêncio magoado

Sabe a tristeza com pão

Alfama não cheira a fado

Mas não tem outra canção

“Alfama” – Pedro Moutinho & Mayra Andrade
(José Carlos Ary dos Santos/Alain Oulman)