Nasceu em Paris, no dia 9 de Junho de 1930. Chamou-se Monique Andrée Serf e era filha de judeus de origem russa. Esse “acidente” genealógico fez com que tivesse uma infância extremamente “animada” pelas constantes mudanças de local de residência... para evitar e excessiva “atenção” prestada pela Gestapo nazi (e pelos lacaios franceses do governo colaboracionista de Vichy) aos seus pais e demais judeus, durante o tempo da ocupação alemã em França. Gostava de cantar.
Gostava tanto de cantar, que aprendeu a tocar piano para se acompanhar. Aprendeu a fazer canções. Gostava tanto de cantar e fazer canções, que acabou por conseguir ser um dos maiores símbolos da canção francesa.
Começou a cantar com o pseudónimo de Barbara Brodi, em homenagem à sua avó russa, Varvara Brodsky. Antes de ter ganho coragem para apostar nas suas próprias obras, viveu de cantar canções dos reportórios de Edith Piaf, Juliete Greco, ou Jacques Brel. Logo depois, tornou-se apenas Barbara.
Em 1964, depois de grande insistência de um admirador, um estudante alemão da belíssima cidade universitária de Göttingen, acedeu, relutantemente, a deslocar-se àquela cidade alemã, para um recital. O entusiasmo e carinho da recepção foram tais, que o recital se transformou em uma semana de espectáculos. Durante o seu tempo livre na cidade, apaixonou-se pelos jardins, pela cidade... e pelas crianças loiras de Göttingen. Durante esses dias foi compondo e escrevendo uma canção que ofereceu ao público, no último espectáculo, chamando-lhe apenas uma pequena retribuição de amor.
A canção transformou-se num hino à reconciliação e à paz. Foi integrada nos programas oficiais das escolas primárias alemãs... e diz-se que fez mais pela reconciliação dos povos francês e alemão, do que muitos discursos.
Num tempo em que dezenas de anos de políticas erradas estão, por toda a Europa, a ressuscitar nacionalismos que (já sabemos) acabam sempre mal, faço minhas as palavras da grande cantora e compositora francesa.
“Claro que não é o Sena, nem o bosque de Vincennes, mas mesmo assim é muito bonita, Göttingen. Não há cais nem as nossas velhas canções arrastadas, mas o amor floresce da mesma maneira, em Göttingen. Eles sabem melhor do que nós, parece-me, a História dos nossos reis de França, Herman, Peter, Helga e Hans, em Göttingen. E que ninguém se ofenda, mas os contos da nossa infância “era uma vez...” começam em Göttingen.
Claro que nós temos o Sena, temos o nosso bosque de Vincennes... mas meu Deus, como são belas as rosas em Göttingen! Nós... nós temos as nossas manhãs pálidas e a alma cinzenta de Verlaine; eles... são a própria melancolia, em Göttingen. Quando não sabem o que nos dizer, ficam apenas sorrindo para nós... e conseguimos compreendê-las, as crianças loiras de Göttingen. E tanto pior para os que se espantam e que todos os outros me perdoem... mas as crianças são iguais, seja em Paris, ou em Göttingen.
Façamos com que nunca mais volte o tempo do sangue e do ódio, pois há gente que amo em Göttingen. Quando soasse o alarme e se tivéssemos que voltar a pegar em armas, o meu coração verteria uma lágrima por Göttingen.”
Bom domingo! Em toda a parte... e em Göttingen.
“Göttingen” – Barbara
(Barbara)
12 comentários:
Por aqui gosta-se muito de Barbara.
O final do espectáculo en Pantin é uma coisa que só ouvida...
Obrigado e um abraço
Superbe!Bom fim-de-semana
Clap!Clap!Clap!
Por Barbara.E pela sua convocatória
Barbara dos meus vinte (e tal...) anos...
Um abraço e bom domingo.
j,aime Barbara.
Merci beaucoup ;)
Não conhecia, Samuel. Fico a dever-te esta pérola.:)) Adorei!
obrigada, bjs,
Obrigado. Une perle à Paris ou à Gottingen et porqoui non au monde entier?
Gostei muito. Não conhecia.
Um beijo.
Les enfants sont les memes en France,Gottingen,Iraque,Afeganistao...Gostei.Obrigada.
Belo. Não conhecia.
Obrigada.
Vicky
Parabéns Samuel. Mais 5 minutos da minha vida bem passados à sua conta. Muito obrigado pela tradução, julgo ser sua. Um forte abraço, Carlos Ramos.
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