“Não
é lá muito “chic”... mas sou comunista
Nada de muito heróico... mas ainda assim...”
É, salvo melhor e mais aturada tradução, o que diz este jovem artista francês, de seu nome, Cyril Mokaiesh. Depois vai por aí fora, desfiando uma letra poderosa que vale a pena ler.
Decididamente... não é lá muito normal nos dias que correm. Dizem-nos experiências bem recentes que aquilo que mais se vê é os “xutos” e as “deolindas” deste mundo, ousarem umas cantigas ao sabor da corrente contestatária... e logo a seguir, provavelmente aterrorizados com as resmas de contratos que viriam a perder de norte a sul (muito mais a norte!), darem praticamente o dito por não dito, pedirem calma a toda a gente, que aquilo não é bem “canção de intervenção”, que “não senhor, nós não fazemos canções políticas”, “deixem-nos lá ir à nossa vidinha”... sendo que no caso dos tais “xutos”, não demorou muito até um deles estar na mesa dos apoiantes do mesmíssimo “sr. engenheiro” a quem tinha dedicado a tão aclamada cantiga. Já da cantiga dos outros... praticamente nunca mais se ouviu falar.
Portanto, como ia dizendo, não é lá muito normal aparecer assim do nada um rapagão como este Cyril Mokaiesh, cantando (muito) alto e bom som que é comunista, indo explicar a coisa a tudo o que é lugar, pronunciar-se nas colunas do jornal “L’Humanité” e ir cantar à famosa Festa do dito... tudo quase de um fôlego e perante o espanto generalizado.
O nome deste jovem foi-me soprado por um comentador aqui mesmo, na semana passada. Em boa hora!
Lá na terra dele, já dizem que ele mistura elementos de Brel com Léo Ferré, que as suas canções são assim e assado... confesso que me falta ouvir mais para saber se é assim. Por agora, sei que gosto de o ouvir dizer que é comunista. Assim tão alto. Assim tão bem. Assim tão contra a corrente.
E vocês... o que acham?
Bom domingo!
“Communiste” – Cyril Mokaiesh
(Cyril Mokaiesh)
19 comentários:
É sempre melódico.
Um abraço
Que tem coragem, que é bom ter essa coragem, e que é bom que hajam comunistas que assim se assumam, e que tenham orgulho de o ser. Xutos, ainda o fundador no outro no alto da sua mentira vir dizer que são muito sérios e que fazem tudo bem. Mas roubaram direitos ao Zé Leonel um dos fundadores dos Xutos e isso eles não falam de boca cheia. Quanto aos Deolinda são só uma banda tradicional, e nunca se assumiram como banda de intervenção social, ou como banda revolucionária, e os Xutos quando deixaram de ser uma banda punk, e se deixaram acomodar e passar a mamar do bom e do belo deixaram de ser interventivos, e agora Samuel, pergunta-te porque é que o Zé Leonel saiu dos Xutos e criou os Ex-Votos, se calhar nem os conheces, pois é natural, não andou a mamar, e não se calou. Não sei se era Comunista, mas são coisas. E agora uma pergunta. Camarada Samuel, acreditas ou achas que o Zé Mário Branco é anti-comunista? Por agora fico-me por aqui.
Foi uma agradável surpresa para mim o Cyril Mokaiesh.
Dos grupos que referes eu não esperava muito, mas confesso que foi uma desagradável surpresa para mim quando um conhecido cantor menos sério e mais gordinho disse que afinal nunca tinha feito canções de intervenção. Se calhar ouvi mal!?
Bem, eu já tinha ouvido um pícaro bem nutrido da praça dizer que andava de punho levantado mas porque era jovem não percebia o que aquilo significava e que não era nada comunista.
Mais ainda, já ouvi o dito pai desta democracia dizer que tinha conspirado com a CIA e que tinha pedido ao divino Cardeal para os padres nas missas ajudarem a contra revolução, esse mesmo pai democrata que em Novembro de 1975 tinha fugido para o Norte disse estar disposto a bombardear Lisboa, independentemente de quem fôssem esses bombardeamentos matar.
Enfim! O descaramento, a falta de pudor e de vergonha é tanta que não tenho memória deste tipo de corrupção desenfreada, desta venalidade sôfrega e gabarola.
Normalmente quem assim fala não é gago, fui ouvir, e não ouvi só uma faixa, gostei, um nome a seguir. Agitação já provocou, sinal positivo. Já quanto áquela coisa de ah e tal canção de protesto mas não era nossa intenção sr inginheiro nem vale a pena comentar.
Abraço.
Eu acho muito bem que percamos o medo de nos dizermos COMUNISTAS, para engrossarmos a corrente da História mesmo contra a corrente do retocesso.
A canção é linda.
Um beijo.
Haverá sempre quem tenha coragem e força.
Dos cobardes acomodados não vale a pena falar.
Lindo.
Um abraço,
mário
Provoca-me:
De facto, dos "Ex-Votos" ouviu-se muito menos do que dos "Xutos". Facturas que se pagam…
Sobre o Zé Mário Branco… acho que tem a sua visão do mundo. Acho que não se poderá classificar propriamente como "grande amigo" do PCP… mas também acho que dividir o mundo entre amigos do PCP e os que o não são, ou mesmo entre comunistas e todos os outros, para além de ser bastante redutor, é uma divisão que confunde mais do que clarifica. Porque acho que nem todos os que se dizem comunistas são flor que se cheire, nem "os outros" são uma amálgama de inimigos.
Seja como for, há muito que aprendi a separar as opções partidárias do Zé Mário do facto de ele ser (para mim) o maior autor de canções vivo. "Daquelas" canções, obviamente, pois mesmo no mundo das artes não é lá muito inteligente rotular, se isso servir para depois discriminar negativamente consoante os rótulos.
Não fui lá muito claro, pois não? Mas a vida é assim… :-) :-)
Dá gosto ouvi-lo ( e já agora, vê-lo:-))))) ): coragem, frontalidade, provocação - muito do que se precisa em todo o lado!
No grupo do PCP há quem defenda que o Zé Mário é anti-comunista e por isso eu vim perguntar, e sim estou esclarecido. Mas muito importante ou mais que isto é ele ser um lutador, ou ter sido, porque onde é que ele anda? Porque ele luta pela liberdade, a democracia, e pelo povo.
Obrigado camarada.
Haja sempre gente convicta, com coragem, e sentido de incomodidade.
Dos que dão uma no cravo outra na ferradura, "hoje2 já se percebem, e assim não se deve perder tempo com eles.
Muito bom! Não conhecia...
(ah, como o Zé Mário ainda faz tanta mossa...)
Abreijo.
Bom! Deliciosa surpresa :)
Canta Canta camarada canta.
Já agora deixa os outros cantar,senão que raio de camarada és tú?
Ou só achas, que o teu canto é o único?
Há uma outra versão (do mesmo cantor) também muito bonita, visualmente mais bem tratada, épica e que vala a pena «ouver».
Pelo Zé Mário tenho grande respeito, tenho uma canção minha (letra) num disco dos Gambuzinos do Porto em que ele também colaborou com uma dele, breve e bonita.
Politicamente, vi-o algumas vezes ser descortês, porque a gente, «no ardor dos despiques» (como ele diz) nem sempre se porta à altura. São coisas que vão e vêm e não têm importância e mesmo aquela intransigência posta muitas vezes onde não deve estar... adiante. Só para terminar para dizer que se uns tantos merdícolas que por aí andam (Tordos, gordos e Xutadores) se portassem com a integridade do Zé Mário, seria este país um pouco menos pútrido.
Abraço, companheiros e camaradas
Luis Nogueira
Vale a pena ver o "teledisco":
http://www.youtube.com/watch?v=QNCT-rge8k4
Abraço!
Samuel:
Muita coisa já foi dita nos anteriores comentários e com bastante acerto. Eu fico-me apenas por um grande bem-haja por me dares a conhecer música e músicos fantásticos e, para mim, desconhecidos, como a ZAZ e este Cyril Mokaiesh. Vou divulgar o mais que puder, porque afinal, je suis communiste!
Abraço
Viva Camarada Samuel,
eu cá acho muitíssimo bem!
Não poderia ser melhor!
E tenho dito!
Um abraço,
Jorge
Ai um comunista! Já são praí 31 e sempre a crescer...
Pois é Samuel, o José Mário branco é o melhor... caceteiro político/cantor de que me lembro. Que bom gosto tu tens!
Anónimo (00:22):
Só por esse "ai um comunista!" me ter lembrado o velho Max, de lencinho na cabeça, soltando o seu gritinho "ai tanto crocodilo!"... já valeu a pena a sua tão inteligente visita. :-) :-)
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