Barack Hussein Obama

Como sou uma pessoa razoavelmente normal, não posso deixar de me impressionar e emocionar com a genuína alegria levada até às lágrimas, que os milhões de apoiantes de Barack Obama (e mesmo alguns que não votaram nele) sentem pela sua vitória, que para alguns, terá ainda o extra, que não é pequeno, de sublimar a luta de várias gerações de filhos e filhas de escravos, pela dignidade, direitos civis, liberdade.

Tudo isto é independente do que eu possa pensar ou não pensar do político, Senador Obama e do que ele poderá ou quererá realizar enquanto Presidente dos EUA.

Se me guiasse pelo entusiasmo (por vezes algo patético) de comentadores e políticos europeus, alguns com obrigação de terem mais “juízo”, se fizesse fé nas extraordinárias expectativas (quase certezas) que muitos depositam no que aí está para vir pela mão do próximo Presidente dos EUA, esta seria então a altura para me sentar e esperar calmamente que comecem a acontecer os prodígios.

Que a economia norte-americana deixe de estar nas mãos de quem está e comece a ser posta ao serviço dos que mais precisam.

Que isso tenha reflexos e consequências no resto do mundo.

Que a politica externa dos EUA, deixe de estar realmente nas mãos dos falcões da indústria do armamento, para quem as guerras, todas elas, são não mais que um muito lucrativo “modo de vida”.

Que os países da América Latina deixem de ser considerados como “quintais” onde ir buscar produtos e mão de obra e os seus dirigentes, que não são alinhados com a Casa Branca, candidatos naturais a vítimas de assassínio.

Que a resolução dos conflitos no Iraque, Afeganistão, Palestina, o conflito latente com o Irão, etc, etc, etc... passe a figurar no “livro” das opções e ideias políticas e não nos livros de contabilidade.

Que "Guantánamo" volte a ser apenas o lugar onde nascem as belas "Guajiras Guantanameras"... e não este abjecto e miserável altar em que o mundo civilizado se cobre de vergonha.

Que a “América” deixe de comportar-se em todo o mundo como uma Potência Imperial.

Que Cuba se veja livre das garras que lhe foram cravadas na garganta, desde o tempo da Guerra Fria e o seu povo seja finalmente livre de fazer da sua vida o que muito bem entender...

Que os produtos culturais que os EUA exportam, não necessitem de liquidar e subjugar as culturas locais para se imporem, antes o façam, como muitos já têm a dignidade de fazer, pela via da qualidade e criatividade e genuinidade.

Que a tão apregoada democracy... finalmente aconteça para todos, plenamente.

Podia ficar aqui horas... mas a verdade é que esperar tudo isto de um só homem, foi desastroso no passado é desastroso agora e será sempre, no futuro.

Esperar por esse futuro, sentado... uma péssima ideia!