Velhas dívidas

As conversas nos cafés, aqui pelas bandas do Alentejo, dependendo da estirpe do estabelecimento, ora andam à volta de touros toureiros e derivados... ou bola. Confesso que pouco tenho para a troca quando são estes os cromos, mas existem as excepções.

Já não é a primeira vez que durante uma bica em algum dos cafés aqui do centro da cidade, caio no meio de conversas diferentes, onde bota figura (e uma bela figura) um velho trabalhador que gosta de dizer umas verdades. Pelas histórias que normalmente conta, presumo que tenha sido trabalhador de uma das cooperativas agrícolas aqui da zona. Por isso... e pelo elevado apreço que ainda se vê que tem pelo António Barreto, o Soares e toda essa corja de refinados πµ¸ æ∂ƒ ˇ¯ß∑æ (confesso que há coisas no “alentejanês” que ainda me escapam, mas parece-me que esta frase terá algo que ver com opções sexuais e descendência...)!

Hoje os “velhotes”, para além das “mines” da Sagres, tinham decidido dar igualmente um trato ao Cavaco, esse...  †ˇ¥™® (e lá vem aquela coisa maluca do dialecto).

Decidi mexer o café durante muito mais tempo, bebê-lo muito mais devagar, interessar-me pelos cartazes das várias Soraias, Cátias e Vanessas que alegadamente tocam acordeão e cantam... e decidi contribuir com algumas achas para a fogueira.

“Ainda por cima, ele que ainda há pouco tempo estava todo comichoso com o divórcio, os seus pequenos poderes na lei para os Açores e outras coisas que tais, enquanto o país anda aflito com o desemprego, o custo de vida, a saúde, a educação, a crise económica... agora que o PPD da Madeira faz esta borrada com aquele "postal" lá da Assembleia Regional, com seguranças a impedi-lo de entrar na Assembleia e um partido sozinho a cancelar as sessões parlamentares, agora diz que aquilo não é nada... que são pequenas coisas... que está, isso sim, preocupado com o emprego”.

Estou a fazer comício (pensei eu). Vão mandar-me passear...

Mas não! O nosso amigo pôs um ar de quem me tinha seguido perfeitamente e disse “Sabe, amigo... aquilo “sã” lá coisas ainda do PPD. Ele deve ter ficado a dever muito a esse João Jardim!”

Respondo-lhe eu, “Ao Jardim, isso não sei. A quem não deve nada é à inteligência e à vergonha...”

Pela maneira como se ficaram a rir, acho que arranjei mais dois ou três “fans”.