Para o nosso barco deslizar
até ao infinito
basta uma brisa leve.
Que dizes?
Abrimos a janela?
©samuel 2021
Para o nosso barco deslizar
até ao infinito
basta uma brisa leve.
Que dizes?
Abrimos a janela?
©samuel 2021
“Quem poderá proibir estas letras de chuvaque gota a gota escrevem nas vidraçaspátria viúvaa dor que passas?”
@manuel.alegre 1967, in “O canto e as armas”
Apesar de muita música que já se vai tocando por aí, em concertos caríssimos, quase sempre com os mesmos “famosos” e que, de um só vez, arrasam a possibilidade da existência de centenas de projectos artísticos de pequena dimensão mas com infinitamente mais interesse cultural, arrastando igualmente no tombo quem vive desse trabalho (sim, estou a ter a ousadia de insinuar que sou um destes)… a nossa música, pelo menos a que pratico e de que gosto, começa a deixar-se contagiar pelo nosso cansaço acumulado… e vai-se instalando um mortal silêncio
Li algures um comentário de um jornalista (presumo), que ao receber na redacção do velho “DL” a notícia do assassinato de John Lennon, terá comentado:- Pensava que os artistas só morriam em acidentes, ou vítimas da droga.Na verdade foi precisamente isso que aconteceu. Lennon foi vítima de um tenebroso acidente provocado pela “droga dura” da fama e da glória. Não aquela de que justamente gozava, fruto do seu imenso talento e do amor de milhões de admiradores… mas a que o medíocre ser humano e assassino Mark Chapman procurava..(Ilustração: Shin Kwang Ho)
Miúdos de Lisboa, numa fotografia de Alfredo Cunha, nos idos de 1975.Que será feito destes rapazes? Não me é possível saber.Ainda assim, é possível imaginar que se algum engraçou com o símbolo e se inscreveu no MRPP… e claro, se tinha o “papá” certo, como muitos dos que por lá andavam, hoje poderá estar na administração de um qualquer banco, como o mais famoso e “durão” de entre eles, que está no gigantesco “Goldman Sachs”, poderá ser dirigente, ou ter já sido ministro pelo PPD-PSD, ou pelo PS… caso fosse rapariga, poderia mesmo estar a pensar candidatar-se às próximas presidenciais.Vou fazer figas pelo melhor e pensar que se tornaram apenas gente boa!
Sempre houve, fosse nos anos 40 do século vinte, ou mais tarde, quem chegasse ao Alentejo e pensasse:- Olha que lugar patusco para ter uma casita onde vir passar uns fins de semana a emborcar uns tintos e enfardar migas de espargos com secretos de porco preto… a gozar com o sotaque dos indígenas e a fazer de conta que gosto de ouvir o cante alentejano!Felizmente, também foi sempre havendo gente que chegava ao Alentejo e via o que, realmente, lá estava.Como o lisboeta Júlio Pomar, que viu este “Gadanheiro” numa qualquer daquelas “alucinações” de ar quente a bailar sobre as searas e o fixou no cérebro até poder passá-lo para uma tela… onde visivelmente só muito a custo conseguiu que ele “coubesse”.(“O gadanheiro” - Júlio Pomar, 1945)
Ainda há bem pouco tempo isto estava “assim” de belos peixinhos a nadar…
Não consigo entender o que aconteceu… mas é muito triste!