Começo a estar convencido de que somos de facto um bando ignaro que não tem condições para, sem ajuda especializada, ir onde quer que seja.
Senão vejamos.
- Por qualquer razão obscura andámos durante meses, convencidos de que o promeiro ministro se tinha comprometido a fazer um referendo sobre o tratado europeu.
- O ministro Jamé preparava-se pacatamente para fazer e encomendar paletes de estudos sobre aeroportos e pontes sobre o Tejo e nós, patetas a pensar que um era para a Ota e a outra entre Chelas e o Barreiro. Inventámos até, na nossa palermice, declarações do engenhoso Sócrates, anúncios oficiais e tudo...
- Aquele senhor da "judite" (não, não é o Dr. Fernando Seara), que se vê pelas pausas pensativas, pelo cofiar do queixo e enigmáticos gestos de mãos, ser uma pessoa que está assaz atenta ao que diz, disse o que disse sobre o processo dos McCann e entretanto já apareceram várias pessoas a explicar o que ele "queria" dizer, o que "significa" o que disse... e lá ficamos nós na maior humilhação.
- Julgamentos de Isaltinos, pedófilos, Valentins, Pintos da Costa, Operações Furacão, agressões "mandadas e confessadas" pelas Carolinas deste mundo, que feitos tolos, julgávamos que estavam a ir para a frente, voltam à estaca zero ou são arquivados, porque uma folha do processo teria um canto dobrado, ou o delegado do ministério público estava com uma meia de cada cor...
- O ministro Correia de Campos acabou por ter que abandonar um emprego tão jeitoso, só porque nós não fomos capazes de entender nada do que ele dizia.
- Até, agora, o deputado Manuel Alegre "que ninguém cala", quando nós feitos tótós, pensávamos que ia votar com o Tó Zé Seguro e o resto dos chatos que (como ele) preferiam um referendo... absteve-se!
- Como se não bastasse, o Bastonário da Ordem dos Advogados enlouqueceu e prega aos quatro ventos sobre coisas que não existem, ou se existem deve ser só no estrangeiro. E ainda por cima, engordou!...
Aqui tem que haver uma lógica... uma linha de coerência... que só não entendemos porque somos, como já disse, um bando ignaro que não tem condições para, sem ajuda especializada, ir onde quer que seja.
Escrevam o que eu digo. A grande profissão por estes tempos vai ser a de intérprete!
(Ou então, haverá, quem sabe, outro caminho...)