Admito que tenha sido em alguma medida injusto para com o padre Melícias, dê ou não ele a sua substancial pensão para fins de beneficência, tê-lo incluído nesta correnteza de posts em que falei do nosso cardeal das rendinhas, da mente obscura de Ratzinger, da “nazifilia” e negacionismo do bispo britânico, tudo gente que é má companhia seja para quem for.
Para deixar bem claro não estar convencido de que da cabeça de pessoas que passam muito do seu tempo nas igrejas não podem nascer coisas boas, mesmo extraordinárias, este domingo vamos ficar com essa figura inexplicável que foi Johann Sebastian Bach.
É muito difícil para o comum dos mortais entender este seu “semelhante” que, embora escrevendo obras musicais a um ritmo alucinante, pago à peça, única maneira de alimentar a família, mesmo assim nunca baixou o seu fabuloso nível de qualidade. Mesmo assim, isso não evitou que tivesse muito pouco reconhecimento em vida, caindo rapidamente no esquecimento depois de morrer, esquecimento de que só foi salvo pela perseverança de um filho... mas sobre isso, fale quem souber.
O que se vai agora “ouver” são as “Inventions”, escritas originalmente para teclado, aqui brilhantemente transformadas em peças para violino e violoncelo, tocando o violino a parte que caberia à mão direita e ao violoncelo as “vozes” mais graves, da mão esquerda.
A violoncelista é a competentíssima Juliet Welchman, primeira violoncelo da Irish Chamber Orchestra. O violinista, esse é um dos meus músicos preferidos, desde que há muitos anos o vi de botas, calças e blusão de cabedal, tocando as “4 estações” de Vivaldi de pé, marcando o ritmo no chão do palco com uma das botas, à frente de uma orquestra cujo prazer de estar ali a tocar para aquele jovem, se via à vista desarmada. Agora já tem mais uns anitos, mas talvez toque ainda melhor. Chama-se Nigel Kennedy e para manter o meu “padrão” dos últimos tempos… é doido!
“Inventions” – Nigel Kennedy e Juliet Welchman
(Johann Sebastian Bach)
13 comentários:
Que doido mais bonito...
Não conhecia. Obrigada!
Abreijos
Magnifico!
Que bela manhã de domingo ao som desta bela música.
Obrigado Samuel.
Um Abraço
Um bom exemplo como duas mãos podem harmoniosamente convergir...
a criação é inventar.
esperemos que de uma mão para a outra a melodia, não seja distorcida pelos canais(falando em franciscanos claro)
abraço do vale
O homem é doidamente fantástico.
Um abraço.
Viva esta loucura:)) Pena não ser contagiosa...
Já me "confessei" parte interessada na questão do Padre Vítor Melícias. Se ele não dissesse que dá o que recebe, ficaria por mau franciscano; como disse, há logo quem lembre o Evangelho que afirma que não saiba a mão esquerda o que faz a direita. Que fazer?... Ou queriam que os franciscanos continuassem a viver de esmola? Já não há disso. Em todas as congregações religiosas há gente que trabalha para ganhar o seu sustento e o da comunidade. Quanto a "fazer", só há uma espécie de trabalhadores insubstituíveis, dos quais depende em absoluto a vida: os agricultores. O mundo passaria muito bem sem os meus livros, por exemplo. Ou mesmo sem a música deste Nigel que é o meu Kennedy preferido.
Maria:
Olha... agora fizeste-me lembrar da Maria de Lurdes Resende! Fico-te agradecido para o resto do dia... ☺
Hilário:
É uma música que se faz acompanhar de Sol...
Duarte:
Quando as pessoas decidem fazer coisas juntas...
Fernando Samuel:
E vice versa... ☺
Justine:
Viva! Pronto... alguma coisa nos há-de ir “contaminando”...
Daniel:
Primeiro, escolhes bem os Kennedys.
Segundo, longe de mim querer que os franciscanos vivam de esmolas, embora me impressione mais a situação dos que vivem assim... mas involuntariamente.
Terceiro, exorto toda esta congregação a deixar cair o tema da pensão do Padre Melícias, que, pelo menos aqui e para mim, não passou de uma graça sobre uma figura que ao colar-se tanto ao poder e aos poderosos, põe-se a jeito para levar com alguns “estilhaços”. Só isso.
Abreijos colectivos!
Vendo e ouvindo a qualidade dos intérpretes e considerando que o Chopin bem podia ter "duas mãos direitas", são plausíveis os célebres "concertos para violino" de que falou Santana Lopes.
Lino:
Será mesmo uma das declarações mais plausíveis de Santana Lopes, desde há muitos anos... :-)))
Abraço
Um dos meus compositores favoritos!
Obrigado Samuel
Beijo
Ana Camarra:
Bom gosto!
Abreijos!
Tal como tu fiquei fã do Nigel há uns anos. Vais-me «obrigar» a voltar a ouvir as «Inventions» no seu formato original...
Ainda bem que também vamos tendo destas "obrigações"... :-)))
Abraço
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