quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

TAP – As más influências




Ontem, terça-feira, tive que jantar mais cedo. Às dezanove horas lá estava eu, de volta de um arrozinho de grelos e uns pastéis de “bacalhau”... feitos com maruca. Eis senão quando, um dos canais de notícias de que não fixei o nome, resolveu abrilhantar o meu jantar com um pequeno filme pornográfico. Nem mais!

Lá estava o artista brasileiro, mais conhecido por Eng. Fernando Pinto, contratado por muitos milhares de euros por mês, pelo Estado Português, para gerir uma empresa do Estado, a TAP, dizendo na Assembleia da República e na cara dos vários deputados da Comissão Parlamentar das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, que a melhor solução para a TAP é a privatização. Nem mais!

Fosse eu uma pessoa muito desconfiada, ficaria apensar que já alguém terá garantido ao grande gestor tropical um lugar, a ganhar um ordenado ainda mais absurdamente elevado, caso ele consiga ajudar a “arrastar” a TAP para a privatização.

Teve ainda ocasião para se queixar, dizendo que nos últimos tempos tem feito, pessoalmente, várias propostas muitíssimo boas aos trabalhadores da companhia aérea... mas que os trabalhadores, «mal influenciados» (sic) as têm recusado todas.

Como se pode constatar, os pobres trabalhadores não são más pessoas. Toda a gente sabe que os trabalhadores são uma “raça” que nasce boa, inocente e dócil... e que depois são exatamente as más influências que dão cabo deles.

Fez-me lembrar, infelizmente, do filme fascista dos fascistas António Lopes Ribeiro e António Ferro, “A Revolução de Maio” (1937), em que um ativista comunista chegado do exílio, conhece uma rapariga simples e do povo (e salazarista, obviamente!), por quem se apaixona. Isso, mais a constatação dos “fantásticos progressos de Portugal sob a mão de Salazar”, além do facto de a polícia ir seguindo os seus passos “serenamente”... tudo isso lhe deu tempo de se livrar das más influências que o tinham levado para o comunismo e de abraçar a causa de Salazar, chegando mesmo a amarrotar a bandeirinha comunista que trazia no bolso ao contemplar, comovido, a bandeira nacional desfraldada no alto do Castelo de São Jorge. A sério!... Este filme existe mesmo!

Portanto, os trabalhadores da TAP – e já agora todos os outros – o que precisam é de arranjar namoradas “simples”, de amor, da compreensão da polícia... e de “boas influências”.

Este foi um dia em que teria sido muito mau dar-se o caso de eu ser deputado. O Sr. Engenheiro Fernando Pinto dizia-me o que disse... e eu não sei bem o que lhe responderia, mas coisa boa não seria certamente... e lá se danava a “dignidade” da função!

6 comentários:

Maria disse...

Ele há gente muito desavergonhada!
Espero que o discurso do homem não tenha influenciado a tua digestão. Também gosto de arrozinho de grelos... :)))

Beijo.

salvoconduto disse...

Está na hora deles! Riem que fartam e corre-lhes a coisa de feição. Mas como eu costumo dizer: "não sou crente mas acredito piamente que isto não pode durar sempre".

PS - Essa dos bolos de "bacalhau" não lembra ao diabo, ainda salivei com o arrozinho de grelos mas depois quando misturaste a maruca com o Fernando Pinto e ainda lhe carregaste com o António Lopes Ribeiro e o António Ferro deste cabo de tudo, até parecia que o arroz se tinha colado ao tacho...

do Zambujal disse...

Mais uma mensagem mmuito boa. E vais-nos obrigando a ter de deixar de repetir isto!
Mas... essa de escreveres do Pinto brasuca «caso ele consiga ajudar a “arrastar” a TAP para a privatização» merece-me correcção. Que tem andado ele a "conseguir" ao longo destes anos? Que "conseguiram", depois de Abril de 74, sobretudo depois de Março de 75, umas "ninhadas de pintos", nativos ou importados, que se colocaram à frente das empresas públicas, do SEE? Não foi "arrastar" tudo para os grandes grupos privados cada vez mais financeiros e menos nacionais?
Desculpa o desabafo mal disposto talvez estragando momentaneamente(só para mim, felizmente) o efeito risonho e estimulante para a luta com que consegues pegar nas coisas mais escabrosas.

Grande abraço

trepadeira disse...

Andam por aí,cada vez mais descarados.
Ontem estive a limpar o montito das maças Bravo-de-Esmolfe.A tirar as podres,antes que contaminassem todo o monte.Deitei as podres para o estrume,ou seja,para o monte de composto.
É isto que temos de fazer na nação.Enquanto é tempo.
Um abraço,
mário

Fernando Samuel disse...

Existe, existe, que já o vi...

Um abraço.

Antuã disse...

Este Pinto já é galo. Quando se lhe corta o pescoço?!...