Foi muitas vezes o meu itinerário. Esgotadas as hipóteses de conseguir encontrar um lugar para estacionar na zona dos Aliados, rumar ao parque da Trindade... e nos dias mais atrapalhados de vagas, ao “silo-auto”, já bem lá para cima, porta com porta com a Junta de Freguesia de Santo Ildefonso. Depois era descer a pé, pela rua do Bonjardim, ou de Camões, até chegar à Avenida. Feitos os “recados” que me tivessem levado à baixa, seguia-se, muitas vezes, o lazer, que volta que não volta, consistia em confirmar a minha atracção pelo Mercado Ferreira Borges... e descer ao meu encantamento: o rio e a Ribeira.
Por vezes, a descida fazia-se directamente até ao “cubo” do José Rodrigues, mas, programa de luxo era, a partir do fundo do Ferreira Borges, rumar ao túnel que leva directamente ao tabuleiro inferior da ponte Dom Luís e percorrê-lo a pé, coisa que não teria a menor graça, não fosse ter a oportunidade de poder ver, com calma (e continuado prazer e surpresa)... a “Ribeira Negra” do pintor Júlio Resende.
E a que vem este roteiro turístico, tantos anos depois de ter vivido no Porto? – perguntam vocês. Vem a propósito de uma boa notícia... entre as quase sempre más que nos chegam, quando falamos da minha profissão. O grupo “Jáfumega” voltou a ser assunto.
Grande grupo! Durante algum tempo, pensei que os “Jáfumega” tinha sido atingidos pela “maldição” que atacava todos os artistas de quem eu gostava (salvo um ou outro estrangeiro), “maldição” que ditava ou o seu rápido desaparecimento, ou o ostensivo desprezo dos media. Depois acabei por descobrir que a "culpa" não era minha, mas sim da “vergonha” que quase toda a gente tinha de tudo o que lhes lembrasse Abril. O próprio José Afonso, quase esquecido e sem trabalho, só voltou a ser um “grande artista” depois de ficar muito doente e morrer.
Resumindo (que isto vai muito longo), os “Jáfumega” vão reunir-se para alguns concertos. Bela ideia! O tempo só lhes deve ter feito bem... e eles já eram do melhor que cá tivemos (ou temos)!
Fechando o círculo desta estória que acabou por ser “como as cerejas”, aqui fica a “Ribeira” uma das melhores cantigas que a grande banda do Porto criou.
Bom domingo!
“Ribeira” – Jáfumega
(Jáfumega)
6 comentários:
e chegou domingo! :) e com ele a música ... e voltar a passear na ribeira...
vovómaria
Que bem descreveste o passeio que eu costumo fazer com ,amigas da UPP, desde a escultura do ARDINA, na Praça da Liberdade, até à Ribeira de Gaia, não deixando sempre de admirar a maravilhosa RIBEIRA NEGRA, hoje restaurada, do nosso Júlio Resende!!!|
Vamos muitas vezes à Ribeira de Gaia para nos maravilharmos com as vistas para a Ribeira do Porto e o perfil da própria cidade do Porto.
É linda a cidade mas,infelizmente está muito degradada, a começar pela zona central, a Avenida dos Aliados, rodeada de casas belíssimas e antigas que deviam fazer parte do nosso património mas que estão em completa decadência.
Um beijo.
Gosto muito do Porto, gosto muito da "Ribeira Negra" do Mestre Júlio Resende, gosto dos Jáfumega e gosto da boa notícia que me dás!
Só coisas boas! É de amigo:))))
Beijo
...e é uma boa notícia!
A Ribeira... O passeio tão magistralmente descrito que dele faço já parte, Cantigueiro, se o regresso for por aquelas escadinhas, hoje não sou já tão novinha, por favor, mais devagar... A ida apressada até ao rio... A ponte!
O som dos Jáfumega... Bem-vindos! Já tardavam! Também vocês fazem cá falta!
(A VERGONHA em tudo quanto deveria originar orgulho existiu! Também no Zeca. Que vergonha…)
E no final da viagem, nas voltas de uma @ndarilha, já pensamento no vento,
outro rio, outro rumo, outra gaivota…
A ponte!
Zeca, estás connosco, anda, vamos zarpar
A OUTRA MARGEM!
Obrigada, Cantigueiro
Beijo
Boas Samuel, também tenho andado próximo dessas pontes e mais não tenho dito, acerca de outras coisas que tenho lido por aqui... Mas "quem cala consente". Começo a concordar muito. Embora as ideologias nos separem, há coisas que são mesmo como vc diz... Não concordo às vezes com a forma, mas concordo cada vez mais com o conceito! Abraço...
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