Quando hoje, tantos anos passados, ouço algumas das cantigas que cantei (eu e os outros), sinto o quê? Que eram cantigas magníficas? –Algumas!... Que foi uma grande Revolução? -Teve os seus momentos!... Que os "cantautores" se mantiveram unidos para criar um verdadeiro movimento de canção de intervenção, de texto, ou como a quiserem chamar? -Nááá!!! Que a própria Revolução veio a criar condições de trabalho e dignidade para os que mais a “cantaram”, fossem cantores ou não? -Frio!...
Fica então a memória do calor das "convicções inabaláveis" e mais que tudo, a maravilha que era ter 20 anos!
Mas, pensando bem, no 25 de Abril de 74, por momentos, toda a gente parecia ter 20 anos, até os velhos dos bancos dos jardins de Lisboa!
23 comentários:
E tínhamos, Samuel, tínhamos todos 20 anos, na vontade, na força, na certeza, na convicção, na generosidade, em tudo...
... ainda hoje temos.... (menos no B.I., mas isso não importa)...
Abreijos
Faço minhas todas (quase todas, que eu era um bocadito mais miúda mas tinha a família toda a viver e a levar-me a experimentar a Vida!) as palavras!
Passei estes meus quase quase 40 anos a desejar que aquele movimento fosse constante! Aquela forma de Ser e Estar com O(s) Outro(s)...
A verdade é que os dias vão passando, as pessoas vão-se deixando escorregar pelo corrupio taralhoco das vidas e parece que esquecem o dia em que acreditaram que fazer mais, fazer melhor, ser maior, era (É) possível...
Agora há esta coisa poderosa que volta a deixar transparecer a viabilidade de se encontrarem novas vozes, outras, aquelas que se fizeram ouvir (tão belas), as que ainda agora só acordaram, as que pareciam ter-se esquecido de quem foram e podem voltar... Sim, falo desta realidade de encontro de mais palavras, de mais desejos, das (mesmas) vontades! Nesta rede imensa que pode, que está a abrir novos caminhos e maiores sustentos (sim, isto de se saber tão bem que não se está, de todo, sozinho!)
Abril está aqui!
As canções estarão para sempre.
A experiência d(Aquele)' Abril, Sempre!
Eu por acaso ainda não andava por cá...
Para os cantores da resistência e que cantaram Abril...a vida para eles,foi de facto muito injusta e extremamente friaaaaa...cantaram por toda a parte custo Zero...apenas movidos pelas nobres convicções que acalentavam.
É verdade, Samuel.
Eu por acaso, tinha um pouquinho menos, mas dá no mesmo.
Grande dia aquele.
O pior é que de algumas coisas, só ficaram as lembranças e as intenções.
Vim também avisar que se me visitar e encontrar o meu blog privatizado, não é porque o fechei aos amigos.
É só porque estou a mudar quase tudo nele, e é impossível fazê-lo com ele aberto.
Deve demorar uns 2 dias, talvez menos.
Fico à sua espera, no mesmo endereço, mas de carinha lavada.
Abreijinhos
Passados 34 anos essas cantigas (e são tantas) são a melhor herança para os que não viveram esse momento fantastico da nossa historia (como é o meu caso), testemunharem a genuinidade, a alegria a camaradagem com que o povo português fez a sua revolução, apesar das traições. Por tudo isso temos de agradecer tambem a esses que com uma guitarra na mão percorriam o país cantado em acções de dinamização cultural, espalhando a mensagem da paz e democracia, viva Abril e os seus cantores.
Um grande abraço para ti e outros que nos deram momentos inesquecíveis...e não esqueças:
"Se Abril ficar distante
desta terra e deste povo
teremos a força bastante
p"ra fazer um Abril novo!"
Abreijos (também vovó Maria)
Viver aquele tempo foi um privilégio. Mas vivê-lo em plena juventude foi qualquer coisa de fantástico. Só isso me faz encarar esta "meia-idade" com algum fair-play.
Um abraço
Sortudos, eu encontrava-me longe, numa coisa que poucos sabem o que é e alguns tentam branquear, estava longe mas bastante próximo, de quando em vez, torneando a vigilância, vinha por aí, deliciar-me com os cheiros de cá que lá não havia, tive sorte, alguns camaradas não, estes, só com a madrugada libertadora de soltaram das amarras, eu, por fim , só regressei em Maio, a tempo daquele 1ºdia maravilhoso e único.
25 de Abril sempre, fascismo nunca mais
Abraço e viva a revolução
Samuel:
Não sei se sou eu que ando sensível, ou se é por estarmos às portas deste 25 de Abril, só sei que de cada vez que visito o Cantigueiro e leio posts e comentários fico emocionada. Por aquilo que não vivi, porque não era nascida, mas que deve ter sido magnífico, e pelos sentimentos de quem o viveu, que se conservam tão à flor da pele, a avaliar por alguns dos comentários anteriores.
Eu, que sou filha de Abril, estou convosco:
25 de Abril sempre!
Fascismo nunca mais!
Seguindo o raciocíniodo Crixus, a única coisa que não conseguiram roubar-nos foram as canções e os cantores de intervenção, mas, -como não os conseguiram matar e enterrar,-ignoram-nos pura e simplesmente, e isso é igual ou pior que o lápis azul de antigamente.
É preciso que se crie um movimento para que possamos ter espectáculos, do tipo deste último no coliseu, talvez de menor dimenssão, para que possamos ouvir e ver os nossos cantores.
Isto é uma ideia!
Abraço
Manangão
Há momentos que, de tão luminosos, fazem toda a gente parecer ter 20 anos...
Amigo Samuel,
ainda não tinha vinte anos...mas não deixo de sentir a emoção de reviver os acontecimentos!!!!
E partilhá-los com os meus "besouros" que nada sabem desse sentir!!!!
E vou estar à espreita na TV das Cantigas e dos cantigueiros que vão lá aparecer!!!
Breijkas!!!
As convicções mantêm-se firmes, embora às vezes um pouco "abaladas"!
E os que viveram na carne e no sonho o Abril de 74, todos os anos em Abril voltam a ter 20 anos,porque "pelo sonho é que vamos... Chegamos? Não chegamos?...basta a esperança naquilo que talvez não teremos..."
Que nunca se perca a mística, a magia desses tempos! Se isto não melhora, tenho a impressão que ainda vamos presenciar qualquer coisa parecida ao 25 de Abril de 1974. É necessário dar um abanão nesta sociedade adormecida e egoísta. As Revoluções são revitalizantes e renovam o espírito das sociedades.
1 Abraço!
Pois eu tinha mesmo 20 anos em 74! Ou melhor, ainda não tinha porque só os fazia três dias depois, no dia 28. Por isso sempre considerei o 25 de Abril como uma prenda de anos que os 'capitães' tiveram a gentileza de me oferecer!
Estava eu então no Porto a estudar, ou melhor, não estava porque a polícia nos tinha fechado a faculdade [ESBAP] havia duas semanas, e lembro-me de uns meses depois, já não recordo quantos, ter assistido no Palácio de Cristal a um espectáculo memorável com todos [na altura achei que vocês estavam mesmo todos] os 'cantautores' que referes. Lembro-me de lá ter aparecido a meio o Paco Bandeira a querer cantar, e de alguém, suponho que o Luís Cília, ter vindo ao palco perguntar ao público se queríamos que o deixassem entrar. O resultado foi um berreiro monumental que teve como resultado imediato que desgraçado fosse corrido do pavilhão! Bons tempos!
Ah! A ESBAP 'abriu' de novo as portas logo na manhã desse mesmo dia e, que eu saiba, nunca mais foram fechadas até hoje pela polícia!
Xi Grande
24 anos, a caminho dos 25, 9 meses depois do "voluntariado" obrigatório de 3 anos e meio. Vivia num quarto da Gonçalves Crespo e acordei com a velhota dona da casa a dizer que tinha havido um "golpe de estado". Ouvi o comunicado lido pelo Luís Filipe Costa e disse-lhe que era o fim da ditadura. Depois, bem, depois de marcar o ponto no emprego, onde era novato, mandaram-nos para casa, mas eu fui para a rua, até onde me deixaram ir.
As canções e os canautores foram, "O que eu guardei de Abril" "...e o que ganhei de Abril".
Mais alguma coisa houve, mas pouco sobrou. Relativamente à música, foi uma explosão de liberdade e criatividade.
Concordo com o crixus, é a unica herança que temos desses dias. A única mesmo.
É verdade, Cantigueiro...
Todos tínhamos vinte anos ou mesmo...dezoito! ;-))
Aquilo é que foi cantar!
Dar miminhos aos cantores de Abril é um privilégio imperdível, mesmo que seja apenas, pelos subterrâneos da blogosfera.
Venho aqui, nesta noite especial, "cravejar" de beijinhos o nosso cantigueiro
25 de Abril, SEMPRE!!
Amigona avó e neta princeza, não resisti e postei esse simples e belo poema... Obrigado e Abril sempre cantando a nossa Primavera!
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