quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Álvaro Santos pereira... num mundo ideal




Qualquer trafulha, dono de uma fabriqueta de têxteis, onde explore, por exemplo, 150 trabalhadoras produzindo em condições de salubridade dignas do terceiro mundo e ordenados abaixo dos quinhentos euros, sabe o que tem de fazer para comprar o novo Mercedes de 75.000 euros, caso não tenha o dinheiro ali mesmo á mão: não pagar os vencimentos desse mês às operárias, sob uma qualquer desculpa esfarrapada... e depois logo se verá.
Em traços largos é isto a grande “ideia económica” deste governo de trafulhas. Em traços largos é esta a política “económica” do ministério da dita Economia e do Emprego, cuja cara (chamemos-lhe assim...) é Álvaro Santos Pereira. Em traços largos é esta a única ideia verdadeiramente original do traste que presentemente ali faz as vezes de ministro: aumentar os dias de trabalho, aumentar as horas de trabalho por dia... mas sem pagar. De preferência, reduzindo mesmo os salários.
O bandalho bolçou recentemente para uns microfones que lhe esticaram à frente da fronha, um «apelo aos parceiros sociais para que se deixem de "guerrinha" e enveredem pelo diálogo».
Ora, como as várias associações patronais têm, no essencial, aplaudido as propostas do ministro e contribuído até com sugestões do tipo “se um diz mata, o outro diz esfola”, na tentativa de rapidamente, enquanto o vento lhes é favorável, destruírem o edifício de direitos laborais e sociais que custaram muito suor, muita luta e muitas vidas, um edifício que levou gerações a construir... o bandalho só pode estar a dirigir-se aos sindicatos, cujas Centrais, embora com diferentes graus de intensidade e coerência, contestam e combatem a política do governo. Não perdeu a oportunidade para insultar os trabalhadores, ao apelidar as suas mais do que justas lutas de “guerrinha”.
Num mundo ideal, este tipo de calhordas não seria ministro de coisa nenhuma. Num mundo ideal e politicamente escorreito, não existiria tal governo, sendo que um tão grande ajuntamento de bandidos só seria possível de encontrar no seu habitat natural: os pátios das penitenciárias.
Num mundo ideal e politicamente escorreito, não haveria tantos cidadãos alheados daquelas que deveriam ser as suas causas, assim permitindo que esta corja alterne no poder há décadas.
Num mundo ideal... mas (há que dizê-lo) “politicamente incorreto”, o jornalista, certamente ele próprio sindicalizado, teria enfiado o microfone nos dentes do escatológico ministro, enquanto este bolçava as suas “ideias”.
Decididamente, está à vista que não vivemos no mundo ideal...

16 comentários:

trepadeira disse...

Nem lá perto.

Um abraço,
mário

Maria disse...

Eu desisti de ouvir estes gajos.
Leio-vos aqui e já me chega. É que o meu estômago não aguenta (estou a falar a sério...)

;)
Abreijos.

Graciete Rietsch disse...

Não,a maioria dos portugueses, não vive num mundo ideal. Mas para outros, bem poucos,nada melhor que estas políticas de malfeitores.
E isto não acontece,apenas em Portugal. Refere-se ao mundo inteiro, com algumas exceções que bem se ressentem destas governações escandalosas.

Um beijo.

Eduardo Miguel Pereira disse...

Atendendo ao estado a que chegámos, e como chegámos, não posso calar a revolta que me vai na alma e dar a devida ênfase ao parágrafo onde dizes :

"Num mundo ideal e politicamente escorreito, não haveria tantos cidadãos alheados daquelas que deveriam ser as suas causas, assim permitindo que esta corja alterne no poder há décadas"

Temos tido os governos que temos tido, porque este Povo tem sido estúpido, tem-se movido apenas pela ganância e olhando para o seu próprio umbigo e agora vamos sofrer todos, todos sem excepção, por causa daqueles que, ou se alheando do voto, ou votando nesta corja nos trouxeram até aqui.

Apetece-me, sempre que vejo Ministros destes, chamar-lhes filhos da puta.
Mas muito mais filhos da puta são as pessoas que habitam no meu país e que votam nestes ministros, ou que pura e simplesmente nem votam.

Já não consigo calar a revolta que me vai na alma.

Povo de merda que me dá vontade de cagar neles e deixar de lutar por eles.

do Zambujal disse...

Pois é.
O mundo ideal e politicamente escorreito não é de geração expontânea. Constroi-se na luta. Com aqueles que, iguais a nós, ainda não tomou consciência de classe, nesta História que cada dia, em cada gesto, fazemos.
Compreendendo a revolta do comentário anterior, não a aceito e rejeito-a. O povo é o que é, informado como está, e somos nós todos! E cumprirá o seu papel histórico, insubstituível. A seu/nosso tempo como noutros tempos (também nossos) sempre o fez.
Quanto ao teu "post"... boa!

Grande abraço

Antuã disse...

Os pulhas fazem o que querem de cara destapada.

Graça Sampaio disse...

Política salazarenta, dos bonzinhos, dos caladinhos e dos "bons alunos" - é o que este governo nos trouxe. Só que o Salazar não foi escolhido pelo povo mas estes energúmenos foram escolhidos por um povo que foi pressionada pela esquerda para votarem neles...

Que imbróglio! Que paradoxo!

samuel disse...

Carol:

É bem verdade. Sobretudo a chamada esquerda que, ao longo de décadas tem deixado no tal eleitorado a ideia de não ser muito diferente desta gente, nem ter outra prática política, mesmo que, aqui e ali, com algumas nuances... que as há.

Mas todos, certamente, poderíamos ter feito mais e melhor...

Anónimo disse...

Não?!!!! O mundo ideal está aí todos os dias, mesmo para quem como alguns Samuel já o viram... cair.
Uma concordância para juntar ao rol: A besta da economia foi um verdadeiro achado Passional.

Anónimo disse...

Ninguém que aqui escreve, com o Samuel à cabeça, faz a mínima ideia do mundo que em vivemos. Escrevem como se vivessemos em 1911 e não em 2011. Criticam, reclamam, insultam, chamam nomes, sempre ao nível mais baixo, e nunca, mas nunca, apresentam uma única alternativa à política que tem vindo a ser seguida. Fica, por isso, a pergunta: qual a vossa alternativa? Que outro caminho deveria ser seguido que não este?

Samuel, se responder a alguma destas perguntas, coisa que desconfio que faça, por favor não o faça com os lugares comuns e habituais clichés da classe operária e do proletariado, coisas, como deveria saber, do século passo.

Podemos estar em acordo em inúmeras coisas, como estamos, mas deste blog não vem qualquer contributo para que alguma coisa se altere. O mais triste, contudo, é você falar do alto do seu pedestal como se fosse dono e senhor da verdade absoluta. Ninguém a tem, meu caro, não existe, tal como o mundo ideal de que você fala também não existe. Com a sua idade e a experiência de vida que decerto terá, já devia saber disso.

Passar bem

António Ramos

samuel disse...

António Ramos:

Ora então deixe-me cá evitar os "lugares comuns e habituais clichés da classe operária e do proletariado"… seja lá isso o que for.

1. "Ninguém aqui escreve com o Samuel à cabeça…" o que é uma grande sorte para quem aqui escreve, já que eu, infelizmente, peso um pouco mais de oitenta quilos.

2. Se o caro amigo, nas centenas e centenas de propostas e iniciativas, parlamentares e outras, apresentadas pela força política com que você me identifica (e acertou!), o PCP, não foi capaz de vislumbrar (mesmo discordando) uma única proposta e ideia alternativa às políticas que nos trouxeram até aqui nos últimos 35 anos… isso não abona nada em favor da sua inteligência.

3. Se, pelo contrário, viu… mas prefere alinhar na cassete indigente do "vocês nunca apresentam alternativas"… então isso não abona nada em favor da sua honestidade intelectual.

4. Sobre o meu suposto "pedestal", olhe… não seja ridículo!

5. Sobre a arrogância malcriada latente em todo o seu comentário… não comento. É problema seu.

6. Para quem (como você desconfiava) não ia responder… já tivemos aqui conversa que chega para um ano.

Passar bem.

Eduardo Miguel Pereira disse...

É preciso chamar os "filhos" pelo nome para eles aparecerem.

Ainda não dão a cara, mas já vão pondo o nomezinho (se verdadeiro ou não é que não se sabe).

Anónimo disse...

António Ramos, pareceu-me bem intencionado e convencido que estava a contestar politicamente, e polidamente, o boss do blog. Viu certamente o que a casa gasta e a forma fina e delicada como aqui são tratados os "descrentes", a forma "democrática" das respostas. Começou pela lição de gramática, avançou pela desonestidade intelectual, só não lhe deu dois tabefes porque você fugiu a tempo.
Já percebeu onde veio bater? Já percebeu que isto aqui não é um lugar de debate mas um local de culto? Já precebeu que o padre é dos velhos e pouco dado a modernices?
Espero que sim até porque conseguiu fazer saltar um dos porteiros de discoteca que aqui zela pela lubrificação do Samuel, untando-lhe a língua. E com ar de praia ao que vejo pela fotografia.
Bem feito, queria falar de politica na sede do Avante!
Homem, não perca tempo: Ou lhe vão à gramática ou lhe censuram a prosa.

samuel disse...

Anónimo (22:57):

Ó criaturinha,
Não queira misturar-se com o António Ramos!
Ele e o seu comentário, seja ou não discordante, estão anos-luz acima do nível da pocilga em que você chafurda.

Olinda disse...

Num mundo ideal,a democracia deveria ser para o povo,e com o povo.
Num mundo ideal,a democracia nao deveria ser a "democracia dos mercados".
Num mundo ideal a democracia deveria ser o bem-estar da maioria sobre a minoria.

Márcio Guerra disse...

Posso só deixar um ou dois reparos?

Então aqui vão...

Primeiro, o artolas do ministro é, tristemente, meu conterrâneo, do Cavaquistão, e, aparentemente, até andou no mesmo grupo de escuteiros que eu quando era novo, ele e eu. Deixei-me disso há uns 12 anos, quando pensei mais à frente do que Deus, por assim dizer, por achar que isto é maior que o Deus que nos vendem as igrejas.

Segundo, o senhor António Ramos é que não apresentou alternativas, mas levou a tempo e horas as ditas respostas, de forma brilhante, diga-se, e pelos vistos, ou voltou com outro nome, ainda que anónimo, para defender o indefensável, como ainda levou mais por cima. Ou ele, ou outro por ele. E novamente bem dadas, como parece ser apanágio aqui do senhor Samuel!

Por último, e posso estar enganado, deixo apenas uma nota para a dona Olinda. A meu ver, e também posso ser eu a estar enganado, a democracia, para mim, é o bem de todos, não a maioria sobre a minoria. Pode, eventualmente, haver uns mais satisfeitos do que outros, mas de forma democrática, para mim, serão todos a usufruir desse bem-estar!

Ah! E passava-me falar do texto, brutal, com uma conclusão belíssima!

Grande abraço

Márcio Guerra