“Os saltimbancos” e “Roda viva”. Duas obras teatrais que viram a luz do dia em tempos turbulentos no Brasil. Ambas têm a marca de Chico Buarque. A primeira, que ele adaptou para português a partir do texto original de Sergio Bardotti e música de Luis Enríquez Bacalov, a que acrescentou mais umas músicas da sua lavra. A segunda, a sua primeira peça teatral, escrita em 1967, com uma canção-tema com o mesmo nome da peça.
“Os saltimbancos” é um musical infantil, que aborda subtilmente a luta de classes, através da estória de um burro, um cão, uma galinha e uma gata… todos contra o “Barão”, o inimigo dos animais.
É impossível igualar a maravilha que foi o elenco original, com Pedro Paulo Rangel e Grande Otelo, as jovens Marieta Severo, Miúcha, Bebel Gilberto (filha de João Gilberto e Miúcha), Sílvia Buarque (filha do Chico e da Marieta), Isabel Diegues (filha de Nara Leão e Cacá Diegues)… e por aí fora.
Quanto à “Roda viva”, essa fiou mais fino! Com um elenco inicial composto por Marieta Severo, Heleno Prestes e António Pedro, teve uma primeira temporada de sucesso. Depois… veio a borrasca.
Já com Marília Pera, Andre Valli e Rodrigo Santiago, o espectáculo começou a estar na mira do CCC (Comando de caça aos comunistas), que por duas vezes invadiu os teatros durante a representação, espancando os artistas e destruindo todo o material. Acabou proibida!
Dando um salto de quase cinquenta anos, para Montemor-o-Novo, o meu filho mais “recente”, de sua graça Paulo, decidiu trabalhar com alguns muito jovens rapazes e raparigas montemorenses, numa produção da Associação Theatron, fazendo uma versão muito livre do texto de “Os saltimbancos” (sem as canções), juntando-lhe, a dado passo, a tal canção do Chico Buarque, “Roda viva”.
Levaram a coisa à cena numa das salas do Convento da Saudação, com o apoio do “Espaço do Tempo” do coreógrafo Rui Horta. Diz quem viu, que foi coisa fina. Eu também gostei… mas neste caso a minha opinião não conta lá grande coisa!
Estabelecidas as “distâncias” entre os muitos e célebres actores e cantores originais e a miudagem montemorense, constituída por (ainda) não-actores e não-cantores, aqui fica a “Roda viva”, que eu tive o maior prazer em alindar com uns sons que me pareceram adequados para a idade dos participantes, gravar as vozes de dez dos mais jovens elementos da Oficina do Canto, também de Montemor… e misturar tudo. Boa audição!
9 comentários:
"diz-se que é coisa fina... sente-se que é coisa boa!"... :))...
vovómaria
Pois foi mesmo coisa fina,bem se vê.
Um abraço,
mário
E tal como os filhos do Chico, João Gilberto etc., também aqui se confirma que filho de peixes sabe nadar :)
Gostava de ter visto.
Abreijos.
coisa mais linda!
Muito giro!..."A ver",pela afinacao das vozes,a peca tambêm deve ser boa."Os putos",sao muito criativos,quando se empenham em qualquer projecto.
Um abraco
Eles que cantem mais músicas, estão tão bom.
Pedro Marques
Bonita, melodiosa e quando temos o CD para o adquirirmos?
Vicky
Muito lindo!!! Vozes infantis e sons, música. Gostei.
Um beijo.
Grandes lembranças! Obrigado
Um abraço
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