Não conheço, nunca conheci e acho que nunca conhecerei bem os meandros do funcionamento interno do Partido Socialista. Daí que me seja praticamente impossível distinguir as variadíssimas nuances de “socialismos” que por lá se praticam e professam.
Essa minha espécie de daltonismo para os tons de rosa, impede-me de poder apreciar devidamente, no que diz respeito à “violenta abstenção” do PS na votação das leis do trabalho, quem está de gatas perante a troika, quem gostaria de não estar, e quem, entre os que estão contra a abstenção do seu partido e o pacote laboral do Governo, o fazem para ficar bem na fotografia de “esquerda”... ou por convicção de que, na verdade, alinhar naquela vergonha é um ultraje aos princípios que defendem.
A uma coisa, pelo menos, achei muita graça. Ter sido a deputada Isabel Moreira a primeira, de entre eles, a posicionar-se pública e frontalmente contra.
Como todos sabemos, a jovem deputada do PS, é filha do prof. Adriano Moreira. Na linha que separa os ideais fundadores do Partido Socialista e as convicções firmes, de direita, de Adriano Moreira, não faço ideia de qual o posicionamento de Isabel Moreira. Não sei de qual das duas pontas da corda está mais próxima.
Seja como for, lembrou-me um momento de uma recente entrevista do pai, em que o entrevistador quis saber o que pensava o velho dirigente do CDS sobre o facto de a sua filha ser deputada do PS. Adriano Moreira afirmou (acredito que sinceramente) que tinha o maior respeito pelas convicções da filha... e acrescentou, com graça (não poucas vezes, o prof. diz coisas com graça): “Acho que a minha filha se convenceu de que o Partido Socialista é hoje o único lugar onde um verdadeiro democrata-cristão pode fazer valer as suas ideias”.
Terá sido apenas uma graça? Uma dupla alfinetada ao PS e ao “seu” CDS? Não sei. Como disse, não sou capaz de distinguir as variadíssimas nuances que estão em causa.