sábado, 31 de março de 2012

Isabel Moreira – Nuances de socialismo...




Não conheço, nunca conheci e acho que nunca conhecerei bem os meandros do funcionamento interno do Partido Socialista. Daí que me seja praticamente impossível distinguir as variadíssimas nuances de “socialismos” que por lá se praticam e professam.
Essa minha espécie de daltonismo para os tons de rosa, impede-me de poder apreciar devidamente, no que diz respeito à “violenta abstenção” do PS na votação das leis do trabalho, quem está de gatas perante a troika, quem gostaria de não estar, e quem, entre os que estão contra a abstenção do seu partido e o pacote laboral do Governo, o fazem para ficar bem na fotografia de “esquerda”... ou por convicção de que, na verdade, alinhar naquela vergonha é um ultraje aos princípios que defendem.
A uma coisa, pelo menos, achei muita graça. Ter sido a deputada Isabel Moreira a primeira, de entre eles, a posicionar-se pública e frontalmente contra.
Como todos sabemos, a jovem deputada do PS, é filha do prof. Adriano Moreira. Na linha que separa os ideais fundadores do Partido Socialista e as convicções firmes, de direita, de Adriano Moreira, não faço ideia de qual o posicionamento de Isabel Moreira. Não sei de qual das duas pontas da corda está mais próxima.
Seja como for, lembrou-me um momento de uma recente entrevista do pai, em que o entrevistador quis saber o que pensava o velho dirigente do CDS sobre o facto de a sua filha ser deputada do PS. Adriano Moreira afirmou (acredito que sinceramente) que tinha o maior respeito pelas convicções da filha... e acrescentou, com graça (não poucas vezes, o prof. diz coisas com graça): “Acho que a minha  filha se convenceu de que o Partido Socialista é hoje o único lugar onde um verdadeiro democrata-cristão pode fazer valer as suas ideias”.
Terá sido apenas uma graça? Uma dupla alfinetada ao PS e ao “seu” CDS? Não sei. Como disse, não sou capaz de distinguir as variadíssimas nuances que estão em causa.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Oração... (da Guidinha, evidentemente!)


(Por absoluta falta de tempo para mais e porque já recebi a piada por mail umas quinze vezes, aqui fica uma "adaptação"... à minha moda)
Senhor... há poucos anos levaste para junto de ti o meu querido Michael Jackson, o Heath Ledger, que era um dos meus actores preferidos, depois o Angélico, a Amy Winehouse, agora foi a Whitney Houston... mas acredito que tiveste uma razão que eu, apenas uma mortal, não consigo entender, senhor.
Ah... queria ainda aproveitar para lembrar que os meus políticos preferidos são a senhora Merkel, o Sarkozy, o Berlusconi, o Relvas, o Passos Coelho, o Paulo Portas, o Gaspar, o Álvaro, o Alberto João Jardim... ... ...

Amém! 

quinta-feira, 29 de março de 2012

O ministro... e o álcool


Quando este Governo de lacaios, com o seu super-ministro do desemprego, desespero e falências à cabeça, decidiu iniciar na Assembleia da República o processo de discussão daquilo que será um dos maiores passos em direção ao passado (desde o 25 de Novembro de 75), quanto a direitos dos trabalhadores... o agregador de notícias do Google, mais uma vez, forneceu-me um curioso e momentâneo alinhamento de notícias, como se pode ver na “fotografia” que fiz da página.
À primeira vista pode até parecer que o pessoal do Google está a arranjar, à pressa, uma desculpa para o ministro... mas não!
Quando o ministro, ou os restantes membros deste governo, tentam justificar o seu brutal e selvagem ataque a quem trabalha (e a Abril) com estas baboseiras sobre a pretensa culpa das actuais leis laborais na situação do país e sobre o bom que é para os trabalhadores serem despedidos com mais facilidade... não estão com os copos. Não! Isto sai-lhes mesmo lá do fundo da gaveta em que os seus cérebros guardam a canalhice mais rasteira.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Mentir




Um amigo dizia achar muito bem que mentir nas Finanças passe a ser crime, passível até de pena de prisão. Deu-lhe para o “rigor”... e no fundo, mentira é mentira... e a fuga ao fisco e tal...
Lá lhe lembrei que tentar equiparar a pobre funcionária ou funcionário do Fisco a um Juiz em pleno tribunal... é um bocadinho idiota.
Perguntei-lhe ainda se, já que a mentira é um crime tão grave, o que é que se faz às mentiras dos programas eleitorais, às mentiras dos ininterruptos anúncios governamentais, às promessas megalómanas de uma maneira geral...
Ficou a pensar no caso. Depois dir-me-á qualquer coisa...

terça-feira, 27 de março de 2012

Bento XVI – Apenas insolente... ou senil?


Já passaram mais de 50 anos sobre um crime hediondo cometido contra o povo cubano. Foi planeado e levado a cabo pela CIA e pelo Vaticano, com o empenhamento pessoal dos padres católicos a operar em Cuba, nessa época maioritariamente de origem espanhola e franquistas. O crime ficou conhecido como “Operação Peter Pan.
A partir de um boato, apoiado num “documento” forjado, segundo o qual o governo revolucionário se prepararia para aprovar uma lei que tiraria aos pais a tutela sobre os seus filhos menores de idade, conseguiram, com o infeliz apoio de milhares de familiares, sequestrar quase quinze mil crianças, que foram enviadas (principalmente) para os EUA.
Em teoria, esse “exílio” duraria apenas até à vitória da invasão da Baía dos Porcos e a planeada liquidação da Revolução... só que, como sabemos, essa “vitória” da contra-revolução transformou-se numa humilhante derrota, tanto para os anti-revolucionários cubanos, como para o próprio governo de Kennedy. Na sequência dessa humilhação, os EUA fecharam o espaço aéreo entre os EUA e Cuba, o que resultou no “extravio” definitivo desses milhares de crianças cubanas.
Apenas algumas foram recuperadas pelas famílias, regressando a Cuba. Quase todos os outros ficaram à mercê da fome, maus tratos, trabalho escravo, gangs, droga, mortes violentas.
Lembrei-me desta negra página da História ao ler sobre as declarações do senhor Ratzinger, chefe de estado do Vaticano e da Igreja Católica Romana que, antes de rumar a Cuba, um dos destinos desta sua visita à América Latina, teve o desplante (e pouca inteligência!) de afirmar que os cubanos deviam abandonar o marxismo... porque está ultrapassado e por mais isto e aquilo e porque torna e porque deixa...
Atendendo a que, presentemente, as relações da Igreja Católica com Cuba atravessam um bom clima... este tipo de “deslize” é mais estúpido do que os pés que arrastam “sua santidade”.
Ainda no México, o outro destino da viagem, o Papa reuniu-se com vítimas do narco-tráfico e «pediu protecção para as crianças».
Fez muito bem... e fez-me também recordar uma certeira frase de Fidel, há tempos divulgada num cartaz:
“Esta noite milhões de crianças dormirão na rua, mas nenhuma delas é cubana!”
Por fina ironia do destino, é exactamente o marxismo, a tal ideologia que o Papa que ver erradicada de Cuba, que, contra ventos e marés, com acertos e erros, vitórias e desaires... tem, de uma forma exemplar, protegido as crianças cubanas do destino de milhares de outras em todo o mundo, como as do México: a violência, a morte nas ruas, o abandono, a fome, a falta de cuidados de saúde, de educação...
Tenha vergonha na cara, senhor Ratzinger!

segunda-feira, 26 de março de 2012

PSD... e as causas


Só o facto de o PSD, Relvas e Passos Coelho saberem bem o calibre de “oposição” que o PS, com Seguro, terá talento para lhes fazer, pode justificar que um (chamemos-lhe assim) Congresso do Partido dito Social Democrata, depois de ter decorrido sob o lema de ininterruptos ataques e insultos a quase todas as figuras, ex-governantes e dirigentes “socialistas” de quem os oradores conseguiram lembrar-se... pudesse acabar com a propaganda barata dos anúncios de fim da crise, num discurso hipócrita, em que se apela à «convergência política e social», num projeto «aberto a todos». Desde os dirigentes do PS... até todos aqueles a quem, realmente, as medidas deste governo estão a «sair do lombo».
Seja como for... não pretendo fazer-me passar por analista político. Com a parvoíce irresponsável que me acompanha nestas coisas, fixei-me mais no “cenário de fundo”. Apenas duas notas:
Gostei de ver Alberto João Jardim, de “causas” na mão, querendo agradar aos “cubanos” laranjas... e inventando até um novo conceito: os “egoísmos individuais” (por contraste com o egoísmo colectivo... que não vale um chavo e é para os mãos largas).
Sobretudo, gostei de ver aquele imponente cenário de fundo, onde o PPD-PSD se anunciou como um “partido de causas”.
Devem ser as famosas causas facturantes”!



domingo, 25 de março de 2012

Pete Seeger - Which side are you on?


No final de uma semana marcada por uma Greve Geral, um momento que, podendo não ser definitivo, é sempre definidor de muitas coisas... e ainda em pleno atascanço informativo no Congresso dos sócios maioritários do Conselho de Administração da Troika, há uma pergunta que fica no ar: de que lado estamos?
É uma pergunta sempre interpeladora... e mesmo quando já achamos saber a resposta há muito tempo, devemos insistir em fazê-la a nós próprios, a cada momento.
O Pete Seeger, mais do que fazer a pergunta, decidiu cantá-la. Já o faz desde os anos cinquenta/sessenta do século passado, na forma desta cantiga direta e simples, escrita em 1921 pela activista e autora/intérprete de canções Florence Reece, companheira de um sindicalista ligado às lutas dos mineiros de carvão.
A cantiga já foi cantada milhares de vezes e gravada umas boas centenas, sendo que alguns dos intérpretes fizeram ligeiras alterações à letra, como se pode ler aqui, ou aqui... ou mesmo muito mais profundas, adaptando a letra à realidade de hoje, como é o caso de Ani DiFranco (com Melissa Ferrick), que se pode ver e ouvir aqui.
De que lado estás?
Bom domingo
Which side are you on?” – Pete Seeger
(Florence Reece / Tradicional)



sábado, 24 de março de 2012

Polícia portuguesa – Doentes bipolares?


Coimbra – “Crise académica de 1962”

Não quero dar para o peditório das relações (ou falta delas) da CGTP com os vários “movimentos” que têm aparecido em manifestações, de há uns tempos para cá. Entre o óbvio discurso anti-sindicalanti-CGTP e anti-partidos de alguns desses “movimentos” e, do outro lado, alguma resistência ao desconhecido e anárquico, por parte da Intersindical... muito caminho terá que ser feito. Temos tempo. A História não vai acabar para a semana que vem!
Uma vez que, sobre a Greve Geral e o seu significado, não faltarão comentários, nem “bocas”, nem análises sérias... aquilo que me interessa destacar dos “incidentes” verificados na “manif” (verdadeira música para os ouvidos da comunicação social) é a acção da polícia.
Para abrir devo dizer que preferia, sem sombra de dúvidas, a velha polícia de choque dos tempos de Salazar e Caetano. Gente bruta como cornos... mas “transparente”. Sobre o que poderia vir dali nunca havia dúvidas: repressão e porrada. Eram absolutamente “confiáveis”!
Esta polícia de hoje é mais perigosa... porque é falsa. Porque é doentiamente bipolar. Os seus elementos tão depressa estão na rua a agredir trabalhadores à porta de uma empresa, ou estudantes à porta da sua escola, que ousem reivindicar melhores condições e direitos, ou protestar contra este estado de coisas... como podem aparecer na televisão, utilizando, eles próprios, um discurso sindical, reivindicativo, e assumindo-se aí como trabalhadores explorados e injustiçados. Isto até à hora de se enfiarem numa carrinha para irem espancar mais um piquete de greve, ou, como foi o caso deste dia 22 de Março, jornalistas que tentem registar imagens da sua brutalidade. Nenhuma provocação justifica aquele tipo de agressão generalizada.
Razão pela qual, como já um dia escrevi, enquanto não vir as associações (ditas sindicais) da polícia, demarcarem-se claramente destes actos, nenhuma dessas associações, pretensões, reivindicações, ou o que quer que seja... terá da minha parte uma única palavra de apoio, um único gesto de solidariedade.
Com uma excepção: os cães-polícias. Esses não sabem o que fazem!

sexta-feira, 23 de março de 2012

João Machado (1921-2012)


“Ceifadores” – João Werner

Hoje, em Montemor-o-Novo, vai a sepultar um homem bom. O nosso amigo João Machado, franzina figura de eterno sorriso e de uma afabilidade e delicadeza tocantes, foi militante do seu partido por quase setenta anos. Era um operário agrícola.

As suas convicções fizeram-no passar cerca de dez anos na prisão, mas divididos por cinco diferentes ocasiões... o que quer dizer que o João Machado regressou, repetida e corajosamente, às actividades e à militância pelas quais ia sendo preso e torturado.

Bastaria conhecer a sua filha para saber que o exemplo de vida do João Machado deu bons frutos. Mesmo assim, em muitas ocasiões em que me cruzei com os seus olhos serenos, não pude deixar, pensando no seu exemplo, na sua história de vida e no enorme fiasco em que se tornou este país... de sentir vergonha pela parte que me toca nesse fiasco.

Um “futuro” com cara de passado...


Textos reveladores de um ódio vesgo e descontrolado, contra os trabalhadores que insistem em não “alinhar” pela cartilha neoliberal, ainda que disfarçados de rasgos de humor, deram o tom do dia que passou, em vários blogues de direita... os quais não farei o favor de publicitar.
“afinal havia muita gente que precisa mesmo de trabalhar para ganhar a vida”
“afinal há muitos portugueses com trabalho... em vez de emprego”
Foram algumas das tiradas que se somaram aos costumeiros insultos, mentiras, calúnias várias... em muitos casos, vindas de “jornalistas” e dos seus jornais. Noutros casos, vindas de deputados, em plena Assembleia da República.
Mesmo isto, por muito apetecível que seja para toda essa gente atacar a CGTP, teve que romper a muralha de “informações” sobre a bola, o atentado de França...
Ouvindo as baboseiras intermináveis que, nestas ocasiões, tantos portugueses vão despejar para os programas de antena aberta e para os comentários nos jornais, somadas à descoberta de uns professores que se passaram e decidiram pôr os alunos a olhar fixamente para lâmpadas, ou à "fúria" de um cidadão (seguido, em termos verdadeiramente patéticos, pelo seu clube) que achou por bem concentrar a sua capacidade de militância e indignação, protestando para o Ministério da Educação por causa da inclusão do “Benfica” na letra de uma cantigueca qualquer, cantada na escola da filha... o que o torna num belo exemplo da alienação e desvio do essencial, em que somos especialistas... não posso deixar de pensar no futuro e no trabalhão que há pela frente.
Não posso deixar de pensar que esse futuro, embora vá chegando até nós, inexoravelmente, à cadência de sessenta segundos por minuto... chega muito mais com cara de passado, do que do futuro com que tantos sonharam e sonham. Pelo qual tantos lutaram e lutam.
Quanto regresso ao passado será preciso para, pelo menos mais alguns, abrirem os olhos?

quinta-feira, 22 de março de 2012

Greve Geral - Muitos milhares de razões...









Não me Peçam Razões...

Não me peçam razõesque não as tenho,
Ou darei quantas queirambem sabemos
Que razões são palavrastodas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razõesou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
cor de primavera que -de vir.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

quarta-feira, 21 de março de 2012

Saúde Pública - O cheiro já não se pode ignorar...


Não fosse a dedicação, persistência e firmeza de convicções de milhares de profissionais da saúde, que estão certos da razão que lhes assiste ao defenderem que a vida das pessoas não pode estar à mercê da ganância e dos lucros de meia dúzia... e o Serviço Nacional de Saúde, por estes dias já pareceria um corpo gigante em decomposição, como uma baleia que tivesse dado à costa há meses.
Mesmo assim, não é possível ignorar o cheiro nauseabundo que é já indisfarçável. Um cheiro de morte. De morte inútil e antecipada de muitos portugueses. Sim! Não vale a pena armarem-se em virgens ofendidas, pois é da morte antecipada de muitos portugueses que se está a falar. E falará ainda mais.
Do lado de fora do “monstro”, os milhões de pobres. Tão pobres, que quase um milhão já pediu a isenção de pagamento de taxas moderadoras. Tão pobres, que mesmo havendo muitos que não têm acesso a essa “caridosa” isenção, tal como os outros, acabam por evitar as consultas, escolher os medicamentos que conseguem pagar, não aviando as receitas por inteiro. Sem dinheiro para os transportes cada vez para mais longe e mais caros.
Do lado de dentro, hospitais sobrelotados, por tudo e também pelo afluxo de milhares de doentes adicionais que viram fechados os seus Centros de Saúde habituais. Camas nos corredores, camas no refeitório, horas e horas (ou dias) sem acesso a qualquer médico, riscos acrescidos de infecções hospitalares, enfermeiros que vão saindo do sistema e não são substituídos, cortes de milhões e milhões nas verbas disponíveis, entrada no sistema de materiais de qualidade medíocre. Como se tudo isto não bastasse, a (criminosa) tentação de reutilizar materiais que não são, de todo, reutilizáveis, como por exemplo, “pacemakers” e produtos da área da diálise, ou dos transplantes.
Voando por cima de tudo isto, em largos círculos, toda a “indústria” privada da saúde, elaborando planos e fazendo contas, para descobrir qual destas desgraças será a mais rentável e privatizável numa próxima oportunidade.
Que comentários fazer perante uma situação destas?!
É a diferença entre ter à frente dos destinos do país gente de bem... ou um bando de canalhas.

terça-feira, 20 de março de 2012

Estaleiros de Viana – Mais um roubo à vista




O Estado português, há muito está a braços com um problema insolúvel. Um poço sem fundo onde caem milhões de euros dos contribuintes. Um caso sem remédio, a que não podem valer nem encomendas, nem promessas. Pelo menos é este o discurso oficial que pinta os Estaleiros Navais de Viana do Castelo como um pesadelo de que os contribuintes portuguese se devem livrar a todo o custo, pese embora a inabalável motivação dos trabalhadores daquela grande empresa.
Agora, Aguiar Branco, essa espécie de senhor saído de um folheto da “Remax”... e que por estes dias faz de ministro da Defesa, vem dizer que os Estaleiros vão ser “reprivatizados” na totalidade. Garante ainda que há muitos interessados, nacionais e estrangeiros.
Vai uma aposta, que depois da negociata feita, desata a chover encomendas e lucros fantásticos? Vai uma aposta, que o Estado ainda vai ter que entrar com algum, como faz no BPN, para os beneméritos capitalistas fazerem o grande sacrifício de nos ficar com aquilo? Vai uma aposta, que o miserável sapo se vai transformar num príncipe, assim que receber o beijo do capital privado?
Razão tem quem chama a isto um «crime contra a economia nacional»! Razão tenho eu... que junto a isso uma extensa lista de adjectivos tão “substantivos”, que acho melhor nem os escrever aqui. Vocês sabem!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Ramos-Horta - Eleições em Timor


E assim, com a leitura de várias notícias como esta, fico a saber que, ao fim de tantos anos, tenho mais um ponto em comum com muitos milhares de timorenses... mesmo que muitos o tenham descoberto muito, muito depois de mim:
Não engraçamos por aí além com Ramos-Horta!

domingo, 18 de março de 2012

Quebe Sisters – Como é que se explica uma coisa assim?


Para ser franco, os únicos jogos de uma só bola que me convocam, são o ténis de campo (que joguei muito mal) e o ténis de mesa (que joguei um pouco melhor). Tirando estes, fico-me pelo bilhar (que joguei razoavelmente bem) e pelo “snooker”, o verdadeiro, aquele dos britânicos... não pela grande quantidade de bolas... mas porque é uma alegria ver aqueles moços a jogar.
O resto é uma amálgama, em que tanto me faz que jogue o Barcelona, como o Grupo de Matraquilhos de Curral dos Láparos... ou os Chicago Bulls com o seu basquete multimilionário seguido por milhões de adeptos fanáticos.
E assim chegamos à NBA e ao tema de hoje.
Se, eventualmente, estivesse de visita aos EUA, a única forma de alguém me convencer a ir sentar os fundilhos num pavilhão, para ver jogar um bando de “traves” quase tão hipertrofiadas quanto as suas contas bancárias... era garantirem-me que no intervalo teria uma actuação das artistas de hoje.
São as “Quebe Sisters”. Quebe porque nem sempre se tem sorte com os apelidos, e sisters... calhando, porque são irmãs. Tocam vertiginosamente uma espécie de folk, jazz, swing... em que as vozes são como violinos, os violinos são como vozes e a perfeição é inexplicável. Os rapazes do contrabaixo e da guitarra cumprem o seu dever garbosamente.
São maravilhas como estas “sisters” que me ajudam a rir muito e sempre com muito gosto, de todas a vezes que alguém me chama “antiamericano”. Muito pelo contrário, adoro “americanos”! Desde que façam coisas que me agradem. Que me “bombardeiem” de espanto, me “arrazem” de talento, me “invadam” de prazer. E depois... não é obrigatório gostar de todos. Pois não? Ainda se pode escolher de quem se gosta. Não pode?
Bom domingo!
It’s a sin to lie” e “Every which-a-way” – Quebe Sisters
(???  ???)



sábado, 17 de março de 2012

Oli Rehn – Quem fala assim...


O senhor Oli Rehn é um indivíduo redondinho e finlandês que, por força das suas funções na máquina antidemocrática europeia, passa a vida a meter o bedelho nos assuntos internos dos países da chamada União, mais propriamente, nos assuntos económicos. Fala quase sempre em inglês (chamemos-lhe assim) e com uma pronúncia hilariantemente patética.
Seja como for, o facto de se falar uma língua estrangeira com uma pronúncia patética, não faz do falante um pateta. A ser assim, se pensarmos nas pronúncias de “inglês técnico” e “portunhol” de Sócrates, ou do francês “ami miterã” de Mário Soares, estes dois figurões seriam pouco mais do que débeis mentais... coisa que estão longe de ser. Tal como o senhor Oli Rehn.
No meio de tudo isto, estava eu a pensar o que dizer exactamente do facto do comissário europeu ter declarado que as medidas de austeridade gozam de um alargado «consenso» em Portugal (o que me leva a crer que o homem estava extremamente distraído quando falou com a CGTP)... quando um golpe do acaso veio em meu socorro na forma de um fortuito alinhamento no agregador de notícias do “Google”, como se pode ver na “fotografia” que lhe tirei.
De facto, a notícia do «regozijo» do senhor Rehn com o resultado das medidas de “austeritarismo” impostas aos portugueses, logo seguida da notícia do verdadeiro descalabro social que elas provocam, de que a brutal quebra dos salários é apenas uma pequena parcela... dispensam quaisquer comentários sobre Oli Rehn, a “troika”, o governo de vendidos que nos desgoverna... e a qualidade de qualquer uma das suas declarações ou previsões.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Salazar – Imagem de marca


O primo da cunhada dum vizinho de uns amigos meus que vivem no campo, não podia estar mais satisfeito com a grande novidade de se poder comercializar os mais variados produtos, com a marca “SALAZAR”.
Médio criador de gado bovino, há muitos anos que vende toneladas de estrume produzido na sua exploração... mas sempre teve muita relutância em mandar imprimir “Merda” nos sacos do produto.
Está feliz!


quinta-feira, 15 de março de 2012

Governo Passos/portas – Bando de delinquentes


Uma das medidas incluída na bateria de ataques aos desempregados e aos seus direitos, estabelece que, para além de todos os cortes, haverá ainda um corte extra de 10% no subsídio, no caso de ao fim do sexto mês o trabalhador ainda não ter encontrado um posto de trabalho.
Numa altura em que os postos de trabalho diminuem todos os dias, com isso aumentando o número de desempregados, chamar a uma medida deste jaez um “incentivo à procura ativa de emprego”... é o que é, ainda mais, vindo misturada nesta enxurrada de ataques sucessivos ao mundo do trabalho.
Eu prefiro chamar-lhe uma canalhice, bem definidora do carácter dos bandidos que a criaram e do cavacal hipócrita que a promulgou.
Uma medida canalha, uma política de aguilhão, forçando os trabalhadores a aceitar seja o que for... por metade do salário, quantas vezes para reocupar o mesmo posto de trabalho, fazendo exactamenteo que já faziam...

quarta-feira, 14 de março de 2012

Zita Seabra – Era o vinho, meu Deus, era o vinho...


Voltando à vaca fria... e mais uma vez garantindo que “a vaca fria” se trata de uma frase feita, desta vez relacionada com o universo dos “ex-inscritos no PCP”, o assunto de hoje tem que ver com a azougada Zita Seabra.
Depois de ler uma crónica do Viriato Teles, fui confirmar na página web do “Pingo Doce”... e lá estava a coisa escarrapachada. A ladina livreira, por estes tempos avençada pelo senhor Soares dos Santos do “Pingo”, decidiu pôr a render as suas juvenis memórias bairradinas das vindimas e seus derivados... a aconselha-nos uns vinhos.
Não tenho grandes reparos a fazer, para além de duas notas:
Uma primeira nota de satisfação.
  Dado que as minhas memórias juvenis também estão ligadas à região da Bairrada e às suas vindimas, aos bagos dourados comidos à torreira do sol, ao pisar das uvas, à tentação dos copos de mosto, à prensa do bagaço, ao choque do cheiro da fermentação, ao acerto de aduelas, à azáfama das garrafas, as idas até ao alambique, etc., etc., fico muitíssimo agradecido à conjugação de planetas que me impediu de estar hoje no triste lugar da dona Zita Seabra... pese embora o efeito nocivo que isso teve no meu saldo bancário.
Uma segunda nota... de tristeza.
          No fim de tanta polémica, tanto azedume, tanta luta... afinal, o grande futuro da dona Zita Seabra era ser empregada do “Pingo”... a dar a cara pela pinga!

terça-feira, 13 de março de 2012

Bispo de Beja – Uma notícia do “anno da graça” de 1250... mais ou menos...


Assim não é fácil! Ao mesmo tempo que o Vaticano tenta dar uma no cravo, declarando o seu desacordo (e faz bem) no que respeita à internacional negociata da privatização da água, declarando esta um bem público, ainda que reconhecendo os “direitos” dos negociantes... vem logo um destacado membro do clero dar uma na ferradura. Estrondosamente.
Falo do senhor que faz de bispo de Beja, que esteve a um passo de culpar os portugueses pela seca. A um passo de considerar a seca como um (merecido) castigo divino a todos nós, miseráveis pecadores. Diz a luminária que os portugueses estão muito longe de rezar o suficiente para que a divindade se digne conceder-nos a “bênção” da chuva... e que, pelo contrário, estão mais virados para as ajudas de Bruxelas. Para o bispo, a esta hora já o país deveria estar a ser sulcado, em todas as direções, por intermináveis procissões a implorar pela chuva. Aparentemente, para o senhor António Vitalino Dantas, essa falta de rezas e procissões é muito grave.
É bem capaz de ser! Pelo menos, quase tão grave como o facto de o senhor bispo ter chegado tão atrasado à reunião em que distribuíram os cérebros. Tão grave como esse facto o ter deixado parado... lá... em plena época medieval.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Pina Moura – Rumo á vit... bom... qualquer coisa, desde que paguem bem


«Goste-se ou não, este governo tem um rumo»... diz Pina Moura. Pelos vistos... ele gosta!
Pouco me interessam os gostos deste ex-inscrito no PCP (não, não lhe chamo ex-comunista...), como tampouco me interessa o seu meteórico percurso pessoal, desde os tempos em que alguns diziam ser o “delfim” de Cunhal (não faço ideia do que é que ele pensava vir a sacar com isso), passando depois a ministro do PS, função que lhe abriu as portas ao lugar de criado dos espanhóis na presidência da Iberdrola, percurso que lhe possibilitou um prodigioso salto de um ganho anual de pouco mais que 20.000€ em 1994, para os 697.000€ em 2006 e aos sabe-se lá quantos em 2011 ... até chegar a este momento de “epifania” sobre o alegado “rumo” de Passos Coelho.
Não sei se este polifacetado político/economista acabará a vociferar contra os emigrantes num qualquer partideco de extrema direita, mas, pegando na sua própria ideia que abriu este texto, 
goste-se ou não, este Pina Moura tem um rumo!

domingo, 11 de março de 2012

Maria Gadú e Marco Rodrigues – “A valsa”


O Brasil nunca se cansa de mostrar a sua inesgotável capacidade de produzir artistas fantásticos. Portugal também... embora com menos “colorido” e em muito menor número (uma questão de temperamento e escala).
Hoje juntam-se aqui, Brasil e Portugal, numa cantiga viciante que já anda por aí a tocar nas rádios e que até eu ouço muito... logo eu, que nem telefonia tenho em casa. Trata-se de “A valsa”, da autoria da cantora brasileira Maria Gadú, com a participação do fadista português Marco Rodrigues.
Ela e ele, do melhor que a nova geração está a produzir lá e cá. Ela e ele, desafiadoramente “diferentes”, o que é muito bom, já que amálgamas cinzentas de pensamento único e gosto uniformizado... já temos de sobra.
Estou certo de que vocês já ouviram falar dela, dele e desta misteriosamente bela canção, uma valsinha brasileira irremediavelmente contaminada pelo fado... só que ainda não a tínhamos ouvido todos juntos, vocês e eu. É hoje.
Bom domingo!
“A valsa” – Maria Gadú e Marco Rodrigues
(Maria Gadú)



sábado, 10 de março de 2012

Cavaco Silva – O leal


As recentes declarações do cidadão Aníbal Cavaco Silva sobre a “histórica” falta de lealdade de José Sócrates, mostram um Cavaco Silva que já se conhecia: com uma falta, também ela histórica... de coragem e coluna vertebral. Cavaco Silva engrossa o contingente dos cobardolas que atacam selvaticamente um adversário caído... e mesmo assim, só quando é garantido que dali não virá retaliação que se veja.
Pode ser que se engane... pois esta estirpe de invertebrados normalmente é também bastante estúpida. E o povo (pelo menos algum) não gosta destes assomos de “coragem” dirigida contra os derrotados.
Sendo certo que poderia ficar aqui eternamente a adjetivar este acto rasteirinho de Cavaco Silva... já que, estou seguro, ninguém me confundiria com um apoiante de José Sócrates, admito que o “faz-de-presidente” escolheu, para atacar o estudante parisiense, a (falta de) qualidade em que ele está, realmente, muito acima do ex-primeiro-ministro: a lealdade.
Cavaco Silva é um mero oportunista que não perde um segundo a pensar no país ou no seu povo. Pensa apenas em si, na sua imagem, nos seus interesses, na gestão da sua carreira pessoal. Até quando entrou para a política partidária activa, segundo reza a lenda pequenina e mesquinha que ele ajuda a alimentar, o seu interesse estava apenas virado para a "rodagem" do carrinho novo... mas preza muito a lealdade.
Na verdade, não existe lealdade como a de Cavaco Silva. Lealdade antiga, ativa, quase incondicional. Só essa enorme lealdade “cavacal” explica que muitos dos seus amigos e ex-ajudantes (como lhes chamava) não tenham ainda malhado com os ossos numa prisão.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Beja – Romagem de "saudade"...


No dia em que os eleitores do PSD colocaram o candidato do PS, Jorge Pulido Valente, na presidência da Câmara de Beja, o autarca socialista declarou, pateticamente, “O 25 de Abril chegou finalmente a Beja!”
Afinal não é bem assim. Aquilo a que Pulido Valente decidiu chamar “25 de Abril”, vai chegando a Beja, mais um poucochinho, todos os dias... pé ante pé.
Como a notícia desta espécie de romagem de saudade ao passado, na forma de homenagem a antigos presidentes da Câmara, nomeados diretamente pelo regime fascista, bem demonstra.

Nicolas Sarkozy – Os homens "pequenos"...


“Imagem de pessoa extremamente estúpida, com suástica” 

Podia ser a legenda para esta fotografia de um jovem negro, ostensivamente estúpido, “envergando” a tatuagem de uma cruz gamada e saudação nazi. Claro que a imagem poderia sempre ser mais estúpida... poderia ter como protagonista um cigano, um comunista ou um judeu... isto se pensarmos nas escolhas de vítimas por parte do regime nazi.
Há quem, discretamente, traga estas suásticas tatuadas em locais bem mais escondidos. No limite, no cérebro. E assim chegamos ao personagem de hoje, Nicolas Sarkozy, o ridículo contrapeso europeu francês da “panzer” Angela Merkel.
Sabendo que, à esquerda, o candidato Jean-Luc Melenchon, surpreende pela capacidade de romper nas sondagens e que, ao centro (e pra aqui e acolá), o candidato do PS, François Hollande, mantem uma posição “ameaçadora” nas intenções de voto; sabendo que ainda há outras candidaturas que enchem a boca com discursos “pela França”, “pelo ambiente” e pelo que calhar... resta a Sarkozy tentar surripiar  a Marine Le Pen, a cria fascista do fascista seu pai, alguns votos da escumalha que a apoia eleitoralmente. Assim, cá o temos, novamente, apostando nos temas facturantes da extrema direita, declarando que «há demasiados estrangeiros em França». Um clássico!
A manobra canalha tanto pode dar-lhe alguns votos da tropa fascista e de rebanhos de ignorantes, como pode tirar-lhe milhares de votos de gente moderada que não se revê nestes discursos de ódio aos estrangeiros.
A parte (quase) cómica desta questão, como bem notou alguém num blog a que não posso fazer a justiça de citar, por ter deixado “escapar” o nome... é que este grito, este “estado de alma” contra o excesso de estrangeiros em território gaulês, vem de um homem de nome Sarkozy, filho de emigrante húngaro e de mãe de orígem grega/judaica, que já foi casado com uma mulher de origem espanhola e, presentemente, com a manequim e cantora Carla Bruni, uma italiana.
Citando José Mário Branco,
“Os homens pequenos
quando são demais
não fazem por menos
tornam-se fatais
Vão por mim, que o vivi”
(“Eram mais de cem”, in “Resistir é vencer” – 2004)