“Tu que crês num mundo maior e melhor
Grita bem alto que o céu está aqui
Tu que vês irmão, só irmãos em redor
Crê que esse mundo começa por ti
Canta, canta como uma ave ou um rio
Dá o teu braço aos que querem sonhar
Quem trouxer mãos livres ou um assobio
Nem é preciso que saiba cantar”
(Excerto de “Cantiga para quem sonha” – Leonel Neves/João Gomes)
Partiu o Luiz Goes. Deixou-nos a memória das suas cantigas coimbrãs e da sua emocionante e emocionada voz clara.
Na última vez em que cantámos juntos, numa homenagem ao José Niza, em Santarém (com o José Niza presente), apesar dos setenta e tantos anos, ainda terminava a sua “Cantiga para quem sonha” com um final corajoso e irrepreensível, uma oitava acima do normal, para “inveja” dos colegas.
Conheceu-me junto ao Zeca, ainda nos meus vinte anos e não sei o que captou da relação dele comigo, que o fez continuar sempre a tratar-me como se eu fosse eternamente aquele miúdo que precisava de ser acarinhado, provavelmente, por ousar cantar “aquelas coisas deles”.
Cantava que “É preciso acreditar que a canção de quem trabalha é um bem pra se guardar”. Pelo menos alguns de nós acreditámos... e acreditamos!
Até sempre, Luiz!
“Cantiga para quem sonha” – Luiz Goes
(Leonel Neves/João Gomes)
(Leonel Neves/Luiz Goes)
10 comentários:
Fico muito triste com esta tão grande perda e Portugal fica mais pobre.
Que vá em paz!
Para vós, um beijo
Há pessoas que não parecem poder morrer, pois sem elas ficamos um pouco orfãos.
Cresci (leia-se, tornei-me consciente), ao som da voz deste homem. E dos outros que sabemos, das cantigas...
Abreijo
Belas (e merecidas) as tuas palavras! Belas as palavras dele: “É preciso acreditar que a canção de quem trabalha é um bem pra se guardar”
Mais um momento triste de saudade!!!!
Um beijo.
....é preciso acreditar.... SEMPRE
Até sempre Luiz.
Conhecemo-nos na Guiné em 65.
Ainda hoje guardo,como se fosse só para mim,a serenata de despedida.
Um abraço,
mário
Luiz Goes, o homem e a voz que se "liberta da lei da morte".
Vicky
Luiz Goes deixou-nos uma voz identitária. Ao ouvi-la, em qualquer recanto, por mais recôndito do globo, um português reconhece-a e reconhece-se.
Aos sobrevivos fica a missão de o trazer ao nosso convívio em cada momento em que essa voz faça sentido... O que o mesmo é dizer-se sempre.
Tal o fez o Cantigueiro. Façamo-lo todos, também.
Nas lutas que aí vêm cantemos Luiz Goes
Grande abraço
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