A floresta é um património importante.
A floresta, quando é abundante e bem cuidada é um património de valor económico e ambiental inestimável em qualquer país. Sim, não é só no Brasil... embora seja mais “chic” defender ruidosamente a Floresta Amazónica.
A floresta, quando bem limpa, está menos sujeita a incêndios, nomeadamente os que são acidentais.
A floresta, quando está nas mãos do Estado e com o seu estatuto público bem claro, presta-se menos a cobiças, dúvidas e confusões sobre a sua possível futura utilização para fins não florestais, estando assim muito menos sujeita a incêndios, nomeadamente os de motivação especulativa e criminosa.
Um patego como eu, que não entende nada de florestas, pensaria que o Governo de Portugal, tendo sob a sua responsabilidade apenas cerca de 2% da nossa floresta, tudo fizesse, na defesa do interesse económico e ambiental do país, para sempre que possível, ir juntando a estes míseros 2%, os milhares de hectares de floresta em estado de abandono, que se vêem de Norte a Sul e de que em alguns casos já nem será possível estabelecer a propriedade, por meio de tomada de posse (seja lá como isso se chame), expropriação de proprietários conhecidos mas absentistas, compra por preço justo aos proprietários que assim o preferissem e finalmente, apoio efectivo (em fundos, tecnologia e terrenos) à criação de associações de pequenos proprietários e usuários, que mesmo querendo cuidar devidamente das suas pequenas propriedades, não têm dimensão nem capacidade técnica para que isso seja rentável.
Depois deste arranque, que mais parece a minha candidatura ao cargo de “Ministro dos Pinhais, Soutos e Afins, dos Choupais até à Lapa”, reparo que não senhor, o nosso inefável governo está antes a pensar entregar a gestão da sua parte da floresta... a privados.
Pode ser que o Governo de Sócrates esteja apenas a, honestamente, reconhecer que não tem competência para gerir as nossas florestas.
Pode ser que o Governo de Sócrates esteja apenas a mostrar que não tem “paciência” para cuidar de pinheiros, carvalhos, cedros, eucaliptos, castanheiros, choupos, silvas, fetos, tojos, giestas, madeira (muita madeira), oxigénio “fresquinho” aos milhões de toneladas, fauna, muita fauna selvagem, nascentes de água pura... enfim, essas maçadas e “porcarias”.
Pode ser que o Governo de Sócrates esteja apenas a preparar-se para “fazer o jeito” a alguns grandes “amigos do papel”, nas várias acepções dos termos “amigos” e “do papel”, já que não estou a ver os tais privados a pegarem no negócio para perderem dinheiro.
Pode ser que o Governo de Sócrates esteja apenas a ser... um Governo de Sócrates... mas mesmo assim, pergunto:
Por que raio hei-de eu (ou seja quem for), confiar num Governo que não tem competência ou “paciência” para cuidar sequer de um simples pinhal?
24 comentários:
Esse nem para apanhar a resina serve.
Ainda me vão chamar pirómano mas ainda gostava dever alguém despejar-lhe um vaso de resina em cima...Alguém tem aí um fósforo?
o que mais me irrita, é que todos os argumentos e dúvidas são absolutamente certos e todos os que por aqui vêem conversar vão certamente demonstrar a sua indignação e espanto de um governo onde já nada é de espantar, mas dizia eu que o que mais me irrita é que ainda vai aparecer quem diga que isso é modernidade, que é o menos Estado em todo o seu esplendor, é o progresso e sei lá mais que elogios a uma barbaridade dessas, e haverá certamente alguém que irá dizer que poderíamos ter mais longe e tudo isto é pouco pois o mar, a areia da praia, o sol, a chuva e a trovoada ainda não é dos privados. E a culpa é da Constituição do 25 de Abril.
Será a essa a única solução, a que apresentas. Todos sabemos que é essa a única solução. Mas, entretanto o meu país, a minha aldeia - já ardeu três vezes nos últimos quinze anos - continua exposta ao fogo, amarrada ao apego da santa propriedade privada, às mijadelas das aeronaves, ou ao sobrevoar de políticos que calculam a área ardida e prometem meios. Meios, são mais pirilampos e outra luzes que dão nas vistas. No essencial do problema não se toca. A minha aldeia não voltará a ter árvores enquanto formos governados por gente que só ama a sua própria natureza. Naturalmente sócretinos.
Um abraço da terra queimada
Sabes que cuidar de um pinhal pode ser muito complicado.... já o é cuidar de um simples pinheiro...
Imagina que o homem se põe, ele próprio, a cuidar de um pinheiro qualquer, ou de um pinheiro de estimação, e lhe cai, por obra da natureza (e pela lei do outro), uma pinha na mona. E que o homem vai de charola para o hospital. E que fica a bater mal da cabecinha. Quem o substitui nas imprescindíveis funções de PM? É que, como dizia o Outro, governar é difícil, e o homem sacrificou-se tanto...
Cortaram 20 mil árvores aqui mesmo ao pé de mim, há uns anos, para fazer CREL's e CRIL's. Houve a promessa de plantar outras tantas na zona do Estádio. Houve a promessa. Não passou disso...
... agora há um imenso descampado de betão...
Abreijos
Apesar de ter de ser tomada em consideração a "falta de paciência", eu vou mais pela opção dos "amigos do papel", em todíssimas as acepções.
rui silva
Os privados tomarem conta da gestão das florestas? Isto vai fazer recrudescer a especulação imobiliária. Quer dizer, mais incêndios para se prepararem os terrenos para a dita cuja.
Um abraço
depois das revisões do PDM, que vão alterar ainda mais a nossa paisagem (zona costeira, etc...), só faltava mesmo a privatização das florestas!
Em português actual:
"Ai flores, ai flores do verde pinho..."
Abraço
A privatização de gestão Florestal significa mais:
Especulação imobiliária,
Incendios,
Grande alegria para do "Amigos do Papel".
E estes "sócretinos" sabem cuidar de alguma coisa ???? Só mesmo se for do bolso deles e dos compradios e das cunhas para os amigos e que tais.
Grande post.
Isto anda um autêntico pinhal de Leiria (o de antanho, de má fama), tudo entregue aos "bichos", é fartar vilanagem... e por'i fora!
Um forte abraço
O senhor Presidente do Conselho deve estar a preparar o terreno para assumir a Presidência do conselho de administração da PORTUCEL!
Penso eu de que!!!!
Samuel
Pois é, sempre os maus exemplos a virem de cima e ao de cima! Também vou mais pela opção dos "amigos do papel".
Aqui nos meus lados algarvios temos o exemplo do parque natural da ria formosa: lixo, desmazelo e umas construçõezitas muito mal explicadas... "ai verde, que te quero verde..."
Um abraço
Esperança
Nem quero pensar a que privados se vão entregar as florestas!
Beijos
Na verdade, esta coisa das florestas é coisa complicada e difícil de governar. Por causa dos fogos...
O Bush aqui há tempos deu uma ideia genial para acabar com os fogos: arrancar as florestas...
O Sócrates, a confirmar que também também ideias, vem agora com essa da privatização, que está a altura da do Bush. Isto porque no privado é que está o ganho...
Abraço grande.
Por que raio haveríamos?Não há uma única razãozinha pra confiar!!!
A escrever do computador duma associação devido à imcompetência da PT e da MEO que me obrigam ao silêncio desde a manhã de 26 de Agosto, tenho que me revoltar contra esta imbecilidade dos pinhais. realmente este país está entregue à bicharada. Temos que correr com esta gente bushiana.
"Vamos lá por os pontos nos is...de quem são os campos deste país?"
Esta porra já não com coisa alguma...ajuntamentos com + de duas almas despenadas,pode ser considerado um acto de terrorismo.
O super-policeman tá aí.
Samuel,
espero-o no meu blog.
Hoje, faz lá falta.
Abreijinhos
Samuel
Pois, tratar de um pinhal...isso é do caraças, de facto estes governantes tem em vez do toque de Midas o toque de Merdas, tudo o que tocam...
O que acho graça é tentarem convencer que é pouco rentavél e dá prejuizo: tratar das atas, gerir hospitais, escolas, auto estradas, etc...
Mas por qualquer estranho motivo essas coisas são rentaveis para os privados...ou então os privados são uns beneméritos do caraças...
Francamente!
beijocas
É realmente tudo tão simples como escreves, isto obviamente em relação à política que devia ser seguida. Contudo temos mais este crime de Estado e, penso, uma grande preocupação...
Esses míseros 2% de floresta não devem ser aqueles em que não se pode tocar, no bom sentido do termo é claro. É que se a resposta for esta e, evidentemente que é, quem são os privados que querem perder dinheiro para andar a limpar mato?
Já agora privatizem a nossa vida, quando havemos de nascer, de morrer, de fazer amor, de ir de férias, privatizem já agora e também o nosso desprezo a estes trastes.
Abraço
Meus caros, se o Estado só possuiu 2% da floresta deste país, o que é que vai privatizar que valha a pena? Nada … não, o que quer é por esta via retirar aos legítimos donos os baldios, como é sabido este é um tipo de propriedade comunitária possuída e gerida pelos respectivos compartes, consagrada na constituição art. 82 nº4 alinea b). A este propósito lembro a florestação forçada de grandes áreas do país nos anos 40 e seguintes com grande resistência dos povos e de que resultou “Quando os lobos uivam” de mestre Aquilino, pois agora a intenção anda próxima daquela.
Portanto o que este governo pretende é entregar a gestão dos em tempos denominados Perímetros Florestais e outras áreas à dita gestão privada, mas não facilitando a gestão comunitária conjunta onde necessária e possível, ou seja a todo o abandono do interior temos que somar mais esta medida de carácter desertificador do interior do país. Já agora foi acrescentado um veado à imagem, não fica mal. B M A
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