domingo, 31 de maio de 2009

Liberdade, que estais em mim



Liberdade

— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

(Miguel Torga, in 'Diário XII')

8 comentários:

salvoconduto disse...

Ora aí está uma "oração" de que eu gosto.

Abraço.

anamar disse...

Poema , é Torga! Tudo dito!
Foto esmagadora!
:))

Daniel disse...

Quando não é da tua lavra, não fazes por menos, trazes-nos gente desta. E, se aquilo é Peniche, como me parece, muito bem escolhida a foto pela qualidade e pelo simbolismo.

Maria disse...

Que post fantástico! Foto soberba (não identifico...) e este poema de Torga! Que coisa bonita...

Abreijos

A. Mendes disse...

O hino do Torga é muito bonito, a escolha é óptima, mas por favor,corrija lá "o pio de cada dia", para "o pão de cada dia". Ficará ainda mais bonito!

Abraço

samuel disse...

A.Mendes:
Caro. Não imagina o grato qur fico pela correcção do "pio" para p "pão"!
O caso, por acaso, tem uma boa explicação... que agora não interessa nada.

Obrigado!

samuel disse...

Para todos os restantes:

Também não identifico a imagem. Quanto às vossas palavras, obrigado!, em nome do Torga, claro!


Abreijos colectivos!

MARIA disse...

Que lindo, o poema e a imagem : efeito extraordinário !