quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Nicolas Sarkozy – A França de novo ocupada... mas pelos nazis “de dentro”



O indesculpável traste que de momento está na presidência da França já fez de tudo para disfarçar o asco que as suas medidas racistas contra a comunidade cigana provocaram por toda a parte. Chamo-lhe racista sem qualquer dúvida, pois não se trata ali de prender ou expulsar um qualquer cigano, ou ciganos, que tenham cometido algum crime, mas de arrebanhar comunidades inteiras, com homens mulheres e crianças (intenção que ficou demontrada num documento interno da polícia), deportando-os a seguir sob uma única acusação que é serem, na sua esmagadora maioria, apenas aquilo que são: ciganos, nómadas, inadaptados... desde que não sejam os bem amados “Gipsy Kings”, claro, que esses ficam bem em qualquer festarola burguesa.

O bandideco tentou de tudo, como já disse. Justificar-se, ser malcriado com os críticos, montar um arraial de gritaria com o elo mais “mole” da UE, o moço de recados Durão Barroso... mas nada feito! Toda a comunidade internacional, se exceptuarmos canalhas como ele e aqui e ali, deputados da estirpe dos portugueses do PPD, CDS e Partido Socialista (??) - que vergonha!!! - foi unânime na condenação pública daquele acto de agressão gratuita a uma minoria étnica, agressão que mesmo assim continuou. Até que ele, ou alguém por ele, se lembrou do truque que, não sendo já original, resulta quase sempre: arranjar mais um escândalozeco envolvendo Carla Bruni, a mulher do presidente, para entreter um certo tipo de público, escandalozecos que, até hoje, o casal sempre soube gerir a seu favor... e como prato forte, para todos os restantes, transformar toda a França em vítima.

E pronto! Desde há dias que aí a temos, a pobre França, aterrorizada por uma difusa ameaça de “fundamentalistas islâmicos” que, como que por milagre, apareceram muito convenientemente. Até agora, as únicas vítimas destes “fundamentalistas islâmicos” misteriosos foram exactamente os ciganos, instantaneamente promovidos a prováveis “protegidos dos terroristas”...

Claro que o presidente Nicolas Sarkozy, num assomo de coragem física e política apenas comparável à “bravura” dos rastejantes generais colaboracionistas do histórico Governo de Vichy da França ocupada por Hitler, já veio mostrar-se firme na resistência aos terroristas, ao mesmo tempo que aproveitou para fazer uma afirmação digna de estudo:

«Continuaremos a desmantelar os acampamentos ilegais, independentemente da sua origem e cultura!»

Portanto, os acampamentos ilegais de suecos, canadianos, neozelandeses, cidadãos dos EUA... e outros que tais, independentemente da origem e cultura, que se ponham a pau!...

De facto há aqui terrorismo, sim, mas é terrorismo de Estado! Terrorismo dirigido por um criminoso capaz de gerir as suas sondagens de popularidade e suspeitas de corrupção ao mais alto nível, à custa do sofrimento dos mais pobres, do monstro da crise, dos medos dos ignorantes e do racismo abjecto da extrema-direita do costume.

8 comentários:

Maria disse...

É um excelente post!
Como é hábito...

Abreijos.

L e n a disse...

Bom post Samuel,
é exactemente isso que penso e vou vivendo nestas terras de França...
Tenho vergonha de ser francesa, de viver num pais destes. A xenofobia esta subindo e ja nem se fala disso de voz baixa.
Sarkozy anda a fazer a politica da extrema direita, so para ser reeleito...este senhor calcula tudo.

Beijos

Camolas disse...

Crise no mundo , "cigano a pagar as favas".
A história da humanidade repete-se e não aprendemos com os erros do passado.

Antuã disse...

com a votação na Assembleia da República aeste respeito, ficámos a conhecer os nazis portugueses.

samuel disse...

Antuã:

"Nazis"... mesmo nazis, isso não digo, embora possa haver por lá alguma excepção à socapa...
Agora que se comportaram de uma forma completamente cobardolas e interesseira, é bastante óbvio.

maia disse...

Olá Cantigueiro, que falta me fez. Mas, passados dias, aparecer-me o Hitler, logo de entrada, é assustador. Mas eu espero que ninguém esqueça o que foi o período negro do nazismo. Embora haja "Varas" de porcos por aí, há-de haver quem não suporte estes cheiros. Há-de haver.
Bom post. Sempre em cima do acontecimento. Verei a peça no Nacional. Um grande elenco e uma grande peça.

Fernando Samuel disse...

Trata-se daquilo a que os média dominantes (quando lhes convém e muitas vezes inapropriadamente) costumam chamar «limpeza étnica»...

Um abraço.

Graciete Rietsch disse...

Mais um óptimo post, querido amigo Cantigueiro.


Beijos.