“Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que um homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mão de uma criança”
(António Gedeão – excerto de “Pedra filosofal”)
Brejenjas, Torres vedras, 1943. Nascimento de Joaquim Agostinho, camponês filho de camponeses... mais tarde um fantástico campeão de ciclismo.
Vildemoínhos, Viseu, 1947. Nascimento de Carlos Lopes. Antes dos 11 anos de idade já era servente de pedreiro, para ajudar a sustentar a família... mais tarde, medalha de ouro na maratona dos Jogos Olímpicos de Los Angeles.
Estes são apenas dois exemplos “caseiros” do aparecimento destas luzes que se acendem como milhares de pequenos pontos, um pouco por todo o planeta.
Muitas vezes me pergunto o que haverá no barro destas pequenas aldeias perdidas, desde o interior de Portugal até ao mais fundo da África profunda, que cria estes diamantes inexplicáveis. Que vento os desenterra e lapida para receberem e multiplicarem a luz do sol. Qual a força, qual a urgência irresistível que faz estas crianças levantarem-se do chão.
Depois... vejo imagens como esta que hoje aqui partilho e pressinto uma parte da explicação. Um vislumbre de quão desconcertante é a alegria. Uma pequena demonstração de quão revolucionária pode ser a mistura da imaginação, dos sonhos e da acção. Do futuro que pode haver na simples recusa da fatalidade.
11 comentários:
Lindo! Comovente.
Obrigado, Samuel.
Um grande abraço
Doi-me muito ver estas crianças a não terem um pouco do que outras crianças têm. Mas como rica é a sua imaginação! Que sejam felizes.
Vicky
LIndo, muito lindo este texto, cheio de ternura e admiração perante o poder criativo e de luta ,destas classes tão espezinadas.
Um beijo.
Um post de esperança, o teu. Muito forte, muito belo. A alegria e o riso são mesmo revolucionários, amigo. Só que às vezes a gente esquece-se...ou não tem força!
Obrigada pela lembrança:)))
Abraço de até sábado???
Pensei que tinha comentado ontem.
Se calhar as palavras fugiram com a água que me eterneceu o olhar...
Abreijos.
Há várias maneiras de lutar.
Há quem nunca desista.
Um abraço,
mário
Comovente? Eu diria ultrajante,nós que passamos a vida na lástima e na choraminguice perante esta foto ficamos de lágrima ao canto do olho,
hipocrisia das piores e dizemos é Africa cheia de criatividade.
Vejam como as élites africanas que se libertaram dos exploradores colonialistas tratam os seus.
Luis Rodrigues:
Portanto, foi isso que entendeu do meu pequeno texto!!!
Há coisas fantásticas! :-( :-(
Que maravilha de texto e imagem. Recorda-me o tempo em que, descalços, corríamos pelas ruas da aldeia, batendo com um pau numa roda de bicicleta! A imaginação é a mola que nos impele ao sonho.
Não sei bem porquê mas lembrei-me de um conto do José Cardoso Pires penso que se chama "Os Reis Mandados", e de um outro do Soeiro Pereira Gomes... talvez se chame "Flirt". Quero dizer eu que a criatividade destes meninos sem recursos é tão grande quanto a sua capacidade de concretização. A sua tenacidade para não se deixarem conformar e lutarem pelo seu sonho,
mesmo quando foram deixados à margem são sem dúvida exemplos que têm nomes que podemos sempre lembrar: Joaquim Agostinho, Carlos Lopes... Sem dúvida.
Em Portugal, os Portogueses jogam "bilhar de bolso" :))
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