Haveria mesmo necessidade de o ministro das Finanças fazer aquele número de variedades, anunciando a “passagem no exame” da troika? A patroa Merkel não tinha já anunciado exactamente o mesmo, dias antes?
Como é já do domínio público, não tenho ferramentas para analisar estes shows de Vítor Gaspar de um ponto de vista económico. A única coisa que sei é que mal tenho dinheiro para os “bilhetes” que o grande canastrão cobra.
Do ponto de vista do espectáculo, confesso que também não fico extasiado. A coisa é uma amálgama de filme de gangsters, terror e ficção científica... pouco científica mas, ostensivamente, muita ficção, com pretensões a grande produção escrita por um John Carpenter, com o dedo de um Coppola e um toque de um Goerge Lucas, ou Spielberg... mas com os meios e os efeitos especiais do Georges Méliès, mas sem a criatividade... Méliès que, pelo menos, tem a desculpa de ter vivido mais tempo no século dezanove do que no século vinte, para justificar a infantil insipiência dos seus métodos e técnicas.
Tudo nos shows de Gaspar tem o bafio das coisas velhas, um ar de passado que deveria estar morto e enterrado, a mesquinhez de um crime de bandidos de vão de escada. Tudo nos seus discursos parece uma banda sonora estragada.
Como tudo o que já é muito mau pode ainda piorar (deve haver uma “Lei de Murphy” que diga isto), as medidas são depois explicadas e defendidas nos programas “populares” das televisões, por verdadeiras sarnas como os “Camilos Lourenços”, os “Duques”, os “Cantigas Esteves”... e seus derivados.
* Sei que pareço um ladrão
mas há muitos que eu conheço
que não parecendo o que são
são aquilo que eu pareço.
(António Aleixo – poeta popular)
7 comentários:
Já nem vejo, Samuel! Mas vou lendo os teus comentários e é como se tivesse visto, com mais proveito!
En plein dans l'oeil!
Mas é só num...
Um abraço
do Zambujal:
Por enquanto...
Toda a ajuda é bem vinda! :-) :-) :-)
Abraço.
As sarnas que falas e outros que não publicito; geralmente porfessores de idêntico calado, são verdadeiramente o moderno padre-cura de aldeia, o pároco apregoador de sermões; são os missionários proselitistas da nova ordem mundial.
Repetem até à exaustão verdades pias, dogmas sagrados; mas quando é desfeito o embuste viram-se de lado e apontam o dedo ao "Céu": estes sarnas apontam o dedo à conjuntura e ao mercado.
As previsões rigorosas foram-se. Os cenários económicos não passam disso, de cenários, construções a fingir que são a realidade.
Escudam-se que afinal a Economia é uma ciência social, rigorosa na intenção e nos processos aleatórios que tenta perceber, que aplicam modelos matemátios complexos a grupos, que afinal são pessoas.
Se as previsões falham porque envolvem pessoas e grupos de pessoas; porque não vão eles ver se chove?
Ou então porque não vão para o casino jogar com fichas de brincar em vez de jogarem com o dinheiro e a vida dos outros?
Afinal eles não sabem construir nada, não têm soluções para nada, nem têm generosidade para ajudar quem tenha a imaginação e a capacidade que lhes falta.
Estou farto destes profetas do dia de ontem, destes sentinelas da catástrofe que gritam ao acordar.
Grande Aleixo!!!!
A quadra adapta-se perfeitamente a estes mafiosos de que o Gaspar é um belo exemplo.
Um beijo.
Podíamos citar também a "História do Quadrilheiro Manuel Domingos Louzeiro" do Adriano:
...
Por alguns sítios passava,
Onde há só gente honradinha,
Que roubava à vontadinha
E que ninguém acusava;
Tudo Domingos pagava,
E ele às vezes nem sabia
Que à sua sombra vivia
Gente que passa por justa,
Fazendo crimes à custa
Dos roubos que ele fazia.
...
O bicho parece um fantasma de atormentar criancimhas.
Não o consigo imaginar em nenhum filme,só a sair pela porta dos fundos,com um pontapé nos fundilhos.
Um abraço,
mário
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