sábado, 30 de agosto de 2008

"Playboy", sim... mas nada de terço!




Se virmos bem, em qualquer lugar e a qualquer hora, há sempre um padre, bispo ou cardeal de dedo espetado no ar, apontando a alguém terríveis pecados, ou por actos, ou por pensamentos, ou por um filme, ou por uma escultura, música, livro ou até, como neste caso, umas fotografias.
Infelizmente, estamos já tão habituados à arrogância de "certa" Igreja Católica, que vive convencida de que por direito divino pode exigir que o mundo se molde à sua vontade e aos seus gostos e crenças, que já nem reagimos.
Ainda se os sacerdotes e as suas eternas beatas se limitassem a lavrar os seus protesto, um direito que obviamente lhes assiste... mas não. Avançam sempre com exigências, chamas do inferno, pedidos de condenação em tribunal e desgraçadamente há sempre um juiz pronto para se pôr de gatas e lhes fazer a vontade, condenando, proibindo, apreendendo isto e aquilo, ao sabor dos fantasmas teológico-sexuais dos queixosos.
Este último caso é um bom exemplo. Uma jovem actriz brasileira, de nome Carol Castro, de que nunca ouvira falar, achou por bem espanejar os seus talentos até aí mais escondidos, numa sessão fotográfica para a revista “Playboy”, que eu nem sabia que publicava fotografias, tantas são as pessoas que lhe gabam os textos. A pretexto de vestir (???) umas personagens de “mulheres de Jorge Amado”, lembrou-se de numa ou duas das fotografias segurar entre os dedos... um terço. Danou-se!
“Ai a ofensa ao terço, ai a ofensa à Igreja Católica, ai a ofensa aos fiéis, ai...” Resumindo, ai a ofensa! 
Resultado, a tal da “Playboy” do Brasil já está proibida por um juiz, o padre ficou famoso e o bem, mais uma vez, venceu o mal.
Poucas coisas devem interessar-me menos do que esta estória perfeitamente idiota com fotografias de gosto discutível e notória falta de guarda roupa.
O que eu gostava mesmo de saber, pegando numa velha ideia de Eça de Queiroz, é o que podemos nós embargar, apreender ou “cortar” à Igreja Católica, de todas as vezes que a sua hierarquia ofende (tantas vezes tão gravemente) os milhões de praticantes de outras religiões, os simplesmente não católicos, ateus, agnósticos e não poucas vezes, os seus próprios fieis.
Essa sim, seria uma grande informação!

13 comentários:

Fernando Samuel disse...

Talvez «cortar-lhe» o dedo espetado...



Abraço.

XICA disse...

Tã nã éi cu môço anda mais inspirado que nunca. Porjêtos dá-se melhor com o fim das calmas.

Justine disse...

Não se pode, homem! Então eles andam cá a representar o deus único, logo são eles o poder, o resto deve obediência!
Olha, e eu 'tava como tu: ideia nenhuma que a playboy publicava fotos, e logo de mulheres...:))))

Beto Canales disse...

Há muita força e pouca razão no Vaticano.
Bom post.

Maria disse...

Eu cá não sei o que se pode embargar, apreender ou "cortar".
Ou fazer.
Mas a sugestão do Fernando Samuel agrada-me, como "início" de sessão...

Abreijos

Ana Camarra disse...

Samuel

Estás a ser injusto ainda há pouco tempo o Papa pediu desculpas:
Por alguns excessos da santa inquisição!
A Galileu Galilei, reconhecendo que afinal a terra não está no Centro do Universo.
Aos milhões a quem o Vaticano recusou refúgio durante a II Guerra Mundial.
Portanto mais um século ou dois e eles atinam com a porcaria que estão a fazer agora.

beijocas

Anónimo disse...

Olha, olha e eu que julgava que a Playboy era uma espécie de Seara Nova dedicada à poesia.

Sal disse...

Isto é tudo mas é inveja!
O que tu querias era pousar na Playboy, Samuel, mas não te deixam por causa da guitarra estar sempre à frente e não deixar ver o terço.
bjs

João Carlos disse...

e digo mais, o que de certeza mais os ofendeu foi a qualidade do modelo, de certezinha absoluta.
A julgar pela pedofilia que percorre os servidores dessa religião, se até no cú do mundo, desculpem na Austrália, o 27 veio pedir desculpas, bem me parece que estamos perante um engano tremendo: Não foi pelo terço foi pelo modelo minha gente.
Agora, isto só para nós, também me parece que essa proibição só vai aumentar as vendas e a procura dessas publicações culturais.

o castendo disse...

Caro Samuel,
Eu e o Rebel do blog "der terrorist" andamos com uma dúvida metódica. Não nos queres esclarecer?
A pergunta é esta: como raio é que padres e bispos tiveram conhecimento da foto? Será que lêem a PlayBoy?...

São disse...

E quanto ao protesto do pastor alemão acerca do sapo crucuficado?
E quanto ao incómodo da procissão ao passar por estátuas nuas?
Tudo de bom.

Moacy Cirne disse...

De fato, muitos são os cristãos hipócritas. Mas a edição brasileira da "Playboy" - que já publicou, sim, boas entrevistas e bons contos - começou com o singelo nome de "Homem", simplesmente porque a censura da época dos generais-ditadores implicou com o nome original da revista americana... Um abraço.

Lúcia disse...

Pois é - também só ouvi falar da moça agora, com esta polémica. Lá está - a Igreja sempre foi boa a publicitar aquilo de que se diz que foge!
Beijos