Chegam notícias que nos dão conta do apoio explícito e presencial do grande actor norte-americano Sean Penn à reeleição do Presidente Hugo Chávez. Ao que parece, Sean Penn acha, tal como eu acho, que a Venezuela, os milhões de pobres que a Revolução Bolivariana tem vindo a tirar da pobreza pela primeira vez em muitas gerações, assim como a América Latina em geral... têm a ganhar com a reeleição de Chavez. Por muito que isso custe e faça estrebuchar os de sempre: as oligarquias venezuelanas ainda instaladas e, mais a norte, os grandes interesses que o “regime de Chavez” como lhe chamam, tem vindo a enfrentar.
Seja como for, não é sobre a “ditadura de Chávez”, como também lhe chamam... curiosamente, talvez a “ditadura” mais referendada e sujeita a eleições de que me lembro, que me interessa falar.
Também não do actor Sean Penn, em particular, embora seja de notar que a lista de causas que tem defendido parece indiciar que a história de repressão e perseguição ao seu pai, o realizador Leo Penn, vítima da célebre “lista negra” quando se recusou a denunciar os seus companheiros de profissão, acusados de pertencerem ao Partido Comunista... essa história familiar, como dizia, fê-lo perceber de que lado estão os seus verdadeiros inimigos.
Aquilo que me leva a falar deste assunto é o acto cívico e político do apoio, em si mesmo.
Gosto de ver, quando um artista, em qualquer parte do mundo, neste caso nos EUA, dá a cara por aquilo em que politicamente acredita. Fica bem a Sean Penn o seu apoio a um candidato de esquerda da Venezuela, como há dias e também no seu pleno direito, Clint Eastwood decidiu anunciar o apoio ao fanático religioso de direita, Mitt Romney, candidato “republicano” à presidência dos EUA. A liberdade de expressão não é “boa” apenas quando é ao nosso gosto... o que não impede, evidentemente, que se lute com firmeza por aquilo que julgamos ser a nossa razão.
Aquilo que, confesso, já me mete algum nojo, são os milhares de artistas que andam por aí, borrados de medo, tentando agradar a todos, fazendo tudo o que é humanamente possível para que não se perceba que têm qualquer preferência partidária, ou, sequer, uma ideologia... insistindo na tecla já esfarrapada de que a arte não tem nada que ver com política... argumento tão manhoso e falso hoje, como no tempo das gravuras rupestres.
12 comentários:
Não está a ver
Mas estou de pé
E aplaudo
Mais, além de aplaudir, vou copiar
porque, meu camarada e amigo,
também quero
ser aplaudido.
Pois
É que na blogosfera
também há os borrados de medo
e eu... eu não quero confusões
Todo o acto do homem é um acto político mesmo que venha dum ignorante político.
É isso mesmo.
A "arte" dos que não têm nada a ver.
São uns "artistas"!
Um abraço de (quase) regresso
Os sinais vão aparecendo,vão sinalizando o caminho.
Um abraço,
mário
Nada, mas mesmo nada é neutro. Admiro os que se manifestam por uma causa, mesmo que ela seja contra a corrente.
Um abraço.
"Maldigo la poesía concebida como un lujo
cultural por los neutrales
que, lavándose las manos, se desentienden y evaden.
Maldigo la poesía de quien no toma partido, partido
hasta mancharse."
(Gabriel Celaya)
Só valoriza quem tem convicções e as sabe defender, seja onde fôr e quando tal necessário.
Sean Penn, é hoje mais um exemplo.
Viriato:
Nem mais!
Continuo a cantar essa "enorme" cantiga.
Abraço.
Comento o último parágrafo: artistas e outros mais que se gabam de serem independentes, de pensarem pela própria cabeça, de não estarem comprometidos com nada nem ninguém, de não terem rótulos...
Também me gabo do mesmo, só que me "interdependo" com os outros, gosto de pensar com eles, de assumir compromissos com eles e não me importo de ter uma bandeira...
Não ponho as mãos no lume por aquilo que tentam não me dar a conhecer mas que a Venezuela está a dar cartas lá isso está e isso, para nós, poderá não ser uma bandeira mas convida certas cabeças a pensar.
Um abraço e "tirem as mãos da Venezuela"
Os que dizem pensar pela sua cabeça normalmente não passam de lacaios do poder. São muito revolucionários a seguir ao 25 de Abril e muito reaccionários a seguir ao 25 de Novembro.
Já comentei no "Conversa Avinagrada", mas volto por aqui, pois apesar de presentemente andar menos pela blogosfera não gosto de deixar escapar momentos como este.
Tinha assistido à notícia pela televisão e também exultei com ela, sobretudo pela coragem do actor. Já há poucos homens de corpo inteiro, que se assumam tal como são.
Muito interessante este último comentário de Pintassilgo e a última parte do seu post.
Por isso andamos em águas mornas, enquanto muitos olham só para o seu umbigo.
Beijos
Branca
Haja Homens à frente de Governos com coragem. Hugo Chávez é um deles e figuras que o apoiam também o são. Pois "Cravo vermelho ao peito fez jeito a muito filha da Mãe" e decerto que em três tempos passam a pidescos!!!...
Saudações de Vicky
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